ISSN-L: 0798-1015 • eISSN: 2739-0071 (En línea) - Revista Espacios – Vol. 44, Nº 04, Año 2023
MOREIRA A.R. et al. «Monitoramento de temperatura em pontes usando termografia: estudo de caso»
Assim, para a temperatura do ar de 27ºC destacada na figura 9, a temperatura efetiva uniforme da estrutura
recomendada para a análise da estrutura será 29,6ºC. Se for tomada a média das temperaturas medidas na
estrutura, chega-se a 29,1ºC, exemplificando a proximidade dos resultados.
Já para o caso da menor temperatura, isto é -0,6ºC, a temperatura efetiva uniforme da estrutura, de acordo com
a equação (2), será de 7,5ºC, tendo como média das temperaturas registradas o valor de -0,3ºC, ou seja, valor
com diferença de 7,8ºC.
A razão de tais diferenças podem ser justificadas pela necessidade da correção dos valores de temperatura
uniforme para o interior das peças, onde o fluxo de calor necessita de um prazo maior para atingir o equilíbrio e
uniformizar as temperaturas, observando-se que ao longo deste período a temperatura ambiente se modifica,
assim como a radiação solar.
Em relação as temperaturas diferenciais, as normas atuais são simplistas, apresentando valores de variação da
face superior para a inferior. Porém quando se analisam os resultados das medições nas imagens do quadro 1,
percebe-se grande variação ao longo das superfícies horizontais, sendo recomendado que a distribuição da
temperatura sobre os elementos da estrutura observe essa condição.
Por fim, destaca-se que em caso do monitoramento para períodos diferentes, como no caso do verão,
considerando as características particulares do clima da região, da variação da radiação solar sobre a obra em
virtude da cobertura de nuvens, além da presença de chuvas diárias, entre outros fatores que afetam a
temperatura ambiente, os valores diferenciais de temperatura diários seriam inferiores. Ainda, nestas condições,
para o período de monitoramento anual completo os resultados das temperaturas diferenciais apresentariam a
mesma ordem de grandeza.
4. Conclusões
Esta pesquisa apresentou o potencial da utilização das câmeras termográficas para o monitoramento das
temperaturas em pontes, bem como, no sentido de auxiliar o desenvolvimento de novos modelos para a
simulação do comportamento destas estruturas na fase de elaboração dos projetos executivos.
O monitoramento de longo período permitiu observar os efeitos da inércia térmica dos elementos que afetam a
distribuição das temperaturas entre as partes, sendo possível avaliar a necessidade de uma proposta de
distribuição das ações da temperatura considerando as superfícies das peças.
A partir do estudo de caso e dos resultados obtidos entende-se a necessidade de efetuar estudos sobre a
distribuição do calor e das temperaturas nos elementos para pontes de outras morfologias e composições
estruturais, além de se avaliar obras em locais e com orientações diversas para entender as influências, tanto da
radiação solar, quanto da radiação refletiva e difusa, além da própria irradiação das superfícies da estrutura.
Destaca-se que o estudo prévio do clima local e das condições de nebulosidade são fatores relevantes para a
identificação dos prazos de monitoramento em observância aos objetivos que a proposta de estudo apresentar,
o que poderá exigir prazos maiores ou menores de coleta das informações para o alcance dos resultados, o que
afetará a previsão de recursos necessários e o planejamento das atividades.
Em relação ao monitoramento propriamente dito, observou-se que a metodologia proposta apresentou os
resultados esperados, porém, para uma avaliação mais abrangente do comportamento das estruturas de pontes,
devem ser previstos vários pontos de referência para a medição das temperaturas para que se possa reproduzir
em uma simulação numérica resultados coerentes com a realidade.
Do ponto de vista do valor de temperatura uniforme para o emprego em projetos, concluiu-se que o modelo
proposto pelo Eurocode 1991-1-5 não contempla os intervalos de temperatura do ar das regiões brasileiras,