ISSN 0798 1015

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Vol. 40 (Nº 29) Ano 2019. Pág. 26

A responsabilidade do professor no resultado do Sistema de Avaliação da Educação de Pernambuco (SAEPE) Brasil

The teacher's responsibility in the SAEPE result

CAVALCANTE, Mirian Marta da S. 1; BANDEIRA, Maria José da S. 2; COUTINHO, Diógenes José G. 3; DUARTE, Maria Fabiana de A. L. 4; MELO, Eliete Braz de M. 5; SILVA, Vera Lúcia B. 6 & SILVA, Zuleide G. 7

Recebido: 23/05/2019 • Aprovado: 13/08/2019 • Publicado 02/09/2019


Conteúdo

1. Introdução

2. Embasamento teórico

3. Metodologia

4. Resultados, análise e discussão

5. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

Este artigo analisa como os professores discutem sobre sua responsabilidade em relação ao resultado da prova do sistema de avaliação da educação de Pernambuco SAEPE. Teve o objetivo de analisar como ocorre a abordagem dos gêneros textuais nas avaliações externas do SAEPE. Adotou-se o método qualitativo, baseado em Minayo (2002). De acordo com os resultados, a questão da qualidade da educação está ligada a verificação e divulgação dos resultados do desempenho dos alunos no cumprimento das provas do SAEPE
Palavras chiave: Avaliação da Educação; Responsabilização; SAEPE

ABSTRACT:

This article analyzes how teachers discuss their responsibility for the Pernambuco Evaluation System SAEPE test result. The objective of this study was to analyze how the approach of textual genres occurs in the external evaluations of SAEPE. The qualitative method was adopted, based on Minayo (2002). According to the results, the question of the quality of education is linked to the verification and dissemination of the results of the students' performance in fulfilling the SAEPE tests.
Keywords: Evaluation of Education; Accountability; SAEPE

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1. Introdução

A responsabilização dos professores são baseadas nas consequências dos resultados das avaliações, com o objetivo de buscar incentivos de maneira que os mesmos se dediquem ao aprendizado dos alunos, entretanto evidências nos mostram que o uso dos resultados das avaliações do SAEPE,  podem envolver riscos para o currículo escolar, um dos riscos é conhecido; como ensinar para o teste, é quando os professores deixam de lado o que é para se trabalhar no currículo fugindo do assunto e passando a se concentrar nos tópicos que serão avaliados e desconsideram aspectos importantes do currículo.

Dessa forma foram elaborados indicadores nacionais de educação e exames, como referência no rendimento escolar dos alunos e do sistema educacional com inclusão de avaliações externas no âmbito da educação básica.

Para Frigotto: (2013, p. 81)

O atual contexto do sistema de avaliação aplicado pelo Ministério da Educação (MEC): O sistema de avaliação atualmente proposto pelo Ministério da Educação, além de confundir e reduzir esta questão a técnicas de mensuração, vai revelar o óbvio. A aplicação de um teste padrão, partindo de qualquer arbitrária, no caso feito com assessoria de técnicos adestrados nos organismos internacionais, que definem a qualidade (total!) esperada, vai mostrar uma brutal desigualdade que as pesquisas vêm apontando há décadas, no desempenho de acordos com a materialidade de condições sociais (extraescolares) e das condições institucionais (interescolares). No plano social, basta tomar os dados da disparidade de distribuição de renda no Brasil para saber que vamos encontrar alunos com condições de educabilidade profundamente desiguais. No plano institucional da escola, a diversidade de formação, salários e condições de trabalho dos professores, técnicos e funcionários, nos oferecem elementos inequívocos para esperar desempenhos e resultados diferenciados.

Ao analisar o contexto de inclusão dessas políticas, a nível internacional e nacional, observa-se que pesquisas revelam que estados e municípios brasileiros também vêm adotando ações de avaliação educacional como políticas de gestão de controle no âmbito educacional, com o objetivo de melhorar os indicadores, outra meta é criar uma rede de responsabilização pela qualidade do ensino, com isso requer o compromisso tanto dos gestores, professores, pais, alunos, quanto da classe política, do prefeito e do presidente da República (BRASIL, 2007).

Pesquisas recentes revelam que estados e municípios brasileiros também vêm adotando ações de avaliação educacional como parte das suas políticas de gestão de controle no âmbito educacional na justificativa de melhorar os indicadores.

Estas políticas são consolidadas por meio de avaliações externas e pagamento do bônus por desempenho educacional, ressaltando que esse bônus se aplica na rede estadual; na rede municipal os professores são beneficiados com prêmios extras, tanto professores como a instituição.  Por isso a preocupação dos profissionais da educação com o resultado do SAEPE, pois se atinge bons resultados todos saem beneficiados com o bom desempenho dos alunos.

O Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE) foi reformulado e fortalecido, em 2008 foi quando passou a ser realizado anualmente. O SAEPE é uma avaliação em larga escala que serve como instrumento para medir as competências e as habilidades dos alunos, nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, os estudantes que realizam essas avaliações são os que compõem o 3º, 5º e 9º anos do ensino fundamental, e o 3º ano do ensino médio.

Também são aplicados questionários para alunos, professores e gestores a fim de obter informações relacionadas ao ambiente cultural, social e escolar dos alunos, assim como traçar um perfil dos profissionais das unidades escolares e descrever a infraestrutura das escolas. O intuito central é elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco.

As escolas que atingirem as metas do IDEPE, a partir de 50%, são premiadas com um Bônus de Desempenho Educacional no que se refere à rede estadual e com premiações, professores da rede municipal  que se estrutura como “uma política de incentivo” aos trabalhadores que compõem o quadro da escola (PERNAMBUCO, 2008, p. 11).

No entanto, é possível notar que as políticas que envolvem o oferecimento de bônus por desempenho educacional e avaliação ligada à qualidade da educação vêm causando muitas repercurções, principalmente no ambiente escolar, trazendo desconforto em relação ao método utilizado para conferir os dados alcançados por cada escola.

Além disso, a implantação desta política tem criado uma atmosfera de competição entre os professores e as escolas, incentivando uma cultura de humanização do processo educativo, cada professor quer trabalhar oferecendo o melhor de si para ter bons resultados na avaliação de seus alunos para serem beneficiados com bônus.

 Esta pesquisa buscou analisar como os professores se sentem ao saber do resultado da avaliação do SAEPE e se o mesmo contribui para o fortalecimento ou enfraquecimento da gestão democrática nas escolas.

Os instrumentos utilizados foram questionários semiestruturados, realizadas com professores. A avaliação está aliada à questão da qualidade, por isso nos últimos anos tem sido alvo dos trabalhos acadêmicos e no planejamento dos programas políticos voltados para os variados setores da sociedade, inclusive para a educação.

O resultado desta pesquisa mostrou a importância do professor no processo ensino-aprendizagem, e que é preciso a participação de todo corpo docente da instituição para melhoria da educação.

2. Embasamento teórico

2.1. Avaliação e responsabilização

Nos anos 80, o sistema de ensino passa a usar padrões e avaliações educacionais internacionais para melhorar os desempenhos dos alunos e implementar reformas educacionais que visam  promover uma educação de qualidade para todos, no entanto os resultados não foram satisfatórios, pois o sistema de ensino ainda permanecia excludente com altas taxas de abandono e repetência escolar. Visando garantir uma qualidade de ensino e baseada em padrões.

Lam propõe um modelo cíclico de quatro etapas:

A primeira consiste na definição de padrões de desempenho para os estudantes. A segunda, na responsabilização das escolas e dos professores quanto às expectativas desses padrões. Em terceiro lugar, a consideração de que a avaliação em larga escala serve para acelerar as mudanças nas escolas, sendo a avaliação apoiada por políticas de incentivo às reformas. Por último, a utilização dos resultados dessa avaliação para determinar a pertinência das reformas desencadeadas e para acompanhá-las. (LAM ,2004 apud Akkari, 2011)

A implementação dessa reforma, se deu por adotar um padrão de desempenho focado em testes que avaliam as competências dos alunos, podendo uniformizar as condições de aprendizagem deles, definindo a qualidade e a finalidade da avaliação e assim acrescentar a responsabilização para induzir nos processos avaliativos.

Segundo Brooke (2006, p.378), “pode-se caracterizar três formas ou modalidades de responsabilização voltadas ao desempenho docente, as quais são diferenciadas de acordo com as instituições que as aplicam e com o comportamento exigido”.

A primeira forma é conhecida como burocrática na qual o professor se conforma com as normas legais ditadas pela rede de ensino que trabalha, e este é responsabilizado pelo cumprimento das leis perante a burocracia da instituição que o contratou.

A segunda forma exige um comportamento profissional em se conformar com as normas formais e informais estabelecidas pelos colegas de profissão, porém o mesmo é responsabilizado pela manutenção dos padrões da profissão perante seus pares.

Na terceira modalidade, a responsabilização tem como base os resultados da escola, assim o educador é responsabilizado perante as autoridades e o público em geral pela aprendizagem dos alunos.

Neste sentido, a responsabilização acaba produzindo novos interesses por parte dos professores, que buscam bons resultados nos desempenhos dos alunos, visando ajuda-los no sistema educativo de maneira contínua e assumir as responsabilidades do cargo recebido, pois essa exigência de resultados consiste em uma atenção maior de suas ações sobre os alunos.

 Portanto o professor precisa ser gestor da aprendizagem, mediador do processo de ensinar e aprender, com isso fazer o seu papel, valorizando-se, e investir em especialização, formação continuada, visando uma maior qualidade de ensino. Para Nóvoa (2009, p.31), “Os modos do profissional docente implicam um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, do trabalho em equipe, da intervenção conjunta nos projetos educativos de escola”.

Sabendo-se que a avaliação externa auxilia na melhoria dos resultados, torna-se urgente uma educação de qualidade exigida pelas escolas e pelo governo, assim os professores sentem-se obrigados a repensar suas práticas pedagógicas e a escola analise como trabalhar junto com a comunidade escolar as questões do currículo e da avaliação.

Neste sentido, a escola sente-se na obrigação de fazer com que seja desenvolvida atividades que aprovem as questões de eficiência oferecendo condições para que os alunos tenham bons resultados com o SAEPE.

No entanto, é necessário colocar em prática a questão de formação dos professores, pois os mesmos assumem um papel muito importante na formação desses alunos, em lhe dar com a questão de avaliação na forma como se apresenta.

A formação continuada é muito importante na carreira profissional do professor auxiliando no processo de ensino aprendizagem, alguns docentes precisam aprender sobre e como avaliar.

Para Haydt:

A avaliação assume dimensões mais amplas. A atividade educativa não tem  por  meta atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzem em termos de mudanças de comportamentos dos alunos. E cabe justamente à Avaliação verificar em que medida esses objetivos estão realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem. (HAYDT, 2014, p.7)

Neste sentido, a avaliação assume um papel importante na prática pedagógica docente, pois ajuda o aluno a se desenvolver na aprendizagem, auxiliando na flexibilidade do processo ensino aprendizagem no sentido de avaliar e acompanhar o aluno e o professor em suas atividades diárias, pois se o aluno se sobressai bem nos resultados avaliativos, logo sabe-se que o professor realizou seu trabalho com eficiência.

O Plano Nacional de Educação - PNE, vigente desde 2014, destaca a importância de utilizar o IDEB, índice obtido a partir dos dados do rendimento escolar, apurados pelo censo escolar da educação básica.

De acordo com os dados relativos ao desempenho dos estudantes na avaliação nacional do rendimento escolar, como forma de acompanhar a evolução para avaliar a qualidade do ensino, baseado em uma avaliação nacional do rendimento escolar.

É necessário compreender o processo de avaliação institucional como política avaliativa existente na rede de ensino público estadual de Pernambuco, identificando e selecionando as dimensões ou parâmetros intra e extraescolares presentes, e de que forma a presença e a amplitude destes colaboram para a promoção da qualidade da educação nas escolas de Ensino Médio da rede estadual de educação de Pernambuco.

É necessário o aprimoramento dos instrumentos de avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio para alcance das metas e qualidade para cada etapa escolar até 2021. Sendo assim, a Meta 7 do PNE 2014, apresenta como medida as seguintes médias nacionais para o IDEB.

Quadro 1
Médias IDEB, períodos de 2011 à 2021

Ideb

2011

2013

2015

2017

2019

2021

AI- Ensino Fundamental

4,6

4,9

5,2

5,5

5,7

6,0

AF- Ensino Fundamental

3,9

4,4

4,7

5,0

5,2

5,5

Ensino Médio

3,7

3,9

4,3

4,7

5,0

5,2

Fonte: Elaboração própria, conforme informações no INEP/PNE 2014.

O Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco, é um desafio para a melhoria da qualidade da educação e tem como foco a análise do Sistema de Avaliação Estadual de Pernambuco – SAEPE, e através deste, realiza algumas reflexões sobre a avaliação institucional e a estreita relação entre esta e as dimensões intra e extraescolares selecionadas, tendo em vista o alcance da qualidade da educação básica nas escolas públicas.

A nova realidade nacional de educação traz muitas implicações, mediante as transformações que a contemporaneidade traz devido à globalização, impactando e desafiando a implantação das políticas públicas educacionais como um todo.

Segundo Ferreira:

É a intencionalidade do que se quer fazer que defini a direção da ação e as formas e organizar a execução. É a intencionalidade – que se expressa nos objetivos – que irá nortear aquilo que se apresenta como desejado e necessário. Isso implica a explicitação de determinada intenção de ações, da definição dos fins que se quer alcançar, que se sustentam naquilo que tem valor para a coletividade em determinado momento histórico em uma dada sociedade. (FERREIRA, 2015, p. 133)

Para a autora o que define a organização e a execução é a intenção do que se quer atingir com os resultados obtidos das avaliações, e daí definir a responsabilidades dos docentes para com os resultados atingidos.

De acordo com o INEP/MEC (BRASIL, 2015), os Indicadores da Qualidade na Educação foram desenvolvidos para ajudar a comunidade escolar na avaliação e na melhoria da qualidade das escolas, por conseguinte, os indicadores são sinais que dimensionam aspectos de determinada realidade e que podem nortear a avaliação institucional.

Resultados positivos, alcançados com formação inicial e continuados, bem como a valorização docente tem se apresentado como pauta na luta da categoria. Este é um importante indicador de qualidade, pois afere o índice de professores que efetivamente lecionam em sua área de habilitação com licenciatura, garantindo que o professor atue utilizando os conhecimentos e metodologias dentro de sua área específica de habilitação, proporcionando a qualidade pedagógica e efetividade do ensino e aprendizagem.

Ao mesmo tempo, quando se leciona sem a habilitação na área de atuação, inicia-se um processo de fragilização e de incompetência do trabalho docente. O Sistema de Avaliação de Pernambuco – SAEPE teve sua primeira edição em 2000, sendo reestruturado em 2008.

É aplicado em todas as escolas da rede pública pernambucana nos 3º, 5º e 9º Anos do Ensino Fundamental e no 3º Ano do Ensino Médio, sendo avaliados os componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática.

O SAEPE visa analisar os aspectos cognitivos, os diferentes níveis de desempenho, visualizando através dos resultados, entre aqueles alunos que apresentam um maior grau de desenvolvimento nas habilidades avaliadas e aqueles que apresentam menores graus de desenvolvimento nas referidas habilidades, permitindo ações e políticas educacionais que objetivem à promoção da entidade.

A efetivação da avaliação em larga escala encontra suporte na legislação brasileira, amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) e pela Constituição Federal de 1988 (CF/88).

O objetivo é alcançar através da avaliação educacional em todos os níveis, embasamento e dados reais através de um instrumento que levem as políticas públicas a acompanhar os avanços e desafios diagnosticados com a possibilidade de constituir tomada de decisões. Sendo assim, a avaliação é um processo realizado por diversos instrumentos, dentre eles destacam-se a observação, registros, provas entre outros.

A avaliação institucional caracteriza-se como um processo estratégico de, construção de conhecimento e acompanhamento do trabalho realizado, em seus  detalhes, de modo a permitir a tomada de decisão.

Segundo Luck :

Os principais objetivos para a realização da avaliação institucional são 1) desenvolver uma cultura de avaliação na escola, marcada por reflexão crítica pelos participantes da comunidade escolar sobre a sua atuação específica e respectiva repercussão no trabalho escolar como um todo; 2) criar bases objetivas de construção e atualização contínua da política educacional da escola, expressa na elaboração do seu projeto político pedagógico; 3) prestar contas, de maneira clara e transparente, aos pais, à comunidade, à sociedade e a mantenedores, de como a escola atua e como realiza os seus objetivos sociais; 4) estabelecer compromissos com a comunidade escolar para a superação da limitações e alcance de estágios mais avançados de desenvolvimento; 5) contribuir para formação objetiva da identidade da escola, a partir de suas ações e contribuições. (LUCK, 2015, p. 77).

Para o autor o desenvolvimento da avaliação institucional é conduzido por princípios básicos e norteadores: abrangência, comparabilidade, continuidade, legitimidade, objetividade, praticidade, relevância, senso de oportunidade, sigilo e ética e transparência.

2.2. O sistema de avaliação de Pernambuco

É um programa que tem como objetivo avaliar as escolas municipais e estaduais verificando a qualidade e o desempenho das instituições de ensino, a fim de fornecer incentivos de melhorias ao sistema e desenvolver um trabalho de monitoramento da rede.

Quando iniciaram em 2000 as provas eram realizadas a cada dois anos nas escolas estaduais e em escolas municipais, que realizaram a adesão do sistema, a partir de 2008, as provas passam a ser aplicadas todos os anos.

O Plano Estadual de Educação de Pernambuco destaca que a criação de um sistema de avaliação próprio permite obter um diagnóstico dos níveis de aprendizagem dos alunos em cada escola, das demandas de formação continuada no Estado.

Com o SAEPE busca-se analisar a relação das habilidades e competências desenvolvidas pelos alunos em língua portuguesa e matemática. O programa avalia estudantes da 2ª série/3º ano do ensino fundamental em língua portuguesa e da 4ª série/5º ano, 8ª série/9º ano do ensino fundamental e 3º e 4º ano do ensino médio em língua portuguesa e matemática: “O SAEPE, constitui-se numa avaliação padronizada e censitária que permite aferir o desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática no 3º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio incluindo os projetos de correção do fluxo escolar” (Pernambuco, 2012, p. 23).

De acordo com a pesquisa desenvolvida em escola da rede municipal de Ensino no Agreste de Pernambuco, o resultado do SAEPE do ano de 2017, nas turmas do 9º ano, divulgado em 2018, das turmas do 9º ano serão apresentados no gráfico a seguir.

Figura 1
Resultado do SAEPE, 2017, de uma das Escolas do Agreste –PE.

Fonte: Elaboração própria, conforme informações da Escola.

O Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco atende duas dimensões: a de desempenho dos professores da rede os fatores externos associados a tal desempenho de proficiência, se utilizando de testes e questionários a fim da verificação da proficiência dos discentes e os fatores contextuais que se entrelaçam a fim de subsidiar a melhoria do cenário educacional.

3. Metodologia

Os professores entrevistados tinham idades médias entre 25 e 48 anos, possuem licenciatura em Pedagogia, e a maioria com especialização em Psicopedagogia. Todos possuem mais de 5 anos de prática docente e trabalham no Ensino Fundamental de uma escola Municipal, lecionando nos anos iniciais.

Os critérios utilizados para seleção desses professores foram o ambiente e aproximação da pesquisadora com eles, já que lecionam no mesmo estabelecimento de ensino. Por meio da pesquisa, buscou-se compreender o processo de constituição de saberes que os professores movimentam em suas atividades de docência enquanto lecionam.

Quanto à pesquisa, Richardson (2014) caracteriza a pesquisa qualitativa como aquela que “não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas”. Sendo assim, o estudo realizado classifica-se também como pesquisa bibliográfica e documental, por ser baseado em livros, artigos, leis, sites eletrônicos, artigos científicos e trabalhos monográficos e documentos internos da instituição de ensino onde a pesquisa foi realizada.

Minayo ressalta que:

A principal característica dessa abordagem é a compreensão detalhada do ambiente natural em que estão inseridos os sujeitos, considerada como fonte direta de obtenção de informações [...] a análise qualitativa trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. (MINAYO, 2010, p. 67)

A escolha pela abordagem qualitativa justifica-se por ser uma forma mais detalhada para entender a natureza de um fenômeno social com a intenção de coletar informações. Ela tem se mostrado útil no campo educacional porque examina o fenômeno numa configuração aprofundada, coletando informações, opiniões e comportamentos dos sujeitos, sobre o que eles pensam acerca do objeto de estudo, nesse caso, a interdisciplinaridade.

3.1. Local da investigação

A pesquisa foi realizada em uma escola localizada no Agreste de Pernambuco, estudam nesta escola 870 alunos, esta instituição de ensino oferta curso da educação básica que funciona em dois turnos distintos:

Um no período matutino, das 7h30min às 11h30min, anos iniciais do ensino fundamental são 17 turmas; no período vespertino, das 12h 30min às 16h30 min, funcionam 13 turmas nos anos finais; a I e II fase da educação de jovens e adultos com 3 salas, totalizando 65 docentes que atuam nesta instituição.

A unidade educacional dispõe em sua estrutura física de 17 salas de aulas, uma cozinha, um almoxarifado, 10 banheiros, um laboratório de informática, uma secretaria e uma área interna de recreação, o administrativo, é composto por a gestora, quatro coordenadoras.

A cozinha são seis merendeiras, 8 zeladoras, trabalham 2 agentes administrativo, uma secretária, e dois digitadores na secretaria. A escola possui projeto político pedagógico e realiza reuniões com pais e mestres.

Analisando os relatos dos entrevistados pode-se concluir que a escola tem um bom relacionamento com os alunos e com a família, prepara os alunos para a realização do teste do SAEPE, os alunos são avisados com antecedência da realização do teste, e os professores inovam suas práticas pedagógicas a partir dos resultados obtidos na avaliação do SAEPE.

4. Resultados, análise e discussão

Nos quadros a seguir estão as respostas a obtidas pelos professores entrevistados neste estudo.

Quadro 2
Apresentação da questão1 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores

Questão

Respostas dos professores

 

 

 

Os professores preparam os alunos para o teste do SAEPE?

 

P1 Acredito que todo professor que assume o compromisso em sala de aula, trabalha de forma contextualizada com os descritores do SAEPE, de modo a obter ótimos resultados após a realização do SAEPE.

P2 Sou professor iniciante, este é meu primeiro ano de trabalho, minhas turmas não são avaliadas pela prova do SAEPE, mais percebo a preocupação e o empenho de toda a equipe de professores para preparar bem os alunos para os desafios que virão.

P3 Sim, porém essa preparação fica mais evidente nas turmas que realizam a avaliação.

Fonte: Dados da pesquisa de campo

Para Ferreira ( 2015)  a organização e a execução das avaliações é a intenção do que se quer atingir, ou seja, a forma de como os conteúdos e as avaliações são  organizados, são de maneira que os alunos atinjam os resultados esperados, como aponta no quadro 1, pode-se constatar que os professores tem a preocupação em preparar os alunos para a realização da prova do SAEPE, tanto os  professores das turmas avaliadas como todo corpo docente , no que diz a  P1 que todo professor se compromete em trabalhar de forma contextualizada, já o P2 diz que suas turma não são avaliadas, mais percebe o empenho e a organização de todos e o P3 diz que as turmas que são preparadas serão as que irá ser avaliadas.

Quadro 3
Apresentação da questão 2 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores

Questão

Respostas dos professores

 

 

Os professores comentam em sala de aula com os alunos sobre a avalição do SAEPE?

P1 É obrigação de o professor orientar os alunos Quanto a realização do SAEPE, de modo que os mesmos não sejam pegos de surpresa durante a aplicação do exame.

P2 Os professores preparam os alunos para o teste do SAEPE.

P3 Sim, até mesmo para que o aluno compreenda que esta é uma avaliação externa, todavia é de suma importância para a escola.

Fonte: Dados da pesquisa de campo

Para Luck (2015), o desenvolvimento da avaliação  é conduzido por princípios básicos,  ética e transparência, para ele a avaliação deve ser desenvolvida com transparência, pra que se atinja bons resultados, por isso,  no que mostra o quadro2,  nas respostas dos professores percebe-se que os mesmos preocupa-se com a avaliação do SAEPE, para que o resultado da mesma tenha êxito, e por isso os alunos são avisados sobre a aplicação do teste, para que tenham bons resultados.

Quadro 4
Apresentação da questão 3 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores

Questão

Respostas dos professores

 

 

Professores e alunos são avisados com antecedência sobre o dia da realização da prova do SAEPE?

P1 Desde que trabalho como professora de Língua Portuguesa, sempre foi informada e sempre informei aos alunos a respeito da data da avaliação do SAEPE.

P2 Os professores comentam com os alunos e avisam com antecedência sobre a aplicação do SAEPE.

P3 Sim, geralmente a equipe gestora nos comunica a data com antecedência, para que dessa forma os alunos também sejam comunicados e evite falta na aula naquele determinado dia.

Fonte: Dados da pesquisa de campo

Segundo Nóvoa (2009), os modos do docente, o trabalho em equipe e a intervenção conjunta contribuem para colaboração coletiva, por isso os alunos são avisados com antecedência, para atingir bons resultados, como nos aponta as respostas das professoras no quadro 3, os professores são avisados com antecedência para que estes avisem aos alunos sobre a prova do SAEPE, e assim os alunos não faltem no dia da aplicação do teste, para que se obtenha um bom resultado nas avaliações, pois o trabalho em equipe revela bons resultados.

Quadro 5
Apresentação da questão 4 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores

Questão

Respostas dos professores

 

 

Os professores utilizam os resultados da prova do SAEPE para melhorar sua prática pedagógica?

 

P1 É sempre pertinente rever as práticas pedagógicas em sala de aula independente do resultado do SAEPE.

P2  Sim, os professores procuram sempre rever suas práticas pedagógicas independente do resultado do SAEPE.

P3 Sim, uma vez que o SAEPE é pautado em determinados descritores e seu resultado nos possibilita buscar melhoras para os assuntos em que os alunos apresentam  maior déficit.

FONTE: Dados da pesquisa de campo

De acordo com Haydt (2014) o resultado da avaliação assume um papel importante na prática pedagógica docente, ajudando o aluno a se desenvolver na aprendizagem, auxiliando na flexibilidade do processo ensino aprendizagem  no  sentido de avaliar e acompanhar o aluno e o professor em suas atividades diárias, através dos resultados da avaliação os professores melhoram suas práticas pedagógicas como nos apresenta o quadro 4, os professores percebe que todo corpo docente da escola estão empenhados na melhoria da qualidade do ensino e buscam sempre  inovar suas práticas pedagógicas independente dos resultados do SAEPE.

Entretanto todos são informados sobre a avaliação e sua importância para o desempenho dos alunos, pois se tem um bom resultado todos saem beneficiados com a aprendizagem.

Quadro 6
Apresentação da questão 5 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores

Questão

Respostas dos professores

 

 

Há um bom relacionamento entre professores e alunos da escola?

P1 Particularmente, nunca tive nenhum tipo de atrito sério com alunos, procuro relacionar-me com eles utilizando sempre a empatia.

P2 Existe uma boa relação dos professores com os alunos.

P3 Nós professores procuramos sempre manter a boa convivência com o aluno, o bom relacionamento, porém nem sempre isso acontece com todos, há alunos difíceis de lidar, mais tento chegar a eles da melhor maneira, procurando o melhor caminho.

FONTE: Dados da pesquisa de campo

Para Luck (2015), todos devem contribuir para formação objetiva da identidade do aluno e da escola, a partir de suas ações e contribuições diante das respostas dos professores como nos aponta o quadro 5, podemos constatar que os mesmos procuram da melhor maneira possível ter uma boa relação com os alunos, para que esses possam   manter um bom relacionamento para o bom desempenho de todos.

Quadro 7
Apresentação da questão 6 aplicada no questionário,
e das respostas dadas pelos professores.

Questão

Respostas dos professores

 

 

Os professores e a direção da escola priorizam mais o ensino da Língua Portuguesa e Matemática do que as outras disciplinas?

P1 De forma alguma, toda a disciplina tem a sua importância na grade curricular, porém língua portuguesa e matemática por terem 6 aulas semanais, elas são trabalhadas com mais frequência, as aulas de língua portuguesa é de suma importância ela servirá para as demais disciplinas.

P2 Sim, principalmente a Língua portuguesa que é a base de tudo.

P3 Acredito que sim, há uma maior preocupação no ensino dessas disciplinas, e não apenas porque são cobradas avaliações externas, mais porque são essências na vida do aluno, para além da sala de aula, principalmente a Língua portuguesa, que é a base, a compreensão de todas as outras disciplinas.

FONTE: Dados da pesquisa de campo

Para Luck (2015), a avaliação abrange praticidade e senso de oportunidade, como mostra o quadro 6,  nas respostas dos professores observa-se que o P1 diz que não há prioridade nas disciplinas de Língua portuguesa e  matemática em sua visão, já os P2 e P3  acreditam que existe sim uma prioridade nessas disciplinas por fazer parte do dia a dia do estudante e principalmente português que é a base para a compreensão das demais disciplinas.

5. Conclusões

Esta pesquisa revelou como trabalhar ações integradas para realizar com sucesso a avaliação externa à escola. Em relação à concepção de avaliação institucional, com o objetivo de investigar as ações desenvolvidas pelo gestor da instituição, frente aos resultados do SAEPE no ano de 2017.

Em relação à concepção de avaliação institucional dos gestores escolares os dados apontam que a maioria conceitua o que é avaliação institucional, conclui-se, que os profissionais da escola utilizam-se dos resultados das provas do SAEPE, para rever suas práticas, e interagem com os alunos sobre o teste, lembrando também que os alunos são avisados como antecedência dos testes, é feito todo um processo para que os resultados esperados sejam alcançados.

A avaliação institucional como um procedimento que analisa a instituição em sua totalidade, mostrando a realidade e as áreas mais vulneráveis que necessitam de intervenção. Assim, a avaliação institucional é uma oportunidade aonde seus dados e informações devem ser considerados para a redefinição de ações em prol da melhoria da escola e dos sistemas.

Já que a avaliação permite mudanças nas práticas e, por conseguinte, na qualidade da educação, é preciso ter a avaliação institucional como uma realidade possível nos espaços escolares, sensibilizando os diversos atores do processo das organizações educacionais em todos os seus graus hierárquicos para adoção da prática da avaliação institucional e para a necessidade de desenvolver ações de estímulos a práticas de reflexão/ ação dos resultados apresentados em contrapartida às metas propostas no âmbito educacional.

Essas avaliações educacionais e institucionais proporcionam um retrato fiel de como se encontram o cotidiano educacional, fato comprovado nos resultados divulgados pelos órgãos e instâncias responsáveis.

A aprovação ou reprovação em si não caracteriza aprendizagem efetiva, no entanto, é esperado que a aprovação trouxesse consigo o sucesso da aprendizagem durante o ano letivo, tornando o estudante apto a novos desafios de aprendizagem.

A avaliação institucional apresenta-se como uma prática que se caracteriza-se por um processo de construção e reconstrução contínuo que precisa ser melhor esclarecido, debatido e difundido entre a comunidade escolar.

Porém toda avaliação gera resistências e conflitos, sendo necessário o delineamento de uma perspectiva transformadora que envolva todos em prol de uma educação pautada pela qualidade contribui para concentração de esforços em torno da necessidade de um olhar voltado para os indicadores de qualidade das escolas públicas de educação básica de Pernambuco.

De forma, mais precisa, de sua última etapa, o Ensino Médio, tendo em vista alcançar a qualidade da educação básica nas escolas da rede pública, persistindo na importância de uma gestão escolar atuante e que corrobore para o êxito desse empreendimento. A relevância da melhoria do sistema educacional brasileiro é inquestionável, assim como políticas públicas voltadas para a igualdade de condições para o acesso e comunicação.

Referências bibliográficas

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1. Doutoranda em Ciências da Educação pela Atenas College University. E-mail: junior.mirian@hotmail.com

2. Especialista em Linguística aplicada ao ensino de Língua Portuguesa pela Faculdade Osman Lins. E-mail: nandahfernanda@hotmail.com

3. Graduado em Biologia pela UFPE. Doutor em Biologia pela UFPE. E-mail: gusmao.diogenes@gmail.com

4. Mestranda em Ciências da Educação pela Atenas College University, E-mail: m.fabianaduarte@hotmail.com

5. Mestranda em Ciências da Educação pela Atenas College University, E-mail: eliete_braz10@hotmail.com

6. Mestranda em Ciências da Educação pela Atenas College University, E-mail: vluciabsantos@gmail.com

7. Mestranda em Ciências da Educação pela Atenas College University, E-mail: zgsilva@bol.com.br


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 40 (Nº 29) Ano 2019

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