Vol. 38 (Nº 26) Año 2017. Pág. 26
Marcelo Leandro de BORBA 1; Marcelo MACEDO 2; Clarissa Stefani TEIXEIRA 3
Recibido: 15/12/16 • Aprobado: 12/01/2017
RESUMO: Apresentar uma visão geral do ecossistema de empreendedorismos inovador do norte catarinense, focando na parceria operacional/científica entre o Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região - Inovaparq e o Perini Business Park. A relevância da parceria como sustentação do ambiente de inovação da região. Inovaparq é um parque científico tecnológico que tem entre seus objetivos fomentar a interação entre Universidade/Empresa incentivando principalmente a pesquisa aplicada. O parque Perini é o maior condomínio empresarial do Brasil, e possui uma base de mais de 100 empresas instaladas. |
ABSTRACT: To present an overview of the innovative entrepreneurs ecosystem of Northern de Santa Catarina, focusing on the operational / scientific partnership between the Joinville Regonal Park for Technology Innovation - Inovaparq and the Perini Business Park. The relevance of partnership as a support to the region's innovation environment. Inovaparq is a science park that has among its objectives to foster the interaction between University / Company, mainly encouraging applied research. Perini Park is the largest business condominium in Brazil, and has a base of more than 100 companies installed. |
A busca de uma vantagem competitiva sustentável permeia atualmente os principais planejamentos estratégicos organizacionais. Sendo estes públicas ou privadas a demanda por modelos que possam facilitar o alcance da vantagem competitiva é constante. O incentivo, criação e a manutenção de ecossistemas de empreendedorismo inovador é a forma (modelo) mais adequado no momento atual.
O ecossistema de empreendimento inovador para seu adequado funcionamento deverá compor mais dois elementos chaves: o empreendimento inovador e a indústria do venture capital.
E o norte catarinense, especificamente Joinville e região organiza-se para construir o ecossistema de inovação atraindo empreendedores e investidores.
Como a maior cidade de Santa Catarina e a terceira maior cidade do sul do Brasil, Joinville comporta diversos atores necessários para o fortalecimento do ecossistema inovador, por exemplo: duas incubadoras de empresas, um parque tecnológico, o maior condomínio industrial multissetorial do Brasil, dois institutos de inovação, um instituto de tecnologia, universidades e institutos federais.
Neste contexto, Joinville apresenta os elementos e atores necessários para estabelecer um forte e estratégico ecossistema de empreendedorismo inovador, capaz de atender a demandas locais, regionais e nacionais
O artigo apresenta uma visão geral do ecossistema local de Joinville, com foco na conexão e parceria de dois atores cruciais: Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região – Inovaparq e o Perini Business Park - Perini.
O artigo descreve a parceria e a importância do entendimento da gestão de ativos básicos destes dois atores: o ativo de conhecimento do Inovaparq e do ativo imobiliário do Perini.
Para Cario et.al. (2011), as interações que se estabelecem entre a universidades e institutos de pesquisa e empresas, possibilitam o desenvolvimento de “circuitos retroalimentadores” de conhecimento potencializadores de inovação.
O local adequado para interações são os ecossistemas de empreendedorismo inovador, que orbitam em específicas áreas. Para Adner (2006) um ecossistema é um arranjo onde existe a colaboração e onde as empresas combinam suas ações e estratégias de forma alinhada na busca da redução de custo, da promoção do crescimento sustentável e onde as empresas geram e captam valor que não conseguiram se estivem atuando de forma isolada.
Para Fiates (2014), o ecossistema de empreendedorismo inovador é um sistema que tem como foco o empreendimento inovador, ou seja, um sistema com características e elementos que facilitam, estimulam e apoiam a ação de criar/implementar novos projetos e empreendimentos que transforam ideias/conhecimentos em novos produtos/serviços no mercado. Três elementos são fundamentais, conforme Alves (2012): observador, ambiente e fronteira. O observador trata-se do gestor ou do líder do sistema, interessado no entendimento dos elementos e na dinâmica do mesmo. O ambiente pode ser uma parte de uma cidade, a cidade como um todo, uma região ou até mesmo um pequeno estado. E a fronteira estabelece os limites de interação entre o sistema e o ambiente. No caso de um ecossistema local de inovação e empreendedorismo, esta fronteira pode ser os limites de um Parque Tecnológico ou de uma região bem definida.
Conforme Anprotec 2014, parques constituem importantes instrumentos para o desenvolvimento de ambientes inovadores. Independentemente de suas diversas denominações - como, por exemplo, polos de tecnologia, centros de alta tecnologia, centros de incubação, tecnoparques ou cidades científicas – os parques tecnológicos, buscam fomentar a transferência tecnológica e a inovação, aumentando a competividade de empresas, regiões e até mesmo nações.
Em relação à variável espaço geográfico e mesmo perímetro do ecossistema, vale ressaltar que, cada vez mais, os perímetros e limites de um sistema com propósitos e características comuns tendem a transcender o aspecto físico e atingir esferas mais amplas e complexas com o contínuo e exponencial fortalecimento das redes sociais que levam à formação de comunidades de interesse e de prática capazes de complementar ou mesmo substituir as modalidades de ecossistemas focadas na viável territorial, tal como apresentado por Fiates (2014).
Para Etzkowitz (2009) uma hélice tríplice regional surge a partir dos espaços de conhecimento, consenso e inovação. Um espaço de conhecimento fornece as bases para o crescimento regional na forma de uma quantidade mínima para produzir um resultado específico, uma concentração de recursos de pesquisa sobre um tema específico, a partir da qual ideias tecnológicas poder ser geradas. Quando esses recursos atingem um certo nível, eles podem desempenhar um papel no desenvolvimento regional.
Já um espaço de consenso indica o processo de fazer com que os atores adequados trabalhem em conjunto: trocando ideias em livre debate, analisando problemas e formulando planos. Quando estes atores geram uma estratégia e reúnem os recursos para realiza-la, o processo de desenvolvimento regional pode avançar.
Um espaço de inovação indica uma invenção ou adaptação organizacional feita para preencher uma lacuna no processo de desenvolvimento regional, muitas vezes identificada durante a fase de consenso. O esforço de organização para criar uma nova entidade híbrida é semelhante a um movimento social, reunindo recursos, pessoas e redes por toda a hélice tríplice ETZKOWITZ (2009).
Para Da Silva e Maciel (2009) um papel organizacional é “ um conjunto de comportamentos preferidos que uma organização tende a de assumir em uma situação de rede”. O que de termina uma empresa assumir um papel tem origem em vários motivos: liderança pessoal; imposições legais ou por consenso entre os membros da rede.
Entender os papéis organizacionais auxilia o desenvolvimento de políticas e estratégias para melhorar o desempenho e a força das redes. Este ponto é importante principalmente em sistemas de inovação regional e local (DA SILVA e MACIEL, 2009).
Para Da Silva e Maciel (2009) os nove papéis podem ser apresentados em suas categorias: liderança – ruler e o networker; intermediação - bridger e a bonder; criatividade – creator e investigator; produção – implementer, evaluator e controller.
O ecossistema é um tipo de sistema focado na promoção das atividades de empreendimentos inovadores, isto é, um sistema com características e elementos que facilitam, estimulam e apoiam a ação de criar/implementar novos projetos e empreendimentos que transformam ideias/conhecimentos em novos produtos/serviços no mercado. Na figura 01 é apresentado um modelo de referência de um ecossistema de empreendedorismo inovador dentro da visão de Fiates (2014).
Figura 01 – Modelo de referência para Ecossistemas de Empreendimentos Inovadores.
Fonte – Adaptado Fiates (2014)
Como resultado de toda esta estrutura deriva-se subsistemas que são representados em forma de mecanismos conforme Fiates (2014):
Mecanismos de suporte à inovação
Centro de Tecnologia
Centro de Inovação
Mecanismos de suporte ao empreendedorismo
Ideação
Incubação
Mecanismos de suporte a competividade
Parque Tecnológico
Clusters
A partir de referenciais teóricos acerca dos ecossistemas de empreendedorismo inovador, do papel que desempenham os diversos atores presentes neste ecossistema o artigo apresenta o método de estudo de caso. Como objeto de estudo foi utilizada a Região Norte de Santa Catarina. O foco de interesse é investigar o papel que os atores de inovação especificamente o Inovaparq e o Perini no ecossistema de empreendedorismo inovador. Adota-se uma perspectiva dos elementos constituintes do ecossistema para facilitar a visualização do contexto e entendimento dos papéis desempenhados pelos diversos atores e em particular nos espaços do Inovaparq e do Perini. A descrição do caso em estudo é fundamentada na experiência dos atores como desenvolvedores e participantes de projetos e integrantes do sistema regional de inovação.
Santa Catarina é considerado um estado promissor e inovador. O interesse das empresas em investir no estado cresce. Para ratificar esta constatação o índice FIRJAN de Desenvolvimento Econômico Municipal coloca Santa Catarina como terceiro estado mais desenvolvido do país com 0,82. O mesmo indicador apresentou que das 295 cidades catarinenses, 26 apresentaram alto desenvolvimento, 5 delas ficando entre os 100 municípios com maior desenvolvimento: Blumenau, Brusque, Florianópolis, Joinville e Chapecó.
O estado de Santa Catarina desenvolve ações com o objetivo de incentivar a inovação tecnológica. Um dos programas foi o Inova@SC, que por intermédio de um estudo, constatou oito competências principais no estado: têxtil e confecção, agroindustrial, pesqueiro, eletrometalmecânico, florestal, turístico, tecnológico e mineral. Em relação a cidade de Joinville onde está instalado o Inovaparq e o Perini os segmentos de maior representatividade econômica são: confecção eletroeletrônico, metalmecânico, plástico, químico, têxtil e TIC.
Joinville com mais de 515 mil habitantes é a maior cidade do estado. Está localizada a menos de 100 km de quatro principais portos da região e com fácil acesso às rodovias que interligam o país. É o mais importante polo econômico tecnológico e industrial de Santa Catarina, com um parque fabril de cerca de 1,3 mil indústrias e 11 mil comércios. Com PIB de R$ 18,4 bilhões e PIB per capita de R$ 35,8 mil. Apresenta o 13º. IDH do Brasil, com um indicador de 0,857, e é a sexta cidade que mais cresceu no Brasil nos últimos 10 anos.
A educação superior de Joinville é atendida por nove instituições privadas e três instituições públicas que oferecem à população de Joinville uma variada gama de cursos superiores em nível de graduação, pós-grauação, mestrado e doutorado. Instituiçoes de ensino superior presenciais públicas: Universidade do Estado de Santa Catarina; Instituto Federal de Santa Catarina; Universidade Federal de Santa Catarina Joinville /Centro – engenharia da mobilidade. Instituições de ensino superior presenciais privadas: Universidade da Região de Joinville; Instituto de Ensino Superior Santo Antônio; Faculdade Cenecista de Joinville; Faculdade Guilherme Guimbala; Associação Educacional Luterana Bom Jesus; Instituto Superior Tupy; Faculdade de Tecnologia Senai; Assessoretec; Faculdade Anhanguera de Joinville; Instituto Católico de Santa Catarina.
Importante indicador para verificar as competências regionais, os grupos de linhas de pesquisa foram alvo de análise do estudo. O polo de Joinville possui 80 grupos com 241 linhas de pesquisa. Os grupos de pesquisa estão dividos nas seguintes áreas: engenharia de produção 9; medicina – 9; ciência da computação – 8; engenharia de materiais – 8; engenharia mecânica – 6; engenharia elétrica – 4; engenharia química – 4; física – 4; ecologia – 3.
Importante mecanismo de apoio ao desenvolvimento tecnológico, são os núcleos de inovação tecnológica – NIT´s. No polo de Joinville dois núcleos são destacados: núcleo da Univille com 4 colaboradores e 21 empresas atendidas e da Sociesc com 5 colaboradores e 14 empresas antendidas.
A cidade de Joinville estabeleceu suas diretrizes para inovação por intermédio da Lei no. 7170, de 19 de dezembro de 2011. A lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico no ambiente produtivo e social, proporcionando o desenvolvimento social e econômico sustentável da cidade de Joinville. Ação derivada da lei citada foi a criação do Conselho Municipal de Ciência Tecnologia e Inovação – COMCITI, coordenado pela Secretaria Municipal de Integração e Desenvolvimento Sustentável, e tem por objetivo congregar os principais atores envolvidos com a crescente demanda por ações inovadorar na cidade.
O ecossistema de inovação empreendedora de Joinville destaca-se por algumas iniciativas: Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região – Inovaparq; incubadora Fundação Softville e dois institutos de inovação do Senai.
O cenário apresentado permite construir ações e possiblidades de desenvolvimento sustentável com base em inovações na cidade e região. Contudo uma visão estratégica é necessária ser estabelecida, e o compartilhamento da mesma deve ser efetuada entre os atores participantes do ecossistema.
Na busca desta pensamento único o governo do estado estabeleceu em suas estratégias de crescimento econômico sustentável a criação de Centros de Inovação em 13 cidades do Estado. O objetivo é criar uma relação estreita entre os atores que impulsionam os projetos inovadores.
Reforçando estás ações, a parceria operacional entre o maior parque multisetorial do Brasil o Perini Business Park - com seu ativo imobiliário de destaque – e o parque tecnológico de Joinville – com seu ativo de conhecimento que envolve três universidades – o Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região – Inovaparq, representa um esforço de atores que observaram as demandas da região e estão buscando soluções em conjunto para os desafios estabelecidos. O entedimento destes atores é necessário para avaliar o ecossistema de inovação da cidade.
A concepção do Inovaparq foi orientada pelos critérios e diretrizes estabelecidos nos marcos regulatórios pertinentes aos temas envolvidos em um empreendimento desta natutreza. Desta forma, o projeto seguiu as orientações legais e estratégicas, estabelecendo uma proposta de parque de inovação alinhada com os direcionamentos estratégicos desejados para o país, para Santa Catarina e para Joinville e região.
No âmbito federal, serviu de base a Lei no. 10.973 de 2 de dezembro de 2004, a chamada lei da Inovação. Foi considerada também a aderência aos princípios e orientações da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior. Outro relevante elemento orientador de âmbito federal foi a Portaria Ministerial no. 139, de 10 de março de 2009 do Ministério de Ciência e Tecnologia, que instituiu o Programa Nacinal de Apoio a Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos. No âmbito estadual serviu de parâmetro orientador a Lei Catarinense de Inovação, Lei no. 14.328 de 15 de janeiro de 2008. As ações do parque também estão alinhadas com a política catarinense de ciência, tecnologia e invoação do Estado de Santa Catarina.
Conforme Collere, Borba e Furlan (2011) Inovaparq foi criado por regulamentação interna, vinculado à FURJ – Fundação mantenedora da Univille e que passou a ser também mantenedora do Inovaparq. A partir deste ponto, a FURJ iniciou uma série de articulações com outras entidades da cidade, a fim de montar uma rede relevante de entidades para consolidar o projeto do parque e consequentemente do espaço de inovação. As articulações iniciaram-se pelas universidades presentes no município.
Como resultado destas articulações, o Inovaparq apresenta uma inovadora estrutura de gestão, composta por três universidades instaladas no município: Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Universidade da Região de Joinville e Região – UNIVILLE. O conjunto destas universidades também representa uma importante base acadêmico-cientifica no espaço de conhecimento capaz de promover e sustentar as atividades inovadoras. BORBA, COLLERE e FURLAM (2013).
O objetivo do parque é criar e manter um ambiente de aproximação entre universidades, empresas e governos que responda aos desafios enfrentados por Joinville e região, de modo a promover o desenvolvimento regional sustentável, por meio da inovação. Este objetivo move as principais ações do Inovparq, o que levou ao acordo com o Perini Business Park.
O Inovaparq tem doze empresas instaladas, contemplando empresas startups e empresas multinacionais, e disponibililiza para suas empresas, laboratórios, restaurantes, biblioteca, e outras estruturas de apoio as organizações
O Perini Business Park considerado o maior condomínio empresarial multissetorial do Brasil, onde reune mais de 100 empresas das mais diversas nacionalidades e emprega mais de 7.500 trabalhadores.
O Perini ocupa uma área de 2,8 milhões de m² de terreno, com 290 mil m² de área construída. O parque apresenta uma adequada infraestrutura com redes de energia elétrica, telecomunicações, abastecimento de água, gás natural e transporte coletivo urbano. E com relação ao posicionamento geográfico o Perini se encontra a 4 km do Inovaparq. As empresas instaladas no parque representam 19 % PIB de Joinville e 2,65 do PIB e Santa Catarina.
Os segmentos produtivos presentes no condomínio: metalmecânico, plástico, logístico, químico, construção civil, automobilístico, metalúrgico, eletroeletrônico, agronegócio, náutico, comércio e serviços.
O Perini oferece também uma estrutura de empresas de prestação de serviço. Entre os serviços de apoio detacam-se: serviços de consultoria, contabilidade, comunicação, comércio exterior, construção, gráfica, idiomas, logística, recursos humanos e saúde.
E com estas caracteriísticas e peculiaridades e que foi estabelecida a parceria entre Inovaparq e Perini.
O Perini em suas analises setoriais das empresas instaladas percebeu um fenômeno de “clusterização” que significa um concentração de empresas que desenvolvem atividades complementares e coabitam o mesmo local. Hoje já se constata, na prática, que muitos empreendimentos instalados no condomínio formam uma cadeia de fornecimento entre si, composta pro fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes.
Um exemplo de que essa cadeia de negócios começa a crescer internamente no Perini é a concentração de empresas do mesmo segmento, como as da cadeia do cobre, além das empresas voltadas para os segmentos náutico, automotivos e logístico e, mais recentemente, os prestadores de seviços.
O Perini abriga empresas de diversos países: Itália, Alemanha, Estados Unidos, França, Áustria, Bélgica, Coreia, Portugual,Suiça e Espanha.E Entre elas, há vários líderes mundiais de mercado: Aços Vilares, AllFlex, Benteler, BMW, Bosch, Brenntag, Brunswick, Buhler, SherwinWilliams, Siemens, Univolt e Whirlpool.
O envolvimento com a comunidade é uma importante ação do Parque. Como exemplo ações voltadas para instituições de ensino da rede pública, como a Escola Rodrigo Lobo. A primeira ação realizada no colégio que tem cerca de 470 alunos, foi a instalação de 10 condicionadores de ar. Outra iniciativa semelhante é a foi desenvolvida na Escola Municipal Adolpho Bartsch, em Pirabeiraba, colégio do entorno do Parque. O sistema de captação de água da chuva da escola foi automatizado e recebeu nova pintura graças ao trabalho executado pelo Perini. O sistema agora permite que a água seja bombeada e clorada uniformemente, fique armazenada e seja consumida para limpeza do colégio.
O Perini Business Park investe mais de R$4 milhões em projetos de sustentabilidade, em especial em saneamento com estação própria. Instalada dentro do Parque, a estação de tratamento de Efluentes faz com que o Perini tenha 100% do esgoto tratado, o que ajuda a viabilizar a certificação da ISO 14001 às empresas instaladas no Parque.
Conforme Etzkowitz (2009), as condições para o crescimento econômico de alta tecnologia não são criações espontâneas estas podem ser identificadas e implementadas por medidas explicitas. Entende-se que o processo de mudança não é exclusivamente motivado pelo mercado nem pelas políticas. Percebe-se que o início do processo é baseado em desenvolvimento em ciência que surge das universidades e de outras instituições de pesquisa atuando em conjunto, que com empresas ou governos ou com ambos. Quando o processo alcança o sucesso novas condições podem ser acrescentados para fornecer uma base maior de desenvolvimento regional.
Com este entedimento é que se implementou a parceria Inovaparq e Perini. O objetivo foi criar condições de fortalecer os empreendimentos de crescimento inovador com apoio de uma estrutura de conhecimento, junto com uma estrutura física/logística adequadas as demandas requiridas na atual economia do conhecimento. Derivado desta união a criação de espaços de conhecimento e inovação conforme Etzkowitz (2009).
A primeira etapa da parceria foi o estabelecimento do Hub de Inovação, conforme figura 01. Este espaço é o marco da relação entre os parques e tem por objetivo pemitir o elo entre as empresas e as universidades facilitando o compartilhamento das bases de conhecimento e das demandas do mercado. O espaço também atua como espaço de compartilhamento de ideias ou seja a busca da serendipidade, resultado encontro da academia e a do mercado.
Figura 02 – Etapas da implantação da parceria operacional Inovaparq/Perini
Fonte – Primária (2015)
As principais ações que serão patrocinadas no local estão representadas na figura 02. O observatório tecnológico tem por objetivo facilitar a busca e compartilhamento de informações tecnológicas entre os principais atores do ecossistema de inovação. Por exemplo prospectar oportunidades tecnológicas avaliando bases de patentes nacionais e internacionais. O mesmo acompanhamento poderá indicar tendências do mercado, que poderá auxiliar as pesquisas e as parcerias tecnológicas.
Figura 03 – Hub de Inovação: Ações Gerais
Fonte – Primária (2015)
Outro elemento importante desenvolvido é a busca de uma estrutura de conhecimento. Esta estrutura tem como base os ativos de conhecimento das universidades parceiras do Inovaparq e a disponibilização dos mesmos para as empresas do Perini e região. O objetivo e atrair oportunidades de parceira entre empresa e universidades para concretizar pesquisa aplicada e serviços tecnológicos.
E isto reflete na terceira ação desenvolvida pelo Hub de Inovação: a efetiva integração entre universidade/empresa. A integração colocada em várias dimensões e por diversas ações como a prospecção de projeto e recursos.
A figura 03 contempla ações específicas que serão desenvolvidas no Hub de Inovação sempre abrangendo os três principais atores da tríplice hélice da Inovação: governo, academia e empresas.
Figura 04 – Hub de Inovação: Ações Específicas
Fonte – Primária (2015)
A segunda etapa da parceria entre os dois parques, conforme figura 01, foi a lançamento do edital de chamada para novas empresas a serem conveniadas com Inovaparq e instaladas no Perini. O objetivo é atrair novas empresas para região que estejam conectadas e trabalhando com pesquisa aplicada com as universidades parceiras em um local com uma estrutura física adequada ao crescimento sustentável das organizações.
E na segunda etapa contempla um maior envolvimento das ações do Inovaparq com as empresas já instaladas no Perini Business Park. Hoje o Perini abriga mais de 100 empresas de diversas nacionalidades que poderão estar atuando com Inovaparq, na busca de soluções tecnológicas inovadoras e que possam conquistar diferencial competitivo por intermédio da inovação.
E para consolidar a terceira etapa de implantação da parceria operacional está sendo planejado a construção de um edifício que atenda de forma mais eficaz as empresas parceiras do Inovaparq. As salas estarão preparadas para atender demandas e desafios arquitetônicos que as empresas startups do século XXI necessitam e esperam.
Importante ressaltar que a criação de infraestrutura é uma das etapas necessárias para estabelecer um ecossistema de empreendedorismo inovador que possa dar as condições necessárias para favorecer o surgimento do empreendedor do inovador. A parceria estabelecida entre o Perini e o Inovaparq concretiza e gera a base para o ecossistema de empreendedorismo inovador de Joinville e Região.
A estruturação do Parque Perini em um espaço de conhecimento e um espaço de inovação reflete o trabalho que está em desenvolvimento na região de Joinville na busca de atrair e fortalecer os principais atores do ecossistema de inovação de Joinville.
Com o estabelecimento da parceria operacional/científica entre Inovaparq e Perini foi possível constatar o fortalecimento do ecossistema da região no momento que permitiu conjugar interesses acadêmicos e empresariais. A criação de uma estrutura única que possibilitou utilizar os ativos de conhecimento gerados pelas universidades parceiras do Inovaparq (UFSC/UDESC/UNIVILLE) na busca de pesquisas aplicadas com as empresas. E o principal resultado é criar uma base sólida e abrangente para o ecossistema de empreendedorismo inovador.
Reforçando e atualizando analise de Collere, Borba e Furlan (2011), um espaço regional de inovação surge e se consolida com os atores da inovação atuando de forma conjunta. O quadro 01, atualizado para realidade atual do ambiente e relações, destaca no espaço do conhecimento três atores que atuam com networker e creator que são principalmente as universidades da região norte catarinense e o Senai. Este espaço é muito importante nos estágios iniciais do sistema regional de inovação pois existe a demanda por pesquisas científicas, proporcionando ações inovadores entre os atores. No espaço de consenso os atores tem a características de bridger, ruler e bonder. O espaço em questão é considerado neutro, onde diversos atores de diferentes backgrounds e perspectivas organizacionais. Ainda no quadro 01 o espaço de inovação que tem como atores os networker, bridger e implementers. Neste espaço novos mecanismos organizacionais podem ser criados, por exemplo, Parques Tecnológicos que atuam principalmente como networker. E a principal atualização fica por conta da entrada do Perini Business Park que pode ser considerado um Implementers e que atua tanto em espaços de conhecimento como em espaços de inovação.
Atores/Espaços |
Espaço Conhecimento |
Espaço Consenso |
Espaço Inovação |
Networker
|
Univille
|
|
Inovaparq / SENAI |
Creator
|
Univille, UFSC, UDESC, SENAI |
|
|
Bridger
|
|
Fapesc, NIT’s |
Softville / IBT Inovaparq |
Ruler |
|
Governo federal, estadual e municipal
|
|
Bonder |
|
COMCITI, Ajorpeme, ACIJ, Fapesc, Recepeti |
|
Implementers |
Perini Business Park
|
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Embraco, Tupy e empresas instaladas no Perini Business Park |
Quadro 01 – Espaços da Tríplice Hélice os atores do ecossistema de inovação de Joinville
Fonte: Adaptado/atualizado de Collere, Borba e Furlan (2011)
Este quadro reflete importante evolução do ecossistema de inovação representado por duas novas ações: o direcionamento estratégico do SENAI, com a instalação de dois Institutos de Inovação – Instituto Senai de Inovação em Laser e o Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura – na região de Joinville; e da parceria operacional entre Inovaparq e Perini que desenha uma aproximação concreta entre academia e empresa, é que estabelece um novo marco para o ecossistema de inovação empreendedora da região de Joinville.
Outros resultados, no âmbito do ecossistema complementando a análise de Collere, Borba e Furlan (2011):
a) A necessidade de atrair e consolidar novos atores para o sistema para preencher os gaps ainda existentes segundo o modelo de espaços de hélice tríplice, quadro 01;
b) A necessidade fortalecer a ação dos atores com atuação diversificada das atualmente disponíveis no ambiente;
c) Para alguns dos atores já presentes no ambiente, fortalecer a atuação segundo determinados papéis do modelo e ainda não desenvolvidos.
Os resultados apresentados no estudo contribuem no âmbito do ecossistema de inovação empreendedora da região de Joinville apresentam, na realidade, um conjunto de propostas de estudos posteriores, no sentido de se verificar a sua validade. O amadurecimento do ecossistema leva a continuação da pesquisa deste ambiente, no sentido de verificar a validade das propostas e conclusões aqui apresentadas.
1 – Doutorando da Universidade Federal de Santa Catarina do Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento;
2 – Doutor da Universidade Federal de Santa Catarina e professor do Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento;
3 – Doutora da Universidade Federal de Santa Catarina e professora do Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento.
BORBA, Marcelo Leandro de, COLLERE, V., FURLAN, S. A.New models for science and technology parks in response to the growing role of the cities as innovation habitats: perspectives from south america In: 30th IASP World Conference on Science and Technology Parks, 2013, Recife. Anais 30th IASP World Conference on Science and Technology Parks. , 2013.
CARIO, A. NICOLAU, J. FERNANDES, R. LEMOS, A. Caracterização dos grupos de pesquisa da universidades e centros de pesquisa que mantêm relações interativas em empresas de Santa Catarina, in: Em busca da inovação: interação universidade-empresa no Brasil. Belo Horizonte; Autêntica Editora, 2011.
COLLERE, Vanessa O. BORBA, Marcelo L. FURLAN, Sandra A. O Papel do Inovaparq como eixo dinamizador das relações entre os atores da hélice tríplice no desenvolvimento do sistema regional de inovação norte catarinense. In: XXI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. ANPROTEC: Porto Alegre. (2011).
DA SILVA, Q.B. MACIEL, Sheyla de Moraes. Papéis Organizacionais e Ligações em um Ambiente de Inovação em Rede: um Estudo de caso do Porto Digital. In: XIX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas. ANPROTEC: Florianópolis. (2009).
Estudo de projetos de Alta Complexidade: Indicadores de Parques Tecnológicos. Centro de apoio ao desenvolvimento tecnológico. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Brasília – CDT/UnB. 2014.
ETZKOWITZ, H. Hélice Tríplice Universidade-Indústria-Governo/Inovação em movimento. Edipucrs. Porto Alegre. 2009.
FIATES, J.E.A. Influência do ecossistema de empreendedorismo inovador na indústria de Venture Capital: estratégias de apoio às empresas inovadoras. Tese. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis, 2014.
1. Email: marcelo@inovaparq.com.br