ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 14) Año 2017. Pág. 31

Elementos da inovação e empreendedorismo na gestão universitária: portfólio bibliográfico e análise bibliométrica da literatura

Innovation and entrepreneurship elements in university management: portfolio bibliographic and bibliometric analysis of the literature

Nara Medianeira STEFANO 1; Simone SARTORI 2; Raul Otto LAUX 3

Recibido: 01/10/16 • Aprobado: 28/10/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Aspectos metodológicos da pesquisa

3. Resultados e discussões

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

A inovação é um amplo conceito que representa a ciência, tecnologia e pesquisa científica; mas a universidade é por si só um ambiente inovador. Dessa forma, as universidades devem desenvolver estratégias para a inovação; estas devem desenvolver seus acadêmicos, comunidades e nações para responder as novas necessidades do mercado: competitividade, desenvolvimento econômico e responsabilidade socioambiental. Neste contexto, este artigo teve por objetivo identificar os elementos da inovação e do empreendedorismo presentes na gestão universitária. Para o artigo utilizou uma metodologia de três estágios: Planejamento, Execução e Resultados. Como principais evidências do estudo, apresentam-se uma visão prática para as instituições enfrentarem os desafios da gestão universitária ao mostrar os elementos de inovação e empreendedorismo, como: criação do perfil empreendedor, internacionalização de programas, participação em projetos empresariais, entre outros.
Palavras-chave: empreendedorismo; inovação; gestão universitária; práticas empreendedoras.

ABSTRACT:

The broad concept of innovation represents the science, technology and scientific research; the university is in itself innovative environment. In this way, universities should develop specific strategies for innovation creation; they should work to develop their students, communities and nations to better meet the demands of the market: competitiveness, economic development and environmental responsibility. In this context, this paper aims to identify the elements of innovation and entrepreneurship is part of university management. This paper follows the methodology in three stages: planning, execution and results. We offer a practical view for institutions to respond to the challenges of the university management by show the key innovation and entrepreneurship elements: creation of the entrepreneur profile, internationalization programs, participation in the corporate projects, and others.
Keywords: entrepreneurship; innovation; university management; entrepreneurial practices.

1. Introdução

O Ensino Superior é um setor que se destaca em competitividade nos últimos anos. O surgimento de novas universidades com a expansão para além das fronteiras locais ou nacionais do seu campus, bem como, o crescimento de cursos online, permite a ampliação de ofertas para a realização dos estudos (Landrum, Turrisi & Harless, 1998; Carrillo, Castillo & Blanco, 2013; Takaki, Bravo & Martínez, 2015). Como resultado, as universidades estão cada vez mais atentas a sua forma de gestão.

A universidade, como instituição, surgiu no século 12 com a missão educativa de transmitir conhecimento. Desde então, tem evoluído a partir de sua torre de marfim (ou seja, instituições onde o conhecimento científico é depositado e que são isolados da sociedade) para uma nova posição dentro do ambiente socioeconômico, onde ela atua como um agente articulador, como por exemplo, do desenvolvimento regional.

A ideia da universidade é definida de várias formas, como metafísica, liberal, serviço, pesquisa, empreendedora, empresa ou corporativa, ecológica, cívica e outras (Barnett, 2011). Embora as universidades diferem em muitos aspectos das demais instituições, as suas ideias são compartilhas na sociedade, além de contribuir na formação dos indivíduos e de uma nação. Mas, para atingir-se plenamente essa visão multidimensional, esses elementos devem estar integrados na sua gestão.

Para apoiar a adequação das empresas, nos últimos anos, tem sido realizado um esforço notável por parte das universidades, associações e instituições governamentais para que a inovação se fortaleça, uma vez que é vital à sobrevivência das organizações. As universidades possuem características únicas que permitem caracterizá-las como organizações complexas (Etzioni, 1984; White, Currie & Lockett, 2016) e pluralistas (Jarzabkowski & Fenton, 2006). Por se tratar de sistemas com deficiência na sua articulação (Weick, 1976; Pascuci et al., 2016), a gestão destas organizações, também, admite forte aspecto político, especialmente, em se tratando de organizações públicas.

Dessa forma, a educação superior, por todo o mundo, encontra-se diante de novos conceitos (como por exemplo, eficiência, governança, competitividade, produtividade), configurando um novo paradigma a ser compreendido e adaptado pela gestão universitária. Principalmente, por conta das pressões de agências internacionais como Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), os quais defendem que o conhecimento deve ser gerado para atender, em grande parte, às exigências do campo econômico (Ribeiro, 2014). Assim, é importante lembrar que os desafios das universidades são inúmeros, muitas vezes, até incompreendidos. No Quadro 1 são apresentados alguns dos desafios enfrentados pelas universidades.

Fator

Desafio

Processo decisório e forma de participação

Por meio de colegiados representativos dos seguimentos da universidade.

Autonomia universitária

Como decorrência lógica dos próprios objetivos e da missão da universidade.

Dimensão política da universidade

Com fundamentos nas próprias leis de funcionamento e forças específicas que se mobilizam para realizar ou reagir a mudanças; desempenho institucional, que significa responder com agilidade às demandas efetivas da sociedade.

Controle institucional e social

Significa que ela deve prestar contas à sociedade e criar mecanismos para que isso se torne efetivo, por meio de seus órgãos colegiados, consultivos e deliberativos.

Indicadores qualitativos e quantitativos

Promover avaliação e transparência de seus dados, relatórios e realizações; financiamento, como forma de manter sua sustentabilidade.

Perspectiva de longo prazo

Como uma forma de construir parâmetros de sustentabilidade e gestão de risco para médio e longo prazo.

Diferença e diversidade

A universidade é um locus de conflito, onde a produção do saber exige o cultivo de ideias que transitem entre a dúvida e o dogma.

Quadro 1 – alguns dos desafios enfrentados pelas universidades
Fonte: Adaptado de Tavares (2011, p. 175-190)

Sousa (2011) aponta outros desafios, os quais devem ser encarados pelas universidades no contexto atual: necessidade de sobrevivência, de novos caminhos e de crescimento; a necessidade de superar as condutas e os modelos conservadores de planejamento para acompanhar as exigências do mundo do trabalho; a necessidade de criar mecanismos eficientes nos programas institucionais; o acompanhamento da rápida evolução das políticas de governo sejam nacionais ou advindas de agências internacionais; práticas de inovação e empreendedorismo.

Quanto à questão da inovação há um consenso que ela constitui um dos fatores mais importantes para ao desenvolvimento das organizações (Tushman & Smith, 2002).  Devido à sua natureza multidisciplinar, tornou-se foco de interesse e de estudos que visam alcançar maior compreensão da sua dinâmica e das suas relações entre organizações intensivas em conhecimento, no caso as universidades. Entretanto, poucas são as contribuições que têm tentado estabelecer uma abordagem para avaliar como as universidades (Nelles & Vorley, 2010) podem responder eficazmente aos imperativos empresariais.

Assim, na medida em que a sociedade se torna intensamente baseada no conhecimento, as empresas, também mudam suas características, o mercado de trabalho se torna baseado em conhecimento intensivo, bem como, há criação de demandas para um novo tipo de profissional (Audy, 2006). Ademais, a sociedade passa a esperar mais das universidades em termos de contribuições para o processo de desenvolvimento econômico e social. Neste sentido, o conceito de universidade surge como um diferencial inovador em resposta às novas demandas da sociedade, ou seja, a universidade empreendedora.

Etzkowitz (2003) define a universidade empreendedora como aquela capaz de gerar uma direção estratégica a ser seguida, formulando objetivos acadêmicos claros e transformando o conhecimento gerado em valor social e econômico. Conforme o autor supracitado, a universidade possui um ambiente favorável à inovação, ao que se deve a concentração de conhecimento e capital intelectual, no qual os alunos são uma fonte de potenciais empreendedores.

As universidades estão cada vez mais conscientes de que podem contribuir com a inovação e empreendedorismo por meio da orientação das suas operações para um desempenho acadêmico de alto nível. Dessa forma, pode-se afirmar que as universidades são incubadoras ao natural, motor das pesquisas, fontes de novos conhecimentos e tecnologias (Alexander & Evgeniy, 2012).

Como a educação é a base para o desenvolvimento da inovação e do empreendedorismo, este artigo tem por objetivo identificar os elementos da inovação e do empreendedorismo na gestão universitária por meio da construção de um Portfólio de Bibliográfico (PB) e de uma análise bibliométrica da literatura. Além desta introdução, o artigo apresenta: (ii) Metodologia de pesquisa; (iii) os resultados e discussões; (iv) as conclusões; e, por fim, as referências utilizadas.

2. Aspectos metodológicos da pesquisa

Uma revisão da literatura é um projeto sistemático, explícito e reprodutível para a identificação, avaliação e interpretação do acervo de documentos registrados (Fink, 1998). Revisões de literatura geralmente visam dois objetivos: primeiro, resumir pesquisas existentes, identificando padrões, temas e questões. Em segundo lugar, identificar o conteúdo conceitual do campo (Meredith, 1993) que pode contribuir para o desenvolvimento teoria (Harland et al., 2006).

De certa forma, as revisões de literatura (Stefano & Casarotto Filho, 2013) devem evidenciar o conhecimento atual sobre um tema e fornecer um resumo da pesquisa já disponível a partir de estudos publicados anteriormente. Ou seja, a síntese da literatura revisada fornece uma visão abrangente do conhecimento disponível sobre o tema.

Esta visão abrangente e detalhada deve ser escrita de tal forma a proporcionar clareza e promover a compreensão por parte do leitor. Assim pode-se destacar os seguintes fins da revisão de literatura (Baker, 2016): fornecer um quadro teórico para um tema específico; definir os termos e as variáveis importantes utilizados para o estudo ou desenvolvimento de um manuscrito; proporcionar uma visão sintetizada de evidências atuais para adquirir novas perspectivas e premissas para um tema em questão; identificar as principais metodologias e técnicas de pesquisa utilizadas anteriormente; demonstrar a diferença, distinguindo o que foi feito a partir do que precisa ser feito, na literatura.

De um ponto de vista metodológico, a revisão de literatura pode ser compreendida como análise de conteúdo, onde os aspectos quantitativos e qualitativos são combinados para avaliar estruturalmente (de forma descritiva) os critérios dos conteúdos.

Para este trabalho foi seguido um procedimento de três estágios (Stefano & Casarotto Filho, 2013): Planejamento, Execução e Síntese (Figura 01). Durante a fase de planejamento, foram definidos os objetivos da pesquisa e identificaram-se as fontes de dados, destaca-se que a busca foi realizada em 31/07/2016.

A segunda etapa, a execução, consiste em duas sub-etapas: identificar os critérios de seleção iniciais (intervalo de tempo, bases de dados e palavras-chave) e o uso do ProKnow-C (Knowledge Development Process–Constructivist). O ProKnow-C (Matos & Petri, 2015) é um instrumento de intervenção, cujo objetivo é construir conhecimento, a partir dos interesses e das delimitações impostas pelo pesquisador, segundo a visão construtivista.

O ProKnow-C é proposto por Ensslin et al., (2010) para construir conhecimento a partir dos interesses e delimitações de um pesquisador, de acordo com a visão construtivista. Este instrumento, (Bortoluzzi et al., 2011), fornece os passos que devem ser seguidos para a construção de seleção de um PB representativo do tema que se pretende pesquisar. Esta fase é dividida em duas etapas: (1) Seleção do banco de artigos brutos; (2) Filtragens do banco de artigos, a qual é segregada em cinco sub-etapas: (a) filtro do banco de artigos brutos repetidos; (b) filtro do banco de artigos brutos não repetidos quanto ao alinhamento do título; (c) filtro do banco de artigos brutos não repetidos e com título alinhado quanto ao reconhecimento científico e; (d) processo de análise dos artigos que não possuem reconhecimento científico; (e) filtro quanto ao alinhamento do artigo completo.

Figura 01 – Estrutura para a realização de busca de material sobre a temática em discussão

                      Fonte: Adaptado pelos autores a partir de Stefano e Casarotto Filho (2013, p. 2)

A terceira e última etapa diz respeito à síntese que é a análise bibliométrica do PB e de suas referências, foi optado por usar apenas journals como fontes de dados, uma vez que apresentam maior impacto na disseminação da informação. Não foram considerados artigos publicados em congressos e seminários, bem como livros, dissertações e teses. A base de dados Scopus foi escolhida, uma vez que a base é abrangente e multidisciplinar. Além disso, foi considerado o número de vezes em que um determinado artigo é citado no Google Acadêmico. O intervalo de tempo utilizado para a busca foi de 2010-2016.

Além da análise dos aspectos já mencionados, forram considerados os tipos de pesquisa realizados nestes artigos (Filippini, 1997; Berto & Nakano, 2000; Gupta, Verma & Victorino, 2006; Stefano & Ferreira, 2013), tais como: estudo de Campo; teórico/conceitual; modelagens conceituais; estudo de caso; experimento; simulação; modelagem; survey.

3. Resultados e discussões

A seguir estão apresentados os resultados do processo de construção e seleção de artigos que formam o PB alinhado ao tema Inovação, Empreendedorismo e Gestão Universitária. Desta forma, a análise das características do PB em termos da seleção e evidenciação dos artigos mais citados, autores citados, países e instituições os autores, journal mais citados, JCR (Journal Citation Report – fator de impacto), palavras-chave mais utilizadas em relação aos assuntos abordados.

3.1.   Processo de construção do PB

A fase de Seleção de banco dos artigos brutos foi concluída com 261 artigos, conforme critérios estipulados de busca. Para a próxima fase foi realizado a filtragem do banco de artigo e, foram armazenados no software de gestão de referências bibliográficas EndNote versão 7.

Esta segunda fase foi dividida em três fases de separação quanto à: (i) ao alinhamento do título; (ii) reconhecimento científico (número de citação) dos artigos e leitura dos resumos; (iii) leitura completa dos artigos. A Figura 03 mostra a síntese das etapas.

Figura 02 – Resultados das etapas da pesquisa

Fonte: elaborado pelos autores

Como resultado, obteve-se 23 artigos que compõem o PB sobre o tema em estudo.

3.2.   Análise bibliométrica do PB (Síntese)

A bibliometria é uma técnica que permite situar a pesquisa por meio de diversos indicadores e relações (Macias-Chapula, 1998; Sartori et al., 2014). Como indicadores, podem ser utilizados o número de citações, coautorias, número de patentes, bem como, podem ser feitos mapas dos campos científicos e dos países.

O Quadro 02 mostra o indicador reconhecimento científico (número de citações) realizado no PB. A data de consulta do número de citações no Google Scholar foi 15 de agosto de 2016. O Google Scholar permite consulta para a determinação do número de citações para os artigos do PB, bem como as suas referências, evidenciando o reconhecimento científico. Desta análise, os artigos de maior relevância são dos autores Bae et al. (2014), Taatil (2010) e Packham et al. (2010), com 148, 98 e 85 citações, respectivamente.

Quadro 02 – Reconhecimento científico do PB

Artigos

Número citações

BAE, T. J.; QIAN, S.; MIAO, C.; FIET, J. O. The Relationship between Entrepreneurship Education and Entrepreneurial Intentions: a meta analytic review. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 38, n. 2, p. 217-254, 2014.

148

TAATILA, V.P. Learning entrepreneurship in higher education. Education and Training, v. 52, n. 1, p. 48-61, 2010.

98

PACKHAM, G.; JONES, P.; MILLER, C.; PICKERNELL, D., THOMAS, B. Attitudes towards entrepreneurship education: A comparative analysis. Education and Training, v. 52, n. 8/9, p. 568-586, 2010.

85

BERKHOUT, G.; HARTMANN, D.; TROTT, P. Connecting technological capabilities with market needs using a cyclic innovation model. R&D Management, v. 40, n. 5, p. 474-490, 2010.

48

IVANOV, V. G.; SHAIDULLINA, A. R;, DROVNIKOV, A. S.; YAKOVLEV, S. A.; MASALIMOVA, A. R. Regional Experience of Students’ Innovative and Entrepreneurial Competence Forming. Review of European Studies, v. 7, n. 1, p. 35, 2015.

44

LANERO, A.; VÁZQUEZ, J.L; GUTIÉRREZ, P.; GARCÍA, P. The impact of entrepreneurship education in European universities: an intention-based approach analyzed in the Spanish area. International Review on Public and Nonprofit Marketing, v. 8, n. 2, p. 111-130, 2011.

36

NELLES, J.; VORLEY, T. Constructing an entrepreneurial architecture: an emergent framework for studying the contemporary university beyond the entrepreneurial turn. Innovative Higher Education, v. 35, n. 3, p. 161-176, 2010.

31

MAYHEW, M.J.; SIMONOFF, J.S.; BAUMOL, W.J.; WIESENFELD, B.M.; KLEIN, M.W. Exploring Innovative Entrepreneurship and Its Ties to Higher Educational Experiences. Research in Higher Education, v. 53, n. 8, p. 831-859, 2012.

27

KUCKERTZ, A. Entrepreneurship education: status quo and prospective developments. Journal of Entrepreneurship Education, v. 16, p. 59-71, 2013.

24

GORDON, I.; JACK, S. HEI engagement with SMEs: developing social capital. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, v. 16, n. 6, p. 517-539, 2010.

20

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15

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13

ALEXANDER, U.; EVGENIY, P. The entrepreneurial university in Russia: from idea to reality. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 52, p. 45-51, 2012.

11

FINI, R.; TOSCHI, L. Academic logic and corporate entrepreneurial intentions: A study of the interaction between cognitive and institutional factors in new firms. International Small Business Journal, p.1-23, 2015.

6

ROIG-TIERNO, N.; ALCÁZAR, J.; RIBEIRO-NAVARRETE, S. Use of infrastructures to support innovative entrepreneurship and business growth. Journal of Business Research, v. 68, n. 11, p. 2290-2294, 2015.

4

WARHUUS, J.P.; BASAIAWMOIT, R.V. Entrepreneurship education at Nordic technical higher education institutions: Comparing and contrasting program designs and content. The International Journal of Management Education, v. 12, n. 3, p. 317-332, 2014.

3

RIBEIRO, R.L.; OLIVEIRA, E.A.A.; ARAUJO, E.A. A contribuição das instituições de ensino superior para a educação empreendedora. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 10, n. 3, 2014.

2

McClure, K. R. Exploring curricular transformation to promote innovation and entrepreneurship: an institutional case study. Innovative Higher Education, v. 40, n. 5, p. 429-442, 2015.

2

MARESCH, D.; HARMS, R.; KAILER, N.; WIMMER-WURM, B. The impact of entrepreneurship education on the entrepreneurial intention of students in science and engineering versus business studies university programs. Technological Forecasting & Social Change, v. 104, p. 172-179, 2016.

2

TIAN, X. Innovation and entrepreneurship talents cultivation system construction in economic management discipline. BioTechnology: An Indian Journal, v.10. n.8, 2514-2519, 2014.

0

ENCISO, V. E.;  ECHAVARRIA, L.D., PEREZ, F.M.; VALENCIA, J.; HERNÁNDEZ, J.B. Entrepreneurship education perceptions of undergraduate students in Medellin: a case study. Turkish Online Journal of Educational Technology, Special issue 1, 2015.

0

Quanto a relevância do periódico mais citado no PB, encontraram-se 21 diferentes periódicos, evidenciando-se entre estes os periódicos “Education and Training” e “Innovative Higher Education”, pois apresentam maior grau de relevância, com 4 artigos publicados (2 artigos em cada período). A Figura 04 apresenta os resultados desta análise.

Figura 04 – Identificação e relevância dos periódicos do PB


Fonte: Elaborado pelos autores

A Figura 04 mostra a evolução da relação dos temas pesquisados quanto a questão temporal, segundo o período de tempo estipulado para a realização das buscas. Percebe-se que no PB o maior número de publicações concentra-se nos anos de 2010, de certa forma, pode-se afirmar que a relação entre empreendedorismo, inovação e gestão universitária ainda é “recente”, deixando aberto a novas abordagens para a consolidação das suas relações.

Figura 04 – Evolução das publicações sobre empreendedorismo, inovação e gestão universitária

Fonte: Elaborado pelos autores

Com relação ao Fator de Impacto (Journal Citation Reports® – JCR) dos periódicos (Figura 06). O JCR reflete o número médio de citações de artigos científicos publicados em determinado periódico, portanto, é empregado frequentemente para avaliar a importância de um dado periódico em sua área (ISI Knowledge, 2016). Destaca-se o periódico Entrepreneurship Theory and Practice, com JCR de 3.414.

Figura 05 – Fator de impacto dos periódicos do PB

O Entrepreneurship Theory and Practice tem por objetivo construir conhecimento para o avanço do campo do empreendedorismo. Os tópicos incluem, por exemplo, estudos nacionais e internacionais na criação de empresas, gestão de pequenas empresas, empresas familiares, métodos de pesquisa, empreendedorismo sem fins lucrativos, entre outras áreas.

As palavras-chave foram analisadas quanto a sua relevância no PB (Figura 06) mais utilizadas nos artigos do PB. Foram identificadas 79 palavras-chaves, as quais foram utilizadas 108 vezes no PB.

Figura 06 – Palavras-chave utilizadas na pesquisa

Fonte: Elaborado pelos autores 

Deste total de palavras-chave, 7 palavras-chave foram utilizadas três vezes ou mais, evidenciando-se que as palavras-chave mais utilizada foram “Higher education”, “Entrepreneurship”, “Entrepreneurship education” e “innovation” aparecendo cinco ou mais vezes no PB. Por meio da análise desses palavras-chave, na realidade, se considerar o contexto de universidade-empreendedorismo, tem-se uma abordagem interdisciplinar da relação entre o ensino superior e empreendedorismo e a inovação.

3.3.   Os principais elementos do empreendedorismo e da inovação identificados na gestão universitária

Um dos pontos fundamentais desta pesquisa é identificar quais elementos (Figura 07) do empreendedorismo e da inovação estão presentes na gestão universitária. Por exemplo, Baumol (2004) sugere que as universidades poderiam utilizar uma combinação de duas abordagens para educar os empresários inovadores.

Primeiro, os alunos devem trabalhar em projetos de investigação que ligam a universidade e a indústria. Em segundo lugar, os alunos precisam exercitar a imaginação nas direções não ortodoxas onde os avanços das técnicas são mais propensos a surgir. Os desafios que as universidades veem enfrentando com os programas para empresários inovadores é como fornecer o nível apropriado de treinamento técnico, evitando propor formas padronizadas, assim, desenvolvendo a criatividade.

Figura 07 – Elementos do empreendedorismo e da inovação identificados na gestão universitária

Fonte: Elaborado pelos autores

Observa-se, conforme a Figura 08, que o elemento mais defendido pelos autores do PB volta-se para os “programas aplicados para o desenvolvimento do empreendedorismo”. Por um lado, as universidades podem estar preparadas para desenvolver o empreendedorismo, por outro lado, será que as universidades estão dispostas a alterar os seus métodos tradicionalistas de ensino?

Embora as estruturas da gestão universitária claramente demonstrem importância para a troca de conhecimentos na universidade, a eficácia das ações é determinada pela sua capacidade de envolver-se e relacionar-se com outras estruturas, como as organizações corporativas. Destaca-se que a cultura é um elemento forte na determinação deste envolvimento entre as partes.

A cultura também reflete as atitudes dos indivíduos dentro da universidade e das corporações. Assim, o valor que é colocado na inovação e no empreendedorismo desloca – ou não – os esforços em traçar as estratégias e metas para o desenvolvimento de todas as partes: estudantes, universidades e empresas. Portanto, elementos como liderança, cultura, cooperações, envolvimento com a comunidade, criatividade, aproximação com as partes tendem a evoluir em conjunto.

No entanto, a eficácia da gestão universitária em considerar estes elementos em conjunto enfrenta desafios. Conforme identifico no PB, algumas limitações se devem pela “ausência da incorporação de questões estratégicas nos conselhos administrativos das organizações”; “os modelos de inovação são lineares e não cíclicos”; “inconsistência entre os modelos teóricos e práticos de inovação” (Berkhout, Hartmann & Trott, 2010). Verblane e Mets (2010) destacam que as limitações estão em “currículos que não atendem à demanda de mercado” e a “carga horária de disciplinas sobre inovação e empreendedorismo são inadequadas”. Outras limitações são citadas por Lanero et al. (2011), em que destacam o “baixo envolvimento dos acadêmicos nas iniciativas de negócios”; já Kuckertz (2013) destaca a “escassez de professores qualificados”.

4. Conclusões

A crescente literatura sobre a gestão universitária tem proporcionado debates atuais no sentido de explorar como as universidades estão adaptando suas estratégias de ensino para incluir os elementos de inovação e empreendedorismo. Entretanto, os desafios da gestão universitária têm sido em incorporar uma ampla variedade de elementos – liderança, cultura, cooperação, etc. – no seu quadro de ensino.

Além das várias funções desempenhadas pelas universidades nesta sociedade do conhecimento, destaca-se a necessidade de qualificar os estudantes para a prática da atividade profissional, satisfazendo as exigências do mercado a fim de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico.

Nesse sentido, este trabalho buscou identificar os elementos que podem contribuir para a gestão universitária, dado que as universidades têm sido vistas como instituições a serviço do mercado de trabalho, incluindo tanto as necessidades de emprego por parte dos alunos e as necessidades de pessoas qualificadas por parte das empresas.

Dado que o estudo realizou uma análise bibliométrica da literatura, esta fornece um guia para os pesquisadores e interessado no assunto ao identificar periódicos, temas, tipos de pesquisas, autores e trabalhos que são importantes norteadores para a gestão universitária, a inovação e o empreendedorismo.

Por fim, como limitações da pesquisa destacam-se: (i) utilizou-se uma base de dados para buscar as informações; (ii) apenas artigos com acesso gratuito foram considerados no PB. Como recomendação para estudos futuros, aconselha-se a realizar uma análise bibliométrica das referências dos artigos do PB; bem como, ampliar o número de base de dados utilizadas.

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1. Brasil, Pós-Doutorado em Engenharia de Produção, Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Inovação e Desenvolvimento Empresarial, UNIFEBE, NEPEI – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo e Inovação. E-mail: stefano.nara@unifebe.edu.br

2. Brasil, Doutora em Engenharia de Produção, Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Inovação e Desenvolvimento Empresarial, UNIFEBE, NEPEI – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo e Inovação. E-mail: simone.sartori@unifebe.edu.br

3. Brasil, Pós-doutorando em Administração, Professor, Líder do NEPEI – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo e Inovação da UNIFEBE. E-mail: raullaux@unifebe.edu.br


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 14) Año 2017

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