Espacios. Vol. 37 (Nº 05) Año 2016. Pág. 9
Gescyla Silva do NASCIMENTO 1; Kelly Polyana Pereira SANTOS 2; Wolney Mateus FONTENELE 3; Roseli Farias Melo de BARROS 4; Darcet Costa SOUSA 5; Rodrigo Alexandre LIMA 6; Paulo Roberto Ramalho SILVA 7
Recibido: 05/10/15 • Aprobado: 15/11/2015
RESUMO: Este estudo levantou a diversidade de Euglossini, visando identificar a preferência das espécies por compostos aromáticos além de registrar a variação sazonal dos mesmos no Parque Nacional de Sete Cidades/PI. As capturas ocorreram em duas fitofisionomias do Parque Nacional de Sete Cidades: Mata de Galeria e Cerradão. Para realização das coletas foram utilizadas 16 armadilhas. As essências empregadas foram: eugenol, eucaliptol, salicilato de metila e acetato de benzila, sempre nessa disposição. O eucaliptol foi o composto aromático mais atrativo. Consideram-se positivos os resultados encontrados nesse trabalho, principalmente por ampliar o conhecimento sobre a existência dessas abelhas no estado Piauiense. |
ABSTRACT: This study surveyed the diversity of Euglossini, with the aim of identifying the preference of species for aromatic compounds and to register the seasonal variation of these in the Sete Cidades National Park/PI. Sampling was made in two vegetation types in the Setes Cidades National Park: Gallery Forest and Cerradão. For the samples, 16 traps were used. The following essences were used: eugenol, eucaliptol,methyl salicylate, benzyl acetate, always in that manner. Eucaliptol was the most attractive aromatic compound. We consider the results found in this study to be positive, especially because they widen our knowledge on the presence of these bees in the State of Piauí. |
As abelhas pertencentes à tribo Euglossini abrangem cerca de 175 espécies que apresentam tamanho corporal considerado entre médio a grande porte, cores iridiscentes, oscilando entre azuis e verdes (Silveira et al., 2002). A identificação dos gêneros desta tribo foi realizada por (Kimsey, 1982), onde o autor reconheceu cinco gêneros, sendo três de vida livre Eufriesea Cockerell (1909); Eulaema Lepeletier (1841) e Euglossa Latreille (1802) e dois considerados cleptoparasitas, Aglae Lepeletier; Serville, (1825) e Exaerete Hoffmannsegg (1817).
Estas abelhas estão presentes por quase toda região Neotropical (Michener, 2000; Rebêlo, 2001), sendo sua diversidade bem maior em florestas tropicais (Rickleffs et al., 1969); (Oliveira; Campos, 1996); (Nemésio; Morato, 2006). Um comportamento característico dos Euglossini é a coleta de compostos aromáticos e entre as fontes de coletas de fragrâncias destacam-se diversas flores de Angiospermas, principalmente as da família Orchidaceae (Dressler, 1982); (Ackerman, 1983); (Williams; Whitten, 1983). Esse comportamento de procura por aromas que os machos possuem, incentivou a observação e estudos sobre a composição dessas fragrâncias e logo, estes compostos aromáticos passaram a ser sintetizados em laboratórios, tornando possível a captura desses machos através de iscas aromáticas (Brown, 1991), dessa forma, possibilitando estudos tais como, preferência de compostos, abundância e variação sazonal das espécies. Objetiva-se realizar um levantamento dos machos das espécies de Euglossini com a utilização de compostos aromáticos sintéticos, além de registrar a abundância e a variação sazonal dos mesmos no Parque Nacional de Sete Cidades.
O Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC) trata- se de uma Unidade de Conservação Federal, com área total de 6.221,48 hectares, criado pelo Decreto Federal n° 50.744 de 08 de junho de 1961 (Brasil, 1999). Localiza-se no nordeste do Piauí, entre os municípios de Piracurura e Brasileira, entre as coordenadas 04°02´08" S e 41°40´45"W. As principais vias de acesso são a BR-222, trecho Piripiri/Fortaleza, e a BR-343, trecho Teresina/Parnaíba (Mesquita; Castro, 2007).
O clima local, segundo (IBGE, 2010), é Subúmido Seco com temperatura média anual de 26,5°C, com máxima de 28,1°C em outubro, e mínima de 25,5°C em junho. A vegetação caracteriza- se por um mosaico de tipos fisionômicos pertencentes ao bioma Cerrado, distribuídos nos tipos florestais, savânicos e campestres (Oliveira et al., 2007). A área ocupada pelas formações florestais ocupam cerca de 36% do Parque. Foram selecionadas duas fitofisionomias florestais distintas neste trabalho: Cerradão e Mata de galeria.
Foi utilizada a armadilha similar ao modelo "biológico" da Melpan Produtos Agrícolas Ltda, conforme (Campos et al., 1989), que consiste de um tronco de cone oco, confeccionado em material plástico rígido e translúcido (PET), com quatro orifícios afunilados, localizados lateralmente. O fundo, atarraxado ao corpo da armadilha, possui também um orifício afunilado central. O conjunto é fechado por uma tampa rosqueada e uma haste metálica de aproximadamente 10cm de comprimento sob a tampa com um chumaço de algodão na ponta onde se fixará a essência utilizada (Figura 1).
Figura 1: Armadilha confeccionada segundo o modelo "biológico" da Melpan Produtos
Agrícolas Ltda, utilizada para captura dos machos Euglossini no Parque Nacional de Sete Cidades/PI.
Foto: NASCIMENTO, G.S. 2013.
As coletas de espécies da tribo Euglossini iniciaram em setembro de 2011 a junho de 2012. Em cada fisionomia (cerradão e mata de galeria) foram utilizadas 8 armadilhas, subdivididas em dois grupos de quatro. As coletas aconteceram simultaneamente nas duas fisionomias escolhidas. As armadilhas foram suspensas em barbantes com aproximadamente 2m de distância entre si e 1,5 m de altura do solo. As essências empregadas foram: eugenol, eucaliptol, salicilato de metila e acetato de benzila, sempre nessa disposição, sendo abastecidas a cada hora.
Logo após a captura, os espécimes de Euglossini foram acondicionados em frascos contendo acetato de etila, após esse procedimento, foram levados a um freezer onde ficaram armazenados em sacos de papel contendo as informações de data, hora e local de coleta. Permaneceram armazenados desta forma até o momento de serem postas em caixas entomológicas e encaminhadas para o Laboratório de Ecologia e Sistemática de Abelhas do Departamento de Zoologia - ICB, na Universidade Federal de Minas Gerais e serem identificadas pelo Professor Dr. André Nemésio de Barros Pereira.
A diversidade da fauna de Euglossini coletados foi analisada pelo programa computacional Past v.1.90, através do índice de Shannon-Winner (H').
Foram coletados nas duas fisionomias estudadas 132 indivíduos, pertencentes à tribo Euglossini, distribuídos em quatro gêneros: Euglossa (Latreille, 1802) com 112 indivíduos (84,84%), Eulaema (Lepeletier, 1841) com 16 (12,12%), Eufriesa (Cockerell, 1909) com 3 (2,27%) e Exaerete (Hoffmannsegg, 1817) com 1 (0,75%). O composto aromátivo sintético que mais atraiu os machos foi o eucaliptol, sendo responsável pela captura de 41 indivíduos no cerradão (35 espécimes do genêro Euglossa; um espécime do genêro Exaerete, sendo este o único exemplar de toda a amostra e cinco espécimes do genêro Eulaema) e por 45 indivíduos na mata de galeria (41 indivíduos do genêro Euglossa e quatro indivíduos do genêro Eulaema), totalizando 86 indivíduos, ou seja, 65,15% da amostra total. Esse resultado foi semelhante ao alcançado por outros autores (Ackerman 1983; Rebêlo; Garófalo 1991; Morato 1994; Silva; Rebêlo 2002), usando o cineol, composto químico semelhante ao eucaliptol. (Neves e Viana, 1997) também sugerem que o eucaliptol pode ser, entre as essências já testadas, a mais atrativa para machos de Euglossini.
O segundo composto aromático mais atrativo foi o eugenol, que capturou 22 espécimes no cerradão. Desse total, 77,27% do gênero Euglossa, 13,63% Eulaema e 9,1% de Eufriesea. Na mata de galeria foram registrados 24 espécimes, sendo 79,16% do gênero Euglossa, 16,66% Eulaema e 4,16% Eufriesea. A quantidade de indivíduos atraídos por eugenol nas duas fisionomias correspoderam a 34,85% das coletas. Ao todo, foram capturadas quatro gêneros e 10 espécies da tribo Euglossini nas duas fitofisionomias(Tabela1).
Tabela 1- Espécies de abelhas da tribo Euglossini capturadas com a utilização de compostosO maior número de espécies registradas na mata de galeria pelo eucaliptol pode estar relacionada ao microclima, onde foram registradas a presença de poças d`água próximo do local das coletas. Os meses de maior captura das abelhas, no cerradão (Gráfico 1) foram janeiro, fevereiro, maio, setembro, outubro e novembro, e na mata de galeria (Gráfico 2) foram os meses de janeiro, fevereiro, março, maio e dezembro. A presença dos machos nos meses com baixa precipitação e nos meses chuvosos evidenciam a falta de sazonalidade. Em fragmentos da Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Floresta Contínua Tropical Úmida de Terra Firme e áreas de Floresta de Terra Firme na Amazônia Central, os machos Euglossini apresentaram preferência por meses chuvosos, tal comportamento pode estar relacionado aos meses de floração das plantas mais procuradas por estes artrópodes (Ackerman, 1983); (Roubik, Ackerman, 1987); (Becker et al., 1991); (Rebêlo, Garófalo, 1991); (Oliveira; Campos, 1995); (Oliveira, 1999).
Gráfico 1: Incidência de machos Euglossini capturados com iscas aromáticas, eucaliptol e eugenol,
entre os meses de setembro de 2011 a junho de 2012 na fisionomia Mata de galeria no Parque Nacional de Sete Cidades/PI.
Gráfico 2: Incidência de machos Euglossini capturados com iscas aromáticas, eucaliptol e eugenol,
entre os meses de setembro de 2011 a junho de 2012 na fisionomia cerradão no Parque Nacional de Sete Cidades/PI.
A eficácia do eucaliptol na atração de machos de Euglossini já foi registrado em outros tipos vegetacionais, como no cerrado do Triangulo Mineiro (Alvarenga et al., 2007), na Floresta Atlântica da Paraíba (Bezerra; Martins, 2001) numa área de Floresta Secundária no estado do Maranhão (Brito; Rêgo, 2001). No geral, o eucaliptol é considerado um dos aromas mais atrativos para os machos dessa tribo de abelhas (Williams; Whitten, 1983; Anjos- Silva, 2010; Silveira et al.,2011; Moura; Gaglianone, 2012). Neves e Viana (1997) acreditam que este composto aromático seja atrativo para machos de todas as espécies. Ferreira et al. (2011), numa área de fragmento florestal da Mata Atlântica, registraram outros compostos (eugenol, cienol e vanilina) relacionados a atração de Euglossini, este resultado deve estar relacionado às diferenças de precipitação e estrutura da vegetação entre a Mata Atlântica e o Cerrado.
O eugenol foi o segundo composto mais atrativo na captura de machos de Euglossini no Parque Nacional de Sete Cidades, sendo mais representativa sua ação na mata de galeria. Resultado semelhante ao encontrado por Rebêlo e Garófalo (1997) em Matas Semidecíduas do nordeste do estado de São Paulo. O genêro Eufriesea, considerado pouco conhecido na literatura devido sua sazonalidade, foi capturado apenas por eugenol, nas duas fitofisionomias analisadas. A maior ocorrência de indivíduos nas iscas aromáticas aconteceu nos meses de janeiro, fevereiro, maio e novembro, na fitofisionomia mata de galeria e nos meses de janeiro, maio, outubro e novembro, na fitofisionomia de cerradão. Quanto aos horários de maior captura, os resultados deste trabalho foram semelhantes aos encontrados por Neves e Viana (2003), onde grande parte de incidência aconteceu entre os horários de 08:00h e 10:00h da manhã, nas duas fisionomias amostradas.
O acetato de benzila não foi eficaz na atração de abelhas no Parque Nacional de Sete Cidades. Resultados opostos foram encontrados na Mata Atlântica em Minas Gerais (Carvalho; Bego, 1996). Segundo Ferreira et al. (2011), a preferência por um aroma em particular parece estar relacionada com a flora local existente (disponibilidade e diversidade de flores).
Oliveira e Campos (1996) observaram em uma área de sub-bosque da Floresta Amazônica, que o salicilato de metila é um bom atrativo de abelhas, tanto em quantidade numérica, quanto diversidade de espécies, entretanto este padrão não foi confirmado para áreas de cerrado. Na Bacia Amazônica, o salicilato de metila é considerado o composto aromático mais atrativo em número de espécies e indivíduos (Morato; Campos, 1992; Morato, 1994). Os resultados para salicilato de metila no Parque Nacional de Sete Cidades assemelham-se com os encontrados por Neves e Viana (1997), na vegetação de restinga-campos litorâneos, onde tal essência também não atraiu nenhum indivíduo.
Peruquetti et al. (1999), citaram em um de seus trabalhos duas possíveis hipóteses pelo qual compostos aromáticos considerados bons atrativos para a captura de machos Euglossini, não se tornaram atrativos em trabalhos realizados em áreas de Cerrado. A primeira hipótese fala sobre o fato de tais compostos aromáticos não estarem presentes em nenhum recurso natural usado pelos machos dessa família para obter fragrâncias, por esse motivo não há um reconhecimento dos machos por tais aromas (Peruquetti; Campos, 1997; Peruquetti, 1998) e a segunda hipótese cita a possibilidade de ausência desses compostos nos materiais usados pelas fêmeas dessa família na construção de seus ninhos, tornando a captura do composto aromático desinteressante para os machos. Isso talvez possa explicar o porquê das essências, salicilato de metila e acetato de benzila, não terem mostrado nenhuma eficácia no Parque Nacional de Sete Cidades.
Oliveira (2011) encontrou padrão diferente ao norte do estado do Piauí, porém em uma região deltaica. As essências salicilato de metila e acetato de benzila apresentaram baixa atratividade, o primeiro composto foi responsável pela captura da espécie Euglossa cf. hemichlora (Cockerell, 1917) não registrada no Parque Nacional de Sete Cidades. Nesse trabalho o eucaliptol mais uma vez se mostrou como o aroma mais atrativo e mais generalista, capturando 488 indivíduos, seguido do eugenol com, 36 indivíduos. Portanto, em relação à preferência de fragrâncias, os resultados mostraram- se semelhantes ao encontrado neste trabalho.
Realizou-se uma comparação dos índices de diversidade obtidos neste trabalho, com outros direcionados com os machos Euglossini, cujo tempo de esforço em campo foi semelhante a este realizado (Tabela 2).
Tabela 2: Comparação de índices de diversidade de machos Euglossini presentes em trabalhos
semelhantes ao realizado no Parque Nacional de Sete Cidades/PI. A diversidade foi calculada
a partir do exponencial do índice de Shannon- Wiener [exp (H')]. A ordem está crescente
de acordo com os anos das publicações.
AMBIENTE |
H' |
AUTOR |
ESTADO |
Floresta Contínua Tropical Úmida de Terra Firme/ Área (1401) Área (1501) |
2,38 2,25 |
Oliveira & Campos (1995) |
Amazônas |
Mata Atlântica/ (EEZ) (FSC) |
1.03 1,67 |
Rebêlo & Garófalo (1997) |
São Paulo |
Mata Atlântica |
1,37 |
Sofia et al. (2004) |
Paraná |
Mata Atlântica/ SB Copa |
0,97 0,99 |
Martins & Souza (2005) |
Paraíba |
Mata Atlântica IM BM |
2,27 1,76 |
Milet-Pinheiro & Schlindwein (2005) |
Pernambuco
|
Floresta Estacional Semidecidual BM IM |
1,40 1,45 |
Alonso et al. (2007) |
Minas Gerais
|
Cerrado |
1,03 |
Alvarenga et al. (2007) |
Minas Gerais |
Cerrado |
1,71 |
Mendes et al . (2008) |
Maranhão |
Mata Atlântica RBU/ Fragmentos: AND IMB AFE EST |
1,47
1,02 0,89 1,3 1,2 |
Ramalho et al (2009) |
Rio de Janeiro |
Restinga PNLM |
1,93 |
Silva et al. (2009) |
Maranhão |
Floresta Estacional Semidecidual PEMG Horto da UEL |
1,64 1,40 |
Ferrari et al. (2009) |
Paraná |
Mata Atlânica |
1,65 |
Silveira et al. (2011) |
São Paulo |
APA do Delta BV VEG |
0,68 0,52 |
Oliveira (2011) |
Piauí |
Cerrado do Parque Nacional de Sete Cidades MG CERR |
1,05 1,20 |
Presente Trabalho |
Piauí |
EEZ= Estação Experimental de Zootecnia; FSC= Fazenda Santa Catarina; SB= Sub-bosque; BM= Borda da Mata; IM= Interior da Mata; MCp= Mata do Carvão preservada; MCq= Mata do Carvão queimada; MF= Mata do Funil; RBU= Reserva Biológica União;AND= Andorinha; IMB= Imbaú; AFE= Afetiva; EST= Estreito; PNLM= Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses; PEMG= Parque Estadual Mata do Godoy; Horto da EUL= Horto da ; APA=; BV= Boa Vista; VEG= Vegeflora; MG= Mata de Galeria; CERR= Cerradão.
Quando comparados os índices de diversidade, o resultado deste trabalho se mostrou mais diverso que o realizado por Oliveira (2011), numa área da região deltaica. Foram encontrados neste trabalho 10 espécies, destas somente cinco espécies foram comuns às duas áreas do Estado: Euglossa securigera (Dressler, 1982), E. nanomelanotricha (Nemésio, 2009), E. carolina (Nemésio, 2009), E. fimbriata (Moure, 1968) e Eulaema nigrita (Lepeletier, 1841). As espécies Euglossa truncata (Rebelo & Moure, 1996), E. aratingae (Nemésio, 2009), Eufriesea nordestina (Moure, 1999), Exaerete smaragdina (Guério, 1844) e Eulaema cingulata (Fabricius, 1804) não foram encontradas por Oliveira (2011), sendo observadas até o momento somente nas áreas do Parque Nacional de Sete Cidades.
Segundo Silva (2011), Eulaema cingulata é comumente encontrada em áreas do Cerrado brasileiro (Rebêlo; Cabral, 1997; Silva; Rebêlo, 1999; Carvalho et al., 2006; Mendes et al., 2008). Em relação à Eulaema nigrita, que foi encontrada nas duas localidades de estudos realizados no Piauí, Aguiar e Gaglionone (2012) citam que esta espécie pode ser encontrada tanto em áreas bem preservadas (Aguiar; Gaglionone 2008; Ramalho et al., 2009), quanto em áreas perturbadas (Viana et al., 2006; Ramalho et al., 2009).
Mostrou- se eficiente a metodologia de captura de machos Euglossini, por meio da utilização de iscas odoríferas. O eucaliptol foi o aroma mais eficaz, atraindo 65,15% da amostra, seguido de eugenol que atraiu 34,85% da amostra total. As espécies Euglossa arantigae (Nemésio, 2009) e Euglossa truncada (Rebelo; Moure, 1996) foram atraídas somente por eucaliptol na mata de galeria e Exaerete smaragdina (Guério, 1948) somente por eucaliptol no cerradão. Já eugenol atraiu as espécies Eufriese nordestina (Moure, 1999) e Eulaema cingulata (Fabricius, 1804), tanto na mata de galeria, quanto no cerradão. As espécies Euglossa carolina (Nemésio, 2009), Euglossa nanomelanotricha (Nemésio, 2009), Eulaema nigrita (Lepeletier, 1841), Euglossa securigera (Dressler, 1982) foram atraídas tanto por eugenol, quanto por eucaliptol, nas duas fitofisionomias. As essências acetatado de benzila e salicilato de metila não se mostraram atrativas, porém nota-se a importância da utilização de vários tipos de compostos aromáticos para um bom desempenho das coletas.
O número de indivíduos neste trabalho foi bem menor, se comparado com outros trabalhos onde foi utilizada a mesma metodologia por mesmo período de tempo, provavelmente devido às condições climáticas diferentes entre as áreas de coleta.
Durante o período de coleta, houve presença de machos Euglossini nas iscas com compostso aromáticos, tanto nos meses com baixa precipitação, quanto nos meses chuvosos, ou seja, eles não apresentaram um padrão de sazonalidade, com apenas um pequeno aumento nos meses chuvosos.
Consideram-se positivos os resultados encontrados neste trabalho, principalmente pelo fato de ser a primeira busca de abelhas Euglossini no Parque Nacional de Sete Cidades, ampliando o conhecimento sobre a existência dessas abelhas no estado Piauiense.
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1. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí-PI (MDMA/PRODEMA/TROPEN), gescyla@hotmail.com
2. Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí-PI (DDMA/PRODEMA/TROPEN), kellypolyana@hotmail.com
3. Graduado em Ciências Biológicas, Universidades Estadual do Piauí, wolneymateus@hotmail.com
4. Departamento de Biologia, Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Centro de Ciências da Natureza - UFPI, rbarros.ufpi@gmail.com.br
5. Departamento de Zootecnia, Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Centro de Ciências Agrárias – UFPI, darcet@terra.com.br
6. Graduado em Engenharia Agronômica, Universidade Estadual do Piauí, rodrigoalexandredelima@hotmail.com
7. Departamento de Fitotecnia, Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Centro de Ciências Agrárias - UFPI, pramalho@yahoo.com.br