Espacios. Vol. 36 (Nº 19) Año 2015. Pág. 21
Hélio Gomes de CARVALHO 1; Gustavo Dambiski Gomes de CARVALHO 2; Rosângela de Fátima STANKOWITZ 3; Vanessa Ishikawa RASOTO 4; June Alisson Westarb CRUZ 5
Recibido: 05/07/15 • Aprobado: 08/09/2015
3. Procedimentos metodológicos
4. Apresentação e análise dos resultados
RESUMO: Com base no Radar da Inovação inicial, o objetivo deste artigo foi identificar o panorama da inovação das micro e pequenas empresas (MPEs) do Paraná da agroindústria, construção civil e vestuário no ciclo de 2012-2014. O Radar possui treze dimensões e integra o Programa Agentes Locais de Inovação. A comparação do ciclo 1 (2008-2010) com o ciclo 3 (2012-2014) mostrou que o perfil inicial das empresas praticamente se mantém o mesmo. Também se observou que as dimensões plataforma e marca estão um pouco destacadas em relação às outras, que ainda estão em um nível muito incipiente. |
ABSTRACT: Based on the initial Innovation Radar, the aim of this paper was to identify, in the state of Parana, the innovation scenario of micro and small enterprises (MSEs) of agribusiness, construction, and clothing sectors in the 2012-2014 cycle. The Radar has thirteen dimensions and integrates the Innovation Local Agents Program. The comparison of the cycle 1 (2008-2010) with the cycle 3 (2012-2014) showed that the initial profile of companies remains practically the same. It was also observed that the platform and brand dimensions are slightly highlighted in relation to the other, which are still at an incipient level. |
A inovação é um elemento chave para que as empresas obtenham vantagem competitiva (CARVALHO et al., 2011; TIDD et al., 2008; MIRANDA et al., 2014). Além das empresas, o governo e outros atores sociais têm dado significativa importância à inovação como elemento básico para a competitividade. Para tanto, principalmente a partir da Lei nº 10.973 de 02/12/2004 – Lei da Inovação (BRASIL, 2004), têm desenvolvido ações de sensibilização, capacitação, premiação, apoio financeiro e assim por diante. Entre esses atores, o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) estabeleceu um conjunto de diretrizes para atuação em acesso à inovação e tecnologia (SEBRAE, 2007).
O SEBRAE já tinha um histórico de inovação, tendo passado, segundo Facó et al. (2007), por quatro grandes ciclos de inovação organizacional: construção da sua core competence (1972-1980); ruptura de continuidade (1980-1990); reinvenção institucional (1990-2000); e modelo de agente de desenvolvimento (a partir de 2000). A medida de sucesso, diferentemente de empresas privadas que têm o lucro e a rentabilidade como indicadores, passa a ser a "dispensabilidade". Ou seja, uma nova visão na qual "uma instituição de desenvolvimento cumpre seu papel quando se torna desnecessária" (FACÓ et al., 2007, p.44). Assim, quanto maior o sucesso das empresas apoiadas pelo SEBRAE, menor seria a necessidade desta empresa continuar sendo apoiada, pois teria adquirido condições de se desenvolver de forma independente.
De forma a aumentar essa "dispensabilidade" da própria organização, no direcionamento estratégico do Sistema SEBRAE 2013-2022, um dos valores explicitados foi a Inovação, descrita como a aplicação de "conhecimentos, talentos e recursos para buscar novas inspirações e ideias para promover a inovação nos pequenos negócios e no SEBRAE" (SEBRAE, 2012, p.17). Levar a inovação às empresas aumenta a competitividade e a "dispensabilidade", num futuro, do próprio SEBRAE.
Nesse papel de agente de desenvolvimento e de disseminação da inovação, o SEBRAE buscou desenvolver as bases para um projeto de âmbito nacional denominado Agentes Locais de Inovação (Projeto ALI) com o objetivo de disseminar a inovação às micro e pequenas empresas. O Projeto foi iniciado em abril/maio de 2008 com capacitação de uma turma piloto em Brasília e outra no Paraná. As principais etapas previstas no projeto foram: diagnóstico, apoio individualizado e acompanhamento para as empresas aderidas. As turmas-piloto iniciaram com a capacitação de quarenta participantes com uma perspectiva de trinta selecionados ao final para atuação em campo.
Com o sucesso alcançado com as turmas-piloto, e a evolução de Projeto para Programa, diversos outros estados também iniciaram a sua participação e, atualmente, todos os estados já participaram, inclusive mais de uma vez. Em novembro de 2014 eram aproximadamente mil e trezentos ALI espalhados pelo Brasil.
No Estado do Paraná, a turma-piloto, também denominada de primeiro ciclo, foi desenvolvida entre 2008 e 2010, tendo sido acompanhadas mais de mil empresas. Com base nessa experiência, foi elaborado o livro "Histórias de Sucesso – Agentes Locais de Inovação/PR" (SEBRAE, 2010). Esse primeiro livro, escrito a partir dos acompanhamentos realizados, apresentava os casos de vinte e cinco empresas que introduziram novos produtos, processos, métodos de marketing, serviços ou modelos de negócio. O segundo ciclo (2010-2012) também gerou um segundo livro com vinte e uma histórias de sucesso (CHICOCKI et al., 2012).
O terceiro ciclo (2012-2014), abordado nesta pesquisa, teve a perspectiva de acompanhamento de mais de mil e quinhentas empresas em todo o estado. Cada um dos sessenta ALI acompanhou em torno de 50 empresas da sua região, em média. Isso perfez um total de mais de três mil empresas acompanhadas no Estado do Paraná no período de 2012 a 2014 nos mais diferentes setores. Os ALI geraram gráficos radares iniciais (R0) individuais por empresa e, posteriormente, consolidaram os resultados de todas as empresas por eles acompanhadas. Contudo, ainda não havia uma comparação entre as empresas entrantes dos diferentes ciclos. Portanto, uma pergunta que surgiu foi: o panorama inicial de inovação das micro e pequenas empresas paranaenses acompanhadas pelos ALI no ciclo 3 (2012-2014) é semelhante ao do ciclo 1 (2008-2010)?
Assim, a pesquisa apresentada foi limitada ao estado do Paraná e às micro e pequenas empresas que realizaram o Radar 0 da Inovação utilizado pelo SEBRAE e que fizeram adesão com os ALI orientados por um dos autores desta pesquisa. As 521 empresas da amostra foram diagnosticadas pelos ALI nas regionais noroeste (Cianorte), norte (Londrina, Maringá) e leste (Curitiba) do estado nos setores da agroindústria, construção civil e vestuário no período de 2012 a 2013, dentro do ciclo ALI 2012-2014.
Embora existam alguns indicadores paranaenses (pesquisas realizadas pelo Observatório da Indústria SENAI/FIEP) e nacionais a (Pesquisa de Inovação – PINTEC, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), ainda é necessário um melhor entendimento de como está ocorrendo a inovação dentro das micro e pequenas empresas. Ter um panorama mais real pode contribuir para a definição de políticas públicas e ações mais adequadas às necessidades e realidades das micro e pequenas empresas (MPEs).
A partir disso, o objetivo geral deste artigo foi identificar o panorama da inovação das micro e pequenas empresas (MPEs) do Paraná da agroindústria, construção civil e vestuário no ciclo de 2012 a 2014. Para tanto, foram desenvolvidas planilhas de apoio para lançamento dos dados dos ALI, automatização do Excel para a geração de estatísticas e gráficos Radar 0, consolidados os dados levantados pelos Agentes Locais de Inovação e identificadas as dimensões mais problemáticas e as mais consolidadas nos diferentes setores e regiões do Estado do Paraná.
As próximas seções desta pesquisa apresentam um breve referencial teórico sobre indicadores, alguns números oriundos de pesquisas de inovação no Estado do Paraná, o detalhamento dos procedimentos metodológicos utilizados e os resultados obtidos.
Os indicadores de inovação no Brasil têm focado aspectos tecnológicos e esforços envolvendo, principalmente, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e resultados de produtos ou processos tecnológicos, como é o caso daqueles utilizados na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), metodologia elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A PINTEC coleta dados de triênios desde 2000, sendo o último com dados disponíveis o de 2009 – 2011, publicado em 2013 (IBGE, 2013).
Outra metodologia que se destaca é a do Índice Brasil de Inovação (IBI), desenvolvida pelo grupo do Prof. Rui Quadros da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que extrai e aprofunda a análise de dados de empresas que participaram da PINTEC e, ao final, a partir de uma combinação de indicadores (diversos de cunho tecnológico), atribui um índice que, quanto mais próximo de 1, melhor (FURTADO; QUEIROZ, 2006).
Entretanto, indicadores de cunho tecnológico não fazem parte da realidade da maioria das empresas de pequeno porte (EPP) do país. Frente a esses indicadores mais de cunho tecnológico (investimento em P&D, número de patentes, compra de licenças etc.), normalmente, a maioria das EPP não se sai bem e o panorama obtido não contribui efetivamente para a elaboração de políticas públicas ou implementação de ações e soluções para esse porte de empresa, exceção àquelas que são de base tecnológica.
Em termos de características de indicadores de inovação para EPP, deve se destacar o texto Radar nº 25 elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que apresenta dois artigos extremamente relevantes sobre como se tratar de forma diferenciada a questão da inovação nas micro e pequenas empresas (IPEA, 2013). O primeiro, "Da baleia ao ornitorrinco: contribuições para a compreensão do universo das micro e pequenas empresas brasileiras", destaca a necessidade de se considerar as heterogeneidades (setorial, regional, tecnológica e gerencial) e assimetrias (setorial e regional) das MPE em âmbito Brasil. O segundo artigo, "Davi x Golias: uma análise do perfil inovador das empresas de pequeno porte", afirma que o esforço inovativo das MPE, proporcionalmente, é maior do que a das médias e grandes e que está concentrado bastante em inovações em processos. O texto afirma que o custo de transação da inovação para a MPE é maior e que, por conta disso, a mesma tem que ser avaliada e tratada de forma diferenciada.
Uma pesquisa que foi pioneira em observar aspectos de inovação e competitividade, considerando as peculiaridades da EPP, foi o trabalho desenvolvido pelo SEBRAE/SP (SEBRAE, 2009) e que, até dezembro de 2013, era o único documento que apresentava dados que permitiam uma visão mais abrangente por região da federação e do país como um todo. Participaram 4.200 MPEs, sendo 1/3 indústrias, 1/3 comércio e 1/3 serviços. Essa pesquisa abordou seis dimensões de gestão da empresa (liderança empresarial, estratégias e planos, relacionamento com clientes, informação e conhecimento, gestão de pessoas, processos e resultados) e cinco aspectos de inovação (tipos de inovações introduzidas, fatores que estimulam, investimentos, fontes de informação e tipos de apoio necessários). A pesquisa estabeleceu, ainda, uma categorização em MPEs não-inovadoras, MPEs inovadoras e MPEs muito inovadoras. As dimensões e os aspectos também foram comparados entre essas categorias.
Observa-se, portanto, que os diferentes diagnósticos e seus diferentes indicadores têm um papel fundamental para se compreender a dinâmica da inovação em um setor ou região. A seguir, serão apresentados alguns dos indicadores de inovação relativos ao onde foi realizada a pesquisa.
No Paraná, tem-se o trabalho da Bússola da Inovação, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/PR), que considera dez dimensões: resultados da inovação, captação de recursos, investimentos, atividades de inovação, interação externa, métodos de proteção, ambiente interno, pesquisa e desenvolvimento, informação e conhecimento e gestão da inovação. A pesquisa envolveu 1.240 indústrias de todos os portes, sendo 83% de micro e pequenas empresas (SOUZA et al., 2012). A título de exemplo, a Figura 1 apresenta os resultados da indústria de alimentos, cujo resultado se aproxima muito do resultado geral do Estado.
Figura 1 - Bússola da Inovação do Paraná em 2012
Fonte: SOUZA, RUTHES, MACHADO et al. (2012, p. 13)
Os resultados da Bússola da Inovação em 2012 apontam dificuldades quanto a investimentos, pesquisa e desenvolvimento, bem como métodos de proteção. Essas três dimensões estão fortemente associadas entre si e demandarão políticas de apoio específicas para melhorar, inclusive, as demais dimensões.
Outro trabalho de destaque no estado foi realizado pelo SEBRAE/PR em 2009 e envolveu o perfil de inovação das MPE do Paraná (BACHMAN, 2009). O instrumento para coleta dos dados foi o Radar da Inovação na sua primeira versão (BACHMAN; DESTEFANI, 2008). A partir dos dados coletados pelos ALI do primeiro ciclo em campo, utilizou uma escala com três níveis: organização pouco ou nada inovadora, organização inovadora ocasional e organização inovadora sistêmica. O instrumento, atualmente, está customizado para indústria, comércio e varejo, além de estar adaptado para a realidade da EPP. Os resultados obtidos e gráficos gerados permitiram um panorama de 530 empresas, bem como dos setores e das regiões em termos das dimensões, o que contribuiu para o estabelecimento de políticas e novas soluções SEBRAE/PR customizadas setorial e regionalmente.
A Figura 2 apresenta os graus de inovação por dimensão e setor (agronegócio, construção civil e vestuário). Destacam-se as dimensões plataforma, marca e clientes. Por outro lado, a grande maioria das dimensões está com um valor baixo, o que denota uma baixa capacidade de inovação nas empresas que participaram do diagnóstico Radar 0. A similaridade entre as figuras mostra que o comportamento das dimensões é semelhante nos três setores.
Figura 2 - Radar da Inovação do ciclo 0 por setor
Fonte: Bachman (2009).
Esses resultados, à época, já demonstravam o alto potencial de melhoria que seria possível realizar nas empresas participantes do projeto. Tanto a pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2009 como a pesquisa realizada pela FIEP em 2012 destacam diferentes dimensões que necessitam ainda ser fortemente trabalhadas pelos atores locais e regionais no Paraná.
Além da pesquisa de Bachman (2009) no estado do Paraná, também se destacam outras pesquisas locais de diferentes regiões do Brasil que utilizaram o Radar da Inovação desenvolvido por Bachmann e Destefani (2008): Aguiar e Araújo (2013); Cavalcanti Filho et al. (2012); Oliveira et al. (2014, p. 115-137); Paredes et al. (2014); Silva Neto e Teixeira (2011). Contudo, ainda não haviam sido realizados comparativos entre os diferentes ciclos de um mesmo setor e de uma mesma região.
Esta pesquisa é quantitativa e utilizou dados secundários na análise. Os dados primários foram coletados por meio de entrevistas realizadas por Agentes Locais de Inovação junto às empresas que aderiram ao programa no ciclo 3, de julho de 2012 a junho 2014. O instrumento de pesquisa utilizado pelos ALI foi o Radar da Inovação que está dividido em 13 dimensões com até 42 itens observáveis na empresa (BACHMAN; DESTEFANI, 2008). Para cada item, o ALI indicou um escore que representou a sua percepção do item na empresa. Quando a percepção era de que a empresa operava sistematicamente o assunto que era abordado, era atribuído escore 5; quando a empresa operava sem uma regularidade ou documentação formal, era atribuído escore 3; o escore 1 significava que a empresa não atendia ao quesito que estava sendo observado.
Os dados referentes às 13 dimensões coletadas pelos ALI junto a cada uma das empresas, após serem lançados no Sistema de Gestão do SEBRAE/PR, foram inseridos em uma Planilha de Apoio. Essa planilha permitiu ao ALI o lançamento e tratamento inicial dos dados e geração de uma grande variedade de gráficos automaticamente. O total de empresas da amostra desse estudo (Tabela 1) foi de 521: 242 da agroindústria, 60 da construção civil e 219 empresas do vestuário.
Tabela 1 - Empresas por setor e por cidade
Setor/Cidade |
Cianorte |
Curitiba |
Londrina |
Maringá |
Total |
Agroindústria |
0 |
58 |
56 |
128 |
242 |
Const. Civil |
0 |
0 |
0 |
60 |
60 |
Vestuário |
60 |
0 |
0 |
159 |
219 |
Total |
60 |
58 |
56 |
347 |
521 |
Fonte: elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.
A partir dos dados do Radar 0 ALI ciclo 1 2008-2010 (BACHMANN, 2009), foi possível fazer uma comparação com o Radar 0 do ciclo 3 (2012-2014).
A Figura 3, a Figura 4 e a Figura 5 permitem uma comparação entre o Radar da Inovação inicial das empresas nos ciclos 1 e 3 dos setores da agroindústria, construção civil e vestuário, respectivamente. Embora existam diferenças entre agroindústria e agronegócio (que é mais abrangente), a Figura 3 mostra que a semelhança dos resultados é grande. As dimensões plataforma e marca, novamente, têm o seu destaque em relação às demais. Nas demais dimensões, os valores são muito baixos e denotam empresas incipientes em termos de inovação
Figura 3 - Comparação dos ciclos do Radar da Inovação da Agroindústria -PR
Nota: ciclo 1: 2008-2010; ciclo 3: 2012-2014
Fonte: elaborado pelos autores a partir de Bachman (2009) e dos dados da pesquisa.
No setor da construção civil (Figura 4), houve apenas um aumento nas dimensões plataforma e marca das empresas entrantes do ciclo 1 para o ciclo 3. Nas demais dimensões, os valores permaneceram baixos e também denotam empresas incipientes em termos de inovação.
Figura 4 - Comparação dos ciclos do Radar da Inovação da Construção Civil - PR
Nota: ciclo 1: 2008-2010; ciclo 3: 2012-2014
Fonte: elaborado pelos autores a partir de Bachman (2009) e dos dados da pesquisa.
No setor do vestuário (Figura 5), houve um aumento moderado nas dimensões plataforma e marca das empresas entrantes do ciclo 1 para o ciclo 3. Assim como nos outros setores, as demais dimensões mantiveram seus valores e também denotam empresas incipientes em termos de inovação.
Figura 5 - Comparação dos ciclos do Radar da Inovação do Vestuário -PR
Nota: ciclo 1: 2008-2010; ciclo 3: 2012-2014
Fonte: elaborado pelos autores a partir de Bachman (2009) e dos dados da pesquisa.
De forma geral, observou-se uma similaridade acentuada entre os resultados do Radar 0 do ALI ciclo 3 com os resultados do ALI ciclo 1, apresentados na Figura 3, Figura 4 e Figura 5. Ou seja, o perfil de entrada das empresas durante a adesão ao programa praticamente é o mesmo. À exceção de plataforma e marca, as demais dimensões possuem valores extremamente baixos o que permite caracterizar essas empresas como empresas que não inovam ou que inovam pouco.
O artigo buscou apresentar um panorama da inovação em um conjunto de empresas no início do acompanhamento realizado pelos Agentes Locais de Inovação que atuam no Paraná em dois ciclos distintos. O primeiro ciclo foi de 2008 a 2010 e o terceiro ciclo foi de 2012-2014. Os resultados mostraram nitidamente o desafio desses agentes considerando o baixo grau obtido na maioria das dimensões avaliadas em ambos os ciclos. O maior desafio do ALI, portanto, está em levar empresas incipientes em relação à inovação a um novo patamar após o acompanhamento.
O próprio destaque da dimensão plataforma aponta para uma preocupação com melhorias ou inovações incrementais a partir dos produtos e serviços que a empresa já possui. Ou seja, um prolongamento de exploração do que já sabe fazer e não necessariamente de aproveitar oportunidades que surjam no mercado. A similaridade entre o Radar 0 do primeiro ciclo com o Radar 0 do terceiro ciclo também aponta para um perfil característico de micro e pequena empresa no Paraná semelhante para os três setores abordados.
A pesquisa, entretanto, não realizou um cruzamento entre os dados de cadastro da empresa e as dimensões da inovação. Isso permitiria observar outros elementos que podem estar impactando essa baixa capacidade de inovação, como qualificação do pessoal, ousadia do empresário, tempo de existência da empresa, entre outros.
A metodologia utilizada foi considerada adequada em função da quantidade de dados coletados e que foram tratados setorialmente, o que permitiu a comparação entre o Radar da Inovação inicial das MPEs do estado em dois ciclos distintos. As limitações da pesquisa estão no foco estatístico que não permitiu um aprofundamento mais qualitativo, pois os pesquisadores não tiveram acesso direto às empresas. A utilização combinada dos dados obtidos com os dados dos demais ALI que acompanharam o outro contingente de empresas poderia consolidar a percepção sobre a inovação no Estado do Paraná.
Muitas das políticas e ações planejadas e implementadas nas empresas no período dos ciclos 1 a 3 podem ser úteis e mais facilmente aplicadas nas empresas nos próximos ciclos. Isso depende, basicamente, da qualidade da descrição dos aprendizados dos ALI em função das ações implementadas, ou seja, dos artigos nos quais são registrados os conhecimentos e experiências.
Ao SEBRAE, pela oportunidade de participar de um projeto que dissemina de forma tão ampla a inovação no Estado do Paraná. Ao CNPq e à CAPES, que disponibilizaram bolsas de extensão para um dos pesquisadores e de pesquisa para os demais. Aos Agentes Locais de Inovação, por disponibilizarem os dados primários coletados para posterior tratamento e análise.
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1. Dr. Eng., Professor do Centro Universitário UNINTER. Email: heliogcarvalho@gmail.com