Espacios. Vol. 36 (Nº 18) Año 2015. Pág. 6
Joselito Félix SILVA Filho 1; João Batista LOPES 2, Alexandre Rasi AOKI 3; Wilza Gomes Reis LOPES 4, Eduardo Kazumi YAMAKAWA 5
Recibido: 26/05/15 • Aprobado: 12/06/2015
RESUMO: O presente estudo destinou-se desenvolver metodologia de gestão de indicadores de eficiência energética baseada em MCDA - Multi Criteria Decision Aid bem como construir indicadores de eficiência energética e avaliar a aplicação da metodologia em escolas públicas municipais de Teresina. Também, tem ainda como objetivo elaborar uma formulação geral que resulte na classificação das escolas públicas municipais de Teresina por ordem de potencial de eficientização energética. Para realização de pesquisa, foram selecionadas todas as 103 escolas municipais do ensino fundamental da rede pública de Teresina. O levantamento foi realizado "in loco", utilizando como instrumento de pesquisa um questionário elaborado especificamente para avaliação deste contexto. Os dados coletados e as análises dos resultados permitiram conhecer além das cargas instaladas, as rotinas de operação das escolas e foram de grande importância para a construção dos indicadores que compõem o modelo MCDA. Por meio deste modelo foi possível construir a classificação das escolas em função do potencial de eficientização energética. O modelo poderá ser usado para outros tipos de categorias de consumidores de energia elétrica, desde que seja feito novo estudo com levantamento das novas premissas. |
ABSTRACT: The present study was to develop management methodology of energy efficiency indicators based MCDA Multi Criteria Decision Aid as well as build energy efficiency indicators and evaluate the application of the methodology in municipal public schools of Teresina. Also, has as objective to draw up a general formulation that results in the classification of municipal public schools of Teresina in order of energy efficiency potential. For conducting research were selected all 103 elementary municipal schools of public network of Teresina. The survey was carried out "in loco", using as an instrument of research a questionnaire designed specifically for evaluation in this context. The data collected and the analyses of the results allowed to meet in addition to the installed loads, the routines of operation of the schools and were of great importance to the construction of the indicators that make up the MCDA model. Through this model was possible to build the classification of schools according to the potential of energy efficiency. The model can be used for other types of categories of consumers of electric power, as long as it's done new study with survey of the new premises. |
A energia constitui um bem de consumo, que interfere em praticamente todos os setores da sociedade, passando pela economia, trabalho, ambiente, relações internacionais, contemplando ainda, moradia, alimentação, saúde, transporte, lazer dentre outros aspectos. O uso de recursos energéticos libertou o homem de muitos trabalhos penosos e tornando essas ações mais produtivas. Os seres humanos já dependeram de sua força muscular para gerar energia necessária à realização de seus trabalhos. Hoje, menos de 1% do trabalho feitos nos países industrializados depende da força muscular como fonte de energia (HINRICHS et al., 2012).
A crise do petróleo na década de 70 despertou as nações industrializados e em desenvolvimento, para o uso eficiente de energia, tendo como perspectiva reduzir a dependência do petróleo e de seus derivados (HADDAD, 2001). No final dos anos 80 do século XX, as estratégias para o desenvolvimento, passaram a levar em consideração a emissão de poluentes, como fator impactante do meio ambiente. Neste contexto, a Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, constituiu-se em importante marco para os estudos e ampliação de discussões sobre os fatores que efetivamente contribuem para as variações climáticas no planeta Terra.
Desde a assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997, as preocupações para garantir o fornecimento de energia vêm aumentando, tanto nas áreas públicas como privadas. Quase todos os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE, além de muitos outros, estão implantando políticas de eficiência energética adaptadas às suas realidades nacionais. Além dos instrumentos de mercado (acordos voluntários, selos, informações, etc.), diversas medidas reguladoras estão sendo introduzidas em grande escala, sempre que o mercado apresente tendência de vulnerabilidade. Nos países em desenvolvimento, a eficiência energética é igualmente importante, porém nos países industrializados a preocupação principal é com a redução das emissões dos gases de efeito estufa - GEE e a poluição local, enquanto que nos países em desenvolvimento a prioridade é com os investimentos em infraestrutura para o fornecimento de energia e a utilização mais eficiente das instalações existentes (CBCME, 2004).
Neste cenário, potencial de eficientização energética pode ser caracterizado como a possibilidade ou capacidade de determinada unidade consumidora de energia elétrica, aplicar técnicas e ações de eficiência energética, visando obter bons resultados com relação a redução do desperdício de energia e respectivo valor da conta de energia elétrica.
De acordo com DIMOUDI e KOSTARELA (2009), ações de eficiência energética em escolas é muito importante, pois a mesma é associada ao conforto e qualidade do ar em seu interior, e os valores das contas de energia nestas escolas são um dos principais componentes dos custos de operação. Adicionalmente, escolas representam o lugar onde as crianças têm a oportunidade de aprender como se tornarem cidadãs com consciência ecológica. Assim, ERHORN et al. (2008) relata que as construções escolares como jardins de infância, escolas e universidades apresentam projetos, operação e manutenção similares na maioria dos países e as duas principais similaridades entre esses tipos de construção são o alto consumo de energia e a necessidade de reformas para adequação quanto a eficiência energética dos prédios escolares. Também, THEODOSIOU e ORDOUMPOZANIS (2008) argumenta que escolas são o melhor tipo de ambiente para aplicação de ações de eficiência energética e de melhora da qualidade do ar em seu interior, pois neste ambiente é possível promover sustentabilidade aos futuros cidadãos e assegurar conforto e bem-estar, facilitando os processos de ensino-aprendizagem.
Assim, com o presente estudo, pretende-se: desenvolver metodologia de gestão de indicadores de eficiência energética baseada em MCDA - Multi Criteria Decision Aid bem como construir indicadores de eficiência energética e avaliar a aplicação da metodologia em escolas públicas municipais de Teresina. Também, tem ainda como objetivo elaborar uma formulação geral que resulte na classificação das escolas públicas municipais de Teresina por ordem de potencial de eficientização energética.
Teresina, capital do Estado do Piauí, está implantada à margem direita do rio Parnaíba sendo banhada, também, pelo rio Poti. A cidade conta como um contingente populacional de 814.230 habitantes (IBGE, 2014). Sua localização na proximidade da linha do Equador faz com que os raios solares a atinjam com o ângulo muito próximo a 90°, permitindo que a cidade receba intensa radiação e apresente temperaturas elevadas (CASTELO Branco, 2003).
No tocante ao sistema educacional, de acordo com o IBGE (2012), a rede do ensino fundamental do município de Teresina envolve 388 escolas e 119.306 alunos matriculados, enquanto no ensino médio, existem 183 escolas com 52.611 alunos matriculados. Como existe maior quantidade de escolas e de alunos matriculados no ensino fundamental, além do forte efeito multiplicador de conhecimentos dos professores para seus alunos e destes para suas famílias e amigos, foi decidido que o presente estudo envolvesse escolas de ensino fundamental. É importante ressaltar que do total de escolas, 150 são escolas públicas municipais com 61.380 alunos matriculados, 147 escolas particulares com 34.214 alunos matriculados e 91 escolas públicas estaduais com 23.712 alunos matriculados. Das 150 escolas públicas municipais de Teresina, 103 localizam-se na área urbana e 47 na área rural. Então, escolheu-se realizar o estudo nas escolas públicas municipais localizadas na área urbana por haver maior quantidade de escolas e alunos matriculados.
Preliminarmente foi realizada uma pesquisa exploratória em 21 escolas, utilizando-se um questionário apresentado no Apêndice A, com o objetivo de se estabelecer um modelo definitivo a ser utilizado na metodologia MCDA. Nesta etapa observou-se que as principais cargas elétricas existentes nas escolas eram as lâmpadas, e que na maioria dos casos eram do tipo fluorescente tubular e fluorescente compacta, verificou-se a existência de aparelhos de ar-condicionado do tipo de janela e split em algumas escolas, enquanto outras usam ventiladores do tipo teto e de parede, bebedouros d'água gelada e outros eletrodomésticos como refrigerador para conservação de alimentos e bebidas. Quanto aos potenciais problemas, encontraram-se principalmente defeitos de isolamento térmico nas instalações, como paredes e forros com fendas ou buracos, janelas sem o devido isolamento, dentre outros. Os dados levantados foram usados para elaboração de indicadores de eficiência energética e para ajuste do MCDA.
O fluxograma do processo completo da pesquisa para aplicar a metodologia MCDA pode ser visualizada na figura 1 abaixo.
Figura 01 - Processo do método utilizado
Fonte: Autor
Após a adequação do instrumento de pesquisa, iniciou-se a realização da pesquisa de campo, quando foram visitadas todas as 103 escolas do ensino fundamental da rede pública municipal situadas na zona urbana de Teresina. O levantamento foi realizado" in loco", e, quando necessário, foram realizadas entrevistas com os responsáveis destas escolas, utilizando como instrumento de pesquisa o questionário definitivo (Apêndice B) para o modelo Multi Criteria Decision Aid (MCDA), elaborado especificamente para avaliação deste contexto. Foram portanto visitadas, escolas situadas nas quatro zonas urbanas da capital, ou seja: sul, sudeste, norte e leste. A distribuição e localização das escolas pode ser vista na figura 2.
Figura 2 – Distribuição das escolas municipais visitadas em Teresina
Fonte: Google Earth.
Os dados obtidos foram lançados em planilha eletrônica do software Excel. A partir desta etapa, iniciou-se a construção do modelo de avaliação de potencial de eficiência energética (PEE) baseado no método MCDA (Multi Criteria Decision Aid) e de acordo com ENSSLIN et al. (2001) e BANA e COSTA et al. (1999).
Seguindo a metodologia MCDA, inicialmente construiu-se o mapa cognitivo ou diagrama de árvores, alinhando-se os ramos principais que se constituem nos Pontos de Vistas Fundamentais(PVF), os quais devem manter a característica de independência entre eles. Desta forma, foram identificados: infraestrutura, considerando-se o tamanho, estrutura física e idade da escola; operações, que tem a ver com o funcionamento da escola e quantidade de alunos; condicionamento de temperatura, envolvendo temperatura local e tipo de refrigeração; e iluminação, que normalmente representa o uso final mais adotado em qualquer escola.
Em sequência, iniciou-se o estudo e construção dos sub-ramos dos PVF, que são chamados de indicadores ou descritores. Estes indicadores mensuram os PVF e se constituem o final da primeira etapa de aplicação do MCDA, sendo designados de estruturação.
Como indicadores, a partir dos dados coletados, foram selecionados os seguintes:
A segunda etapa do MCDA, chamada de avaliação, teve como objetivo construir as funções de valor, instrumentos para auxiliar os decisores a expressar, de forma numérica, suas preferências. Segundo ENSSLIN (2001), as funções de valor são usadas para ordenar a intensidade de preferência (diferença de atratividade) entre pares de ações, foram obtidas por meio de comparações par-a-par da diferença de atratividade entre ações potenciais.
Para esta etapa, utilizou-se como ferramenta auxiliar, o método MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evaluation Teachnique), desenvolvido por BANA e COSTA e VANSNICK(1995) e implementado em software. No método, são utilizados os julgamentos semânticos dos decisores, usando-se modelos de Programação Linear, para determinar a função de valor que melhor represente tais julgamentos. O Macbeth faz uso de uma matriz semântica de julgamento, apresentada na Figura 3, em que os decisores expressam verbalmente a diferença de atratividade entre as ações potenciais para cada indicador ou PVF.
Figura 03 – Tela da matriz semântica de julgamento do MACBETH
Fonte: software MACBETH
O decisor completa toda a matriz de julgamento e o software gera uma escala de valores numéricos ou cardinalizados (Current scale), que é apresentado em planilha eletrônica Excel de todas as escolas avaliadas (Apêndice C). Repete-se este procedimento para cada indicador e cada ponto de vista fundamental, com o objetivo de conseguir integrar todas as ações e obter a função de valor com seu respectivo peso para cada indicador ou PVF, que satisfaça as condições necessárias à função de valor principal, que é o Potencial de Eficiência Energética – PEE. Assim, este procedimento considera todos os indicadores, devidamente cardinalizados, que podem ser representados graficamente, como o gráfico da figura 4, que exemplifica o PVF infraestrutura, especificamente, para a escola Governador Mário Covas.
O gráfico status quo ou o Perfil de Impacto de cada escola apresenta uma melhor visualização da performance de uma ação potencial de eficientização energética. Isto torna possível verificar o nível de cada indicador e facilita possíveis intervenções ou ações de eficiência energética mais necessárias ou que apresente melhores resultados.
Figura 04 - Exemplo de status quo da escola Gov. Mario Covas.
Fonte: Autor
Na terceira e última fase, estrutura-se uma função de agregação aditiva, na forma de soma ponderada, chamada de equação do Valor Global da ação "Potencial de Eficientização Energética", representada pela Equação 1.
Em que: representa as taxas de substituição ou pesos; o valor parcial da ação para cada indicador ou PVF; e n o número de indicadores ou PVF. Para definição da equação Valor Global (V(a)) para o potencial de eficientização energética, levou-se em consideração as proporções das taxas de compensação dos indicadores e PVF, a partir do processo de cardinalização, obtidas com aplicação do software Macbeth, expressada pela formula final abaixo:
V(a) =[ 0,21*(0,27*valor quantidade aluno por sala + 0,33*valor área construída + 0,22*valor idade escola + 0,21*valor área plantio) + 0,38*(0,40*valor hora funcionamento por dia + 0,20*valor dias por semana + 0,30*valor mês por ano + 010*valor consumo por aluno) + 0,29*(0,32*valor tipo ar condicionado + 0,41*valor % atendida ar condicionado + 0,05*valor refrigeradores + 0,22*valor reclamação temperatura) + 0,12*(0,75*valor iluminação interna + 0,25*valor iluminação externa)] (Equação 2)
A partir do cálculo por escola, envolvendo a Equação 2, determinou-se o ranking do potencial de eficientização energética das escolas rede pública municipal da área urbana de Teresina.
É importante lembrar que para se obter a função global V(a) em função do potencial de eficiência energética foram utilizadas três premissas básicas para sua construção, quais sejam: informações das escolas municipais; conceitos de eficiência energética; e conceitos de sustentabilidade. Estas premissas alimentam a metodologia MCDA para a obtenção da Equação 2, que por sua vez, é invariável e objetiva, pois trata-se de uma modelagem que traduz a subjetividade existente no ser humano, enquanto decisor do processo de análise da eficiência energética nas instalações, em um modelo matemático preciso.
Destaca-se também que se houver pequenas alterações nas premissas, por exemplo, de escolas municipais para universidades, o modelo continua válido, podendo sofrer apenas ajustes (calibração) das taxas de compensação.
Observou-se que as duas principais cargas elétricas existentes nas escolas da rede pública municipal da área urbana de Teresina eram lâmpadas, que na maioria dos casos eram do tipo fluorescente tubular e fluorescente compacta, e aparelhos de ar-condicionado, normalmente do tipo de janela e split novos e antigos, com classificação de eficiência energética ou selo PROCEL variando de classe A, que é a classificação com maior eficiência energética, até classe E, que é uma das mais baixas classificações do ponto de vista de eficiência energética. Observou-se também, usos finais como ventiladores, que eram do tipo de teto e de parede, enquanto os bebedouros de água gelada e os eletrodomésticos do tipo refrigerador e freezer eram utilizados para conservação de alimentos e bebidas. Quanto aos potenciais problemas, foram observados, principalmente, defeitos de isolamento térmico nas instalações, como teto sem forro, paredes e forros com fendas ou buracos, paredes ou divisórias que utilizam os materiais de cerâmica ou cimento, denominados combogós, que permitem a ventilação e entrada da luz solar, além de janelas sem o devido isolamento.
Os resultados obtidos no presente estudo (Figura 5) ressaltam que nas escolas públicas da rede municipal da zona urbana de Teresina, o componente infraestrutura correspondeu para as taxas de compensação dos indicadores dos Pontos de Vistas Fundamentais com 21% do potencial de eficientização energética, e deste valor os sub-ramos: área construída, idade da escola, área disponível para plantar árvores e número de estudante por salas de aula contribuíram, respectivamente, com os percentuais de 33, 22, 18 e 27% respectivamente. O componente denominado operações participou com 38%, e deste valor, o horário de funcionamento, dias de funcionamento/semana, meses de funcionamento/ano e consumo/quantidade de aluno, participaram com 40, 20, 30 e 10%, respectivamente. O condicionamento de temperatura participou com 29% do potencial de eficientização energética e deste total, o tipo de ar condicionado, proporção da escola atendida por ar condicionado, equipamentos utilizados para refrigeração de alimentos e bebidas e reclamação por temperatura elevada contribuíram com 32, 41, 5 e 22%, respectivamente. Por último, a iluminação contribuiu com 12%, com a interna, participando com 75% e a externa com 25%.
Figura 05 - Taxas de compensação dos indicadores e dos Pontos de Vistas Fundamentais
Fonte: Autor
Analisando-se as taxas de compensação dos indicadores e dos Pontos de Vistas Fundamentais, observa-se que as operações representam o mais importante componente do potencial de eficientização energética, pois influenciam diretamente no consumo de energia elétrica da escola, merecendo destaque o horário de funcionamento por dia e meses de funcionamento por ano nas escolas.
Neste contexto, é importante que os gestores das escolas, de posse dessas informações, estabeleçam políticas que visem melhorar a eficiência do uso de energia, uma vez que, nos dias atuais, o tema energia vem preocupando a sociedade, em decorrência de algumas fontes geradoras apresentarem problemas de escassez, e em consequência tornando os custos mais elevados, tanto do ponto de vista econômico e financeiro como do ambiental. Neste cenário de preocupação, começam se estabelecer discussões aprofundadas sobre o uso eficiente e sustentável da energia, nas mais diferenciadas esferas da sociedade, em quase todo o planeta Terra.
Assim, o desenvolvimento de ações nas escolas do ensino fundamental sobre propostas de eficientização energética, pode propiciar bons frutos, especialmente, com a perspectiva de longo prazo, pois existe na presente proposta, a preocupação de envolver a criança, em pleno processo de formação, com o uso sustentável de energia e em especial com a redução dos desperdícios. Os resultados obtidos nesta pesquisa devem retornar às escolas selecionadas, que efetivamente colaboraram para a realização deste trabalho, usando técnicas apropriadas, e envolvendo os gestores, professores, estudantes, e indiretamente, os pais, pois o trabalho a ser realizado com as crianças terão reflexos no ambiente familiar.
Os valores obtidos do potencial de eficientização energética, foi usado para classificar as escolas municipais do ensino fundamental da área urbana de Teresina (Tabela 1). Observou-se que houve grande variação no potencial de eficientização energética, oscilando na faixa de -1,9 (baixo potencial) até 109,5 (alto potencial) pontos. Estes resultados demonstram que não existe uma padronização de construção e nem de consumo de energia destas escolas e que, por terem sido criadas em épocas e administrações diferentes, apresentam estrutura física e equipamentos, também, bastante diferenciados,
Tabela 1 - Classificação das escolas segundo o potencial de eficientização energética.
Nome da Escola |
Pontuação |
Escola Municipal Manoel Paulo Nunes |
109,5 |
Escola Municipal Valter Alencar |
105,3 |
Escola Municipal José Ommatti |
105,3 |
Escola Municipal Parque Piauí |
101,3 |
Escola Municipal Marcílio Flávio R. de Farias |
101,3 |
Escola Municipal Cristina Evangelista |
100,8 |
Escola Municipal Itamar S. Brito |
99,8 |
Escola Municipal Dom Hélder Câmara |
98,1 |
Escola Municipal Mocambinho |
96,8 |
Escola Municipal Governador Chagas Rodrigues |
95,5 |
Escola Municipal Delfina Borralho B. Vista |
95,2 |
Escola Municipal Oscar Cavalcante |
94,1 |
Escola Municipal José Camilo da S. Filho |
94,0 |
Escola Municipal Padre Ângelo Imperial III |
93,6 |
Escola Municipal Governador Mário Covas |
92,8 |
Escola Municipal Simões Filho |
92,3 |
Escola Municipal Antonio Gayoso |
91,4 |
Escola Municipal Jornalista João Emílio Falcão |
90,9 |
Escola Municipal Ofélio Leitão |
90,8 |
Escola Municipal Lizandro Tito de Oliveira |
90,1 |
Escola Municipal Orlando G. Rego de Carvalho |
90,0 |
Escola Municipal Francílio Almeida |
88,8 |
Escola Municipal Santa Maria ( Vassouras) |
87,5 |
Escola Municipal Maria do Socorro P. Silva |
86,6 |
Escola Municipal Ruben Ludwig |
86,0 |
Escola Municipal Padre Joaquim Nonto Gomes |
85,9 |
Escola Municipal Irmã Dulce |
84,4 |
Escola Municipal João Porfírio de L.Cordeiro |
83,5 |
Escola Municipal Mascarenhas de Morais |
81,4 |
Escola Padre Antônio José Rego |
80,9 |
Escola Municipal Clodoaldo Freitas |
80,6 |
Escola Municipal Darcy de Carvalho |
79,9 |
Escola Municipal Residencial Pedra Mole |
79,6 |
Escola Municipal Noé Fortes |
79,4 |
Escola Municipal R.N. Monteiro de Santana |
79,2 |
Escola Municipal Professor Waldemar Sandes |
78,8 |
Escola Municipal Mário Faustino |
78,4 |
Escola Municipal Tio Bentes |
76,1 |
Escola Municipal Elias Ximenes do P. Júnior |
75,6 |
Escola Municipal Clidenor de Freitas Santos |
75,0 |
Escola Municipal Nova Brasilia |
74,0 |
Escola Municipal Velho Monge |
73,7 |
Escola Municipal Moaci Madeira |
73,6 |
Escola Municipal São Sebastião |
72,5 |
Escola Municipal Iolanda Raulino |
72,2 |
Escola Municipal José Gomes Campos |
72,1 |
Escola Municipal Artur Medeiros Carneiro |
71,9 |
Escola Municipal Antonio Dilson Fernandes |
71,8 |
Escola Municipal José Nelson de Carvalho |
71,6 |
Escola Municipal Santa Clara |
69,5 |
Escola Municipal Santa Fé |
69,2 |
Escola Mun. Prof.º José Carlos |
68,4 |
Escola Municipal Domingos A. Mafrense |
68,3 |
Escola Municipal Galileu Veloso |
68,2 |
Escola Municipal Alcides Lebre |
67,9 |
Escola Municipal Angelim |
67,1 |
Escola Municipal Eurípedes de Aguiar |
66,8 |
Escola Municipal Benjamim S. de Carvalho |
66,7 |
Escola Municipal Myrian Portela Nunes |
66,6 |
Escola Municipal Teresa Noronha |
66,2 |
Escola Municipal Alda Rodrigues Neiva |
66,2 |
Escola Municipal Delmira Coelho Machado |
65,2 |
Escola Municipal Francisco Prado |
65,1 |
Escola Municipal Roberto Cerqueira Dantas |
65,0 |
Escola Municipal Monsenhor Mateus Rufino |
63,8 |
Escola Municipal Torquato Neto |
62,3 |
Escola Municipal Areias |
62,2 |
Escola Municipal Planalto Ininga |
62,1 |
Escola Municipal Monteiro Lobato |
62,0 |
Escola Municipal Santa Maria |
60,9 |
Escola Municipal Profa. Ana Bugyja de Brito |
60,8 |
Escola Municipal Zoraide Almeida |
60,0 |
Escola Municipal Lindamir Lima |
59,4 |
Escola Municipal Lunalva Costa |
59,4 |
Escola Municipal Poeta da Costa e Silva |
58,5 |
Escola Municipal H. Dobal |
56,9 |
Escola Municipal Machado de Assis |
56,1 |
Escola Municipal Barjas Negri |
55,4 |
Escola Municipal Extrema |
54,8 |
Escola Municipal Nossa Senhora da Paz II |
53,7 |
Escola Municipal Didácio Silva |
51,8 |
Escola Municipal Parque Itararé |
51,8 |
Escola Municipal Léa Leal |
50,9 |
Escola Municipal Noé de Araújo Fortes |
49,9 |
Escola Municipal Santa Maria da Codipi |
49,2 |
Escola Municipal José Auto de Abreu |
48,6 |
Escola Municipal Antônio Ferraz |
47,2 |
Escola Municipal Mariano A. de Carvalho |
46,2 |
Escola Municipal Esthér Couto |
45,5 |
Escola Municipal Bom Princípio |
44,9 |
Escola Municipal Deputado Humberto Reis |
44,0 |
Escola Municipal Nelson A. Sobreira |
39,6 |
Escola Municipal Murilo Braga |
36,8 |
Escola Municipal Luís Fortes |
33,2 |
Escola Municipal Rosângela Reis |
32,9 |
Escola Municipal Benjamin Soares |
32,6 |
Escola Municipal Minha Casa |
29,1 |
Escola Municipal Casa Meio Norte |
21,5 |
Escola Municipal Antilhon R. Soares |
10,6 |
Escola Municipal Mário Quintana |
5,8 |
Escola Municipal Vinicius de Moraes |
-0,9 |
Escola Municipal Ambiental 15 de outubro |
-1,9 |
Fonte: Autor
As cinco escolas que mais destacaram na avaliação do potencial de eficientização energética foram: Escola Municipal Manoel Paulo Nunes, Escola Municipal Valter Alencar, Escola Municipal José Ommatti, Escola Municipal Parque Piauí e Escola Municipal Marcílio Flávio R. de Farias, as quais apresentaram, respectivamente, os seguintes escores, fundamentando-se na Equação 2: 109,5, 105,3, 105,3, 101,3 e 101,3. As escolas que apresentaram piores escores, foram: Escola Municipal Casa Meio Norte (21,5), Escola Municipal Antilhon R. Soares (10,6), Escola Municipal Mário Quintana (5,8), Escola Municipal Vinicius de Moraes (-0,9) e Escola Municipal Ambiental 15 de outubro (-1,9).
Os principais aspectos vistos de forma geral, levantados nas cinco escolas, que tiveram maior pontuação, que contribuíram no potencial de eficientização energética a partir da cardinalização dos parâmetros com aplicação do MACBETH (Tabela 2), foram: dias de funcionamento por semana, meses de funcionamento, proporção da escola atendida com ar condicionado, área disponível para plantar árvores, horário de funcionamento, refrigeração de alimentos, tipo de condicionador de ar. Desta forma, estes são os pontos que devem ser prioritariamente trabalhados ou tomado ações corretivas, que implicam em melhores resultados em termos de eficiência energética.
Porém, para as cinco escolas que apresentaram os piores escores (Tabela3), observou-se os componentes mais pontuados foram: reclamação por temperatura elevada, refrigeração de alimentos, idade da escola, iluminação externa, horário de funcionamento. A proporção da escola atendida com condicionador de ar, contribuiu com valor negativo para todas estas escolas. Estas constatações demonstram que estas escolas, ou não possuem aparelhos de ar condicionado, ou não têm potencial para desenvolver ações de eficiência energética economicamente viáveis.
Dessa forma, fica evidente, as grandes diferenças existentes nas escolas públicas municipais da área urbana do município de Teresina, que apresentaram os melhores e os piores escores, em termos dos componentes cardinalizados, que interferem na avaliação do potencial de eficientização energética.
Os dados apresentados neste estudo podem contribuir com os gestores públicos nas diferentes esferas de poder, principalmente, os vinculados às políticas educacionais, no sentido de tomarem decisão, com a perspectiva de melhorar a eficiência energética, e ao mesmo tempo, analisarem a infraestrutura das escolas de modo que as torne mais eficientes no uso da energia, contribuindo de forma positiva para a redução dos custos de produção das escolas.
Tabela 2 - Valores cardinalizados com aplicação do MACBETH das cinco escolas,
que tiveram maior pontuação de potencial de eficientização energética
Parâmetros |
Manoel Paulo Nunes |
Valter Alencar |
José Ommatti |
Parque Piauí |
Marcílio F.R. Farias |
Quantidade alunos/quantidade sala de aula |
103,3 |
70,4 |
102,5 |
41,3 |
103,3 |
Área construída |
75 |
69,2 |
58,3 |
50 |
66,7 |
Idade Escola |
100 |
57 |
57 |
100 |
0 |
Área disponível plantar árvore |
140 |
140 |
140 |
140 |
140 |
Horário funcionamento |
100 |
100 |
100 |
142,8 |
100 |
Meses funcionamento |
157 |
157 |
157 |
157 |
157 |
Dias de funcionamento por semana |
200 |
200 |
200 |
200 |
200 |
Consumo/quantidade aluno, professor e servidor |
0 |
0 |
50 |
100 |
0 |
Refrigeração de alimentos |
100 |
100 |
100 |
100 |
100 |
Proporção escola atendida por ar condicionado |
157 |
157 |
157 |
157,1 |
157 |
Tipo de condicionador de ar |
100 |
100 |
100 |
57,1 |
100 |
Reclamação por temperatura elevada |
100 |
100 |
100 |
0 |
100 |
Iluminação interna |
33 |
33 |
0 |
0 |
0 |
Iluminação externa |
50 |
50 |
50 |
50 |
50 |
Escore |
109,5 |
105,3 |
105,3 |
101,3 |
101,3 |
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Tabela 3 - Valores cardinalizados com aplicação do MACBETH das cinco escolas,
que tiveram menor pontuação de potencial de eficientização energética
|
É relevante lembrar, como já explanado anteriormente, que os resultados obtidos foram calculados segundo a função Potencial de Eficientização Energética, baseada nas premissas que alimentam a modelagem MCDA, para escolas públicas municipais, e que esta função traduz a subjetividade existente no ser humano em um modelo matemático preciso.
Os dados coletados e as análises dos resultados permitiram conhecer além das cargas instaladas, as rotinas de operação das escolas e foram de grande importância para a construção dos indicadores que compõem o modelo MCDA. Por meio deste modelo foi possível construir a classificação das escolas em função do potencial de eficientização energética.
O modelo é flexível e poderá ser usado para outros tipos de categorias de consumidores de energia elétrica, desde que tenham a mesma finalidade e que seja feito novo estudo com levantamento das novas premissas.
BANA e COSTA, C. A., ENSSLIN, L., CORRÊA, E.C., VANSNICK, J. Decision Support Systems in action: Integrated application in a multicriteria decision aid process. European Journal of Operational Research [S.I.], v. 113, n. 2, p. 315-335, 1999.
BANA e COSTA, C. A., VANSNICK, J. C., Uma nova abordagem ao problema de cosntrução de uma função de valor cardinal: MACBETH, Investigação Operacional, v. 15, junho, p. 15-35., 1995.
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2. Prof. Dr. Orientador da UFPI; e-mail: jblopes@uol.com.br
3. Prof. Dr. Co-orientador da UFPR; e-mail: aoki@lactec.org.br
4. Profa. Dra. Co-orientadora da UFPI; e-mail: wilzalopes@uol.com.br
5. Aluno do PPGEP da UFSC: email: eduardo@lactec.org.br