Espacios. Vol. 36 (Nº 16) Año 2015. Pág. 17

Os novos impactos da comunicação no sistema de saúde e segurança do trabalho no setor agrícola de Ponta Grossa

The impacts of new communication on health and safety system in the agricultural sector of Ponta Grossa

Najet Saleh SAYED 1

Recibido: 04/05/15 • Aprobado: 15/06/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Análise de dados

4. Considerações finais

5. Referências


RESUMO:

O presente artigo analisa o processo de comunicação interna dentro das organizações numa abordagem que destaca a sua aplicação nas interfases do diálogo do processo da saúde e segurança no trabalho. Com um conjunto de práticas integradas, é importante garantir a qualidade do sistema de comunicação no sentido amplo, não só entre os trabalhadores que estão executando a tarefa como os demais envolvidos na empresa. A pesquisa foi realizada em duas empresas de segmento agrícola na região de Ponta Grossa - PR, uma privada e outra pública. A pesquisa se classifica como aplicada, a técnica utilizada para a análise de dados foi a analise de conteúdos por meio de questionário. A comunicação não tem valores bem definidos no setor público e caminha timidamente na empresa do setor agrícola privado, o que resultaria na eficácia na transmissão de dados aos funcionários quando se trata do assunto de gerenciamento de segurança e saúde. Sendo assim, a participação ativa de todos na empresa com o apoio da gerência, segundo as entrevistas, minimizariam significativamente o desempenho nas orientações sobre a gestão da Saúde e Segurança no Trabalho, tanto pública quanto privada processo de saúde e segurança do trabalho.
Palavras-chave: Comunicação, setor agrícola, saúde e segurança.

ABSTRACT:

This article analyzes the process of internal communication within organizations an approach that highlights its application in the interfaces of the health and safety process dialogue. With an integrated set of practices, it is important to ensure the quality of the communication system in the broad sense, not only among workers who are performing the task as those involved in the company. The survey was conducted in two agricultural sector companies in the region of Ponta Grossa - PR, a private and public other. The survey ranks as applied, the technique used for data analysis was to analyze content through a questionnaire. The communication need not well-defined values in the public sector and shyly walks in the company of the private agricultural sector, which would result in efficiency in data transmission to employees when it comes to the subject of safety and health management. Therefore, the active participation of everyone in the company with the support of management, according to the interviews, would minimize significantly the performance in the guidelines on the management of Health and Safety at Work, both public and private process of health and safety. .
Keywords: communication , agriculture , health and safety

1. Introdução

A comunicação no processo de gestão e segurança no trabalho é uma atividade que se estende por toda a organização. Isto ocorre porque a comunicação é um instrumento fundamental na transmissão de informações que trazem excelentes resultados também no ambiente de saúde é segurança do trabalho. Embora, poucos estudos são encontrados na área de segurança que trata da influencia da comunicação, assim este trabalho envolve autores que consideram importantes a comunicação organizacional, estende-se nesta pesquisa para a atuação e aplicação na área de saúde e segurança do trabalho.

Em um sistema de gestão, em que muitas vezes a comunicação é somente compreendida como simples aplicador de regras, um novo olhar é lançado a partir de 1960 quando surgem os primeiros trabalhos sistematizadores do "estado da arte" da comunicação organizacional. A comunicação poderia garantir uma força produtiva das múltiplas relações dirigidas ao público interno da organização. Nesse sentido, Kunsch (2009, p.120) relata a apresentação do processo e do fluxo da afirmação da comunicação, devendo ser entendida como fenômeno que ocorre nas organizações.    

Nessa perspectiva, a comunicação de qualidade e eficaz, poderá refletir positivamente na prevenção de acidentes e incidentes no local de trabalho, por isso a escolha do tema justifica a necessidade de compreender o atual processo comunicativo no setor agrícola de Ponta Grossa, identificando a sua importância e influencia nestas organizações. Vale ressaltar que a área da comunicação organizacional é abrangente, mas há escassez do tema voltado para a saúde e segurança no trabalho ainda com bases científicas, no entanto revela-se uma riqueza de diversidade neste campo.

Tendo em vista o contexto apresentado, qual é a influencia da comunicação nos riscos de acidentes e incidentes no ambiente de trabalho? Analisou-se o processo na redução de riscos dos trabalhadores, por meio de estudo descritivo, identificando os novos impactos da comunicação na saúde e segurança no trabalho a partir da visão do questionário aplicado aos funcionários.

A pesquisa foi realizada em duas empresas de segmento agrícola na qual foi aplicado questionário de questões abertas. Os estudos avaliaram a categoria dos canais de comunicação formal e a informal conforme a necessidade do que se é transmitido, buscando uma resposta objetiva, aqui representada pelos assuntos de segurança e saúde. Identificam-se a priori a (in) eficácia da qualidade da comunicação na qual todos os departamentos deveriam estar envolvidos para diminuir os acidentes.  

Este olhar para a comunicação no âmbito da saúde e segurança foi embasada nos conceitos de comunicação nos principais autores como Bueno (1995, p. 9) diz que "hoje, não se pode imaginar uma empresa que se pretenda líder de mercado e que volte às costas para o trabalho de comunicação", Bakthin, (1980, p.182) que aponta a interação verbal no centro das relações sociais, Nassar (2004; p.31) discorre sobre a importância dos gestores em modernizar os meios de relacionamento no ambiente de trabalho e Kunsch (2009, p.3) que organizou uma relação de pesquisadores da área para apresentar uma discussão com uma rica diversidade temática nas múltiplas perspectivas que abrangeu nesta pesquisa a saúde e segurança no ambiente de trabalho.

2. Referencial teórico

2.1. A comunicação interna e a segurança do trabalho

A comunicação nas condições do ambiente do exercício do trabalho tem como objetivo reduzir acidentes, e, consequentemente, os seus custos, por isso todos devem conhecer os princípios de segurança, sua missão e valores para a tomada de decisões. Assim, a comunicação, ou a falta dela, tem sido o grande problema dos responsáveis pelo (in) sucesso da empresa.  Conforme Paulo Freire (1983) "O mundo humano é, desta forma, um mundo de comunicação", nesta ideia busca-se a reflexão de que a comunicação transforma o homem e a sociedade.

Com a evolução social das relações humanas dentro do ambiente de trabalho surgiu também um compromisso das empresas em exercer um papel decisivo na sociedade, estende-se aqui para a área de segurança e saúde no trabalho. Há necessidade, portanto, de trabalhar a comunicação na perspectiva prática de segurança, buscando a conscientização. James Taylor (2005b, p.215) relata que "a comunicação não é mais descrita como transmissão de mensagens ou conhecimento, mas como uma atividade prática que tem como resultado a formação de relacionamento".

Tanto o governo quanto a empresa ampliam sua participação para reduzir situações de riscos e garantir a integridade física e psíquica do trabalhador.  Estes esforços tornam-se uma tarefa árdua no processo de relação em busca de resultados na transformação da realidade dos trabalhadores.  A reflexão constitui na indagação de como está o entendimento dos procedimentos operacionais dos riscos das atividades? Ou melhor, o caráter problematizador do diálogo em torno das situações de riscos implica em ação transformadora nas organizações? Segundo Bueno (2003, p. 13) "apesar de crescente profissionalização da área, o empirismo ainda governa a maioria das ações e estratégias de comunicação postas em prática pelas empresas ou entidades".

Um dos aspectos a considerar refere-se, em muitos casos, ao problema nas organizações em que não há comunicação de forma clara e objetiva. Segundo as pesquisas com gestores das empresas, 90% dos problemas são geridos em torno da comunicação. Assim, a interação verbal está no centro das relações sociais e vai ao encontro com o dialogismo de Bakthin (1980, p. 182) " toda a parte verbal de nosso comportamento (quer se trate de linguagem exterior ou interior) não pode, em nenhum caso, ser atribuída a um sujeito individual considerado isoladamente".

Bueno (1995, p. 9) também assegura que "os executivos, baseados na experiência de sua própria empresa, admitem que a Comunicação, nos dias de hoje, já é vista como estratégica pelos empresários e que ela se reveste de fundamental importância para o desenvolvimento dos negócios".

Por que as organizações devem modernizar o seu estilo de linguagem para implementar, manter e melhorar continuamente o sistema de saúde e segurança ocupacional? Porque ter uma visão inovadora sobre a gestão de SST, e quem sabe traçar um plano de comunicação que envolve pessoas e mudanças na empresa. De posse desta indagação Nassar, (2004; p. 31) afirma que "aos gestores cabe prestar atenção às mudanças na sociedade e antecipar-se a um modelo diferente de relacionamento".

O problema é que nem sempre o processo é eficaz e os desafios são constantes nas organizações e em todos os setores que dela fazem parte, especificamente, na comunicação e avaliação da Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS 18001), que reforça o papel de justificar como controlar ou minimizar os riscos e as doenças ocupacionais, melhorando sempre a qualidade de vida nas organizações. 

Dominique Wolton (2004, p. 27), no livro Pensar a comunicação enaltece este poder:     "A comunicação é um dos mais brilhantes símbolos do século XX; seu ideal de aproximar os homens, os valores e as culturas compensam os horrores e as barbaridades de nossa época (...). A comunicação é sempre uma aposta no outro". Assim, para que todas as áreas do trabalho consigam os resultados esperados, é importante avaliar as diversas formas de transmissão do conhecimento e da comunicação, visto que a falha destas poderão gerar resultados inadequados no plano estratégico da empresa.

As formas de gerenciamento da Saúde e Segurança no Trabalho alinhadas as práticas de uma comunicação interna clara requerem uma importante preparação de procedimentos. Nesse sentido, assegurar que as informações pertinentes à Saúde e Segurança sejam comunicadas, atendando para o fator custo ou a eficiência das interações comunicativas nas organizações, uma das propostas postuladas (apud TOMPKINS; WANCA-THIBAULT, 2001, p.xviii-xxiii).

Ruth Smith (1993, apud PUTNAM et al., 2004) propõe três olhares para estudar as relações entre organizações e comunicação:

  1. Contenção - a comunicação como contêiner, recipiente ou depósito localizado dentro de uma estrutura organizacional.
  2. Produção – como as organizações elaboram a comunicação e se coproduzem.
  3. Equivalência – comunicação e organização como uma só entidade ou só um fenômeno – "comunicação é organização" e "organização é comunicação" (TAYLOR, 1995).

É interessante perceber que a comunicação nas organizações, numa perspectiva de saúde e segurança, está inserida como obrigação do cumprimento da legislação, ou seja, especificamente, pelas Normas Regulamentadoras que por meio de diversas formas, abrem caminhos para o uso eficaz da comunicação da saúde e segurança no trabalho. Como exemplo: NR – 01 A Ordem de Serviço é um documento que tem a função de emitir comunicações interna. NR 26 – Sinalização de Segurança teve sua atualização dada pela Portaria SIT n.º 229, de 24 de maio de 2011. NBR 7195 de 31.07.1995  Cores para Segurança; NBR 6493 de 30.11.1994 – que trata-se de Emprego de Cores para Identificações para Tubulações;NBR 14725 – parte 2 – Classificação de perigos; NBR 14725 – parte 3 – Rotulagem Preventiva– que estabelece as informações de segurança relacionadas ao produto químico perigoso a serem incluídas na rotulagem. NBR 14725 – parte 4 – Ficha de Informação de Segurança, que fornece informações sobre vários aspectos de produtos químicos (substâncias ou misturas) quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente. NR 18 - 18. 27 Sinalização de Segurança; NR 12- 12.13 Sinalização. NR 7 – CAT Comunicado de Acidente de Trabalho; NR 5 – Ato e reuniões, entre outras solicitações que utilizam a comunicação como poderoso instrumento.

Em síntese, existem várias maneiras para identificar e compreender com se processa a comunicação organizacional, segundo Krunsch (2009, p.72).  Assim, perceber a falta de comunicação ou a distorção dela pode causar sérios problemas na área de segurança e saúde no trabalho. Informações não transmitidas ou omitidas (caso de doenças) poderão prejudicar o desempenho de algumas funções de riscos, como trabalho em altura ou em espaço confinado.

Alguns requisitos do OSHAS 18001, no item 4.4.3, remetem a importância da comunicação, bem como a norma britânica BB 8800, 1996, segundo esta norma, as organizações atuam isoladamente, ou seja, todos os setores poderiam estar envolvidos numa efetiva implementação do sistema de gestão, governo, empregador ou trabalhador.

As práticas de Saúde e Segurança no Trabalho nas empresas analisadas podem reduzir os riscos através do reforço dos elementos apresentados na OSHAS 18001, na qual a empresa poderá garantir a tão desejada melhoria continua dos recursos humanos. Assim, com a necessidade de trabalhar em segurança tendo em vista a qualidade de vida. Incrementou-se a importância dos procedimentos utilizados a linguagem clara e objetiva na rotina da empresa.

Sendo assim, um papel importante da complexidade necessidade implementar as ações voltada para melhoria continua deste processo, o OSHAS 18001, apresenta práticas a serem observadas e aplicadas na Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho. Verificar se a mensagem está sendo entendida no momento de planejamento, implementação e operação, treinamentos, na emissão e preenchimento de documentação, nos registros e gestão de registros, auditoria e uma análise critica pela administração (OHSAS 18001), ou seja, facilitar a compreensão entre as pessoas, transmitindo as informações claras e confiáveis para a execução do trabalho.

Com base em novas tendências, destacar a importância da saúde e segurança integrado a diretrizes da OIT, FUNDACENTRO, HO, NPT, NBR, NRs, CLT, ISOS entre outras, busca-se em Kunsch, (2009, p. 79) os efeitos da comunicação integrada, ou seja, a não fragmentada dessa comunicação em suas subáreas para facilitar a compreensão dos conceitos.

3. Análise de dados

3.1   Caracterização da Empresa

O estudo foi realizado em duas empresas da área agrícola, localizada em Ponta Grossa, cujos participantes são funcionários da área administrativa, sendo uma das empresas do setor privado e outra do setor público. A empresa do setor público, situado em Ponta Grossa, atua no segmento agrícola (pesquisa agrícola) e outra no setor privado do segmento de beneficiamento agrícola (cooperativa).

A primeira empresa divide-se em 44 unidades em todo país, na unidade de Ponta Grossa apresenta o quadro de pessoal composto por 14 funcionários. A segunda empresa do setor privado compõe seu quadro de funcionários por 208 funcionários distribuídos na matriz e em outras unidades.

As entrevistas foram feitas pessoalmente e as respostas anotadas e depois confirmadas. Com o objetivo de não nomear os entrevistados, será utilizado a seguinte nomenclatura: setor público EP1, EP2, EP3 e no setor privado EC1. As respostas das entrevistas serviram de suporte para análise de dados das informações, nas quais permeou o modo como as organizações seguem os procedimentos pertinentes à comunicação da saúde é segurança de modo integrado.

3.2    A influência da comunicação da saúde e segurança no setor agrícola

Comunicar ou informar (as duas expressões são irmãs siamesas) significa conseguir que as coisas sejam feitas de modo que ocorra a interação com outras pessoas utilizando a linguagem adequada. A pretensão aqui, é que as pessoas possam ter acesso a um olhar diferente sobre a comunicação (ou a falta dela), a partir do olhar respaldado pela investigação dos participantes do processo de interação dentro das organizações.

Identificar qual a melhor maneira de estruturar a participação de todos na empresa – garantindo a qualidade da comunicação interna. O que parece adquirir uma importância nas empresas visto que uma rápida providencia é capaz de gerar sentido entre os diversos setores que permeiam as ações organizacionais internas que refletem nas condições de trabalho.

Na aplicação do questionário com os funcionários das empresas do setor agrícola de Ponta Grossa, setor público e outro privado, identificaram-se as práticas de comunicação na gestão de SST. As entrevistas foram aplicadas com os funcionários da área administrativa, disponibilizando informações que reforçam o rumo à cultura destas empresas (relevância ou negligência) no processo da prática comunicacional no sistema de SST.

Os entrevistados das duas organizações mencionaram os fatores que são levados em consideração no processo de comunicação da gestão de saúde e segurança no ambiente de trabalho. Ambos reconhecem a importância deste fenômeno, conforme a fala do EP3 do segmento do setor público "é importante ter um profissional com formação na área de segurança na unidade",  " não é minha obrigação cuidar e fiscalizar se o funcionário está utilizando adequadamente o EPI". Já o EC1 que coordenada os recursos humanos da empresa privada ressalta a restrição sobre o processo comunicativo na empresa que muitas vezes se faz necessário um profissional dinâmico e preparado para realizar a comunicação integrada. Segundo do EC1, "a linguagem simples, mesmo com erros gramaticais, devem ser utilizados, porque o importante é a eficácia da transmissão das informações".

A circulação de informações nas duas empresas ocorre de modo distinto, sendo que uma delas necessita urgente de melhorias na eficácia da transmissão de informações internas entre os setores.  Percebe-se um trabalho isolado, não integrado, no processo de articulação entre setores e a saúde e segurança no trabalho. O EP1 - setor público, reflete sobre a cultura prevencionista da empresa, vale ressaltar, limita-se ao cumprimento da lei. Assim, percebe-se a fragilidade da aplicação de práticas e procedimentos relacionados às falhas nas transmissões de informações de riscos aos trabalhadores que buscam na experiência (hábito) de anos a sua segurança.

Pensando numa política coletiva o EP2 contribuiu com reflexões direcionadas aos resultados que compreende ações e estratégias planejadas e integradas direcionadas a segurança no trabalho. EP2 diz "ninguém sabe escrever", isto remete à árdua reflexão sobre a tarefa de comunicar-se, por exemplo, com que finalidade, quem fala, com quem fala, para Bakhtin (1999), as relações entre linguagem e sociedade são indissociáveis. O processo de mudança vem de encontro com o relato das empresas estudadas, nas quais as mensagens deformadas ou mal informadas causam (re) trabalho (acidente ou incidente) para todos os envolvidos na organização.

No entanto, as empresas (pública e privada) demonstraram que as decisões são pautadas pelo conhecimento da alta administração que tem a responsabilidade de estabelecer ações que dependem das escolhas do processo que aprimoraram a solidez e transparência do êxito da comunicação.  Neste sentido, compreende-se a necessidade urgente da melhoria da gestão do processo comunicacional que passa necessariamente pelo entendimento e compreensão da alta administração. A participação de todos nos diversos canais poderiam oferecer significativas mudanças no ambiente de trabalho.

Na empresa do setor público, não foi constatado a existência de canais de comunicação no âmbito da empresa, como jornal, mural, reuniões, circulares, boletim informativo, diálogo diário de segurança (DDS). O EP2 comentou sobre a frustração em relação a este falido sistema em que a sua contribuição seria significativo, no entanto não há incentivo nenhum ou autorização para sua atuação nesta área.

No setor privado, estes canais de transmissões são positivos para o desempenho do SST da organização. Já no setor publico, a intranet é o canal mais usado para suprir a necessidade da área administrativa, sendo a mais utilizada na empresa, mas não para os funcionários que atuam na área operacional, que necessitam de mais investimentos para evitar desentendimento no repasse das informações. O setor administrativo busca compensar a falta diária da presença da segurança com palestras que suprem a necessidade interna de prevenção de acidentes diária (palestras de primeiros socorros,  conservação auditiva, motivacional, entre outras atividades).

Justifica-se o fato de não ter um especialista na área de segurança no setor público, por ter poucos funcionários, tornando explícita a necessidade de outros profissionais da empresa, assumirem a responsabilidade pelas inspeções da segurança e saúde ocupacional. Ao relatar a dificuldade de utilizar as ferramentas que facilitem o uso dos canais de comunicação para que haja uma verdadeira troca de informações.

Quanto à existência de planejamento nas práticas de segurança e saúde ocupacional na empresa no setor privado, verificou-se a presença ativa de profissionais na área, bem como um CIPA atuante, SIPAT, cartazes, avisos, reuniões, no entanto ambas (público e privado) se assemelham na difícil comunicação entre a alta administração e os funcionários. O principal desafio é fazer com que a alta administração perceba que a comunicação interna funciona como instrumento essencial rumo à produtividade da empresa.

Para apoiar esse argumento, uma política de segurança, saúde e ambiente poderão ser diretrizes determinadas pelos líderes da organização para perceber a necessidade de maior integração estratégica e começar a mudar o processo envolvendo todos. Para abraçar este novo conceito a EP2 afirma que "a comunicação é via de mão dupla, porém isso não acontece na empresa". Nessa perspectiva, a satisfação se deve ao recebimento de informações concisas, objetivas, claras e coerentes, buscando várias ferramentas de fácil acesso para assegurar a permanência da política de Saúde e Segurança do Trabalho na empresa, isso não acontece na empresa do setor público. Percebe-se um isolamento entre as pessoas. Um funcionário de outra unidade da Embrapa estava há 25 anos na empresa e não conhecia nenhum outro setor ou pessoa da empresa, relatou a EP2, impressionada com a constatação.

Uma das questões abordou "Qual sua conduta em casos de falha na comunicação que implicam em acidentes ou incidentes?" – os entrevistados dos dois setores responderam que só ficam sabendo muito tempo depois do acidente e normalmente por meio da comunicação informal (conversas entre os funcionários do mesmo setor que brincam com a situação do acidente ou incidente).

Considerando como consequência de falhas na comunicação dentro da gestão saúde e segurança dentro das empresas pesquisadas, questionou-se sobre a ocorrência de acidentes de trabalho, e a partir de alguns pontos, os entrevistados propuseram compreender melhor os casos que impulsionam rever a necessidade indispensável da comunicação nas organizações de gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. A empresa do setor público abordou vários incidentes e um acidente com substância química (agrotóxico) em que o funcionário não utilizava EPIs e respingou o produto no olho causando cegueira. No setor privado, o acidente foi com operador de trator que veio a óbito depois de tombar a máquina, falha de procedimento comentou o EC1.

Quando questionado sobre "O que você considera como consequência de falha na comunicação dentro da gestão saúde e segurança na empresa?" O EP3, gerente, tem a seguinte resposta "Pior qualidade de vida para todos os envolvidos, redução no rendimento, eficiência e eficácia do trabalho realizado. Insatisfação do nosso cliente". Não diferente o EC1 da outra empresa comentou sobre as falhas da comunicação, "dúvida, insatisfação e desmotivação". Acredita-se que as novas atitudes e posicionamento, sobretudo dos gestores, de promover uma política, que, segundo Kunsch (2005, p.238) tem como propósito fundamental pesquisar, examinar e avaliar como funciona o sistema de comunicação, do ponto de vista da eficácia e eficiência.

Independente da opção dos recursos e ferramentas utilizadas na comunicação assume caráter estratégico. Alguns canais de comunicação são usados no setor privado em que não necessita de grandes investimentos para a transmissão de informações: mural, intranet, boletim informativo, reuniões periódicas, já no setor público os canais para informações se limitam a intranet para o pessoal administrativo sem alcance diário dos que precisam receber comunicado, avisos e diálogos de segurança permanentemente. O EP1 comentou sobre uma simples solução para melhorar e avaliar o desempenho "uma reunião semanal para interação de todos na empresa".

Observação pertinente fez o EC1 quando questionado "como a comunicação da Gestão e Segurança poderia ser mais efetivo na empresa?", sua resposta levou a reflexão das ações praticadas na empresa que vale destaque "É preciso fazer com que o pessoal pare e pense diferente." Assim, a comunicação interna está intimamente ligada à forma que as pessoas pensam nesta competência social muito importante da SST. Destaca Kunsch (2003), os funcionários se constituem em "formadores e multiplicadores de imagem". Wels (2005, p. 84) enfatiza que, "por meio da comunicação interna, é possível estimular o dialogo, a troca de informação entre diferentes níveis hierárquicos, a manifestação de ideias e o sentimento de participação".

4. Considerações finais

A pesquisa demonstrou a partir das entrevistas que ambas as empresas foram unânimes em concordar com a necessidade de mudança do processo comunicativo. A gestão dos processos comunicativos demanda um conhecimento, participação efetiva,  engajamento e comprometimento das pessoas dentro da empresa. Observou-se que nos setores administrativos as empresas apresentaram a linguagem informal e formal para transmissão das informações de acordo com a necessidade, porém as mensagens podem gerar conflitos internos de acordo com a cultura do não diálogo na empresa.  Para Bueno (2005 p. 46) "em uma organização que prima por uma autêntica cultura de comunicação todos os integrantes se sentem envolvidos por ela".

De acordo com os dados obtidos, constatou a necessidade de discussões sobre a importância da comunicação interna em vários setores visando obter uma sinergia positiva na produtividade da empresa. A construção da política do movimento comunicacional está em autores como Freire (1983), propõe "o mundo é, dessa forma, um mundo de comunicação", em Bueno (1995, p. 9),  hoje não se imagina uma empresa que é líder não se importe com o trabalho de comunicação, e Kunsch (2005, p. 238), avalia o processo comunicativo, buscando melhorar o desempenho e trabalhar numa perspectiva integrada.

De posse disso, houve a distinção do uso da comunicação interna no setor de saúde e segurança realizada no segmento agrícola do setor público e do privado em Ponta Grossa. Em meio a tantas mudanças, Bueno (1995, p. 9) assegura que "os executivos, baseados na experiência de sua empresa, admitem que a Comunicação, nos dias de hoje, já é visto como estratégia pelos e empresários". Assim, a influência da comunicação interna no segmento agrícola pode reduzir ou eliminar acidentes no ambiente de trabalho.

Nas empresas, a comunicação representa um fator relevante e pode ser estrategicamente utilizada a partir de atitudes que estabeleçam bons resultados. Estratégias para a compreensão da diferença nas práticas de saúde e segurança ocupacional nas empresas analisadas, assim a qualidade e excelência comunicativa dependerá de também da participação mais efetiva da direção, bem como a designação de alguém responsável da sua equipe para acompanhar e repassar as informações obtidas no ambiente de trabalho. Segundo kunsch (2005, p. 238) tem como proposto fundamental, pesquisar, examinar e avaliar o sistema de comunicação do ponto de vista da eficácia e eficiência.

Considerou-se, portanto, os indicadores apresentados pelos funcionários internos da organização. Outra pesquisa poderá mapear indicadores relativos a outros impactos pela falha de comunicação: outras funções na empresa, sociedade, clientes e governo. Assim, a Saúde e Segurança do Trabalho, encontra respaldo em Nassar (2004 p. 31) que destaca a importância dos gestores em prestar mais atenção às mudanças na sociedade. Estas ações e estratégias comunicativas não são fortemente discutidas no OSHAS, ISOS, NRs, FUNDACENTRO entre outras organizações responsáveis pela gestão da saúde e segurança nas duas empresas.

A partir do discurso dos entrevistados nada impediria na aplicação prática de ações comunicativas. Simples ações causariam bons efeitos. Certamente, o caráter multidisciplinar da comunicação integrada e a ampliação deste setor com mais profissionais comprometidos com a importantíssima tarefa de comunicação poderiam incorporar tal fenômeno. Bakthin (1986, p. 114) afirma "quando estudamos o homem,  buscamos e encontramos signos em toda parte e tratamos de compreender sua significação". Este estudo traz um resultado parcial da pesquisa e indica que não basta investir em informatização e tecnologia, mas, sim, naquilo que dentro da empresa tem valor: a comunicação.

5. Referências

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http://portal.mte.gov.br/portal-mte/

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1. Universidade Tecnologica Federal do Parana (UTFPR). Email: najetsaleh@yahoo.com.br 


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