Espacios. Vol. 36 (Nº 02) Año 2015. Pág. 9
Isabella Tamine Parra MIRANDA 1; Lincoln TUTIDA 2; Luiz Alberto PILATTI 3
Recibido: 21/09/14 • Aprobado: 10/11/14
RESUMO: |
ABSTRACT: |
As introduções de novas tecnologias trouxeram significativas benfeitorias para o cotidiano do homem moderno no que se refere ao trabalho. As mudanças provenientes das transformações da tecnologia possibilitaram uma transformação tão profunda na sociedade que se torna fácil reconhecê-la de uma geração para outra, percebemos também, uma ampla contribuição para o desenvolvimento mais acelerado de nossa sociedade.
O atual contexto econômico é caracterizado por mudanças aceleradas que vêm afetando os mercados e as tecnologias. Com isso a capacidade de gerar e absorver inovações vêm sendo considerada crucial para que uma empresa se torne efetivamente competitiva. As empresas então buscam de várias maneiras, através de qualidade, custos, planejamento e controle da produção, inovações e outras ferramentas, caracterizarem seu mercado. Para que isto seja possível, estas focam em melhorar o seu processo de produtividade e diminuir custos.
Com certeza, inovar tornou-se a maior arma de competição entre as empresas. O conhecimento tecnológico pode fundamentar uma empresa competitiva e a busca permanente de inovações pode recriar as condições para que esta empresa se mantenha competitiva ao longo do tempo.
Neste complexo mundo do trabalho, identificamos a inovação tecnológica como um processo formado por um conjunto de atividades inscritas em um determinado período de tempo que levam a introduzir no mercado, com êxito, uma idéia em forma de produtos novos ou melhorados, de processos, serviços ou mesmo de técnicas de gestão e organização.
Assim, tratando-se a inovação tecnológica como a transformação de conhecimentos tecnológicos em novos produtos e processos, visando ao seu lançamento no mercado, observou que, nela interferem todos os tipos de atividades científicas, tecnológicas, de infraestrutura da organização, financeiras, comerciais e legais. A influência do fator inovação tecnológica para o desenvolvimento e a competitividade empresarial é, hoje, inevitavelmente reconhecida como necessária.
Nesta perspectiva o presente trabalho teve como foco a investigação da inovação tecnológica em um produto da empresa "X" para diminuir seu custo de produção, aumentar sua produtividade e a qualidade aumentando sua rentabilidade e preservando o meio ambiente.
Este trabalho descreve a inovação tecnológica implantada em uma indústria do ramo elétrico na fabricação de um pino para isolador na região de Maringá, no estado do Paraná, bem como analisa a forma como esse fato incidiu sobre o aumento na performance após a sua implementação. Apontando as ações utilizadas por uma empresa do ramo elétrico que fizeram aumentar a produtividade, a qualidade, diminuir o custo de produção e também aumentar seu desempenho econômico.
Para tal feito os pesquisadores utilizaram a pesquisa aplicada e para a abordagem do problema a pesquisa qualitativa. Do ponto de vista de seus objetivos específicos foi utilizada a pesquisa exploratória e descritiva. Ancorado nos preceitos de Júnior (2009) o qual expõe que uma pesquisa exploratória serve também para aumentar o conhecimento do pesquisador acerca do fenômeno que deseja investigar num estudo posterior mais estruturado ou da situação em que pretende realizar tal estudo. Como procedimento para análise de dados coletados foi utilizado análise de conteúdo.
A pesquisa foi realizada nos períodos de julho a agosto de 2013 na região de Maringá, do estado do Paraná, na empresa "X", com funcionários de nível gerencial. Para a obtenção dos dados foi realizada uma entrevista com o profissional responsável por toda parte de pesquisa, desenvolvimento e inovações em produtos que a empresa realiza.
A função produção é entendida como o conjunto de atividades que levam a transformação de um bem tangível, acompanha o homem desde sua origem. Recentemente, a administração da produção vem recebendo reconhecimento crescente devido a diversas razões, entre as quais: a aplicação de conceitos de administração da produção em operações e serviços, uma definição expandida de qualidade, a inserção de conceitos de administração da produção em outras áreas funcionais como marketing e recursos humanos, e a compreensão de que a função de administração da produção pode agregar valor ao produto final.
De acordo com Davis et. al. (2001) na década de 70, Wickam Skinner, da Harvard Bussiness School, introduziu a noção estratégica de produção, propondo que a função produção poderia assumir um papel proativo no desenvolvimento da estratégia total da organização, ou seja, Skinner sugeriu que a função produção poderia, na verdade, agregar valor aos produtos em termos daquilo que um cliente está disposto a pagar. Ao desenvolver esse conceito de estratégia de produção, ele sugeriu que uma empresa poderia competir com outros fatores que não fosse o custo para aumentar margens de lucro. Esses fatores incluíam qualidade, prazo de entrega e flexibilidade de processo, onde cada um desses indicadores, à sua própria maneira, agrega valor ao produto final.
Slack et. al. (1996) por sua vez, conceitua a estratégia como um compromisso com a ação onde, as decisões e as ações são tomadas visando chegar a seus objetivos de longo prazo. Ainda de acordo com este pensamento para atingir os objetivos estratégicos, deve-se levar em conta as necessidades de seus fornecedores e clientes internos, contribuir diretamente aos objetivos estratégicos do nível superior bem como, auxiliar outras partes do negócio a fazer sua própria contribuição para a estratégia.
A produtividade passou a ser perseguida com mais intensidade a partir do acirramento da concorrência, instalada pela globalização dos mercados. No panorama competitivo vivenciado pelas organizações, sem produtividade ou sem a eficiência do processo produtivo, dificilmente uma empresa vai ser bem sucedida ou até mesmo sobreviver no mercado. Neste sentido a produtividade busca analisar e estudar a influência dos fatores que de forma direta ou indireta interferem para que algo indesejado destorça os resultados esperados.
De acordo com Martins (1999) a produtividade está relacionada com o valor do produto e serviço produzido e o custo dos insumos para produzi-los, ou seja, a produtividade está diretamente ligada ao output e ao input.
Moreira (2006) relata que dentre todas as hipóteses que podem ocorrer quando mencionamos produtividade, é relevante somente aquilo que pode ser considerado como o conceito principal. Dado um sistema de produção, onde insumos são combinados para fornecer uma saída, a produtividade refere-se ao maior ou menor aproveitamento dos recursos nesse processo de produção, ou seja, diz respeito a quanto se pode produzir partindo de certa quantidade de recursos. Neste sentido, um crescimento da produtividade implica em um melhor aproveitamento de funcionários, máquinas, da energia e dos combustíveis consumidos, da matéria prima, e assim por diante.
Martins (1999) ressalta que hoje os empresários dão grande importância à produtividade, pois é ela quem garante a sobrevivência das empresas tanto a curto quanto em longo prazo.
Na percepção de Moreira (2006), analisando uma empresa isoladamente, o senso comum acaba por ligar a produtividade com uma melhoria de competitividade e aumento nos lucros. Aumentando a produtividade, diminuem os custos de produção ou dos serviços prestados. Isso ocorre porque cada unidade de produto ou de serviço terá sido conseguida com menor quantidade de insumos, o que interfere diretamente no custo. A empresa que oferecer produtos iguais ou semelhantes no mercado a um preço menor – por causa do custo menor - verá melhorada a sua condição de competitividade, aumentando a sua participação nesse mercado e consequentemente seus lucros. Dessa forma a empresa terá maiores chances de investir no seu próprio crescimento, melhorando ainda mais sua competitividade.
De acordo com Martins (1999) a produtividade deve ser medida através da definição de métodos adequados, fazendo a coleta de novos dados ou usando dados que já existem. A partir dos níveis identificados na pesquisa, podem-se projetar níveis a serem atingidos tanto a curto quanto em longo prazo.
Davis et al (2001) definem o JIT (Just-In-Time), como sendo um conjunto de tarefas projetado para atingir a produção em alto volume, utilizando estoques mínimos de matérias-primas, estoque intermediário e bens acabados. Está também inserido na lógica de que nada será produzido até que seja necessário. Ele requer a produção do conjunto exato de unidades necessárias, nas quantidades necessárias, no tempo necessário com o objetivo de reduzir desvios dentro da programação. Na verdade, qualquer coisa acima da quantia mínima necessária é tida como perda, pois o esforço e o material gasto para algo não necessário não podem mais ser utilizados. O conceito Just-In-Time é aplicado em processos repetitivos de manufatura. Ele não exige grandes volumes, mas é limitado àquelas operações que produzem sempre as mesmas peças.
Para Martins (1999) o sistema Just-in-time foi desenvolvido para combater o desperdício, ou seja, toda atividade que utiliza de recursos, mas não agrega valor ao produto, pode ser considerado um desperdício. Com o passar do tempo o conceito de JIT se expandiu, hoje ele não busca apenas eliminar o desperdício, mas sim colocar o componente certo, no local certo e na hora certa, com isso, são gerados estoques bem menores com custos mais baixos. O JIT procurar utilizar a capacidade plena dos colaboradores, pois é ele quem produzirá com qualidade e em que tempo o colaborador tem autoridade de parar um processo caso detecte algo em não conformidade ou que não estava previsto.
A necessidade de se produzir eficientemente, bens ou serviços, dentro dos modernos conceitos de economia globalizada devem exercer uma série de funções operacionais, desenvolvidas por pessoas, que abrangem desde o projeto dos produtos, até o controle dos estoques, recrutamento e treinamento dos colaboradores, distribuição dos produtos, etc. Dessa forma, são apresentadas as atividades desenvolvidas pelo planejamento e controle da produção (PCP).
Sob esta perspectiva Martins e Laugeni (2005) expõem que o sistema de Planejamento, Programação e Controle da Produção é uma área de decisão da manufatura, onde o objetivo relaciona-se tanto ao planejamento como ao controle dos recursos do processo produtivo a fim de gerar bens e serviços. É também um sistema de transformação de informações, onde recebem informações sobre estoques existentes, vendas previstas, linha de produtos, forma e capacidade de produção, e tem a incumbência de transformar todas essas informações em ordens de fabricação.
A partir do momento em que o Plano Mestre de Produção discrimina a ações a serem tomadas, quais produtos e a quantidade de cada serão produzidos, inicia-se assim a questão de programar e controlar a produção para respeitar o plano (Moreira, 2006).
Sob este ponto de vista Moreira (2006) conceitua controle como um processo utilizado para manter fenômeno dentro de padrões pré-estabelecidos. Os produtos originados de um processo industrial possuem requisitos de qualidade, que serão conseguidos se certas características fundamentais estiverem de acordo com o que foi planejado. Sendo assim, o controle de qualidade industrial pode ser compreendido como um processo que nos permite medir o nível atual de qualidade de um produto compará-lo com um padrão desejado e agir para corrigir os desvios. Entende-se que um processo industrial está sob controle se os produtos resultantes mantêm-se nos padrões da qualidade desejável, ou seja, dentro da faixa desejável de qualidade.
Os requisitos de qualidade de um produto são expressos através de especificações, pois são proposições que definem a qualidade pretendida de um produto de acordo com vários aspectos, determinando os padrões a serem seguidos para análise das peças confeccionadas ou adquiridas por meio de algum fornecedor. A especificação deverá definir o valor numérico das variáveis ou da incidência de atributos que sejam julgados relevantes para a qualidade do produto.
Sobre este tema Slack (1996) afirma que a qualidade é atingida por inspeção, separando os defeitos antes que sejam percebidos pelos consumidores. O conceito de controle da qualidade desenvolveu uma abordagem mais sistemática, visando detectar e tratar os problemas de qualidade. A garantia da qualidade aumentou a responsabilidade desta ao adicionar outras atividades para o atendimento das necessidades e expectativas dos consumidores. Requer que as implicações para o consumidor sejam consideradas em todas as etapas da tomada de decisão e sejam planejados sistemas relacionados com a melhoria da satisfação experimental por parte do consumidor.
A quem diga que para se melhorar a qualidade deve-se elevar o custo de um produto, por muito tempo essa associação era feita, mas com o passar do tempo mostrou-se que isso não era verdadeira, pois aumentando a qualidade de um produto você aumenta a produtividade do mesmo. (Martins 1999)
Moreira (2006) ainda relata que o custo de qualidade é a soma de duas categorias de custos: custo de controle, que servem para prevenir e controlar os defeitos que possam apresentar no processo de produção e os custos de falhas que servem para corrigir os defeitos que podem aparecer no produto tanto em seu processo de fabricação quanto após a expedição.
Dias (1993) caracteriza custo sendo o quanto se gasta para se fabricar determinado produto, ou seja, uma junção de esforços para se produzir alguma coisa. Podemos saber o lucro real de um produto se conhecermos os custos de fabricação do mesmo. De acordo com a função da empresa os custos podem ser: custo por ordem de produção, custo por processo de fabricação e custo padrão ou standard.
Seguindo esse mesmo raciocínio, Martins (1999) classifica os custos em fixos e variáveis. O custo fixo é a utilização do imóvel, dos equipamentos de movimentação e de armazenamento do imobiliário e de outros equipamentos, seguros, folha de pagamento, benefícios a funcionários, já os custos variáveis são custos de manutenção, deterioração e obsolescência, perdas, operação dos equipamentos, manutenção de equipamentos e instalações, materiais operacionais.
Os custos de produção também podem ser classificados como de curto e longo prazo segundo Vasconcellos e Garcia (2001), custos totais de curto prazo são compostos de custos fixos e variáveis, já os custos totais de longo prazo são compostos apenas de custos variáveis.
A tecnologia refere-se às ferramentas, às técnicas, às máquinas, aos equipamentos e às ações disponibilizadas para modificar insumos organizacionais (matérias-primas, componentes, informações e idéias) em produtos (bens e serviços). Em resumo, ela abrange o método de transformação de uma organização e acrescentam tanto os procedimentos e as normas quanto as máquinas e os equipamentos empregados para exercer uma determinada atividade. Como as empresas atuais buscam tornarem-se cada vez mais flexíveis em um ambiente em constante modificação, a tecnologia aplicada pode influenciar a estrutura organizacional, porém, em contrapartida, as decisões sobre estrutura organizacional também podem moderar o emprego de uma determinada tecnologia.
Sobre este tema, Daft (1999) expõe que tecnologia é um processo de produção aplicado por uma organização que inclui os maquinários e os procedimentos de trabalho. A tecnologia inicia-se com matérias-primas de algum tipo, como peças não acabadas de aço fundido numa fábrica, e os trabalhadores agem na matéria-prima transformando-a no produto da organização.
Segundo Oliveira e Silva (2006) as organizações são estruturadas por muitas unidades organizacionais (departamentos, setores, seções) e cada uma delas pode adotar uma tecnologia diferenciada para produzir seus resultados e alcançar suas metas. A determinação da tecnologia necessária para desenvolver as diversas atividades organizacionais é um dever extremamente importante e requer, por parte dos gerentes, uma verificação minuciosa em relação às suas características e seus impactos positivos ou negativos na organização. Dessa forma, ela deve ser vista com um fator que permitirá o aprimoramento da competitividade e do desenvolvimento organizacional.
A inovação tecnológica vem ganhando destaque em toda sua complexidade e ritmo de mudança. Há pouco tempo, novos produtos demoravam anos para ser planejados e desenvolvidos, eram padronizados, produzidos em massa e lançados para o mercado através de campanhas promocionais e de vendas. Devido aos ciclos de vida desses produtos serem medidos por décadas, os processos produtivos utilizavam equipamentos capazes de produzir somente aqueles produtos padronizados. Mas os consumidores atuais com frequência demandam produtos que ainda precisam ser desenvolvidos. Hoje, o desenvolvimento de produtos constitui uma disputa cujo objetivo é tornar-se o primeiro a lançar produtos inovadores, enquanto vão sendo substituídos por outros produtos ainda mais sofisticados.
Nesta perspectiva Bateman e Snell (2006) definem tecnologia como métodos, processos, sistemas e habilidades utilizados na transformação de recursos em produtos, ou seja, tecnologia nada mais é que a comercialização da ciência. É a aplicação sistemática do conhecimento científico a um novo produto, processo ou serviço. Quando é percebida em um produto alguma melhoria, tanto nos processos ou nos procedimentos para realização de uma tarefa, temos uma inovação. Dessa maneira, inovação vem a ser uma mudança na tecnologia, abandonando as maneiras anteriores de fazer as coisas.
Os estudos de Bateman e Snell (2006) revelam que existem casos onde uma nova tecnologia pode mudar completamente as regras da concorrência dentro de um setor industrial. Empresas líderes que não se adaptam eficazmente às novas tecnologias podem tropeçar, possibilitando que novas empresas aproveitem as oportunidades tecnológicas para se tornarem dominantes. No entanto, os sinais do impacto da nova tecnologia são visíveis antecipadamente, permitindo que as empresas e as pessoas reajam em tempo de atender a demanda. Mesmo porque a adoção antecipada também envolve custos e riscos, não constituindo a melhor alternativa para todas as organizações.
Uma vez que a organização realizou um trabalho completo de analisar a sua posição tecnológica atual, ela pode começar a tomar decisões sobre como proceder no futuro para desenvolver ou explorar as inovações tecnológicas emergentes. Tais decisões devem igualar muitos fatores inter-relacionados. A abordagem mais convincente à tecnologia depende não apenas do potencial da tecnologia para apoiar as necessidades estratégicas da organização, mas também das habilidades e capacidades da organização de explorar a tecnologia de forma bem-sucedida (BATEMAN E SNELL 2006). A estratégia competitiva da organização, as capacidades técnicas de seus funcionários de lidar com a nova tecnologia, bem como a adequação da tecnologia às operações da empresa e a capacidade da empresa de lidar com os riscos e ambigüidade de adotar uma nova tecnologia devem ser planejadas para coincidir com as forças dinâmicas de uma tecnologia que está sendo desenvolvida. Comumente, é preciso mudar as capacidades e estratégias da organização para atender às necessidades da tecnologia. Essa prática pode envolver contratar e treinar funcionários, mudar as políticas e os procedimentos internos e mudar as estratégias.
As finanças podem ser interpretadas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Lidam com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governos. Por sua vez, a administração financeira trabalha com as obrigações dos administradores financeiros, que gerenciam as questões financeiras de muitos tipos de negócio – financeiros e não-financeiros, privados e públicos, grandes e pequenos, com ou sem fim lucrativo. As tarefas desses profissionais abrangem planejamento, concessão de crédito para clientes, avaliação de investimento, assim como meios de obter recursos para financiar as operações da empresa.
Sob este enfoque, Groppelli e Nikbakht (2001) relatam a formação da estrutura de capital, como sendo a composição do financiamento de uma empresa representada pelas principais fontes de fundos externos obtidos através dos financiamentos. A estrutura de capital da empresa resume-se nas dívidas de longo prazo, em ações preferenciais e ações ordinárias. A empresa deve manter certo equilíbrio entre as dívidas e o patrimônio líquido. Um nível elevado de dívidas pode aumentar o risco da empresa, tornando os investidores apreensivos acerca da sua capacidade de pagar seus credores. Com isso, pode acarretar um aumento no custo de capital.
As preocupações com o meio ambiente assumem proporções cada vez maiores, em virtude dos efeitos visíveis de desequilíbrios provocados pelo homem na natureza. As empresas, vistas há muito tempo como as principais vilãs do problema, estão de alguma forma conseguindo dar respostas a muitos questionamentos da sociedade. Ainda que as ações empresariais ambientalmente responsáveis não sejam adotadas por grande parte das organizações, aquelas que o fazem representam lideranças que vão se tornando referências em seus respectivos setores e constituindo-se em modelos para a adoção de padrões e patamares de excelência ambiental.
Nesta perspectiva Dias (2009) relata que as empresas compõem um dos principais agentes responsáveis pela aquisição de um desenvolvimento sustentável. De acordo com o autor supracitado, sob ponto de vista empresarial, a gestão ambiental é o termo utilizado para se designar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas com o meio ambiente. Em outras palavras, é uma gestão cujo objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não excedam a capacidade de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, conseguindo um desenvolvimento sustentável. O processo de gestão ambiental nas empresas está profundamente vinculado a normas que são formuladas pelas instituições públicas (prefeituras, governos estaduais e federais) sobre o meio ambiente. Essas normas estabelecem os limites aceitáveis de emissão de substâncias poluentes, determinam em que condições serão despojadas os resíduos, impedem a utilização de substâncias tóxicas e esclarecem a quantidade de água.
Uma das vantagens competitivas que a empresa pode obter através da gestão ambiental é a de melhorar sua imagem no mercado, o que está se tornando cada dia mais definido devido ao aumento da consciência ambiental dos consumidores. Seguindo este raciocínio, a responsabilidade ambiental está inserida dentro da responsabilidade empresarial, e deve ser interpretada como parte integrante desta. Sendo desta forma entendida como o conjunto de ações realizadas além das exigências legais, ou daquelas que estão inseridas num contexto de eficiência profissional ou de área de atuação. A responsabilidade ambiental empresarial é constituída de ações que vão além da obrigação, assumindo mais um conteúdo voluntário de participação em fóruns, iniciativas, programas e propostas que pretendem manter o meio ambiente natural livre de contaminação e saudável para ser desfrutado pelas futuras gerações.
O presente estudo foi aplicado em uma empresa do ramo elétrico situada na região de Maringá, no estado do Paraná, a empresa está no mercado a mais de 30 anos tendo um grande mix de produtos em seu estoque. Sua razão social não será divulgada mediante a uma solicitação da mesma.
A empresa atende a vários tipos de segmentos entre eles as indústrias, empreiteiros, empresas de engenharia, cooperativas de eletrificação e distribuidores de materiais elétricos. Os produtos comercializados nesses segmentos e produzidos pela empresa são transformadores, artefatos de concreto e ferragens, a linha de automação industrial que hoje é vendida pelos centros de distribuição e é adquirida de marcas renomadas e que atuam no mercado com um grande potencial. Além de vender para o território nacional a empresa atua também em outros países, a exportação vem crescendo fortemente, hoje são atendidos em média 17 países, como exemplos têm os Estados Unidos, África do Sul, Paraguai, Costa Rica entre outros.
Há um ano e meio a empresa começou a desenvolver pesquisas de mercado para o desenvolvimento de novos produtos e inovações em produtos já existentes, e está obtendo grande sucesso com os trabalhos desenvolvidos. No último ano a empresa desenvolveu 25 novos produtos e 16 inovações em produtos que já fabricava, entre os novos produtos pode ser citado a caixa para rede subterrânea CS1 e CS2, a cruzeta tipo "T", cabine compacta blindada, cubículo 15kV, já as inovações foram realizadas no prolongador para haste âncora, cruzeta metálica, poste modular e no pino para isolador cabeça de nylon, no entanto o propósito do estudo é focar na inovação realizada no pino para isolador e nos benefícios que ela trouxe a empresa como a redução do custo em sua produção.
A empresa observou que havia necessidade de realizar uma inovação no pino para isolador quando seu custo de produção se tornou muito alto, portanto inviável para o mercado elétrico, que hoje tem grandes marcas competindo por seu espaço, outro motivo que levou a empresa a inovar foi a questão do passivo ambiental uma vez que a matéria prima utilizada na fabricação era o chumbo, um elemento prejudicial ao meio ambiente e também a saúde humana. A rentabilidade do produto também era baixa, mesmo com o custo de produção do pino para isolador alto a empresa não poderia vender a peça a um preço muito alto devido a concorrência dessa forma quase não obtinha lucratividade.
O processo de fabricação do pino para isolador antes da inovação como dito acima era totalmente artesanal, primeiro o pino passa por cinco processos é feito corte da barra depois, ele é forjado, formatado, rosqueado e galvanizado por fim, chega-se a etapa onde é fabricada, moldada sua cabeça. De acordo com o profissional entrevistado, para esse processo a empresa necessitada de disponibilizar dois colaboradores para a fabricação, esses colaboradores estão diretamente expostos ao chumbo que é o material utilizado na fabricação do pino para isolador, diante disso correm sérios riscos à saúde uma vez que o chumbo é um elemento altamente perigoso. A exposição direta a ele pode causar doenças ao ser humano, como intoxicações, anemia, diminuição de apetite, cólicas abdominais, perda de energia, e se o grau da intoxicação for alto pode trazer danos ainda maiores como vomito, andar cambaleante, neuropatia periférica, convulsões e coma. O chumbo também é muito prejudicial ao meio ambiente uma vez despejado no solo, pode contaminar água, alimentos etc. Por lei a empresa necessita de pagar periculosidade aos funcionários que trabalharem expostos a esse elemento. O processo é lento e exige cuidados especiais, o chumbo derretido fica alojado dentro de uma cuba onde é retirado com o cadinho e levado até o molde que recebe o nome de coquilha, enquanto um colaborador coloca o pino no molde e o segura o segundo colaborador vem com o chumbo e o despeja no molde, é necessário que os trabalhadores utilizem diversos equipamentos de segurança como luvas para protegerem as mãos, roupas de que cubram os braços e máscaras faciais para que eles não inalem as substancias do chumbo.
Após a cabeça do pino para isolador estar pronta, ele vai para o setor de embalagem, onde é necessário se colocar uma proteção plástica para que o pino não sofra nenhum tipo de dano, esse também foi um dos fatores que segundo o profissional entrevistado levaram a empresa a buscar essa inovação, pois se acontecer do pino cair no chão e quebrar ou danificar alguma parte, a peça inteira é perdida, pois não há como ser recuperada.
Nesse processo de produção são necessários seis colaboradores para se fabricar 300 pinos por hora, uma média de 2.400 peças por dia e seu custo de produção gira em torno de R$1,30 por unidade, um custo alto já que a empresa vende a peça por R$ 1,50 a seus clientes, ou seja, segundo o profissional a empresa obtinha um lucro muito pequeno de aproximadamente 15%, ele ainda relata que volume de vendas mensal do pino para isolador cabeça de chumbo era em média de 100.000 peças.
Diante dos fatores acima a empresa buscou desenvolver pesquisas que ajudassem a melhorar o produto, baixar seu custo de produção e melhorar as condições de trabalho de seus funcionários. Foi então que após uma série de pesquisas, decidiram substituir a substância que era utilizada na produção da cabeça do pino para isolador. Substituíram o chumbo pelo nylon.
Figura 1: Fluxograma da produção do pino para isolador cabeça de chumbo
Fonte: Empresa "X"
----
Figura 2: Pino para isolador cabeça de chumbo.
Fonte: Empresa "X"
De acordo com o profissional entrevistado o processo de fabricação do corpo do pino para isolador continua o mesmo, passando pelas mesmas cinco etapas, corte de barra, forja, prensa, rosqueamento e galvanização, a inovação começa quando se produzirá a cabeça do pino, o processo deixou de ser artesanal e passou a ser realizado por uma máquina que recebe o nome de injetora, ou seja, reduziu de seis colaboradores no processo para apenas um.
Começa-se o processo colocando o material plástico na injetora, lá ela começa seu processo de injeção que derrete o nylon e o injeta até o molde onde o pino já se encontra fixado para que possa receber o material para dar forma a sua cabeça.
Com a inovação são fabricados por hora 480 peças uma média de 3.840 peças por dia, a um custo unitário de R$ 0,20, e vendido pela empresa a R$ 1,70, é visível segundo o profissional que o lucro da empresa é de 750%. Para que essa inovação fosse possível a empresa fez um investimento de R$ 8.500,00. No último ano foram vendidas 26.000 peças.
Além do custo de produção do pino ter reduzido uma vantagem no uso do material plástico é que não há desperdício de matéria prima, pois, toda borra de nylon que sobra passa por um processo de trituração e volta a ser matéria prima, podendo ser utilizada por mais três vezes, além disso, o nylon também não traz nenhum risco ambiental ou a saúde humana. Com essa inovação tecnológica a empresa conseguiu eliminar o passivo ambiental que a cercava, e seus funcionários não trabalham mais em contato com o chumbo.
O pino para isolador cabeça de nylon também dispensa a embalagem, uma vez que o material utilizado o nylon é inquebrável e dificilmente sofrerá perdas de peças.
A máquina injetora utilizada pela empresa, ainda não é de sua propriedade, é terceirizada, entretanto, como a empresa já conseguiu quitar todos os investimentos necessários para o novo processo de produção, já existem projetos para efetuar a compra da mesma.
Figura 3: Fluxograma da produção do pino para isolador cabeça de nylon.
Fonte: Empresa "X"
----
Figura 4: Pino para isolador cabeça de nylon.
Fonte: Empresa "X".
Como dito acima o investimento total da empresa para implementar a nova tecnologia na empresa foi de R$ 8.500,00, sabendo que a margem de lucro era de R$ 0,20 e agora de R$ 1,50 levando em conta os custos variáveis e fixos da empresa.
Pode se calcular o retorno do investimento da seguinte forma:
Taxa de Rentabilidade = Lucro Líquido / Investimento
Prazo de Retorno do Investimento = Investimento / Lucro
Portanto,
Lucro Líquido = 1,50 x 3.840 x 20 dias/mês
Lucro Líquido = R$115.200
Taxa de Rentabilidade = 115.200/8.500
Taxa de Rentabilidade = 13,55%
Prazo de Retorno do Investimento = 8.500 / 115.200
Prazo de Retorno do Investimento = 0, 073 dias.
Ao final desse estudo pode-se concluir que a inovação tecnológica realizada no pino para isolador cabeça de nylon trouxe muitos benefícios à empresa e também a seus colaboradores.
Após a inovação a empresa obteve sucesso na eliminação da questão do passivo ambiental, com a matéria prima substituída a empresa fortaleceu sua responsabilidade social que frisa na conscientização de seus colaboradores sobre a importância da preservação do meio ambiente, bem como obteve êxito em melhorar as condições de trabalho, uma vez que seus funcionários não estão mais em contato com o chumbo. Houve uma redução do custo de produção do pino para isolador, antes o pino era produzido a um custo de R$ 1,30, hoje após a inovação seu custo passou a ser de R$ 0,20. Mesmo com o custo de produção reduzido a empresa não deixou de lado a qualidade oferecida em seus produtos uma vez que a matéria- prima utilizada é muito mais resistente que a antiga e não oferece nenhum risco a saúde. Diante da tecnologia implantada a máquina injetora, o número de funcionários envolvidos no processo caiu de seis para um, e ainda a produtividade cresceu em 60%.
Outra vantagem que pode ser comprovada com análise de dados foi que a empresa após a inovação tecnológica obteve maior lucratividade, o produto que tinha seu preço de comercialização de R$ 1,50 após a implantação da tecnologia passou a ser comercializado a R$ 1,70. No processo antigo a empresa tinha uma rentabilidade de 15%, hoje com a inovação esse retorno passou a ser de 750%.
Foi com intuito de se manter no mercado elétrico, que hoje se encontra muito competitivo, que a empresa buscou inovar e aperfeiçoar seus processos produtivos para oferecer a seus clientes produtos com preços acessíveis e com boa qualidade.
Essa pesquisa é limitada a este segmento de mercado, portanto não é uma verdade constante, sendo necessários outros estudos mais aprofundados para agregar novas descobertas de inovação tecnológica e processos produtivos.
BATEMAN, Thomas S. SNELL, Scott A. Administração: Novo cenário competitivo. 2º Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2006.
DAVIS, Mark M. Et al. Fundamentos da Administração da Produção. 3º Edição. Porto Alegre: Editora Bookman, 2001.
DAFT, Richard L. Teoria e projeto das organizações. 6º Edição. Rio de Janeiro: Editora Afiliada, 1999.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. 1º Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
GROPPELLI, A. A. NIKBAKHT, Ehsan. Administração Financeira. 3º Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
JÚNIOR, Joaquim Martins. Como escrever trabalhos de conclusão de curso: Instruções para planejar e montar, desenvolver, concluir, redigir e apresentar trabalhos monográficos e artigos. 3º Edição. Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2009.
MARTINS, Petrônio Garcia. CAMPOS, Paulo Renato. Administração de Produção. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.
MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações.São Paulo: Editora Thomson Learning, 2006.
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. SILVA, Edison Aurélio da. Gestão Organizacional: Descobrindo a chave de sucesso para os negócios. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.
SLACK, Nigel. Et al. Administração da Produção. São Paulo: Editora Atlas, 1996.
1 Profa. Adm. Aluna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), do câmpus Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professora efetiva na Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari (FAFIMAN-UNIMAN). E-mail: professoraisabella@gmail.com
2
Prof. Adm. Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professor efetivo na Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari (FAFIMAN-UNIMAN). E-mail: lincoln2502@gmail.com
3 Prof. Dr. Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP), do campus Ponta Grossa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. E-mail: lapilatti@utfpr.edu.br