Espacios. Vol. 35 (Nº 13) Año 2014. Pág. 14
Fabiana Besen SANTOS 1; Edivandro TECCHIO 2; Cristiano J. Castro de A. CUNHA 3
Recibido: 25/08/14 • Aprobado: 28/10/14
2. Liderança e Organizações Intensivas em conhecimento: aspectos conceituais
RESUMO: |
ABSTRACT: |
A sociedade vivencia um período de transformação, que se caracteriza por um processo de reorganização e reformulação de sua visão de mundo, dos seus valores básicos e de suas estruturas sociais e políticas. As atividades que ocupavam lugar central nas organizações deixam de ser aquelas que visam produzir ou distribuir objetos e passam a ser aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento (Drucker, 1993). As organizações passam a ser intensivas em conhecimento (OIC). Essas organizações podem ser definidas como organizações que oferecem ao mercado produtos baseados no conhecimento (Alvesson, 2004), ou seja, o conhecimento é o seu principal input de produção (Starbuck, 1992).
Neste ambiente, a gestão também precisa acompanhar essas mudanças para que mantenha sua vantagem competitiva (Maximiano, 2004). A condução dos novos trabalhadores do conhecimento na direção da eficiência e eficácia exigem novas características e habilidades. Assim, a compreensão da liderança no contexto das organizações intensivas em conhecimento passa a ter um papel preponderante, visto que cabe ao líder influenciar os seguidores a adotar um comportamento inovador.
A partir deste cenário, este artigo apresenta duas principais contribuições. A primeira é o mapeamento das publicações científicas sobre a liderança em organizações intensivas em conhecimento em nível nacional e internacional, visando identificar as características dos trabalhos, como autores que contribuem para o tema, período das publicações, instituições e países onde o tema é estudado, periódicos nos quais os trabalhos são publicados, entre outros. A segunda contribuição é a identificação dos principais temas com os quais a liderança em organizações intensivas em conhecimento tem sido relacionada na literatura, ou seja, o que é levado em consideração pelos autores quando do estudo sobre a temática.
O presente estudo é apresentado da seguinte forma: na seção 2 são discutidos os aspectos conceituais da liderança em organizações intensivas em conhecimento; na seção 3 são descritos os caminhos metodológicos aplicados nesse estudo; na sequência, seção 4, são apresentados os resultados da revisão sistemática e, por fim, a seção 5 apresenta as considerações finais.
Os estudos sobre gestão enfatizam a importância da liderança no alcance dos resultados organizacionais (Barney, 1996; Bass, 1990). A liderança geralmente envolve visões, cooperação, trabalho em rede, trabalho em equipe, criatividade e inspiração (Yulk, 2005; Kotter, 1990; Northouse, 2004). O líder é considerado uma fonte de inspiração e suporte (Kotter, 1990), que visa a congregação de esforços com o fim de alcançar uma visão comum (Fagiano, 1997). A liderança é ainda, muitas vezes, entendida como processo de mudança, inovação e desenvolvimento. De forma consensual, a compreensão da liderança deve levar em consideração o contexto, a cultura e a estrutura organizacional (Alvesson, Sveningsson, 2003; Lank, 1997; Mckenna, Rooney, Boal, 2009).
O cenário das organizações intensivas em conhecimento (OIC) é peculiar. Uma empresa do conhecimento é caracterizada por criar valor por meio do uso do conhecimento (Alvesson, 2004). Assim, o conhecimento é o seu principal input para desenvolvimento de seus produtos (Starbuck, 1992), diferente das empresas de produção que utilizam o capital como seu principal input. Nas OICs, a maior parte do trabalho é intelectual, isto quer dizer que, baseia-se na capacidade cognitiva ao invés da força física ou manual. No ambiente das OICs são as competências das pessoas que impulsionam o desenvolvimento dos produtos (Alvesson, Sveningsson, 2003), por isso para muitos autores (Alvesson, Sveningsson, 2003; Alvesson, 2004; Starbuck, 1992) o conhecimento dos membros da organização é um importante fator de sucesso dessas empresas.
No contexto das organizações intensivas em conhecimento, o papel da liderança tem recebido pouca atenção por parte da literatura (Alvesson, Sveningsson, 2003). Entre os trabalhos encontrados, observa-se uma preocupação na identificação de habilidades, comportamentos, características e papéis da liderança nas empresas do conhecimento (Alvesson, Sveningsson, 2003a; Alvesson, Sveningsson, 2011; Alvesson, Sveningsson, 2003b; Liang, 2007; Kim, Newby-Bennett, Song, 2012; Goodall, 2009; Kalu, 2001).
Uma discussão relevante sobre a liderança em OICs é o seu papel nos processos de gestão do conhecimento. Alguns pesquisadores apontam que o líder tem uma função essencial no compartilhamento do conhecimento (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012; Mckenna; Rooney; Boal, 2009; Jong, Hartog, 2007) e outros na criação/ aquisição do conhecimento (Kuivalainen, Sundqvist, Puumalainen, 2004; Goodall, 2009).
Parece haver um consenso em relação aos desafios que a liderança enfrenta nas OICs. A complexidade, a ambiguidade e a inovação aparecem como característica marcante do ambiente dessas organizações (Alvesson, Sveningsson, 2003a; Alvesson, Sveningsson, 2011; Alvesson, Sveningsson, 2003b; Mckenna, Rooney, Boal, 2009; Jong, Hartog, 2007). O perfil dos trabalhadores do conhecimento também é encarado como um desafio. Em geral, são especialistas com alto nível de conhecimento que exigem autonomia e liberdade para desenvolvimento do trabalho (Alvesson, Sveningsson, 2003a; Kim, Newby-Bennett, Song, 2012).
A liderança em organizações intensivas em conhecimento revela proximidade com outros processos organizacionais, como a mudança e a cultura (Mckenna, Rooney, Boal, 2009; Alvesson, Sveningsson, 2003a), mostrando sua amplitude e dinamicidade. É um assunto complexo que carece de fundamentação teórica mais consolidada, o que motiva o desenvolvimento de uma revisão sistemática sobre o tema.
Este trabalho foi realizado em duas grandes etapas: (i) busca e (ii) análise sistemática da literatura. A etapa de busca sistemática da literatura foi desenvolvida a partir da aplicação de procedimentos e técnicas oriundos da bibliometria (Bufrem; Prates, 2005). A bibliometria é uma técnica que emprega métricas quantitativas dos registros bibliográficos, por meio das quais é possível medir a produção científica, o perfil e a disseminação das pesquisas em um determinado campo de conhecimento (Araujo, 2006; Okubo, 1997).
A etapa de análise sistemática da literatura foi desenvolvida a partir da utilização de procedimentos metodológicos baseados na revisão sistemática de literatura (Tranfield et al., 2003; Crossan, Apaydin, 2010). Nesse tipo de método, os procedimentos para revisar a literatura são determinados "a priori", por meio de um protocolo (Cordeiro et al., 2007). Em suma, o método de revisão sistemática pode ser entendido como uma maneira "sistemática" de revisar a literatura sobre um tópico de pesquisa, a partir da realização de um processo rigoroso, transparente e detalhado que explicita os critérios e passos conduzidos para seleção, análise e síntese de trabalhos relevantes (Tranfield et al., 2003; Crossan, Apaydin, 2010). Neste trabalho, a análise sistemática da literatura foi realizada por meio do agrupamento dos artigos (que foram identificados, anteriormente, via técnicas bibliométricas), de forma análoga ao realizado por Crossan e Apaydin (2010).
De modo semelhante a outros estudos bibliométricos sobre a produção científica nacional p.ex. (Avelar et al, 2011), este trabalho de revisão de literatura teve início com o mapeamento das publicações indexadas aos periódicos nacionais listados no Web Qualis da Capes [4]. Neste trabalho optou-se por utilizar os periódicos mais bem posicionados nessa classificação. Dessa forma, foram selecionados os periódicos classificados como A1, A2 e B1 das áreas Administração e Interdisciplinar, contendo no título pelo menos uma das palavras: Gestão, Organizacão(ões), Administração (ou em inglês Administration) e Ciências Sociais.
As buscas nos periódicos nacionais foram realizadas utilizando-se a expressão ("liderança" AND "organizações intensivas em conhecimento") OR ("liderança" AND "pequenas e médias empresas intensivas em conhecimento") OR ("liderança" AND "organizações baseadas em conhecimento") OR ("liderança" AND "firmas intensivas em conhecimento") OR ("liderança" AND "organizações baseada em informação"). Cada periódico acima mencionado foi acessado individualmente, aplicando-se a expressão de busca nos campos disponíveis do site consultado. Uma vez que não existe padronização nos campos de busca entre os diferentes periódicos, para todos os periódicos foi utilizado o campo de busca que corresponde a todos os índices disponíveis (resumo, palavras do título, autor, texto completo, entre outros).
O período aplicado às buscas nacionais correspondeu ao tempo de existência de cada periódico, ou seja, as buscas foram realizadas de forma a abranger todas as publicações de todos os periódicos, sem delimitar o período de início, considerando todos os trabalhos publicados até o momento da busca (julho/ 2013).
Para realizar o estudo bibliométrico em nível internacional, foram utilizadas três bases de dados que indexam publicações científicas: a Web of Science (WoS), a Scopus e a ESBCO consideradas pela comunidade científica como relevantes fontes para estudos bibliométricos. Ambas as bases indexam publicações científicas multidisciplinares de vários países, sendo reconhecidas cientificamente tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos periódicos científicos indexados (Oliveira, Gracio, 2011).
Na WoS foram selecionadas todas as sub-bases e foi utilizado o período de busca disponível na base até o dia 18 de julho de 2013: 1945-2013. Na Scopus, foram utilizadas todas as a sub-bases disponíveis e o período aplicado também foi o disponível na base até o dia 18 de julho de 2013: 1960-2013. Na Ebsco, também foram selecionadas todas as sub-bases e utilizado o período de busca disponível até o dia 18 de julho de 2013. A escolha das sub-bases citadas é justificada pelo fato de que o tema liderança ser multidisciplinar, sendo estudado por diversas áreas.
Após a identificação das bases de dados foram estabelecidos os critérios de busca. Com a finalidade de realizar uma ampla cobertura das publicações sobre o tema liderança em organizações intensivas em conhecimento, foi investigada a área como um todo por meio da combinação de várias estratégias de buscas. Dessa forma, as buscas foram realizadas utilizando-se as expressões: "leader*" AND "information-based organi?ation"; "leader*" AND "knowledge-intensive small AND medium enterprise"; leader*" AND "knowledge-intensive organi?ation"; "leader*" AND "knowledge-based organi?ation"; "leader*" AND "knowledge-intensive firm", nos campos de busca TOPIC (título, palavras-chave e resumos) na Web of Science, no campo de busca correspondente a "título, palavras-chave, resumo", na base Scopus e no campo de busca título, palavras-chave e resumo na base Ebsco. O símbolo "?" representa a busca por qualquer caractere nessa posição (permite recuperar os termos nas variações entre o inglês britânico – organisational, e o americano - organizational). O uso do caracter "*" no termo "leader*" permitiu buscar tanto os substantivos "líder" e "liderança". A expressão indica que podem ser retornados tanto artigos que contêm a expressão exata "leadership and knowledge-intensive organization" quanto artigos com a co-ocorrência das palavras liderança, conhecimento e organização, por exemplo.
Das buscas sistemáticas retornaram 9 trabalhos acadêmicos indexados à Web of Science, 63 trabalhos indexados à Scopus e 6 trabalhos indexados à Ebsco, totalizando 78 publicações. Desse total, 4 trabalhos repetiram-se entre as bases, sendo então eliminados, resultando um conjunto de 74 trabalhos para as análises bibliométricas. O gerenciamento das publicações foi viabilizado por meio da importação dos arquivos para os softwares EndNote e HistCite. Esses softwares possibilitaram a organização e a visualização dos dados bibliográficos provenientes das publicações científicas identificadas, permitindo uma análise completa, sem duplicações, dos trabalhos indexados nas duas bases.
Para selecionar os artigos para análise dos seus textos completos foram estabelecidos três principais critérios: 1) o artigo deve ter relação direta com a liderança em organizações intensivas em conhecimento no resumo, título ou palavras-chave; 2) o artigo deve tratar de liderança nas organizações intensivas em conhecimento, sendo descartados os artigos que focam na liderança no processo de gestão do conhecimento e; 3) deve-se ter acesso ao conteúdo completo do artigo.
Foram lidos os resumos dos 74 artigos retornados das buscas. Após aplicar o primeiro e segundo critérios de seleção (relação direta com a liderança em organizações intensiva em conhecimento e foco na liderança em organizações intensivas em conhecimento), foram descartados 34 artigos que tratavam, dentre outros assuntos, da liderança no processo de gestão do conhecimento, restando 40 artigos. O terceiro critério estabelece que, para a análise integral dos textos, deve-se ter acesso ao conteúdo completo do artigo. Este critério eliminou 15 artigos, restando 25 para leitura e análise integral dos seus textos.
Os 25 artigos selecionados foram agrupados (Crossan, Apaydin, 2010). A partir da leitura dos artigos, e com a identificação de temáticas recorrentes relacionadas à liderança em organizações intensivas em conhecimento, foram criados três grupos, conforme descrito a seguir:
No grupo 1 – desafios da liderança em organizações intensivas em conhecimento –, foram incluídos 9 artigos que apresentam no texto a discussão sobre os desafios da liderança no contexto das organizações intensivas em conhecimento, ou seja, no nível organizacional. O grupo 2 – comportamentos dos líderes em organizações intensivas em conhecimento – inclui 12 artigos que demonstram as características e habilidades do líder no processo de liderança em OICs, abordando a perspectiva individual do líder. O grupo 3 – papel da liderança na gestão do conhecimento em organizações intensivas em conhecimento – contempla 4 publicações que abordam a relação da liderança com a gestão do conhecimento.
Para estruturar a apresentação dos resultados, esta seção foi organizada em três partes: inicialmente são apresentados os resultados da busca sistemática da literatura nacional (seção 4.1); em seguida, os resultados da busca sistemática da literatura internacional (seção 4.2); e finaliza com as sínteses da análise sistemática da literatura, ou seja, os resultados da análise de cada um dos grupos de artigos selecionados (seção 4.3).
A busca nos periódicos selecionados, de acordo com os critérios de buscas (ver subitem 3.1), não retornou registros de publicações científicas sobre liderança em organizações intensivas em conhecimento. Como as buscas foram nos periódicos com elevado conceito do Qualis CAPES, pode-se considerar que o tema não é objeto de estudo dos trabalhos publicados nos principais meios de publicações na área de gestão, no Brasil, até julho de 2013 (momento das buscas).
Os 25 trabalhos foram escritos por 47 autores vinculados a 20 instituições de 12 países diferentes e estão publicados em 24 periódicos/ eventos. A Tabela 1 sintetiza os resultados gerais da pesquisa.
Tabela 1: Resultados gerais.
Informações bibliométricas |
Quantidade |
Artigos |
25 |
Autores |
47 |
Periódicos/ eventos |
24 |
Países |
12 |
Instituições |
20 |
Fonte: Dados de Pesquisa, 2013
O Gráfico 1 apresenta a distribuição temporal dos 25 trabalhos identificados. Percebe-se que, o estudo da liderança em organizações intensivas em conhecimento é recente, iniciado em 1997, ou seja, há 16 anos, a maior parte das publicações, representada por 68%, ocorreu a partir de 2006. Identifica-se que o tema em estudo recebeu maior atenção nos últimos 8 anos.
Gráfico 1: Frequência das publicações por ano, no período 1997-2013, sobre liderança em OIC
Fonte: Dados de pesquisa, 2013
Na sequência, foram analisados os periódicos com maiores frequências de artigos publicados sobre o tema. Observou-se que não tem um período ou evento de destaque com publicações sobre o tema, apenas o European Journal of Innovation Management que tem 2 publicações, uma a mais que os demais períodos e eventos que apresentaram uma publicação.
Quanto aos países de origem das publicações, os Estados Unidos lideram a lista com uma frequência de 9 artigos publicados, representando 36% da quantidade total, seguido pelo Reino Unido com 4 artigos, 16% da quantidade total e Suécia com 3 artigos, 12 % do total. Observa-se uma concentração entre esses três países, pois são responsáveis por 64% das publicações sobre o tema enquanto que os 36% restantes estão distribuídos entre 9 países.
Dentre as 20 instituições que estudam sobre a liderança em organizações intensivas em conhecimento, observou-se que o maior número de publicações está distribuído em quatro instituições. Embora os Estados Unidos sejam o país que mais publica sobre o tema, a lista das instituições é liderada Lund University, localizada na Suécia.
Os autores com maior número de trabalhos publicados sobre a liderança em organizações intensivas em conhecimento são apresentados Mats Alvesson e Stefan Sveningsson, com 3 publicações realizadas em conjunto. Em seguida vem os autores Holsaplle e Joshi, com 2 trabalhos também em conjunto. Os demais autores têm apenas 1 publicação cada um.
As palavras-chave mais utilizadas de acordo com sua frequência são: leadership (12), knowledge (10), knowledge management (8) innovation (7), societies e institutions (7), organizations knowledge (5) e knowledge sharing (4). A palavra chave leadership, que reflete exatamente um dos temas principais desta pesquisa, aparece na 1ª posição com 12 repetições. Vale ressaltar que a palavra-chave knowledge ganha destaque na nuvem de palavras, pois participa de várias outras palavras-chave compostas, como knowledge transfer, knowledge learnin; knowlegde information.
Por fim, analisou-se a frequência de citações dos estudos sobre a liderança em organizações intensivas em conhecimento. A Tabela 2 apresenta os trabalhos mais citados de acordo com o indicador bibliométrico denominado de GCS (Global Citation Score – Escore Global de Citações). Observa-se que o número de citações dos três principais trabalhos somados tem 134 citações, representando 56% das citações entre os artigos mais citados.
Tabela 2: Artigos mais citados sobre o tema liderança em organizações intensivas em conhecimento
Autor |
Título |
Ano |
Total de citações |
Mats Alvesson e Stefan Sveningsson |
Managers doing leadership: The extra-ordinarization of the mundane |
2003 |
47 |
Jeroen P.J. de Jong e Deanne N. Den Hartog |
How leaders influence employees' innovative behavior |
2007 |
44 |
Mats Alvesson e Stefan Sveningsson |
Good Visions, Bad Micro-management and ugly ambiguity: contradictions of (non-) leadership in a knowledge-intensive organization |
2003 |
43 |
C.W. Holsapple e K.D. Joshi |
Knowledge manipulation activities: results of a Delphi study |
2001 |
38 |
Bernard McKenna, David Rooney e Kimberley B. Boal |
Wisdom principles as a meta-theoretical basis for evaluating leadership |
2009 |
36 |
Elizabeth Lank |
Leveraging Invisible Assets: the human factor |
1997 |
29 |
Fonte: Dados da pesquisa, 2013
A partir da lista dos artigos mais citados e do conjunto de dados bibliométricos, percebe-se que apesar da maior concentração de publicação sobre o tema liderança em organizações intensivas em conhecimento ser entre 2007 a 2012, os trabalhos mais citados são anteriores a esse período, sendo o principal de 2003.
A liderança em organizações intensivas em conhecimento é um processo diferenciado em relação às empresas de capital. A partir dos grupos identificados na análise sistemática (ver seção 3.3), apresentam-se os resultados da análise dos temas relacionados à liderança em OIC nos tópicos a seguir.
A realidade das organizações intensivas em conhecimento é ambígua e complexa (Alvesson, Sveningsson, 2003a). Ambiguidade se refere à incerteza e incoerência, que é mais ou menos contínua e não pode ser reduzida por meio de mais informações, ou seja, significa que um fenômeno tem vários significados e que não é possível determinar qual é "o melhor" (Alvesson, Sveningsson, 2011). A complexidade diz respeito à natureza das atividades das OICs, que são complexas e exigem formas organizacionais mais flexíveis que minimizem a importância de regras rígidas (Alvesson, Sveningsson, 2003a).
O ambiente organizacional nas OICs é caracterizado por mudanças constantes, incoerência, contradição e confusão (Alvesson, Sveningsson, 2003a; Alvesson, Sveningsson, 2011). Cabe ao líder o papel essencial de auxiliar os liderados a lidar com esse ambiente ambíguo e complexo. Somente enfrentando esse cenário é que os líderes poderão conduzir a organização intensiva em conhecimento para o alcance dos resultados desejados (Mckenna, Rooney, Boal, 2009; Alvesson, Sveningsson, 2011).
Um fator que reforça o cenário de ambiguidade e complexidade é a dificuldade no processo de avaliação do desenvolvimento das atividades. Um nível elevado de ambiguidade cria dificuldades específicas para a liderança obter indicadores confiáveis sobre o progresso do trabalho (Alvesson, 2001). É complicado especificar os detalhes exatos de cada estágio do trabalho e esses estágios podem, ainda, ser interpretados de diferentes maneiras (Alvesson, Sveningsson, 2011). Essas condições ambíguas acabam levando a contextos mais criativos e inovadores, por isso muitos autores associam ambiguidade com inovação (Dougherty, 1996; Mintzberg, Mchugh, 1985; Alvesson, 2004).
O perfil dos trabalhadores é um assunto importante quando se discute a liderança em OICs. Em geral, são profissionais com alto nível intelectual que exigem autonomia no desenvolvimento de suas atividades (Oliver, Montgomery, 2000). A política de pessoal nesse tipo de empreendimento é baseada na independência e na liberdade (Alvesson, Sveningsson, 2011; Lank, 1997). O líder é identificado como um facilitador, importante no desenvolvimento de projetos (Alvesson, 1995; Mintzberg, 1998; Alvesson, Sveningsson, 2003b).
Neste tipo organizacional, os líderes precisam moldar as condições organizacionais de forma a permitir o exercício da competência dos trabalhadores, visando ao desenvolvimento de sua criatividade e, consequentemente, um processo de inovação bem-sucedido (Alvesson, Sveningsson, 2003b). Porém, não existe uma forma ideal de liderança nesse tipo de organização, por isso cabe ao líder o trabalho constante de alto nível de conhecimento de análise, síntese e decisões para a promoção de um ambiente inovador (Alvesson, Sveningsson, 2003b; Alvesson, Sveningsson, 2011; Mckenna, Rooney, Boal, 2009).
A liderança é a principal fonte de energia que alimenta e nutre a inovação da organização e aumenta o nível de confiança (Vicenzi, Adkins, 2000). Por isso, os líderes em empresas do conhecimento devem estar comprometidos em estabelecer uma nova forma de trabalhar, novos processos, papéis e ferramentas (Lank, 1997).
A literatura apresenta grande empenho na identificação de comportamentos e habilidades dos líderes nas organizações intensivas em conhecimento (Alvesson, Sveningsson, 2003a; Alvesson, Sveningsson, 2011; Alvesson, Sveningsson, 2003b; Liang, 2007; Kim, Newby-Bennett, Song, 2012; Goodall, 2009; Kalu, 2001).
O comportamento inovador de líderes é fundamental para as OICs promoverem melhorias contínuas e agregar valor aos seus produtos (Alvesson, Sveningsson, 2011; Jong, Hartog, 2007). A liderança nas OICs é entendida como um fator significativo, que influencia o comportamento de aprendizagem e inovação dos trabalhadores (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012). Jong e Hartog (2007) estabeleceram os comportamentos do líder que podem estimular a inovação nos funcionários, associando o comportamento à geração ou aplicação de uma ideia ou ambos, conforme o Quadro 1:
Quadro 1 – Comportamentos dos líderes que influenciam os subordinados
Comportamento |
Consiste em |
Geração de ideia |
Aplicação de ideia |
Papel de modelagem inovador |
Ser um exemplo de comportamento voltado para a inovação, explorando oportunidades, geração de ideias, defendendo e colocando esforços no desenvolvimento |
X |
X |
Estímulo intelectual
|
Avaliar as práticas atuais e estimular os subordinados que tiverem novas ideias |
X |
|
Estimular a difusão do conhecimento
|
Estimular a comunicação de forma aberta e transparente, por meio das estruturas de comunicação, como reuniões de trabalho informais |
X |
|
Proporcionar visão
|
Comunicar uma visão explícita sobre o papel e os tipos preferidos de inovação, fornecendo instruções para atividades futuras |
X |
X |
Consultor
|
Consultar as pessoas antes de iniciar mudanças que possam afetá-los, incorporando suas ideias e sugestões em decisões |
X |
X |
Delegar
|
Fornecer aos subordinados autonomia suficiente para determinar, de forma relativamente independentemente, como realizar seu trabalho |
X |
X |
Apoio à inovação
|
Ser amigável com empregados inovadores, sendo paciente e útil, ouvindo, olhando para os outros em caso de problemas |
|
|
Organizar feedback
|
Garantir feedback sobre conceitos e primeiros testes, fornecendo feedback para funcionários e pedindo a opinião de clientes |
|
X |
Reconhecimento
|
Mostrar apreço por performances inovadoras. |
X |
X |
Recompensas
|
Fornecer recompensas financeiras/materiais para performances inovadoras |
|
X |
Fornecimento de recursos
|
Fornecer tempo e dinheiro para implementar ideias |
|
X |
Monitoramento
|
Assegurar a eficácia e eficiência, verificando o desempenho das pessoas |
X |
X |
Atribuição de tarefas
|
Proporcionar aos funcionários tarefas desafiadoras, fazer provisão, demonstrar compromisso com a atribuição de tarefas |
X |
|
Fonte: Jong e Hartog (2007).
Esses comportamentos do líder são importantes para as OICs, pois suas atividades apresentam alto grau de inovação e são baseadas nas habilidades intelectuais da sua força de trabalho (Alvesson, Sveningsson, 2003b). Em relação as habilidades, os estudos apresentam que os líderes precisam ser habilidosos em influenciar e estimular o comportamento inovador de seus liderados. Liang (2007, p. 119) definiu as principais habilidades do líder:
1. A habilidade especial para executar/orquestrar de forma continuamente inovadora
2. A habilidade especial de utilização de alto nível de conhecimento (foco externo) e atenção (foco interno) de forma eficaz.
3. A habilidade especial para mudar mais rápido do que as alterações que ocorrem no ambiente, inclusive frente aos demais agentes que interagem com o líder, se necessário.
4. A habilidade especial para alimentar uma rápida e efetiva dinâmica de auto-organização, especialmente para resolver problemas.
5. A habilidade especial para liderar a aprendizagem organizacional e o compartilhamento de conhecimentos em todos os níveis.
6. A habilidade especial para apresentar novos conhecimentos, teorias e estratégias, sempre que necessário.
7. A habilidade especial para fazer com que os seguidores explorem o caos de forma inovadora.
8. A habilidade especial para humanizar a organização, levando-a a um nível superior de existência, com uma forma mais inteligente de envolver os trabalhadores, abrangendo novos atributos como compaixão.
O líder no ambiente das empresas do conhecimento é um fator significativo na influência do comportamento de aprendizagem e inovação dos trabalhadores (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012). Estudos demonstram que o comportamento e habilidade dos líderes são importantes no gerenciamento das atitudes que contribuem para o desempenho das organizações intensivas em conhecimento (Kuivalainen, Sundqvist, Puumalainen, 2004; Goodall, 2009).
A liderança no processo de gestão do conhecimento foi uma temática encontrada nos artigos analisados e acredita-se que isso se deve ao próprio ambiente das empresas do conhecimento. Nesse contexto, foi identificada a função da liderança na gestão do conhecimento: de facilitador na criação e compartilhamento do conhecimento (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012; Menkhoff et al, 2006; Edmondson, 2003), conforme o Quadro 2.
Quadro 2 – Papel da liderança no processo de gestão do conhecimento
Papel da liderança no processo de gestão do conhecimento |
Autor (es) |
Os líderes de organizações intensivas em conhecimento desempenham um papel importante como facilitadores da gestão do conhecimento. |
Menkhoff et al, 2006 |
A liderança pode atuar como facilitadora de compartilhamento de conhecimento e parceira na tomada de decisão. |
Kim, Newby-Bennett, Song, 2012 |
A liderança afeta a criação do conhecimento através da cultura e do design organizacional |
Linderman, Schroeder, Sanders, 2010 |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os líderes de organizações intensivas em conhecimento desempenham um papel importante como facilitadores da gestão do conhecimento (Menkhoff et al, 2006), podendo atuar como facilitadores de compartilhamento de conhecimento e parceiros na tomada de decisão. Líderes que visam o compartilhamento de conhecimento contribuem para a melhoria do desempenho da equipe, e, portanto, parece coerente propor que um líder defenda práticas de compartilhamento de conhecimento (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012). A criação de práticas de compartilhamento do conhecimento permite o desenvolvimento de ambientes onde os funcionários se sintam seguros, fazendo perguntas e discutindo, sinalizando para os subordinados a importância da comunicação, bem como melhorar a partilha da informação (Kim, Newby-Bennett, Song, 2012; Alvesson, Sveningsson, 2011).
A liderança no processo de gestão do conhecimento, em última análise, afeta a criação de conhecimento. Dois elementos vinculados à liderança que contribuem para a criação do conhecimento são: a cultura e o desenho organizacional. Os líderes nas OICs precisam estabelecer uma cultura e um design organizacional que se reforçam mutuamente (Linderman, Schroeder, Sanders, 2010).
Este artigo se propôs a realizar uma revisão sistemática sobre a liderança em organizações intensivas em conhecimento. Iniciou-se com um mapeamento quantitativo das publicações científicas sobre o tema em nível nacional e internacional. No Brasil, constatou-se que, até o presente momento, o tema não foi objeto de estudo dos pesquisadores, considerando as publicações dos periódicos selecionados das áreas de Administração e Interdisciplinar (Qualis/Capes), anteriormente referenciados. Em nível internacional, o tema ainda é pouco investigado, despertando maior atenção da academia a partir de 2006. Os estudos são provenientes de pesquisadores concentrados nos Estados Unidos, Reino Unido e Suécia, sendo os autores e instituições desses países que mais contribuem para o tema, com as maiores quantidades de trabalhos publicados.
Nos artigos analisados, detectou-se que a liderança em organizações intensivas em conhecimento é peculiar em razão do contexto onde essas organizações estão inseridas. Entre seus principais desafios estão a ambiguidade e complexidade do ambiente dessas organizações e o perfil dos subordinados, que exigem autonomia, liberdade e independência, dificultando o monitoramento das tarefas por parte do líder. A liderança nas empresas do conhecimento apresenta características e habilidades específicas que enfatizam a importância da comunicação. É ainda relacionada como facilitadora no processo de gestão do conhecimento, em especial nas etapas de criação e compartilhamento do conhecimento.
Espera-se que os resultados apresentados nesse artigo colaborem para a disseminação e conscientização da importância da liderança nas organizações intensivas em conhecimento e contribua para o crescimento das pesquisas sobre o tema, em especial no Brasil, onde não existem publicações nos periódicos pesquisados. Acredita-se que um espaço foi aberto para discussões a fim de que a liderança seja levada em consideração nas empresas que utilizam o conhecimento como principal fator de produção e contribua na estruturação e implementação de suas estratégias.
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1. Doutoranda do Programa Engenharia e Gestão do Conhecimento, UFSC/ Brasil – fabibesen@gmail.com
2. Doutorando do Programa Engenharia e Gestão do Conhecimento, UFSC/ Brasil – edivandro@gmail.com
3. Doutor, Professor do Programa Engenharia e Gestão do Conhecimento, UFSC/ Brasil – 01cunha@gmail.com