Espacios. Vol. 35 (Nº 8) Año 2014. Pág. 3


Utilização de ferramentas da qualidade para melhoria dos processos do setor de hastes flexíveis: o estudo de caso de uma empresa do setor de higienização pessoal

Use of quality tools for improving processes of flexible rods sector: the case study of a company in the sector of personal hygiene

Roselane Bussolo CESCONETO 1; Leopoldo Pedro GUIMARÃES FILHO 2; Adriano Michael BERNARDIN 3; Patricia de Sá FREIRE 4

Recibido: 01/05/14 • Aprobado: 18/06/14


Contenido

RESUMO:
A busca pela melhoria dos processos de produção e a concorrência entre empresas de mesmo ramo produtivo, aliados às exigências dos clientes e consumidores finais, vem intensificando a necessidade de melhoria da qualidade. Neste contexto, surge a questão de pesquisa: como as ferramentas da qualidade podem auxiliar na identificação das principais não conformidades e a idealização de um planejamento visando melhorias do processo de produção? Para responder a esta questão, definiu-se como objetivo identificar e analisar as causas dos problemas do processo de produção em uma indústria de higienização pessoal, localizada no estado de Santa Catarina utilizando as ferramentas da qualidade. Foi realizada uma pesquisa que pode ser classificada como predominantemente qualitativa com o tratamento dos dados quantitativos. Quanto aos fins o estudo é considerado descritivo e quanto aos meios de investigação classifica-se como documental e estudo de caso, pois para entender o fenômeno foi necessário aplicá-lo na realidade de uma empresa. A utilização das ferramentas da qualidade revelou-se fundamental. A realização do ciclo PDCA, por meio de um brainstorming, construção do diagrama de causa e efeito, idealização do planejamento organizado segundo a ferramenta 5W1H, utilização das folhas de verificação e construção de gráficos, foram utilizados como fonte de orientação para a solução de problemas. Como os dados levantados receberam tratamento estatístico foi possível concluir e propor melhorias para o setor em estudo.
Palavras-chave: Melhoria Contínua. Gestão da Qualidade. Gerenciamento por processos.

ABSTRACT:
The search for the improvement of production processes and competition between companies of the same productive sector, coupled with the demands of customers and consumers , has intensified the need for quality improvement. In this context , the research question arises: how the quality tools can assist in the identification of major non- conformities and design a plan for improvements in the production process ? To answer this question , it was decided to identify and analyze the causes of problems in the production process in an industry of personal hygiene , located in the state of Santa Catarina using quality tools . Research that can be classified as predominantly qualitative with the quantitative treatment of the data was performed . As for study purposes is regarded as descriptive and as the means of investigation is classified as documentary and case study , because to understand the phenomenon it was necessary to apply it in reality a company . The use of quality tools proved essential . The completion of the PDCA cycle , through brainstorming , construction diagram of cause and effect , idealization organized according to 5W1H planning tool, use of check sheets and graphing were used as a source of guidance for troubleshooting . As the collected data was statistically analyzed we conclude and propose improvements for the sector under study
KEYWORDS: Continuous Improvement. Quality Management. Process management.


1. Introdução

A intensificação da competitividade auxiliada pelo fenômeno da globalização vem contribuindo para a economia nas últimas décadas com a inserção rápida e eficaz de novas tecnologias nos processos e formas organizacionais (CASSIOLATO, 1999). Como afirmam Hamel e Prahalad (1995), as organizações cujas competências essenciais sejam mais bem desenvolvidas terão vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Assim, neste mundo globalizado, a hipercompetitividade promove a necessidade cada vez mais urgente da agregação de valor aos produtos e serviços ofertados, principalmente a distinção relacionada ao capital intelectual, como à qualidade (FREIRE, 2014). 

O conceito de qualidade sofreu evoluções com o tempo, estudiosos e especialistas criaram definições e métodos a fim de garantir a permanência e a competitividade das organizações. As organizações buscam aprimorar seus métodos de produção. A adoção de sistemas de gestão para melhoria do desempenho e da qualidade oferece garantia de manutenção no mercado competitivo.

Qualidade é uma palavra que necessita ser contextualizada para criar um significado abrangente e ao mesmo tempo ser utilizada em um caso específico. O Quadro 1 apresenta a evolução dos conceitos da qualidade ao longo dos anos.

Quadro 1: Conceitos da qualidade

Autor / ano

Conceito

Feigenbaum  / 1951

Qualidade é uma determinação do cliente, não uma determinação da engenharia, uma determinação de marketing ou uma determinação do gerenciamento geral. É baseada na experiência real do consumidor com o produto em serviço.

Juran / 1964

Qualidade é a adequação ao uso.

Crosby / 1979

Qualidade é a conformidade com os requisitos do cliente

Thomaz / 2001

Qualidade é o conjunto de propriedades de um bem ou serviço que redunde na satisfação das necessidades dos seus usuários, com a máxima economia de insumos e energia, com a máxima proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores na linha de produção com a máxima preservação da natureza.

Slack, Chambers, Johnston / 2002

Definem qualidade como, a consistência com conformidade e as expectativas dos consumidores, afirmam ainda que a qualidade é a adequação entre as expectativas dos consumidores e a percepção deles do produto ou serviço.

Paladini / 2004

O conceito da qualidade envolve múltiplos elementos, com diferentes níveis de importância. Centrar atenção exagerada em algum deles ou deixar de considerar outros pode fragilizar estrategicamente a empresa

Carvalho et al / 2005

Qualidade é um termo que utiliza-se cotidianamente, mas se perguntarmos a diversas pessoas o seu significado, dificilmente chega-se a um consenso

Fonte: do Autor

Por outro lado, o conceito de qualidade tem sofrido mudanças e constantes evoluções com o tempo, devido às exigências cada vez mais rígidas do mercado. A ideia é focalizar toda a atividade produtiva.

O objetivo deste trabalho é identificar e analisar as causas dos problemas do processo de produção de hastes flexíveis, com pontas de algodão, em uma indústria de higienização pessoal, localizada no estado de Santa Catarina. Para tanto, a utilização das ferramentas da qualidade revelou-se fundamental. A realização do ciclo PDCA, por meio de um brainstorming, construção do diagrama de causa e efeito, idealização do planejamento organizado segundo a ferramenta 5W1H, utilização das folhas de verificação e construção de gráficos, foram utilizados como fonte de orientação para a solução de problemas.

2. Gerenciamento da produção

Administração da produção e operações são termos usados para compreender a maneira pela qual as empresas produzem bens e serviços. Slack, Chambers e Johnston (2002) apresentam um modelo de transformação, usado para qualquer atividade de produção, com recursos de entrada (input), que passam por um processo de transformação e tem-se saídas de produtos ou serviços (outputs) para consumidores. Entre os outputs do processo de transformação está a qualidade, como resultado da própria operação ou produção, que é julgada subjetivamente pelos consumidores pelo que lhe é oferecido, o produto. Entretanto, a operação ou produção, que não é vista pelos consumidores, mas percebida através do produto, é passível de interferência da qualidade sobre de seus agentes, tais como mão-de-obra, métodos, meio ambiente, máquinas, matéria-prima, máquinas e manutenção.

A administração da produção considera qualidade, segundo uma visão expandida, importante em todas as áreas funcionais de uma organização. Esse conceito descreve a gestão da qualidade total, criada na década de 50. A qualidade deixou de ser um conjunto de características do produto e responsabilidade apenas de departamento específico para abranger todos os aspectos de produção. Nesse contexto, a qualidade tornou-se um dos objetivos da produção a ser perseguido. Fazer certo as coisas e satisfazer os consumidores fornecendo bens e serviços adequados ao seu propósito proporcionam uma vantagem competitiva de qualidade à empresa.

Gerenciar a qualidade em uma organização indica caminhos para melhorias constantes e progressivas nas áreas ligadas à produção e, também, ao seu desempenho mais amplo. A participação de todos os envolvidos, desde administradores, gerentes, até operários, clientes e fornecedores, é fundamental para que se efetive a melhoria contínua do processo de concepção e fabricação do produto. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), a gestão da qualidade é subdividida em: planejamento, controle, garantia e melhoria da qualidade.  

A melhoria é um assunto constante nas empresas tendo em vista a natureza dinâmica e cada vez mais complexa dos requisitos de qualidade a serem satisfeitos. A melhoria da qualidade é um processo contínuo que permite as organizações encontrar maneiras possíveis para o aprimoramento das atividades e dos produtos, garantindo competitividade no mercado. Pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas para a análise e melhoria dos processos existentes, a fim de aumentar a eficácia e a eficiência deles, proporcionando competitividade aos processos e à empresa.

A Gestão da Qualidade, para conseguir alcançar os resultados desejados, utiliza-se de diversas ferramentas da qualidade. As ferramentas da qualidade tornam possível dispor-se de informações reais de forma sistemática. São recursos aplicados para medir, auxiliar na análise e subsidiar a tomada de decisões no gerenciamento da qualidade. (PEINADO e GRAEML, 2007)

Há um grande número de ferramentas da qualidade, dentre as quais as mais conhecidas são: folhas de verificação, fluxogramas ou diagramas de processo, gráficos de controle estatístico de processo, diagrama de Pareto, histogramas, diagramas de causa e efeito, diagramas de dispersão ou correlação

Ainda há ferramentas complementares: Estratificação; Brainstorming; PDCA; Método 5W1H; Gráficos demonstrativos. As ferramentas da qualidade podem ser usadas isoladamente, mas melhores resultados são alcançados quando se trata de forma sistematizada à solução de problemas. Entretanto, o uso das ferramentas associadas ao trabalho em equipe é essencial para a consequente busca de melhoria da qualidade. Segundo Corrêa e Corrêa (2007, p. 212) "Ferramentas apoiam e auxiliam pessoas na tomada de decisões que resolverão problemas ou melhorarão situações."

3. Metodologia da pesquisa

Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2009), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios de investigação. De abordagem qualitativa, esta pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como descritiva.  Quanto aos meios de investigação classifica-se como documental e estudo de caso, pois para entender o fenômeno na realidade organizacional foi necessário analisar como as ferramentas da qualidade podem ser aplicadas. A empresa de higienização pessoal foi escolhida por acessibilidade de um dos pesquisadores.

A primeira fase da pesquisa de campo iniciou-se com um brainstorming para coletar ideias dos possíveis problemas que envolvem a produção e a qualidade do setor de produção de hastes flexíveis com pontas de algodão. Participaram da atividade o gerente Industrial, o líder do setor de hastes flexíveis o gerente de manutenção, o estagiário na função de supervisor de produção e a estagiária na função de assistente da qualidade.

O problema maior da produção escolhido para ser estudado foi "Aumentar o volume de produção e a qualidade do setor de hastes flexíveis". Acreditava-se que ações direcionadas as causas teriam forte influência sobre o processo e a qualidade do produto.

As causas foram mencionadas de forma aleatória pelos participantes e anotadas em um quadro. Na sequência, as ideias foram separadas segundo o método de categoria 6M e selecionadas para que não houvessem ideias repetidas ou irrelevantes. Essa etapa foi realizada em consenso por todos os participantes. O Quadro 2 apresenta as causas apontadas.

Quadro 2: Causas apontadas para aumento da produção e melhoria da qualidade do setor de hastes

Família de causas

Causas

Mão de Obra

Treinamento, informação, comprometimento

Máquina

Aspiração; pressão de ar, má distribuição (sucção do pegador), Padronização de peças e desgaste

Matéria Prima

Qualidade da Mecha, tipo de Algodão, qualidade da Haste, qualidade do ar comprimido

Método de Trabalho

Manutenção Preventiva, regulagem, padronização, lubrificação, limpeza, sistema de Controle

Medida

Calibração

Meio Ambiente

Temperatura

Fonte: Dados da pesquisa.

Outra forma de coleta de dados foram as inspeções do processo e do produto, com a utilização de folhas de verificação. As folhas de verificação proporcionaram a identificação das não conformidades e forneceram subsídios para o levantamento quantitativo dos dados.

As possíveis causas levantadas pelo grupo forneceram informações que permitiram a construção de um diagrama de causa e efeito, que por sua vez, foi utilizado como fonte de orientação para a criação de um planejamento, que visa a solução para o problema.

A partir desse planejamento, deu-se andamento às atividades. Porém, nem todas serão expostas por não serem de acesso e de competência aos pesquisadores. Entretanto, serão fornecidos os seus status. Por fim, para comprovar a eficácia e a eficiência do planejamento utilizaram-se os dados provenientes das folhas de verificação de três meses.

4. Apresentação dos resultados

Os dados coletados possibilitaram a construção de um diagrama de causa e efeito, que por sua vez, foi utilizado como ferramenta facilitadora na apresentação da relação existente entre o efeito e as causas que o afetam, de forma sumária.

Figura 1 : Diagrama de causa e efeito

Fonte: Dados da pesquisa

O levantamento das causas forneceu subsídios para um planejamento visando resolver o problema de aumento do volume de produção e qualidade do setor de hastes flexíveis. O planejamento idealizado a partir das causas apontadas pelo diagrama de causa e efeito foi idealizado por meio da matriz 5WH1. Para tanto organizou-se a representação dos status das atividades, da seguinte forma: EI - "Em implantação", C - "Concluído" e NC - "Não concluído". As atividades receberam, inicialmente, a codificação EI em seus status, sendo alterados à medida que as atividades foram sendo cumpridas ou fosse alcançada a data limite programada.

O planejamento das atividades visavam melhorias no que se refere a mão de obra, máquina, matéria prima, método de trabalho, medida e meio ambiente. O Quadro 3 apresenta, um exemplo de como foi organizada a matriz 5W1H para as causas apontadas e descreve o planejamento das atividades.

Quadro 3: Mão de obra

Mão de obra

Causa

Atividade

Responsáveis

Data limite

Status

Treinamento

Elaborar plano e instituir treinamentos (Temáticas: Qualidade, operação e liderança)

Ana / Leonardo / Roselane

19/out

C

Contratação de especialista para treinamento do setor manutenção (Falus)

Direção

16 Set

C

Elaborar instrução de trabalho

Ana/Rose

01 set

C

Informação (comunicação interna)

Instituir Reunião (Líder e Qualidade). Periodicidade: Diária

Rose/Ana/Vilson

17/ago

C

Instituir Reunião (Líder e operadoras). Periodicidade: Semanal

Vilson/Leonardo/ Ana/Rose

17/ago

C

Instituir Reunião Semanal do Grupo de Discussão. Periodicidade: Semanal

Vilson/Leonardo/ Ana/Roselane

17/ago

C

Divulgação dos Dados Produção: Semanal

Leonardo

17/ago

C

Comprometimento

Consequência das abordagens de treinamento e informação

Roselane

30/nov

C

Fonte: Dados da pesquisa

A partir da matriz 5W1H foram planejadas as ações que seriam necessárias para resolução dos problemas. Os dados coletados nas folhas de verificação foram computados, estratificados para possibilitar a interpretação da quantidade total de não conformidades encontradas. Estes dados receberam tratamento estatístico para facilitar a análise da sua evolução e possibilitaram a construção de tabelas de frequência, absolutas (fa) e relativas (fr). Salienta-se que não foram coletados dados referentes às atividades não concluídas. A tabela 1 relaciona as inspeções realizadas durante o processo.

Tabela 1: Inspeções no processo

Não conformidade

Agosto

Setembro

Outubro

fa

Fr

fa

fr

fa

fr

Haste faltando na esteira

52

34,7

36

27,9

29

28,4

Falta de algodão nas pontas

41

27,3

26

20,2

19

18,6

Formação de orelhas nos cartuchos

24

16,0

26

20,2

16

15,7

Descrição de Lote incorreta / ilegível

14

9,3

12

9,3

4

3,9

Haste desalinhada na esteira

11

7,3

8

6,2

12

11,8

Alimentador/esteira sujos

8

5,3

18

14,0

20

19,6

Excesso de goma

0

0

3

2,3

2

2,0

Total de não conformidades

150

-

129

-

102

-

 Fonte: Dados da pesquisa

A maior não conformidade encontrada nos meses foi "Haste faltando na esteira", porem pode-se observar redução dos seus valores. Constatou-se diminuição de 150 não conformidades ocorridas no mês de setembro para 129 do mês de agosto, correspondendo a 14% de redução. Comparando-se os meses de setembro e outubro, observou-se diminuição de 27 não conformidades, correspondendo a uma redução de 20,9%. Isso se deve ao fato da implantação dos processos de melhoria contínua na empresa

4.1. Indicadores da qualidade

Foram levantadas as quantidades de inspeções realizadas em cada mês e relacionadas às quantidades de não conformidades extraídas das folhas de verificação. Essas relações permitiram a criação de indicadores da qualidade para não conformidades do processo, IQP, do produto qualitativo, IQL, e do produto quantitativo, IQT. Esses indicadores foram calculados pela equação:

A Tabela 2 apresenta os dados da quantidade de inspeções e de não conformidades e o IQP.

Tabela 2: Indicador de Qualidade para não conformidades do Processo (IQP)

Mês

Número de Inspeções

Número de não conformidades

IQP (%)

Agosto

202

150

74,3

Setembro

212

129

60,8

Outubro

281

102

36,3

Fonte: Dados da pesquisa.

Com os dados da Tabela 2 pode-se construir o Gráfico da trajetória do IQP no tempo de estudo, conforme Figura 2

Figura 2 : Gráfico da trajetória do IQP no tempo

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 2 mostra que houve redução do valor do IQP de 74,3% em agosto para 60,8% em setembro e 36,3% em outubro. A Tabela 3 relaciona os dados da quantidade de inspeções e de não conformidades e o IQL.

Tabela 3: Indicador de qualidade para não conformidades do produto qualitativo (IQL)

Mês

Número de inspeções

Número de não conformidades

IQL (%)

Agosto

194

84

43,3

Setembro

213

34

16,0

Outubro

281

34

12,1

Fonte: Dados da pesquisa.

Com os dados da Tabela 3 pode-se construir o Gráfico da trajetória do IQL no tempo de estudo, Figura 3.

Figura 3: Gráfico da trajetória do IQL no tempo

Fonte: Dados da pesquisa

Verifica-se na Figura 3, redução do valor do IQL de 43,3% em agosto para 16,0% em setembro e 12,1% em outubro. A Tabela 4 apresenta os dados da quantidade de inspeções e de não conformidades e o IQT.

Tabela 4: indicador de qualidade para não conformidades do produto quantitativo (IQT)

Mês

Número de inspeções

Número de não conformidades

IQT (%)

Agosto

185

250

135,1

Setembro

213

154

72,3

Outubro

281

97

34,5

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados da Tabela 4 permitiram a construção do gráfico da trajetória do IQT no tempo de estudo, mostrado na Figura 4.

Figura 4 : Gráfico da trajetória do IQT no tempo

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 4 mostra redução do valor do IQT de 135,1% em agosto para 72,3% em setembro e 34,5% em outubro. Os valores representam reduções de 62,8 pontos de agosto para setembro e 37,8 pontos do mês de setembro para o mês de outubro.

Analisando-se as tabelas 2, 3 e 4, pôde-se constatar, que apesar de ter havido aumento da quantidade de inspeções houve redução nos valores dos indicadores, revelando eficiência e eficácia do planejamento.

Outro indicador criado foi o de qualidade da produção, IQPR. Esse indicador provém da somatória, estratificada por mês, das não conformidades levantados pelas folhas de verificação do processo, do produto qualitativo e quantitativo, relacionada com os valores mensais de produção fornecidos pela empresa.

O indicador de qualidade da produção foi calculado segundo a equação:

Conforme a equação, quanto menor a quantidade de não conformidades, menor o seu resultado. Assim, quanto menor o valor do indicador, quando comparado entre os resultados dos meses calculados, melhor o seu aproveitamento.

A Tabela 5 apresenta os dados da produção, os valores das não conformidades e o IQPR.

Tabela 5: indicador de qualidade da produção

Mês

Produção (unidades)

Quant.de não conform. (Mês)

IQPR (%)

Agosto

951.507

484

0,05

Setembro

801.292

350

0,04

Outubro

1.127.378

267

0,02

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme Tabela 5 houve redução no volume de produção em setembro, comparado ao mês de agosto. Essa redução foi devido a ocorrência do treinamento dos técnicos em manutenção que promoveu um número significativo de paradas das máquinas, impactando no volume de produção. Os tempos de paradas das máquinas não foram levantados por não ser escopo deste trabalho.

De outra forma, observa-se que o volume de produção do mês de outubro foi o maior apresentado nos meses de estudo. Esse fato é devido às atividades propostas pelo planejamento estarem, em sua maioria, concluídas. Apesar de ter havido variação nos volumes de produção, observa-se que as quantidades de não conformidades diminuíram, em valores absolutos e proporcionais.

Os dados da Tabela 5 possibilitaram a construção do Gráfico da trajetória do IQPR no tempo de estudo, Figura 5.

Figura 5: Gráfico da trajetória do IQPR no tempo

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 5 mostra redução do valor do IQPR de 0,05% em agosto para 0,04% em setembro e 0,02% em outubro. Os valores representam reduções de 0,01 pontos de agosto para setembro e 0,02 pontos do mês de setembro para o mês de outubro.

Foram computados os dados provenientes das inspeções do processo para a construção de tabelas, em planilha eletrônica. Para cada uma das cinco máquinas foi construída uma tabela separada, seguindo a mesma metodologia da Tabela 6, que apresenta os dados referentes à máquina 1.

Tabela 6: Inspeções no processo para a máquina 1

Não conformidade

Máquina 1

fa

Fr

Fr

Haste faltando na esteira

47

43,9

43,9

Falta de algodão nas pontas

27

25,2

69,2

Formação de orelhas nos cartuchos

13

12,1

81,3

Descrição de Lote incorreta/ilegível

9

8,4

89,7

Haste desalinhada na esteira

7

6,5

96,3

Alimentador/esteira sujos

4

3,7

100.0

Excesso de goma

0

0

100.0

Total

107

-

-

Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 6 forneceu dados para a construção dos gráficos de Pareto apresentado na Figura 6. Este procedimento foi adotado para se identificar os problemas ocorridos nas demais maquinas da empresa.

Figura 6: Grafico de Pareto para a máquina 1

Fonte: Dados da pesquisa

A não conformidade haste faltando na esteira foi identificada com a maior frequência para todas as máquinas. Sugere-se a implantação de um novo ciclo PDCA, com auxílio das ferramentas da qualidade, focalizado para a solução desta não conformidade, devido a extensão do problema abranger todas as máquinas.

5. Considerações finais

Para responder ao objetivo foi necessário aplicra as ferramentas da qualidade em uma organização do setor de higiene pessoal e, desta forma apresentar a utilização das ferramentas como auxiliadoras para a identificação das principais não conformidades e para a idealização de um planejamento visando melhorias do processo de produção do setor de hastes flexíveis com pontas de algodão foi necessário um estudo exploratório, descritivo e estudo do caso.

Como base nas aplicações e análises realisadas pode-se considerar que:

  •  O Gráfico de Pareto foi construído a fim de identificar os principais problemas ocorridos em cada máquina de produção de cartuchos durante os meses;
  •  Duas máquinas apresentaram como segunda maior frequência de ocorrencia de não conformidade a falta de algodão nas pontas, outra apresentou formação de orelhas no cartucho e a outra apresentou alimentador ou esteira suja;
  •  A segunda maior frequência apresentada em todas as máquinas aponta para não conformidades relacionados às questões técnicas mecânicas, apenas uma relaciona-se à questão operacional, sugere-se que um novo treinamento para os técnicos de manutenção seja realizado;
  •  Este estudo de ser implementado de forma contínua para permitir a criação de um histórico e o estabelecimento de metas a serem cumpridas, visto que os resultados de sua aplicação foram positivos;
  •  Após a implantação do ciclo PDCA e utilização de ferramentas da qualidade, observou-se vários fatores positivos, os quais contribuíram para a melhoria da produção e da qualidade no setor de hastes flexíveis;
  •  A utilização de técnicas de implantação das ferramentas da qualidade e as ferramentas complementares, para a identificação, levantamento e análise, mostraram-se eficientes na resolução de problemas e, como consequência, a melhoria do setor no contexto da qualidade e da produção, conforme pôde ser demonstrado neste estudo de caso pela diminuição nas ocorrências de não conformidades nos meses em estudo;
  •  O conhecimento detalhado das não conformidades ocorridas no processo produtivo, pela utilização de folhas de verificação e construção de gráficos de Pareto, possibilitou proposta de sugestões de melhoria na atividade produtiva e o aumento da qualidade da Empresa;

Por fim, observou-se que a sistematização do planejamento pode impactar no aumento do desempenho da qualidade, comprovado pela trajetória no tempo de estudo por meio dos indicadores criados. O planejamento, por sua vez, demonstrou que a integração de diversas pessoas, de variadas áreas, comprometidas na busca de um objetivo comum, conduz a empresa à competitividade.

Referências

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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

HAMEL, G; PRAHALAD C.K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Ed. Campus.1995.

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PALADINI, Edson P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed São Paulo: Atlas, 2004. 339 p.

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PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre Reis. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Paraná: UnicenP, 2007. 750 p.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 747 p.


1 Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Mestranda – PPGCEM, roseengmat@hotmail.com
2 Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Doutorando PPGCA, lpg@unesc.net
3 Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, PhD, amb@unesc.net
4 Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, PhD, patriciadesafreire@unesc.net


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