Espacios. Vol. 35 (Nº 7) Año 2014. Pág. 8 |
O uso de um blog proposto por meio de atividades webquests como ferramenta de apoio no processo de ensino e aprendizagem no ensino superiorUsing a blog as a support tool in the process of teaching and learning in higher educationSilvana Maria TRAVASSOS 1; Luis Mauricio Martins de RESENDE 2 Recibido: 15/04/14 • Aprobado: 16/06/14 |
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1. IntroduçãoO uso do computador e da internet enquanto recursos metodológicos, sugerindo novas formas de como utilizá-los, são propostas defendidas por autores como: Belloni (1999), Silva (2001), Tedesco (2004), Silva et. al. (2008), Bairral (2009), entretanto, esse assunto é complexo, não se esgotando na simples questão de usar ou não usar, mas demandando a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre esta proposta educacional. A utilização da internet em sala de aula deve ser uma prática permanente no cotidiano de professores e alunos na atualidade, além de ser considerada uma promissora ferramenta pedagógica. Pensando em melhorar a prática pedagógica de ensino, atribuindo significados nas aulas de Gerenciamento de Estoque, este trabalho busca analisar o uso de um blog como ferramenta de apoio no processo de ensino e aprendizagem em dois cursos de graduação. Trabalhar como professora no Ensino Superior nos Cursos de Tecnologia e Bacharelado acentuou meu desejo de buscar alternativas para impulsionar a aprendizagem e promover a interação entre discentes, docente e os conteúdos curriculares, bem como a reflexão crítica dos envolvidos. Esta investigação, desenvolvida resulta da experiência profissional em minha trajetória durante todo um semestre com a proposta de implementar um blog que pudesse disponibilizar conteúdos aos meus alunos dos cursos de Administração e Tecnologia em Logística, que teriam ali um espaço não só de consulta, mas de interação, tanto com os colegas, quanto comigo. O grande desafio dos professores na era da informação digital é ir além dos limites da sala de aula e considerá-la como ponto de partida na busca do conhecimento. Silva (2000, p. 19) enfatiza que "é preciso investir em interatividade na relação professor, alunos e conteúdos curriculares". Diante desses atributos, propus a criação de um blog na disciplina de gerenciamento de estoques, de modo a dar continuidade ao espaço de sala de aula, de forma coletiva e integrada. 2. Revisão de LiteraturaDesafios atuais do ensino na atuação docenteArtigos especializados como Mainginski, et al. (2012) e Moreira (2006b), têm mostrado que professores se deparam com inúmeros desafios e dificuldades na busca por novas pedagogias, particularmente no que diz respeito ao uso das tecnologias computacionais. Utilizar uma pedagogia diferenciada requer uma postura educacional inovadora, além é claro, de ferramentas tecnológicas que permitam que o aluno participe, colabore, desenvolva e adquira conhecimento. Isso se torna um desafio constante na prática docente. Além de atualizar os conhecimentos científicos, de buscar a descoberta de novos métodos e materiais pedagógicos, o professor necessita também de espaço e tempo para reflexão sobre o fazer pedagógico por meio de leituras, pesquisas específicas e trocas de experiências. Segundo Gianotto e Diniz (2010), para que um professor possa promover bom desempenho no exercício da sua profissão, é necessário que este apresente, além de saberes teórico (conteúdos) também conhecimento, habilidades, competências e saberes específicos da docência. Se o professor deixar de ser apenas o repassador de informação e passar a ser o criador de situações de aprendizagem mediando o processo de desenvolvimento intelectual do aluno, haverá grandes possibilidades de os tornar mais independentes. Processos de Aprendizagem SignificativaA ideia mais importante da teoria de Ausubel e suas possíveis implicações ao ensino e aprendizagem de acordo com essa proposta de trabalho, é que "o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigue isso e ensine-o de acordo." (AUSUBEL apud MOREIRA, 2006a, p. 13). Ao falar isso, Ausubel se refere à estrutura cognitiva do aprendiz, ou seja, ao conteúdo e as ideias do indivíduo. "Para que a estrutura cognitiva preexistente influencie e facilite a aprendizagem subsequente é preciso que seu conteúdo tenha sido aprendido de forma significativa". (MOREIRA, 2006a, p. 13). O conceito central da teoria de Ausubel é o de aprendizagem significativa, que ocorre pela estrutura cognitiva de quem aprende, por meio de um processo pelo qual uma nova informação se relaciona. Neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel chama de subsunçor. A respeito do termo "subsunçor" Moreira (2006c, p. 153), afirma que:
O subsunçor é um conceito já existente na estrutura cognitiva do indivíduo, capaz de atribuir significados a essa informação. Pode-se ter como equivalência a ideia de "facilitador" ou "ancoragem". Pode-se dizer então: "que a aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação "ancora-se" em conceitos subsunçores preexistentes na estrutura cognitiva". (MOREIRA, 2006a, p. 15). Isso significa, que num processo de interação pelo qual conceitos mais relevantes interagem com novos conceitos, permite-se ocorrer então uma assimilação em função dessa ancoragem. A aprendizagem significativa caracteriza-se por sua organização e integração de novas informações na estrutura cognitiva do aluno, não apenas por uma simples associação, o que contribui para a elaboração dos subsunçores preexistentes. O conhecimento prévio normalmente é o facilitador da aprendizagem significativa, mas também pode ocasionar um bloqueio nessa aprendizagem. Diante disso, Ausubel afirma que "se fosse possível isolar um único fator como o que mais influencia a aprendizagem, este seria o conhecimento prévio". (MOREIRA; MASINI 2011, p. 21). Portanto, o conhecimento prévio é o fator que mais influencia a aprendizagem de novos conceitos. Segundo Moreira e Masini (2011), as condições para que a aprendizagem seja significativa são: que o material de aprendizagem seja significativo e que o aprendiz esforce-se para relacionar-se com o novo conhecimento significativo e sua estrutura cognitiva. Seguindo essas condições, recursos educativos e conteúdos curriculares devem potencializar significado lógico e a pré-disposição ao aprendiz para aprender. Entretanto, isso só é possível com uma boa conduta direcionada pelo professor. O indivíduo vai aprendendo aquilo que lhe é significativo, e mesmo não ocorrendo, num primeiro momento, uma aprendizagem totalmente correta ou completa, do ponto de vista do conhecimento formal, progressivamente passará a ser o principal fator a influenciar novas aprendizagens. A Visão Crítica de Moreira Também Articulada por Ausubel e Seus SeguidoresSegundo Moreira (2000, p. 4), a aprendizagem crítica é "aquela perspectiva que permite ao sujeito fazer parte de sua cultura e, ao mesmo tempo, estar fora dela". É preciso viver em uma sociedade integrando-se a ela, ou seja, não basta adquirir novos conhecimentos de maneira significativa, é preciso adquiri-los criticamente. Diante dessas questões, o professor, ao ensinar deve observar os princípios de Moreira (2006a, p. 13) listados a seguir:
Seguindo os argumentos de Moreira (2006), o primeiro princípio implica a interação e o questionamento como elementos na facilitação da aprendizagem significativa crítica. Mais importante que aprender respostas prontas é aprender a perguntar. O segundo princípio, enuncia que devemos aprender a partir de diversos materiais educativos, abandonar o material único, aquele que fornece uma única visão, ou seja, que fornece "respostas certas" e que impede ao questionamento. O terceiro princípio denota que a aprendizagem pode ser aprendida pelo erro, erramos e aprendemos continuamente. Isso desvincula aquela antiga ideia de que o aluno é um receptor de respostas certas, e que devem ser memorizadas e reproduzidas sem erros. No quarto princípio, o aluno é visto como perceptor que aprende, percebe e representa o que está sendo ensinado. O quinto princípio contribui para facilitar a aprendizagem significativa crítica, onde afirma que o significado está nas pessoas e não nas palavras. O sexto menciona sobre a incerteza do conhecimento, e que isso não é algo negativo, mas indica que não faz sentido ensinar dogmaticamente, pois o conhecimento humano evolui constantemente. O conceito que temos hoje sobre determinado assunto dará origem a outros mais elaborados e ainda melhores amanhã. O sétimo refere-se ao conhecimento prévio que, da mesma forma que pode ser um grande facilitador da aprendizagem significativa, pode ser também, um inibidor. Isso quer dizer, que o sujeito não percebe novos significados. Nesse caso é preciso aprender a não usá-lo como ideia âncora. Esse é o sentido de desaprender. O oitavo considera que tudo o que chamamos de "conhecimento" é linguagem. Isso significa que a chave da compreensão de um "conhecimento", ou de um "conteúdo" é conhecer sua linguagem. Em uma "disciplina", tudo o que é conhecido nela, é inseparável dos símbolos em que é codificado o conhecimento nela produzido. Ensinar Biologia, Matemática, História, Física, Literatura ou qualquer outra "matéria" é, em última análise, ensinar uma linguagem, um jeito de falar e, consequentemente, um modo de ver o mundo. (MOREIRA, 2000, p. 8). E o último princípio sugere o abandono do quadro de giz, que simboliza aquele ensino em que o professor escreve, o aluno copia e reproduz. O quadro de giz tem sido substituído por coloridos slides em PowerPoint, o que dá no mesmo. Utilizando os princípios de Moreira e das articulações de Ausubel e seus seguidores, em busca por uma aprendizagem significativa crítica, faz-se necessário, à diversificação de estratégias metodológicas, de modo a estimular a participação ativa e responsável do aluno por sua aprendizagem com significado. Essas dúvidas estão sendo estudadas há muito tempo pelas áreas de estudo da filosofia e da ciência. Santos (2009) sinaliza a importância de considerar que a dimensão do conceito de aprendizagem, caracteriza-se ao ato de "aprender a aprender". Diante de todas as discussões articuladas em torno da aprendizagem e do conhecimento, Martins (2009, p. 39) acrescenta "se na vida há muitas maneiras de aprender, também existem muitas formas de ensinar", entretanto, é bom lembrar que não adianta nada ter ótimas estratégias se a sua aplicação na educação não produzir resultados satisfatórios. O uso de ferramentas com base na internet como apoio ao ensinoNa área da educação, a influência da internet é visível e ela desvincula o conceito de ensino e aprendizagem localizado e temporalizado, potencializando o conceito de que a aprendizagem pode ocorrer em vários lugares, ao mesmo tempo. A internet é um recurso tecnológico que pode criar ambientes de aprendizagem inovadores e desafiantes, além de permitir a disponibilização de materiais, a realização de consultas e pesquisas. É importante destacar que a internet e a web (world wide web) não são palavras sinônimas, embora, esses termos, sejam frequentemente utilizados como tal. Segundo Monteiro (2001), a web é considerada uma plataforma de interface que permite a troca de informações multimídia (textos, sons, gráficos, vídeos) por meio da estrutura da internet, como por exemplo, o e-mail. As redes atraem os estudantes que tem o hábito de utilizar a internet, que descobrem coisas novas e que gostam de compartilhá-las, entretanto, podem perder-se entre tantas conexões, tendo dificuldade, em escolher o que é significativo, em fazer relações, em questionar afirmações problemáticas. Uma alternativa para resolver a dispersão do foco de estudo na internet é a utilização da webquest, considerada uma importante ferramenta metodológica, para organizar o processo de ensino, utilizando recursos da internet, que podem direcionar os alunos, para ambientes de aprendizagem, de modo que estes, construam seus próprios conceitos significativamente. A webquest é uma atividade didática para os ensinos Fundamental, Médio e Superior para incluir nas aulas a Internet, em especial a busca de informação na rede. Pode desenvolver o pensamento reflexivo e crítico dos alunos, como também estimular a sua criatividade. O principal objetivo da webquest é desenvolver a pesquisa dos alunos em sites da Internet com critérios e perguntas especificadas pelo professor. A busca pode ser realizada em grupos ou individualmente, conforme o tempo disponível e o tema curricular abordado. Contudo, é importante ressaltar que apresenta melhores resultados se realizada em grupos. O blog como ferramenta de apoio ao processo de ensinoExistem diversificados tipos de blog com as mais variadas finalidades de uso, entretanto, uma característica bem interessante dessa ferramenta é o fato de, cada blog conter links para outros blogs e páginas, que leva o público adepto, a visitar outros endereços, criando assim uma comunidade em torno do mesmo assunto ou assuntos semelhantes. O que começou como um diário online, muitas vezes desenvolvido com o nome do autor, evoluiu rapidamente para um espaço temático de opiniões. Sua facilidade de edição online contribuiu para o sua rápida expansão e grande sucesso. O blog evoluiu e já integra vários formatos, que suportam fotos, vídeos, além das tecnologias móveis, onde surge mais um neologismo, o moblog (móbile + weblog), que consiste em publicar conteúdo na internet por meio de um dispositivo móvel, como o telefone celular. Segundo Barbosa e Granado (2004) os blogs podem ajudar professores e alunos a comunicar-se melhor, possibilitando então, uma comunidade de aprendizagem, em torno de um tema de interesse, multiplicando as possibilidades de se encontrar mais soluções, ao possibilitar a intervenção e o diálogo com mais pessoas. Efimova e Fiedler (2004) detectam interessantes características nas aprendizagens de comunidades de blogs. A aprendizagem acontece graças às várias contribuições, que podem ser induzidas, por grupos organizados, de caráter acadêmico. Além disso, a leitura regular de blogs bem direcionados permite novas aprendizagens, porque apresentam novas perspectivas e promove uma reflexão sobre a própria aprendizagem. Para Costa (2005), em qualquer disciplina é possível utilizar o blog como ferramenta pedagógica, que pode ser de produção de textos, análise de obras literárias, relatórios de visitas de estudos, publicação de fotos, desenhos e vídeos produzidos por alunos. 3. MetodologiaPlanejamento das atividadesEste trabalho se dividiu em 8 atividades que, veiculadas por meio de um blog, onde se fez o uso da ferramenta Webquest. Neste contexto, foi proposto aos alunos, questões norteadoras que, apoiadas na estrutura cognitiva dos mesmos, apresentaram novas informações em uma dinâmica de aprendizagem significativa e crítica. O trabalho de campo se deu em sala de aula e por meio de um blog já construído pela professora pesquisadora unicamente com o objetivo de servir de suporte a aplicação da Webquest como ferramenta facilitadora do processo de ensino e aprendizagem. Nesta pesquisa, aplicada na disciplina de Gestão de Estoque, duas turmas foram envolvidas: Turma A, com alunos de um terceiro período do curso de administração, em dois encontros semanais, de uma hora e trinta minutos e com 50 alunos matriculados e Turma B, com alunos do segundo período do curso de tecnologia em logística, com um encontro semanal, também com duração de uma hora e trinta minutos, contendo 20 alunos matriculados. Na turma A foram formadas 9 equipes e na turma B, 4. Estes grupos foram mantidos ao longo do semestre letivo a fim de realizar as 8 atividades previstas. Além das atividades em grupo, houve também uma atividade individual respectiva, onde a cada aluno foi solicitado expressar seu entendimento acerca do tema específico que é tratado na atividade. Aplicação das webquestsAs oito atividades propostas ao longo do semestre foram desenvolvidas utilizando a estrutura de webquest como ferramenta de trabalho. A estrutura de todas as atividades foi semelhante, divididas em 5 etapas, como descrito a seguir. Primeiramente, antes da atividade ser proposta, foi ministrada uma aula sobre o tema, com a duração de 100 minutos no caso da turma A e 50 minutos no caso da turma B. Após assistirem as aulas, foi proposto aos alunos realizarem a primeira etapa, que consistiu em acessar o blog e realizar as leituras recomendadas, assistir aos vídeos disponibilizados e procurar mais informações sobre o tema específico da atividade. Na segunda etapa, em sala de aula, os grupos previamente formados deveriam discutir acerca das informações recebidas, a partir dos recursos disponibilizados no blog e outras fontes, a fim de elaborar uma resposta com 150 a 250 palavras. A terceira etapa consistiu em apresentar a resposta construída pelo grupo, postada no blog. Esta etapa deveria ser cumprida no máximo até o domingo posterior à aula em que o grupo formulou a resposta após a discussão. Na quarta etapa o aluno teria que desenvolver uma análise individual a respeito de, ao menos, uma resposta formulada por outro grupo que não o seu. Este comentário deveria ser postado no blog até a semana seguinte à prevista para os grupos postarem as respostas por eles formuladas. A quinta e última etapa foi avaliar os comentários e análises feita pelo docente, o que deveria ocorrer em sala de aula. Esta última etapa visou estabelecer uma síntese do conteúdo discutido, possibilitando àquele discente que não chegou a uma síntese satisfatória, ter um apoio para seguir o curso da disciplina. 4. Análise dos ResultadosO blog foi usado pela professora pesquisadora das duas turmas como um arquivo de conteúdos das aulas de Gerenciamento de Estoques Logísticos, disponibilizados online. Diante disso, para responder os objetivos desta pesquisa buscou-se, à luz das respostas de cada grupo e dos comentários individuais postados no blog, bem como, das respostas dos questionários avaliativos quanto ao uso do blog, aplicados ao final do semestre com seus participantes, os indícios tanto das reflexões quanto das dificuldades enfrentadas pela professora durante a experiência e da receptividade dos alunos com a implantação desse recurso. Atividades Desenvolvidas com alunosEsta pesquisa apresenta sua análise dos resultados onde se observa aula por aula, e se obedece à ordem dos acontecimentos: Atividade I - Aula 1 – De que modo uma boa gestão de estoques pode reduzir custos logísticos? Atividade II - Aula 2 – De que depende a tomada de decisão no que se refere a usar ou não o lote econômico de compra? Atividade III - Aula 3 – O que é necessário levar em consideração no momento de preparação e planejamento de um inventário físico? Atividade IV - Aula 4 – Acurácia do Estoque Atividade V - Aula 5 – De que forma a classificação ABC do estoque, pode contribuir significativamente, na programação de compras de materiais de forma racional e rentável? Atividade VI - Aula 6 – Indicadores como giro e cobertura contribuem positivamente na gestão de estoque. Eles dependem de vários fatores para equacionarem uma boa lucratividade? Quais seriam esses fatores? Atividade VII - Aula 7 – Qual a finalidade de manter estoques de segurança nas empresas, mesmo que estas busquem trabalhar de acordo com a filosofia Just in time? Atividade VIII - Aula 8 – De que modo uma boa gestão de estoques diminui custos? Análise na visão do alunoEsses dados foram coletados a partir da aplicação de dois questionários A e B e apresentados no formato de gráficos, quadros e de árvores de associações, usando uma abordagem qualitativa, a fim de dar visibilidade aos dados coletados nos questionários, aplicados ao final do semestre, com as turmas de Administração e Logística. Nas árvores, são apresentadas categorias e subcategorias que ilustram os sentidos articulados pelos sujeitos da pesquisa. Ao final de cada fragmento é assinalado o sujeito que proferiu tal fala através da identificação das Iniciais do nome de cada indivíduo. O primeiro questionário aplicado apurou se antes de usar o blog nas aulas de Gerenciamento de Estoques, os alunos já haviam usado algum outro, ou já tinham prática no uso de blogs. De um total de 49 alunos pertencentes à turma do curso de ADM, 90% ainda não haviam usado e não possuíam nenhuma habilidade na utilização de blogs. Na turma de LOG a proporção não ficou muito diferente, 83% da turma, também desconheciam essa prática e não apresentavam familiaridade ao uso desse recurso. Dentre os que responderam 10% e 17% respectivamente, que já tinham utilizado anteriormente, as razões apresentadas foram: por motivos de uso pessoal e não para a aprendizagem, na criação de blogs com menores recursos e na disciplina de ferramentas virtuais, no ensino à distância. Dentre as percepções evidenciadas nos relatos dos discentes, primeiramente se destaca a facilidade na interação. Esta informação pode ser visualizada na fala "o blog trouxe facilidade na interação" (D. D. S. - ADM) Esta facilidade na interação que foi proporcionada pelo blog, vai ao encontro do referencial teórico, no qual Moreira (2006c), afirma que num processo de interação pelo qual conceitos mais relevantes interagem com novos conceitos, significa que ocorrerá uma assimilação e consequentemente a aprendizagem. Aponta-se também a contribuição do blog para o aprendizado de novas tecnologias, "o blog ajudou no aprendizado de novas tecnologias" (R. P. - ADM), que reforça a importância de se utilizar novas práticas de ensino, com o auxilio da tecnologia. Isso significa que uma ação pedagógica bem planejada pelo docente, pode possibilitar o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do discente. Dentre as percepções evidenciadas nos relatos dos discentes, observam-se também os benefícios que a disponibilidade do material, conteúdo online, propiciou aos mesmos: "tínhamos todo o material disponível para estudo, sempre que estivéssemos conectados à internet" (E. F. - ADM). Menciona-se ainda que materiais disponíveis facilitam o aprendizado, que torna o processo mais dinâmico, possível de ser acessado em qualquer horário e local e que amplia a capacidade em estudar, por se tratar, de um material mais direcionado. A turma de LOG acrescentou em seus comentários, sobre a contribuição do blog, a categoria enriquecimento do conhecimento pré-existente, onde aparece a seguinte fala: "nos proporcionou uma compreensão além do que já se tinha antes" (A. P. V. M.). Outras percepções positivas apresentadas pelos discentes é que o blog serve como fonte de pesquisa, uma vez que contribui e incentiva o aluno a buscar informações. Menciona-se também o fato do blog disponibilizar material auxiliar, o que ajuda, a esclarecer dúvidas, por meio de vídeos complementares. As categorias que ilustram: a interação entre teoria e prática e a contribuição para a aprendizagem das atividades práticas no mercado de trabalho, auxiliaram na construção do conhecimento do conteúdo relacionado às operações logísticas. Observa-se que a turma de LOG sabia muito da prática e necessitava de um melhor desenvolvimento da teoria. Na turma de ADM é totalmente o contrário. Dessa forma, o blog possibilita reavivar os subsunçores formados durante a assimilação do material acessado, propiciada pela interação entre os próprios discentes, entre os discentes com o docente e com a tecnologia. Após a aplicação do primeiro questionário A, buscou-se realizar por meio de outro questionário, B, uma avaliação quanto ao uso do blog nas aulas de Gerenciamento de Estoques. Os resultados apurados quanto ao uso do blog, relatam que a grande maioria dos alunos de ambas as turmas disseram achar o blog muito fácil em sua utilização. Aqueles que sentiram uma razoável dificuldade em utilizá-lo alegam as seguintes razões: pela dificuldade na escrita, pela falta de tempo, pelo aumento do grau de dificuldade implícito nas aulas e consequentemente nas atividades propostas, pela dificuldade em compreendê-lo da maneira correta, pela dificuldade na compreensão de alguns conceitos e pela falta de acesso à internet fora do ambiente acadêmico. No que se refere às explicações que foram dadas pela professora, para se ter acesso ao ambiente virtual e conseguir dessa forma, utilizar o blog, observa-se que as respostas obtidas, por ambas as turmas, são unânime e totalmente satisfatórias, o que demonstra que os pesquisados compreenderam as instruções e aprenderam a utilizá-lo. As razões pelas quais as explicações foram satisfatórias é o fato de que foi utilizada uma linguagem simples, clara, didática, objetiva e que o ambiente do blog era explicativo, de fácil acesso e visualização. Constatou-se também que 63% dos alunos da turma de ADM e 72% da turma de LOG ainda não haviam utilizado esses recursos em suas práticas acadêmicas. Apenas (37%) e (28%) respectivamente, desses respondentes, informaram que já tiveram alguma experiência no uso desses recursos tecnológicos. Ao serem questionados quanto ao uso do blog ser uma forma viável de aprendizado, as respostas se apresentam bem positivas. 94% dos alunos de ADM e 89% dos alunos de LOG. Aqueles que consideram o blog interessante e estimulante para a aprendizagem (40) ADM e (18) LOG elucidam que é porque acaba gerando debates sobre o assunto e com isso gera conhecimento, porque um aprende com o outro, porque muitos comentários levantaram algumas dúvidas, que despertaram a vontade de aprender, porque propicia a interação coletiva, porque exige leitura e entendimento, incentiva novas ideias e nos faz refletir. A pesquisa revela também a opinião dos discentes sobre a utilização dessa mesma metodologia de ensino em outras disciplinas. 63% dos alunos de ADM e 89% de LOG são favoráveis. Os motivos favoráveis são em virtude de permitir um conhecimento amplo, facilitar o entendimento da matéria, tirar o aluno do comodismo, estimular a pesquisa, auxiliar nas dúvidas, estimular o aluno a ir à busca do conhecimento, deixar as aulas menos cansativas e servir de suporte para a disciplina, deixando-a estruturada em um plano estratégico de ensino. Os motivos desfavoráveis alegados são porque é meio trabalhoso, porque o fato de não possuir acesso frequente a internet dificulta o trabalho, que prefere aulas tradicionais, pois é mais cômodo, que sobrecarrega o aluno e que toma muito tempo. As árvores que se referem à contribuição da webquest nas atividades propostas, como estímulo para a aprendizagem construídas por meio da pergunta número três, do questionário A, identificaram que as atividades webquests são capazes de proporcionar uma aprendizagem significativa de modo a contribuir no aprendizado dos sujeitos, principalmente no que se refere a aliar as teorias estudadas à prática profissional. Essa vinculação é uma tendência atual nos cursos de graduação e tecnologia. Isso pode ser evidenciado no recorte que se refere ao novo método e estratégia de ensino, onde os alunos relatam que as atividades webquests "ajudam a entender bem a utilização dos métodos" (D. O.), que "Incentivou a buscar respostas para questões não cotidianas" (K. E. R.), que "Permitiu sair da rotina" (R. S. C.), além do que, "Trata do cotidiano dentro da logística" (E. L. S). Fica evidente a contribuição que a ferramenta webquest, apoiada pelo blog, possibilitou no incentivo à pesquisa e aquisição de informações para se desencadear a aprendizagem. Nota-se com essas evidências que o uso do blog como ferramenta de apoio ao ensino pode contribuir positivamente para a aprendizagem significativa. 5. Considerações FinaisUtilizar de novas metodologias educacionais, unificando-as às tecnologias, representa uma iniciativa em consonância com as tendências da educação contemporânea. Diante disso, constata-se que a utilização da ferramenta webquest amparada por um recurso tecnológico, o blog, instigou o desenvolvimento no processo de aprendizagem significativa, que contribui para a ampliação dos conhecimentos dos alunos. Despertou-lhes a curiosidade e o interesse pelos conteúdos trabalhados, percebido de forma espontânea e gradual, como já descrito na análise dos resultados deste trabalho, diante as trocas verbais e escritas, com a participação efetiva nas atividades propostas e no entusiasmo em realizá-las. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, observou-se um progressivo avanço dos alunos. Uma postura inicialmente insegura, pouco clara e, muitas vezes, incoerente frente às questões colocadas acerca do conteúdo abordado, gradualmente foi dando lugar a posicionamentos e respostas coerentes, aliadas à procura de mobilizar os conhecimentos trabalhados em sala de aula, evidenciada nos relatos e nas discussões coletivas. Comprova-se aquilo que Ausubel chama de subsunçores, devido ao fato da turma de LOG já possuírem facilitadores para compreender melhor as atividades e seus respectivos conteúdos, uma vez que a maior parte desses alunos, já atua no mercado de trabalho. É possível enxergar também, a receptividade e o aproveitamento dos alunos da turma de LOG, em relação ao novo formato de aula e as atividades denominadas webquests, durante a aplicação desta pesquisa. Na visão do próprio aluno "o blog trouxe facilidade na interação" (D. D. S.), "ajudou no aprendizado de novas tecnologias" (R. P.), além do que, "disponibiliza todo o material para estudo, sempre que estejam conectados à internet" (E. F.). Outro fator muito importante destacado na pesquisa é que embora o curso de LOG tenha tido, neste semestre específico da aplicação desta pesquisa, uma carga horária inferior ao de ADM, ainda sim, foi possível obter um aproveitamento muito positivo em relação ao conteúdo trabalhado nesta disciplina. Foi possível cumprir todo o cronograma das atividades propostas, assim como, a ementa do curso com seu conteúdo programático. Constata-se, portanto, que blog é uma forma viável de aprendizagem, 94% dos alunos de ADM e 89% dos alunos de LOG confirmaram isso. Essa afirmação vai ao encontro do referencial teórico desse estudo, ao relembrar que em qualquer disciplina é possível utilizar o blog como ferramenta pedagógica e que professores devem sim utilizar destes sistemas digitais, como complemento ao ensino presencial. Por fim, verifica-se que a metodologia requer constante atualização realizada pelo docente, tornando-a uma ferramenta ajustável às necessidades de cada disciplina, bem como de cada professor. 6. ReferênciasAUSUBEL, D. Psicologia educacional: um punto de vista cognoscitivo. 1ª edição, México: Trillas, 1976. BAIRRAL, M. A. Tecnologia da informação e comunicação na formação e educação matemática. Rio de Janeiro: EDUR, 2009. BARBOSA, E.; GRANADO, A. Weblogs: diário de bordo. Porto (POR): Porto Editora, 2004. BELLONI, M. L. Educação à distância. Campinas (SP): Autores Associados, 1999. COSTA, M. Blogs como ferramentas pedagógicas. 2005. Disponível em: <http://caicmariano.blogdrive.com>. Acesso em 13 maio 2012. 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