Espacios. Vol. 35 (Nº 4) Año 2014. Pág. 15 |
Egressos do curso de especialização em contabilidade da UFPR: Análise do desenvolvimento profissional sob a ótica da teoria do Capital humanoA gestão do conhecimento e desenvolvimento organizacionalFranciele Machado de SOUZA 1, Romualdo Douglas COLAUTO 2 Recibido: 29/01/14 • Aprobado: 18/03/14 |
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1. IntroduçãoO final do século XX foi marcado por uma série de mudanças no ambiente empresarial, que refletiram em várias áreas profissionais, acarretando mudanças em diversos setores da economia.Essas transformações compartilhadas com a ciência contábil moldam uma abordagem inovadora, onde o profissional contábil viabiliza novos caminhos, que instrumentalizam as suas atividades pelo acompanhamento de tais informações. Nesse novo enfoque, o contador é visto como um facilitador de mudanças nas organizações e como tal, deve mostrar suas diversas habilidades e competências. Atualmente, para o mercado de trabalho, não basta possuir uma graduação em Ciências Contábeis, é exigido buscar diferenciais competitivos em sua formação acadêmica, bem como competências que o torne apto a atuar frente às rápidas mudanças ocorridas no ambiente empresarial. Observa-se que, a qualificação universitária obrigatória foi substituída pela exigência de pós-graduação e as empresas passaram a cobrar dos seus colaboradores a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos em situações empresariais que se transformam a cada dia (Frezatti, Kassai, 2003). De modo que Antonelli, Colauto e Cunha (2012) destacam que a necessidade de aprimoramento de competências individuais na área contábil se intensificou devido as recentes alterações na legislação societária brasileira em 2007 e a convergência das normas de contabilidade às normas internacionais (IFRS).Com isso, a qualificação profissional e o treinamento constante passaram a ser fator determinante de sua empregabilidade. Dessa forma, o caminho para os contadores manterem suas habilidades e conhecimentos e atuarem efetivamente com capital humano é se comprometendo com um aprendizado contínuo e vitalício, que afetará todos os profissionais contábeis, tanto como indivíduos quanto como empregadores (Crawford, 1994). Dentro deste contexto, as Instituições de Ensino Superior (IES) desenvolvem um papel importante na atualidade, pois seu objetivo é instruir e capacitar às pessoas. É por meio das IES que as pessoas concluem seus estudos nas suas áreas específicas, para que possam entrar mais preparadas para o mercado de trabalho (Oro et. al., 2010). Crawford (1994) já mencionava que o crescimento do investimento em capital humano é um fenômeno mundial, com níveis médios de educação elevando-se em todos os países desenvolvidos. Estes níveis educacionais também estão se elevando nos países do Terceiro Mundo, refletindo em melhorias nas taxas de alfabetização e na transição destes países de sociedades agrícolas para industriais. Dados da Coordenação para o Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior [CAPES] indicam um aumento de 38% do número de programas de pós-graduação Stricto-sensu no Brasil e de 33% no total de discentes de pós-graduação entre 2006 e 2011 (CAPES, 2013).Os dados não existem para os cursos de Especialização, mas o aumento do oferecimento de programas pode ser constatado baseado nos índices citados. De modo que, entender o quanto a educação contribui para o sucesso profissional e social é relevante principalmente porque a educação constitui num investimento financeiro, independente se é financiado pelo Estado ou por recursos próprios (Cunha, 2007). A partir dessa reflexão, pode-se afirmar que a carreira destes profissionais evolui de acordo com os preceitos da teoria do capital humano, em que com o investimento em educação e aperfeiçoamento, incide em crescimento intelectual do contador, que acumula conhecimentos que são utilizados em suas diferentes atividades (Luis et. al., 2012). Com isso, aguça-se o interesse por melhor entender como o curso de pós-graduação lato sensu, contribui para o desenvolvimento profissional, pessoal e social e, consequentemente, de que forma promoveamelhoriade vida destesegressos.Assim, a pesquisa pretende-se responder a seguinte questão-problema: Qual a percepção dos egressos de cursos de lato sensu sobre o desenvolvimento do profissional de contabilidade?E o objetivo deste estudo consiste em analisar a percepção dos egressos de cursos de lato sensu sobre o desenvolvimento do profissional de contabilidade. A educação em Ciências Contábeis é um tema ainda pouco discutido e estudado no Brasil. Apesar de existirem várias pesquisas sobre o tema, as premissas da teoria do capital humano vêm sendo pouco explorados de forma analítica, pois ainda carecem de estudos capazes de apresentar evidências empíricas que comprovem que a educação aumenta os rendimentos e a empregabilidade do profissional contábil. Em decorrência do exposto, emerge a relevância desta pesquisa com fonte de consulta para os atuais e futuros alunos, também às instituições de ensino superior, além de possibilitar ao Departamento de Contabilidade da UFPR uma compreensão das contribuições do programa para os indivíduos e para a sociedade. 2. Referencial TeóricoUm dos precursores da teoria do capital humano foi o filósofo Adam Smith, que já afirmava a influência que a escolaridade exercia sobre o mercado de trabalho. Foi ele o introdutor da noção do ser humano como capital no seu clássico intitulado Riqueza das nações, em 1776 e, também, quem formulou as bases do que mais tarde se tornaria a ciência do capital humano (Cunha et. al., 2010). No entanto, só na década de 1960, com o surgimento da Teoria do Capital Humano por Theodore W.Schultz, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1979, que se começou a atribuir valor ao fator humano pela sua capacidade de gerar serviços (Cunha,2007). A característica principal do capital humano é que ele parte do homem. Configura-se como capital, porque é fonte de satisfações futuras, ou de futuros rendimentos, ou ambas as coisas. E é humano, porque se torna parte do homem. No entanto, o capital humano não é um ativo que pode ser comercializado, mas pode ser obtido, não como um ativo que se compra no mercado, mas com investimento no próprio indivíduo (Schultz, 1973). Schultz (1973) propõe tratar a educação como uma forma de investimento, pois ela se torna parte da pessoa que a recebe e pode ser repassada de geração a geração. Portanto, é uma forma de capital humano. Sua proposta baseou-se na hipótese de que alguns aumentos importantes no rendimento nacional americano seriam consequência dos crescimentos dessa forma de capital. A teoria do capital humano estabelece, portanto, uma explicação importante para a atribuição da educação no aumento da produtividade e como o principal fator de explicação para os diferenciais de renda observados no mercado de trabalho. As premissas desta teoria, proposta por Schultz, sustentam a valorização que a qualificação profissional vem recebendo no Brasil, nos últimos anos, e está relacionada à evolução dos processos sociais da história (Cunha et. al., 2010). Portanto, elevações nos níveis de capital humano dos indivíduos não geram apenas significativos aumentos na produtividade e nos salários. Elevam também a competitividade das empresas, o bem-estar dos empregados e a vida da comunidade como um todo. Destacam-se também, outros benefícios, tais como, a diferenciação e estabilidade profissional, status, prestígio, respeitabilidade e reconhecimento, dentre outros (Cunha et. al., 2010). Contudo, observa-se que o capital humano está intrínseco a cada um, de forma que pode ser elaborado, reelaborado e cultivado, dentro do contexto de cada organização. De forma que a educação continuada é o meio para manutenção do capital humano, pois ela interfere no empenho do profissional, tornando-o inovador, porque o estimula à competitividade (Oro et. al., 2010). Desta forma, pode–se afirmar que a carreira do profissional contábil evolui de acordo com os preceitos da teoria do capital humano, que através de investimentos em educação e aperfeiçoamento, incide em crescimento intelectual do contador. 2.1 Pesquisas nacionais e internacionais precedentes sobre o temaDiversos estudos internacionais comprovaram a eficiência da escolaridade em proporcionar benefícios aos indivíduos. Dentre eles, Anchor e Fiserová (2010) estimaram as taxas esperadas de retorno financeiro do ensino superior na República Checa em comparação com os investimentos em educação no sistema Inglês. Inicialmente, os estudantes universitários foram convidados para estimar seus ganhos esperados com e sem um diploma universitário em dois pontos no tempo. Os resultados mostram que os estudantes percebem o ensino superior como um investimento lucrativo e que as taxas de retorno variam de acordo com sexo e local de estudo. Já Winters (2011) investigou os efeitos do nível de capital humano e a presença de instituições de ensino superior sobre a qualidade de vida nas áreas metropolitanas dos Estados Unidos. Os resultados encontrados indicam que a qualidade de vida é influenciada positivamente tanto pelo nível de capital humano, quanto pela presença das instituições de ensino superior. Conclui-se que as universidades melhoram a qualidade de vida nas zonas circundantes e cerca de 30% desse efeito vem através do aumento do nível local do capital humano. Neste sentido, Askari (2011) realizou um estudo com o objetivo de investigar como os profissionais veem o papel da educação formal na construção de capital humano. O autor relata que as pessoas precisam entender a relação entre educação e seu capital humano para justificar o tempo e dinheiro que eles investiram para obter a sua educação. O estudo revelou que uma boa educação é um fator chave para o sucesso dos alunos, no entanto deve ser levado em consideração o poder das conexões sociais, para fazer desse sucesso uma realidade. O capital humano tem sido estudado há vários anos no Brasil, no entanto, trabalhos mais profundos sobre esse tema são mais recentes. As pesquisas brasileiras na área contábil de Fresati e Kassai (2003), Cunha (2007), Moraes (2009), Oro et al. (2010) e Luis et. al.(2012)revelamque,deformageral,osegressosobtiveramum aperfeiçoamento do capital humano com a titulação, melhorando o nível de renda, competitividade profissional, tendo impacto positivo em suas vidas. Neste contexto, Frezatti eKassai(2003)realizaramumlevantamentoda evolução dos salários pré e pós cursar MBA em Controladoria, do alcance de novos níveisnacarreiraeatémesmoaposturaeaquisiçãodecompetências.Sua pesquisa buscou detectar os fatores que determinam o sucesso dos egressos dos cursos de MBA em Controladoria. Concluíram que 58% dos egressos do programa tiveram evolução profissional na carreira e cerca de 66% avaliaram positivamente o impacto causado pelo curso. Por outro viés, Cunha (2007) realizou uma pesquisa que buscava identificar e analisar as avaliações e percepções dos doutores em Ciências Contábeis, tituladospelaFEA/USP,sobreasinfluênciasdodoutoradonosseus desenvolvimentos e nas suas responsabilidades sociais. De uma forma geral, pode afirmar que, estes egressos estavam em busca de aprimoramento profissional, ampliação de oportunidades, prestígio e melhoria na renda. E demonstraram grande satisfação quanto às contribuições do doutorado para suas atividades. Moraes (2009) estudou a relação entre os perfis demográficos e profissiográficos dos mestres em Ciências Contábeis e os indicadores de avaliação dos programas de pós-graduação.O fator mais bem avaliado foi o espírito acadêmico e o fator com menor avaliação foi a remuneração. A percepção sobre a influência nos seus desenvolvimentos difere entre os egressos de um programa para outro.Isso ocorre devido aos diferentes estágios de evoluçãodosProgramasde Pós-Graduação em Ciências Contábeis no Brasil. Oro et. al. (2010) investigaram o desenvolvimento profissional dos egressos docursodeciênciascontábeisdaUniversidadedoOestedeSantaCatarina (UNOESC).Mediante tais investigações, um dos aspectos mais evidenciados foi o amadurecimento pessoal. Além disso, concluíram que, de forma geral, os egressos obtiveram um avanço intelectual, econômico, e social com a titulação, melhorando o nível de renda, oportunidades de trabalho, competitividade profissional, onde influenciou positivamente a vida em sociedade. Em 2012, Luis et. al. relataram que muitos alunos que optaram pelo curso de ciências contábeis são motivados pelo fato de já trabalharem na área. Sendo assim, o estudo procurou analisar as melhorias pessoais e profissionais obtidas por estes alunos após o ingresso na universidade. Os resultados obtidos foram, que os alunos que estavam cursando da 2ª à 4ª série, sentiam-se mais qualificados profissionalmente e mais confiantes socialmente. Esses estudos evidenciam a necessidade de realizar o curso de Pós-Graduação para o aprimoramento dos conhecimentos do profissional contábil que influenciam o desenvolvimento de suas atividades, motivando o egresso a estar em constante aprendizagem, além de melhorar seu convívio em sociedade. 3. MetodológicaA pesquisa desenvolvida, neste estudo, foi de caráter descritivo, com abordagem qualitativa. Desse modo, como estratégia de coleta de dados foi realizada uma survey aplicada por meio de questionário, semelhante ao empregado naspesquisasde Cunha (2007) e Moraes (2009). De acordo com Gil (1999) nas pesquisas survey “basicamente, procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes aos dados coletados”. Para tanto, foi utilizado um questionário estruturado, que consiste num “conjunto de questões pré-elaboradas, sistematicamente e sequencialmente dispostas em itens, que constituem o tema da pesquisa,comobjetivodesuscitar dos informantes as respostas por escrito [...] sobre o assunto, que saibam opinar ou informar” (Chizzotti, 2003, p.55). A escolha do questionário desenvolvido por Cunha em 2007 justifica-se por ser um instrumento de pesquisa já testado e que possui capacidade de captar informações para melhorar a compreensão da influência da teoria do capital humano no desenvolvimento profissional destes egressos. No primeiro grupo de informações do questionário identificaram-se os dados pessoais do respondente, em seguida as informações sobre a principal atividade remunerada do respondente.Na sequencia, coletaram-se informações de múltipla escolha sobre os motivos da escolha da especialização utilizando uma escala do tipo Likert.Após informações sobre as alterações ocorridas após a conclusão da especialização e informações sobre a principal atividade remunerada do respondente quando do ingresso da especialização. Nesta pesquisa, o formulário foi disponibilizado por meio eletrônico, através da ferramenta SurveyDox, por ser considerado um instrumento rápido e seguro para osrespondentesepesquisadores.Sendo assim, o questionário foi construído via web, gerando um link para o acesso, preservando o sigilo dos dados. A população refere-se aos sujeitos que se constituem objetos de estudo. Para a caracterização da população, inicialmente, foi solicitado junto ao Coordenador do programa de Pós-Graduação lato sensu do Departamento de Contabilidade da UFPR a relação dos e-mails dos egressos dos últimos 10 anos.A amostra é constituída por egressos do curso de especialização da UFPR até 2012. Foram obtidas 118 respostas válidas. O questionário foi enviado por correio eletrônico e as respostas recebidas no período de outubro a dezembro de 2012.Os dados da pesquisa foram tabulados, submetidos a tratamento estatístico simples, e após fez-se a interpretação dos dados da pesquisa. Assim buscou-se na análise descritiva o tratamento dos dados, considerando-se esta população específica, o que se constitui na principal limitação deste estudo. 4. Análise dos resultadosInicialmente, apresenta-se o perfil dos egressos pesquisados. Após, evidenciam-se os dados coletados com o intuito de analisar a influência da teoria do capital humano no desenvolvimento profissional destes egressos. 4.1 Cursos de especialização em contabilidade da UFPRA Universidade Federal do Paraná é a mais antiga universidade do Brasil e símbolo de Curitiba. Além dos campi em Curitiba, a UFPR está presente no interior e no litoral do estado, tendo papel ativo no desenvolvimento sócio-econômico e na qualidade de vida dos paranaenses (UFPR, 2012). A Universidade oferece mais de 100 habilitações na graduação, 112 cursos de mestrado e doutorado.Os cursos de especialização oferecidos pelo Departamento de Contabilidade da UFPR são: Contabilidade e Finanças, Controladoria, Gestão de Negócios, Gestão de Riscos Corporativos e MBA em Auditoria Integral. 4.2 Perfil dos egressos do curso de especializaçãoCom relação ao perfil dosegressospesquisados,constatou-seque47,5% sãodosexofemininoe52,5%dosexomasculino.A faixa etária atualmais representativa está entre 28 a 30 anos. Com relação ao estado civil mais comum, é o casado, com 48,3% e seguido pelo solteiro, com 41,5%. E o prazo de conclusão do curso de especialização oscila entre 12 a 18 meses. Tabela 1 - Síntese das características dos egressos pesquisados
Fonte: elaborado pela autora. Com relação às áreas de especialização em que os egressos escolheram para sua formação, a pesquisa indicou que os cursos com percentuais mais relevantes são a área de Contabilidade e Finanças, com 32,2%, e Gestão de Negócios, com 24,6% (Gráfico 1). Gráfico 1 - Áreas de especialização dos egressos
Fonte: elaborado pela autora 4.3 Os egressos da especialização e sua relação com o mercado de trabalhoCom relação à atividade profissional dos egressos pesquisados, constatou-se que têm sua principal atividade remunerada ligada ao mercado (94,9%), apenas 5,1% tem ligação com a academia. Os egressos que possuem atividade remunerada encontram-se principalmente no setor privado, tanto no início, como no final do curso. Porém, houve uma queda com relação ao início do curso. Percebe-se também, uma migração dos egressos para o setor público. Na Tabela 2 demonstra-se a relação dos pesquisados com o mercado de trabalho. Tabela 2 - Relação dos egressos com o mercado de trabalho
Fonte: elaborado pela autora. Quanto à faixa salarial dos egressos no início do curso e a remuneração atual refletem de forma positiva o aumento da remuneração salarial:
A remuneração dos egressos, quando comparada no início do curso com a remuneração atual, constatou-se uma valorização da classe contábil. Quando concluído o curso de especialização, os egressos estão sendo reconhecidos pelo mercado de trabalho como pessoas com maior capacitação profissional, e, consequentemente, auferindo uma maior renda. 4.4 A especialização e suas motivações e contribuiçõesPerguntou-se aos egressos sobre a motivação para a escolha do curso especialização. Solicitou-se que avaliassem dez quesitos, conforme uma escala que varia de 0 para não pesou; 1 pesou um pouco; 2 peso médio; e 3 pesou muito. A tabela 2 apresenta os fatores que influenciaram a fazer o curso de Especialização: Tabela 2 - Fatores que influenciaram a fazer a Especialização da UFPR
Fonte: elaborado pela autora. Constatou-se maior relevância de percentual para o peso 4 (pesou muito) em 7 fatores. O fator seguir/aprimorar carreira profissional obteve 75,4%; em segundo, obter mais conhecimento, com 66,1%; em terceiro, o fator melhorar a competitividade profissional, com 61,9%. O item Corrigir deficiências da graduação houve menor manifestação de contribuição acadêmica, 38,1% dos respondentes. Apenas 19,5% dos respondentes atribuíram peso alto a este fator. Exceto essa motivação, observa-se que todas as outras tiveram um comportamento de respostas equilibrado, representando um peso de médio a alto na decisão de realizar o curso de especialização. Foi solicitado aos pesquisados que avaliassem as contribuições da especialização nas atividades atualmente desenvolvidas. Apresentaram-se três alternativas para serem avaliadas, conforme a contribuição que estariam fornecendo para o seu exercício profissional: A formação teórica (básica ou aplicada) da especialização, a atualização dos conhecimentos em minha área de especialização, os contatos acadêmicos ou profissionais que obtive durante a especialização. Os resultados encontrados tendem a indicar uma avaliação positiva, quanto às contribuições do curso para o desenvolvimento de suas atividades atuais. Os fatores que contribuem nas atividades desenvolvidas pelos egressos atualmente são visualizados na Tabela 3: Tabela 3 - Fatores que contribuem nas atividades desenvolvidas pelos egressos atualmente
Fonte: elaborado pela autora. Essa constatação também foi relatada por Oro et. al.(2010) quando constatou que 88,9% dos respondentes de sua pesquisa, tiveram grande influência da universidade na sua vida em sociedade e que contribuiu para que se tornassem pessoas mais responsáveis e confiantes para lidar com situações do dia-a-dia da profissão e enfrentar novos desafios com mais segurança. Luis et. al.(2012) também relataram em sua pesquisa realizada entre os alunos da Universidade de Londrina – UEL, que as mudanças no ambiente de trabalho foram notórias, através da confiabilidade no trabalho desenvolvido e o reconhecimento dos seus potenciais, demonstrados pelos seus companheiros e superiores hierárquicos. Indagou-se aos pesquisados se o título de especialista trouxe mudanças em aspectos relevantes da vida dos egressos, positivas ou negativas. Procurou-se avaliar em que grau de intensidade elas ocorreram. Para isso solicitou-se aos egressos que conferissem nota de 0 a 10, a 19 fatores da teoria do capital humano estabelecidos por Cunha (2007). Os fatores propostos por Cunha (2007) foram: Mobilidade profissional, remuneração, empregabilidade, estilo de vida, estabilidade profissional, habilidades cognitivas, prestígio, status, amadurecimento pessoal, promoção social, diferenciação profissional, produtividade, responsabilidade social, competências analíticas, autonomia profissional, produção acadêmica, oportunidades na carreira, espírito acadêmico, respeitabilidade e reconhecimento acadêmico/profissional. Os resultados confirmam a tese proposta por Cunha (2007), que constatou na percepção dos egressos, que dos 19 fatores apresentados, foram substancialmente influenciados com a titulação (Tabela 4). Tabela 4 - Fatores que são Influenciados pelo Título de Especialista
Fonte: elaborado pela autora. Observa-se na Tabela 4 que os fatores relacionados estabilidade profissional, estilo de vida são os de menor importância para os egressos. Ao contrário de fatores como amadurecimento pessoal, diferenciação profissional e competências analíticas. Isto também foi verificado na pesquisa de Oro et. al.(2010), o item relacionado ao amadurecimento pessoal obteve a maior nota entre os egressos, 83 e os outros itens ficaram com notas entre 60 a 70. Dessa forma, verifica-se que o título de Especialista pela UFPR provocou modificações positivas na vida destes egressos, tanto no quesito quantitativo, relacionado à remuneração, quanto nos qualitativos, relacionados ao capital humano, tais como, amadurecimento pessoal, diferenciação profissional, dentre outros. 5. Considerações finaisO objetivo geral desta pesquisa consistiu em analisar a percepção dos egressos de cursos de lato sensu sobre o desenvolvimento do profissional de contabilidade. Nesse sentido realizou-se pesquisa descritiva, utilizando o método survey com abordagem qualitativa.A coleta de dados ocorreu nos meses de outubro a dezembro de 2012 por meio de um questionário com perguntas fechadas. Constatou-se que a maioria dos egressos tem sua principal atividade remunerada ligada ao mercado e são empregados no setor privado, tanto no início, como no final do curso. Porém, houve uma queda com relação ao início do curso. Percebe-se também, uma migração dos egressos para o setor público. Quanto à remuneração dos egressos, observou-se uma evolução significativa comparado com o início do curso. Os achados da pesquisa com egressos confirmaram as expectativas, explicações e previsões da teoria do capital humano, conforme evidencia Cunha (2007). Na sequência, abordaram-se os atributos indicados como mais relevantes eque influenciaram para ingressar navida acadêmica, sendo que aprimorar a carreira profissional obteve maior pontuação, seguido de obter mais conhecimento e melhorar a competitividade profissional. Outro aspecto consistiu em identificar os fatores de maior peso nas atividades desenvolvidas pelos egressos atualmente.O fator com maior relevância foi a atualização dos conhecimentos na área profissional, seguido do fator da formação teórica e os contatos acadêmicos ou profissionais que obtive durante a especialização. Observou-se ainda que, para maioria, a contribuição do curso de especialização foi fundamental para o aperfeiçoamento do capital humano emelhoriana convivênciaemsociedade. Com relação às alterações na vida pessoal e profissional com o título de especialista, foi um dos aspectos mais evidenciados foi o amadurecimento pessoal, seguido por diferenciação profissional e competências analíticas. Conclui-se, de forma geral, que os egressos obtiveram melhoria de capital humano por meio da titulação, melhorando o nível de renda, oportunidades de trabalho e competitividade profissional. Isso lhes permitiu influenciar positivamente a vida em sociedade, contribuindo para que se tornassem pessoas mais responsáveis e confiantes para lidar com situações do dia-a-dia em sua vida profissional e pessoal. A limitação principal do estudo consiste no tamanho da amostra. Dessa forma, os resultados alcançados não podem ser generalizados, só explicam o atual estado da arte para esse universo amostral. Qualquer aplicação para outro universo carece de adaptações. ReferênciasAntonelli, R. A.; Colauto, R. D.; Cunha, J. V. A. (2012); “Expectativa e satisfação dos alunos de Ciências Contábeis com relação às competências docentes”. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, 10(1), 75-91. Anchor, J. R.; Fiserová, J. 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