1. Introdução
O desenvolvimento do conceito do Green Supply Chain Management ainda não está consolidado na literatura e diversos autores vêm debatendo o tema em busca de melhor compreendê-lo. Da mesma maneira, as práticas para suportar a GSCM precisam ser tratadas e investigadas. Nesse sentido, a escassez dos recursos naturais e o aumento dos índices de poluição têm levado o debate da sustentabilidade ambiental para diversos segmentos da sociedade como: empresas, governos, ONGs e a população em geral. Na concepção de Walker et al. (2008), pressões políticas e governamentais a partir de leis e a busca por uma nova vantagem competitiva tem levado organizações a adotarem algumas práticas green ambientalmente amigáveis.
Atualmente a GSCM vem sendo discutida como uma importante alternativa no ambiente das organizações de uso das práticas de sustentabilidade. Routroy (2009) afirma que hoje a GSCM é considerada ser um pré-requisito para o desenvolvimento sustentável. Em busca de uma definição sobre GSCM, pode-se afirmar, segundo Routroy (2009), que GSCM é um método para projetar e re-projetar a Supply Chain, o qual incorpora reciclagem e remanufatura dentro do processo de produção.
Já Srivastava (2007), definiu GSCM como a integração do pensamento ambiental em Supply Chain Management, que inclui os seguintes elementos: design de produto, seleção e fornecimento de material, processos de manufatura, entrega do produto final ao cliente e o gerenciamento do fim da vida do produto após seu descarte. Essa definição de GSCM é a adotada nesse trabalho.
Já na visão de Qingua et al. (2008) a prática da GSCM deve contemplar desde os processos de compras verdes, passando pelos fornecedores, fabricantes, consumidores e fechando a cadeia com a logística reversa. Walker et al. (2008) apontou algumas práticas de GSCM, entre as quais se destacam: reuso de embalagens e materiais, reciclagem de produtos e uso de embalagens recicláveis, coleta de dados ambientais dos vendedores da cadeia, redução da emissão de poluentes gerados no transporte.
Na visão de Zhu et al. (2004) são cinco as principais práticas: gerenciamento do ambiente interno, compras verdes, eco-design, cooperação com o cliente e investimento em recuperação. Srivastava (2007) cita os seguintes programas como práticas proativas: re-uso, retrabalho, reciclar, remanufaturar e logística reversa. Práticas de green design foram apresentadas em Zhang et al. (1997), planejamento e controle de produção para re-manufatura fora sugeridas em Guide (2000) e o projeto da cadeia em Fleischmann et al. (2001).
Em busca de compreender e evidenciar as melhoras práticas de GSCM apresentadas na literatura à realidade brasileira, esse trabalho de caráter exploratório, está assim organizado: a seção dois apresenta brevemente a SCM e seção três detalha a GSCM; a seção quatro descreve a metodologia de pesquisa adotada; a seção cinco apresenta a discussão das melhores práticas de GSCM apresentadas na literatura; por fim a seção seis faz as conclusões e sugere trabalhos futuros.
2. Referencial teórico
2.1 Supply Chain Management – SCM
Na visão de Lambert et al. (2008) a SCM compreende o alinhamento das empresas que trazem produtos ou serviços ao mercado. Já Cristopher (1997) propõe a definição de SCM como uma rede de organizações, conectadas tanto à montante quanto à jusante, em diferentes processos que geram valor sob a forma de produtos ou serviços finais ao consumidor.
O escopo da SCM é amplo, abrangendo atividades como design, compras, manufatura, distribuição e logística reversa e, portanto, a maioria das organizações possui uma SCM. E apesar da posição da empresa dentro da SCM, as empresas adotam várias práticas para executar seus processos da SCM (Sodano e Grandzol, 2011). Pode-se dizer que a visão atual sobre SCM compreende todas as etapas da cadeia produtiva ou de serviços. E devido aos diversos processos que ocorrem, como por exemplo, transporte, manufatura de materiais e compra de produtos, o impacto no meio ambiente e no consumo de recursos naturais, é realizado de diversas maneiras. Assim, não há dúvidas de que as aplicações de práticas sustentáveis na SCM podem contribuir com o meio ambiente refletindo na sociedade.
Malcon (2010) defende que SCM sustentáveis necessitam de novas práticas onde o impacto sobre o ar, água, terra e vida sejam conhecidos, gerenciados e reduzidos. Para Srivastava (2007) a SCM é foco central para os esforços green porque o escopo das suas atividades encontra maior viabilidade pelo uso dos conceitos sustentáveis. Assim, realizar ações na melhoria dos processos de produção em colaboração com parceiros, projetar produtos ambientalmente corretos, redesenhar redes logísticas e usar fornecimento sustentáveis de materiais, são algumas estratégias essenciais para os gestores de SCM (Malcon, 2010).
2.2 Green Supply Chain Management – GSCM
Conforme Lu et al. (2007) GSCM se refere a melhorar o desempenho ambiental de companhias, dos seus fornecedores, clientes e das relações entres eles. A GSCM tem na sua origem ao mesmo tempo, o conceito de gerenciamento ambiental e o gerenciamento da cadeia de suprimentos. De forma similar ao conceito de SCM, a fronteira da GSCM é dependente da meta do investigador (Srivastava, 2007).
Conforme propõe Zhu e Sarkis (2004) a definição do escopo da abrangência da GSCM presente na literatura abrange desde o processo de compras green de materiais para integrar a Green Supply Chain, fluindo do fornecedor, para o produtor, para o cliente e a logística reversa. Nesse sentido, Qingua et al. (2008) afirmam que a GSCM pode ser entendida a partir das seguintes cinco dimensões: gerenciamento ambiental interno, compra verde, cooperação com os clientes incluindo questões ambientais, eco design e Investimento na recuperação de materiais. Dias (2006) também corrobora com a visão mais ampla da GSCM ao afirmar que esta envolve diversos elementos além da logística reversa. Dias (2006) sugere, por exemplo, que na fase de definição dos materiais comprados e no desenvolvimento do produto, devem ser contemplados os aspectos de reciclagem e reuso de materiais. Junto com o conceito de logística reversa, o conceito de ciclo de vida do produto deve ser endereçado, e assim as organizações precisam entender a gestão logística em conjunto com o clico de vida do produto, um circuito fechado, e não como uma forma de disposição organizada do produto (Dias, 2006).
Apesar do uso de algumas práticas como design de produtos sustentáveis, logística reversa e compras green, parece ser difícil implementar a GSCM (Sodano e Grandzol, 2011). Evidências de dificuldades para implantar a GSCM foram encontradas em Narasimhan e Carter (1998). Narasimhan e Carter (1998) perceberam que algumas organizações apesar de determinarem o risco econômico do impacto ambiental, encontraram baixo orçamento disponível para endereçar e dificuldade em termos de conhecimento por parte da gerência para conduzir as ações. Bangalore (2009) reportou que muitas companhias conduziam projetos green sem definição clara de indicadores de retorno e objetivos a serem atingidos. A revisão realizada por Sodano e Grandzol (2011) evidenciou que apesar de existir na literatura algumas práticas e modelos para implementar a GSCM, há uma disparidade entre o que estes guias orientam para as organizações agirem e o que as organizações realmente fazem. A literatura trás um número relativamente baixo de investigações sobre os fatores de sucesso e insucessos em projetos de GSCM e desde já, essa questão é endereçada como uma oportunidade de pesquisas futuras.
3. Procedimentos metodológicos
O método de elaboração dessa pesquisa se divide em duas estratégias. A primeira envolve propor um debate explorando o tema da GSCM e suas práticas, foco de discussão ainda incipiente na literatura. A segunda estratégia, a partir da exploração dos achados da literatura, visou apresentar evidências das melhores práticas em GSCM à academia e, sobretudo, à realidade brasileira. Para atender às duas estratégias, foram analisados trabalhos que discutem o temas das práticas em GSCM. O critério de seleção dos trabalhos resultou da combinação entre dois fatores: data de publicação recente e aderência ao objetivo dessa pesquisa. Para conduzir essa estratégia usou-se a abordagem da pesquisa bibliográfica.
Segundo Gil (2010, p.29), a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado, seja impresso ou digital como: artigos, teses, revistas, dissertações etc. “Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa bibliográfica (Gil, 2010 p. 29).” Quanto à abordagem essa pesquisa é qualitativa conforme Yin (2004), visto que as relações de análise e a interpretação das evidências da literatura são feitas de maneira indutiva. Quanto aos objetivos, esse trabalho tem características de exploratório e descritivo conforme definido em Marconi e Lakatos (2008). Exploratório porque o propósito dessa pesquisa é gerar proximidade com o tema, visando melhor compreender e gerar possíveis hipóteses. Descritivo, porque a presente discussão descreve características da GSCM e tenta estabelecer relações entre os elementos que a compõe.
4. Identificando e discutindo as melhores práticas em Green Supply Chain Management - GSCM
Seuring e Muller (2008) após uma pesquisa de revisão da literatura de 191 artigos sobre Supply Chain e Sustentabilidade, identificaram lacunas e apontaram os principais direcionamentos que devem ser considerados no desenvolvimento das melhores práticas em GSCM. A primeira lacuna evidenciada é que o desenvolvimento sustentável é frequentemente reduzido a melhorias ambientais, quando na verdade se faz necessário incluir aspectos técnicos, uma compreensão positiva e uma abordagem de ciência social. Logo, uma perspectiva integrada é necessária onde a visão de ciência social tenha destaque, assim como a integração das três dimensões supracitadas. Outra lacuna evidenciada que deve direcionar o desenvolvimento das melhores práticas é o uso de um consistente embasamento teórico; a revisão da literatura evidenciou que estudos de caso e surveys dos artigos analisados, necessitavam de uma melhor base teórica para que os desdobramentos possam chegar na prática em uma SCM ou na gestão de operações das organizações.
Sodano e Grandzol (2011) a partir de um survey agruparam e identificaram o uso das melhores práticas em GSCM em classes: i) ênfase estratégica: focar a sustentabilidade como direcionador da agenda da SCM; adotar a logística reversa; direcionar recursos no budget para a GSCM; ii) recursos organizacionais: criar padrões para GSCM; articular GSCM com a missão da empresa; ter um líder executivo responsável pelas iniciativas de GSCM; desenvolver times multifuncionais para GSCM; iii) práticas habilitadoras da GSCM: quantificar custos e benefícios da GSCM; usar claros padrão de performance para a GSCM; usar ferramentas de análise do ciclo de vida para investigar total impacto na Supply Chain; inserir GSCM nas métricas gerenciais e integrá-lo nas práticas de melhorias existentes; iv) green manufacturing práticas: plano de ação para reduzir uso de água, energia, emissões, materiais; usar métodos de produção puxada; adotar programa de reciclagem; v) GCSM: colaborar com os parceiros para melhorar o desempenho green; incluir a visão green no procurement; adotar critérios green de avaliação dos fornecedores; vi) Logística e transportes Green e embalagens: ter ações para minimizar rotas, entregas e emissões; redesenhar embalagens para minimizar uso de materiais; usar embalagens reusáveis ou recicláveis.
Nunes e Bennett (2010) investigaram as práticas sustentáveis na indústria automotiva se concentrando em estudos de caso na Toyota, GM e Volks. Nos achados referentes à GSCM, melhores práticas foram percebidas e podem servir de base para outros segmentos e indústrias. De forma geral, o estudo evidenciou uma tentativa de mudança de uma postura reativa para proativa, estendendo o controle sobre outras atividades da SCM e assim tomando ações dentro de um contexto de maior incerteza dos seus negócios. As melhores práticas em GSCM envolvem fornecedores e a logística de in-bound e out-bound. Dentre essas ações se destacam incorporar critérios ambientais nas decisões de compra e nas relações com fornecedores. Tais práticas também envolvem compartilhar riscos ao longo da SCM, transferir tecnologia e a redução de perdas e custos em fornedores. Essas achados também estão presentes em Kleindorfer et al. (2005), Sarkis (1998) e Zhu et al. (2007).
Diferentes práticas de GSCM são adotadas entre as três montadoras. A Toyota por exemplo possui o manual green para a SCM (Greener Supplier Guidelines Green Purchasing Guidelines) o qual é adotado em todas as operações ao redor do mundo. Outra prática adotada pela Toyota é a otimização de rotas e cargas das entregas e coletas dos caminhões. Evidenciou-se também o desenvolvimento de embalagens sustentáveis e o uso de container de movimentação e entrega de metal de maior vida útil em detrimento ao uso de container de papelão ou pallets de madeira.
Já as práticas de GSCM encontradas na GM contemplam: parcerias sustentáveis com os fornecedores; a transferência de tecnologias sustentáveis ao longo da SCM; melhorias ambientais em embalagens, materiais químicos e a exigência da certificação ISO 14000 para todos os fornecedores. Já na Volks, as práticas contemplam: a exigência de requerimentos sustentáveis e eventos de treinamentos para seus fornecedores; ações para a troca do meio de transporte da SCM de rodoviário para aéreo e naval; otimização via software de rotas viajadas para a entrega e coleta de materiais; práticas de logística interna focadas na redução de uso de embalagens de papelão e plástico.
Nunes e Bennett (2010) atribuíram à logística reversa um escopo mais amplo de atuação, a partir das práticas de GSCM na indústria automotiva. A Toyota se destaca por: adotar práticas de análise do ciclo de vida final dos veículos desde o projeto do produto; usar sistemas para garantir a correta seleção, reciclagem e tratamento de airbags e gases causadores do efeito estufa; práticas para coletar e reciclar peças em final de vida útil a partir de parcerias como revendedores e distribuidores dos componentes. A General Motors além de possuir na Europa um grupo dedicado a coordenar as ações de final de ciclo de vida de veículos, também contempla no projeto dos produtos essa visão. A meta da empresa é ter em 2015 a proporção de materiais em final ciclo de vida (FCV) que devem ser reusados ou recuperados, na faixa de 95% do peso do veículo, liderando as melhores práticas do segmento quanto à FCV. A Volks além de possuir sistemas avançados de reciclagem na SCM também adota tais práticas na manufatura. A empresa coordenando um novo processo para aumentar a taxa de reciclagem dos materiais em FCV para 95%. As três companhias vêm adotando energias verdes, como os carros flex, para redução da dependência do petróleo e de forma geral as ações de GSCM estão focadas na seleção de fornecedores, na transferência de tecnologia e em sistemas logísticos mais eficientes (embalagens, rotas, otimização de cargas, etc).
O estudo de Hsu e Hu (2008) realizado na manufatura de eletrônicos evidenciou diversas práticas para sustentar a GSCM. Entre elas se destacam: compras verdes, auditorias ambientais para fornecedores, desenvolvimento de produtos colaborativo com fornecedores, parcerias com organizações locais de reciclagem e colaboração com indústrias do mesmo setor sobre produtos recicláveis, manuais de desmontagem de produtos. Dentre as práticas relacionadas aos fatores humanos se destacam: educação e treinamento ambiental, suporte da alta gerência, integração entre setores, envolvimento da força de trabalho. Dentre as práticas na SCM evidenciou-se: comunicação efetiva dentro da companhia e com fornecedores, estabelecimento de sistema de gerenciamento de riscos ambientais, seleção e avaliação de fornecedores e portfólio de produtos sustentáveis.
Routroy (2009) propôs as seguintes práticas como antecedentes para implantar a GSCM: i) apoio da alta gerência: é definido como o primeiro e mais crítico fator para a implementação e sucesso da GSCM, conforme evidências da literatura; ii) iniciativas governamentais: conforme o autor, além de efetuar pressões sobre as empresas, o governo pode promover inovações green em significantes áreas da GSCM adotando regulações ambientais transparentes (dados sobre outras empresas, empresas violadoras) e o reconhecimento das empresas green; o governo poderia abrir um instituto de excelência green para promover treinamento e pesquisa sobre GSCM; sensibilizar as pessoas em geral sobre questões sustentáveis.
Holt e Ghobadian (2009) pesquisaram uma amostra de 149 indústrias do Reino Unido e concluíram que a maioria das práticas de GSCM foca redução de custos das atividades internas à organização, havendo menos esforços nos processos de in-bound e out-bound. Como forma de ampliar o uso da GSCM os autores sugerem aumentar a comunicação e disseminar as melhores práticas que quantificam custos e benefícios. Além do apoio gerencial, a construção da comunicação, as melhores práticas e a criação de grupos de compras de materiais green, podem ampliar a cultura green interna e externa à organização. Holt e Ghobadian (2009) também evidenciaram que o foco de melhoria nas operações internas, a partir das eficiências operacionais em detrimento a uma relação proativa com a SCM, leva as empresas a adotar auditorias nos fornecedores ao invés de estabelecer uma relação ganha-ganha.
Em busca do estado da arte em GSCM Srivastava (2007), pesquisou 227 artigos datados de 1990 a 2005. Os principais achados do autor referente ao tema das melhores práticas foram no sentido de apresentar as práticas mais frequentes e as oportunidades de melhorias na GSCM. Dentre as melhores práticas evidenciaram-se os seguintes grupos: i) relacionadas a projetos green: o projeto de material e a recuperação de produtos manufaturados, projeto orientado para a desmontagem do produto, projeto visando a minimização de perdas, análise do ciclo de vida do produto, projeto voltados a legislações, projeto voltado à remanufatura, projeto voltado à reciclagem e o projeto ambientalmente consciente; ii) operações verdes: manufatura verde e remanufatura de produtos (minimizam o uso de energias e matérias virgens), reciclagem e recuperação e reuso de materiais e produtos, reuso de produtos, logística reversa e projeto da SCM, gerenciamento de perdas, redução de inventário, planejamento e controle da produção.
Segundo Zucatto et al. (2008), implementar a GSCM significa operar considerando aspectos ambientais, de lucratividade e de qualidade. As abordagens para implantar a GSCM sugeridas pelos autores são as propostas originalmente por Nunes et al. (2004): ambiental, estratégia e logística. A logística se dá pelas ações de compra, transformação, processos internos, distribuição, estocagem, disposição final de produtos e retorno após o fim da vida útil destes. Já a abordagem estratégica se relaciona às decisões de longo prazo, formação de parcerias duradouras, escolha de fornecedores, processos, produtos e mercados.
O estudo de Moore e Manring (2009) diferentemente da maioria dos trabalhos em GSCM pesquisou as práticas de sustentabilidade no ambiente das pequenas e médias empresas (PMEs). Os autores evidenciaram algumas práticas para otimizar a GSCM. A primeira delas é o desenvolvimento de redes de cooperação entre as PMEs em mercados onde grandes empresas possuem menos atuação, para direcionar os problemas sistemáticos que surgem na GSCM e na ecologia industrial. Na visão dos autores, a construção de redes de cooperação é importante, não só porque as PMES representam a maioria do número de empresas, como também rapidamente envolvem tecnologias de comunicação que seguem por várias rotas. Além disso, através do sucesso das redes onde estão inseridas, as PMEs podem se beneficiar individualmente do desempenho global. Moore e Manring (2009) afirma que a força multiplicadora das redes irão se tornar essenciais para o endereçamento dos problemas sistemáticos da GSCM e da sustentabilidade global, pois podem alavancar os esforços sustentáveis iniciados pelo poder público, privado e ONGs.
5. Conclusões
O desenvolvimento do conceito de Green Supply Chain Management (GSCM) está em desenvolvimento na literatura e seu debate é importante para o contexto da sociedade atual. Nesse sentido, o principal objetivo desse artigo foi apresentar as melhores práticas de Green Supply Chain Management (GSCM) para ambientes de manufatura evidenciadas na literatura. De forma geral foi possível identificar uma convergência de tratamento das práticas de GSCM para atividades internas à organização visando à melhoria e redução de custos, conforme preconizam Srivastava (2007), Zucatto et al. (2008), Routroy (2009).
Foi possível evidenciar o foco de discussão da GSCM direcionado para organizações de grande porte e SCM complexas. Entretanto, a pesquisa realizada por Moore e Manring (2009) que abordam as pequenas e médias empresas (PMEs) pode emergir práticas importantes ao contexto das demais empresas e segmentos como o comércio e serviços. Destaca-se nesse contexto, como prática sugerida para a GSCM sua organização em redes de cooperação para explorar mercados onde grandes empresas possuem menos atuação.
Esse trabalho permitiu apresentar um amplo conjunto de melhores práticas adotadas pelos diversos níveis organizacionais para desenvolver e manter o desempenho da GSCM. Percebeu-se como prática recorrente a nível gerencial e estratégico: a necessidade do apoio gerencial conforme visto em Holt e Ghobadian (2009), Routroy (2009), a necessidade de focar estrategicamente a implantação da GSCM (Sodano e Grandzol, 2011; Wisner et al., 2005; Mentzer et al., 2001; Nunes e Bennett, 2010; Holt e Ghobadian, 2009). Já para as áreas de manufatura e demais áreas envolvidas com a GSCM, as melhores práticas estão relacionadas a: i) uso, reuso e reciclagem de matérias primas, produtos, embalagens, e recursos como água, ar e assim por diante; ii) desenvolvimento de produtos sustentáveis, desenvolvimento de fornecedores parceiros sustentáveis.
As discussões realizadas estão longe de se esgotar nesse trabalho e, portanto, como encaminhamento de trabalhos futuros sugere-se pesquisas em dois pontos. O primeiro são estudos que investiguem quais indicadores devem ser adotados para suportar determinado conjunto de melhores práticas GSCM. O segundo foco de pesquisas futuras, que emerge a partir do número baixo de investigações, é a proposição de fatores críticos de sucesso e insucessos em projetos de implantação da GSCM.
6. Referências
Dias, S. L. F. (2006); Há vida após a morte: um (re)pensar estratégico para o fim da vida das embalagens. Gestão e Produção, Vol.13, No. 3, pp. 463-474, set.-dez.
Fleiscmann, M.; Krikke, H.R.; Dekker, R., Flapper, S. (2000); A characterization of logistics networks for product recovery. Omega, Vol. 28 No. 6, pp. 653–66;
Gil, A. C. (2010); Como elaborar Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas.
Grandzol, J. C.; Sodano, H. Jr. (2011); Deployment of Green Best Practices in Supply Chain Processes Keystone Journal of Undergraduate Research 1(1): pp.25-36.
Hsu, C.W.; Hu. A. H. (2008); Green Supply Chain Management in the Electronic Industry, International Journal of Environmental Science and Technology, Vol. 5, No. 2, pp. 205-216.
Kleindorfer, P.R.; Singhal, K.; Van Wassenhove, L.N. (2005); Sustainable operations management”, Production and Operations Management, Vol. 14 No. 4, pp. 482-92.
Lambert, D.M. (2008); Supply Chain Management: Processes, Partnerships, Performance (3rd ed.). Supply Chain Management Institute, Sarasota FL.
Malcon, J. (2010); Keeping orangutans out of the supply chain. Inside Supply Management 21(5): 22.
Mentzer, J. T.; De Witt, W.; Kebler, J. S.; Min, S.; Nix, N.W; Smith, C. D.; Zacharia, Z. G. , (2001); Defining Supply Chain in management. Journal of Business Logistics. V. 22. n.2
Nunes, B.; Bennett, D. (2010); Green operations initiatives in the automotive industry. Benchmarking: An International Journal Vol. 17 No. 3, pp. 396-420.
Nunes, B. T. S.; Marques Jr, S.; Ramos, R. E. B. (2004); A theoretic approach for green supply chain. 2nd World Conference on Production and Operation Management. Cancun - México. Maio.
Qinghua, Z.; Sarkisb, J.; Laic, K.H. (2008); Confirmation of a measurement model for green supply chain management practices implementation. Int. J. Production Economics, Vol.111, pp. 261–273.
Routroy, S. (2009); Antecedents and Drivers for Green Supply Chain Management Implementation in Manufacturing Environment. The Icfai University Journal of Supply Chain Management, Vol. VI, No. 1.
Seuring, S.; Muller, M. (2008); From a literature review to a conceptual framework for sustainable supply chain management. Journal of Cleaner Production 16, 1699–1710.
Zucatto, L. C.; Veiga, C. H. A.; Evangelista, M.L. (2008); Estudo comparativo entre as abordagens de Supply Chain Management e Green Supply Chain Management na perspectiva da sustentabilidade. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro.
Yin, R. K. (2004); Estudo de Caso: Planejamento e Métodos, Porto Alegre, Bookman, 2ª edição.
Zhu, Q.; Sarkis, J.; Lai, K.H. (2007); Green supply chain management: pressures, practices and performance within the Chinese automobile industry, Journal of Cleaner Production. Vol. 15 Nos 11/12, pp. 1041-52.
Walker, H.; Sistob, L. D.; Mcbainc, D. (2008); Drivers and barriers to environmental supply chain management practices: Lessons from the public and private sectors. Journal of Purchasing e Supply Management, Vol. 14, pp. 69–85. |