Espacios. Vol. 33 (10) 2012. Pág. 4


A construção de novas redes sócio técnicas entre agricultores familiares reassentados do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, Brasil

The construction of new social networking techniques among farmers resettled in Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, Brazil

Viviane Guimarães Pereira 1 y Eduardo Magalhães Ribeiro 2

Recibido: 12-02-2012 - Aprobado: 14-06-2012


Contenido

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RESUMO:
No Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, os lavradores possuem uma diversidade de conhecimentos sobre os ambientes que ocupam e sobre a natureza, e este conhecimento os tornam eficientes gestores de recursos, capazes de produzir técnicas sustentáveis de produção e normas de gestão do ambiente; aliado a isso possuem uma forma de organização humana específica sob vários aspectos. Este artigo investiga a situação de lavradores de comunidades rurais do Alto Jequitinhonha que foram realocados compulsoriamente de seus locais de origem, devido à construção da Usina Hidrelétrica de Irapé: analisa o novo lugar das redes sociais, técnicas e comerciais e como estão vivenciando essa aprendizagem coletiva. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo, realizando a coleta de dados por meio de desenho de mapas, conversação e diagrama de Venn. Os resultados indicam que as novas redes sócio técnicas exerceram grande influência nas mudanças dos sistemas produtivos, que passaram do antigo sistema das "roças de toco" para sistemas mais abertos e dependentes de insumos vindos de fora. Quanto mais diferente o perfil das regiões para onde foram realocados, maiores as diferenças nos padrões produtivos, maior a tentativa de modernização da agricultura, e maiores também são as dificuldades de reconstrução de algumas cadeias de relações.
Palavras-chave: redes sócio técnicas, território, agricultura familiar.

 

ABSTRACT:
In Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, farmers have a diversity of knowledge about the environments they occupy and about nature, and this knowledge makes them efficient managers of resources, capable of producing sustainable production techniques and standards for environmental management, allied to it they have a specific form of human organization in many respects. This paper investigates the situation of farmers in rural communities in Alto Jequitinhonha, who were forcibly relocated from their places of origin due to the construction of Usina Hidrelétrica de Irapé: analyzes the new places of social network, technical and business, and how they are experiencing this collective learning. The methodology was qualitative, making the collection of data by drawing maps, conversation and Venn diagram. The results indicate that the new social networking techniques have had great influence on changes in production systems, that changed from the old system of "slash-and-burn agriculture" to more open systems and dependent on inputs from outside. The more different the profile of regions where they were relocated, the greater the differences in production patterns, and the attempt to modernize agriculture, and greater are also the difficulties of rebuilding some relationship chains.
Keywords: social networking techniques, territory, family farm


1. Introdução

O Alto Jequitinhonha é uma região localizada no nordeste do Estado de Minas Gerais e apresenta em sua paisagem uma seqüência de planaltos e vales, que ao mesmo tempo em que são diversos, se complementam. Os planaltos, conhecidos regionalmente por chapadas, possuem variadas altitudes e uma vegetação típica do cerrado, sem recursos hídricos na superfície. Os vales, ou grotas, possuem variadas inclinações e profundidades, são as áreas úmidas, lugar de nascentes e córregos. Este rico complexo grotas-chapadas foi apropriado pelos agricultores de forma bastante particular, delimitando o espaço da produção da agricultura familiar da região.

Os agricultores do Alto Jequitinhonha possuem uma diversidade de conhecimentos sobre estes ambientes, sobre a natureza, conhecimento este que adquirem já desde a infância. E este conhecimento os torna eficientes gestores de recursos, capazes de produzir técnicas sustentáveis de produção e normas de gestão do ambiente: fazem suas lavouras analisando cada espaço ocupado e seu estoque de recursos. E é através deste vasto conhecimento, associado a normas costumeiras de regulação, herança, casamento e migração, que eles mantêm a estabilidade do uso do complexo grotas chapadas. Os agricultores estão, pois, ligados aos seus territórios, e esta ligação permite defini-los como população tradicional.

Estas populações, que mantinham fortes laços de identidade com seus locais de origem e produziam/criavam formas próprias de utilização do território e de seus recursos, foram atingidas pela Barragem de Irapé e sofreram mudanças em sua organização social, econômica e cultural. Cerca de 3.000 deles foram realocados compulsoriamente de seus locais de origem. Provocadas pela iniciativa da Usina Hidrelétrica de Irapé, organizaram-se e mobilizaram-se por mais de 10 anos na luta contra a construção da barragem e as desapropriações impingidas a elas. Após intensa e demorada negociação em defesa de seus direitos conquistaram o poder de escolher as novas terras para onde seriam realocados e o direito ao apoio material e técnico para produzir.

Surge assim a questão de como esses grupos de agricultores se esforçam para conhecer, relacionar, controlar e se identificar com o território que passaram a ocupar. Para entender esse processo torna-se imprescindível compreender de que maneira estes agricultores tradicionais lidam com estes novos espaços de vida e produção, através de seu saber tradicional e das novas redes sociais que são construídas.

O objetivo deste artigo é identificar as redes de relações entre os agricultores e entre eles e os agentes externos de diversos tipos: 1) compreender o lugar das redes marcadas pela reciprocidade e redes técnicas e comerciais, regidas por regras de intercâmbio e do mercado e 2) compreender a natureza dos novos espaços sócio-técnicos usufruídos pelas famílias e como estão vivenciando essa aprendizagem coletiva. A construção dessas novas redes influencia a reterritorialização e torna-se, assim, uma questão de relevância. Essa abordagem vai ao encontro de temas caros à gestão contemporânea de programas públicos de desenvolvimento rural. Primeiro, a questão das condições de produção: em que medida os investimentos em assentamentos, crédito e assistência técnica têm contribuído para mitigar as mazelas do meio rural? Segundo, abordar o processo de reterritorialização de populações tradicionais, porque os sentimentos de pertencimento e o enfoque territorial do desenvolvimento ganharam na última década grande relevância na formulação de programas públicos.

Nas páginas seguintes o artigo apresenta primeiro a metodologia. Em seguida é apresentada uma breve revisão sobre o tema na literatura, e por fim são discutidos os resultados da pesquisa.

2. Metodologia

Este artigo resulta de pesquisa realizada no ano de 2011 em seis reassentamentos de agricultores atingidos pela Usina Hidrelétrica de Irapé, cujas comunidades estavam localizadas nos municípios de Botumirim, Cristália, José Gonçalves de Minas e Turmalina. Das seis comunidades pesquisadas, duas foram reassentadas nos mesmos municípios e quatro em municípios diferentes.

Quadro 1
Reassentamentos pesquisados, discriminados por denominação atual,
comunidade de origem, município de origem e município de destino, 2011.

Reassentamento

Município de origem

Município de destino

Região de destino

Nova Esperança

Cristália

Janaúba

Vale do São Francisco

Nova Esperança

José Gonçalves de Minas e Turmalina

Francisco Dumont

Vale do São Francisco

Nova Esperança de Itacambira

Botumirim

Itacambira

Vale do Jequitinhonha

Novo Horizonte

Turmalina

Água Boa

Vale do Rio Doce

Piedade

Cristália

Cristália

Vale do Jequitinhonha

Bela Vista

Botumirim

Botumirim

Vale do Jequitinhonha

Fonte: Pesquisa de campo, 2011

O fenômeno estudado – a reconstrução de novas redes sócio-técnicas -, por ser complexo e de natureza social, foi analisado a partir de pesquisa qualitativa, no contexto em que ocorre e do qual faz parte, e captado a partir da perspectiva dos seus próprios sujeitos. O estudo teve uma abordagem etnográfica, pois somente neste contato com o grupo de interesse foi possível compreender os significados que permeiam o fenômeno e influenciam o comportamento do grupo (Campos, 2002; Viertler, 2002).

Para tal, as ferramentas metodológicas mais importantes foram o desenho de mapas, a conversação e o Diagrama de Venn. Num primeiro momento buscou-se, através de desenho de mapas, informações sobre a forma como as famílias vêm se baseando em novas redes de saber e como, a partir delas, vêm elaborando um conhecimento para construírem a classificação/etnoclassificação do ambiente natural e dos recursos disponíveis; isso pôde revelar se as famílias tatearam antes para conhecer as terras e os recursos que dispõem. O desenho de mapas teve como objetivo principal identificar como as famílias estão utilizando as novas terras, e como estão, ou não, montando suas estratégias de uso no longo prazo, o que revelou os usos atuais das terras e porque assim foram construídos, ou seja, como foi sendo elaborado o conhecimento sobre o novo território para a ocupação do mesmo.

Após a identificação de como as famílias foram constituindo seus lotes familiares e de como foram aprendendo sobre o local, sobre onde se compra e se vende, sobre as relações técnicas e comerciais, foi usada a técnica de conversação. Buscou-se, assim, compreender alguns temas importantes para a formação das redes sócio técnicas, aprofundando o entendimento de alguns deles que já haviam aparecido no desenho de mapas, como mercados, processamento industrial e assistência técnica.

Por fim, em alguns casos, foi utilizado o Diagrama de Venn 3, que consiste na identificação de indivíduos e instituições e sua importância para a comunidade e como estão envolvidos, direta ou indiretamente, com o cotidiano do grupo. Após o levantamento de todas as instituições e pessoas que fazem parte da rede sócio técnica das famílias, discutiu-se a importância de cada um deles para o grupo.

Foi a combinação desses métodos que deu base às análises e discussões apresentadas neste artigo.

3. Referencial Teórico

Toda produção material e simbólica do campesinato expressa sua própria vivência e possui uma lógica própria, que permeia todos os espaços da vida e do trabalho do campesinato. A aparente rusticidade deste saber tradicional esconde uma grande complexidade e um repertório de conhecimento, e a ausência de uma sistematização desse saber não invalida esses conhecimentos, que ao contrário do que possa parecer, não têm nada de estático, solto ou sem significado. Os camponeses desenvolvem não somente sistemas próprios de uso da terra para produção, mas também sistemas costumeiros de ciências sociais, humanas e jurídicas, que explicam o mundo e a vida coletiva. E não tem nada de ingênuo nisso, é um modo de pensar sobre a vida, com significado e eficácia (BRANDÃO, 1983).

Sabourin (2001), ao tratar dos sistemas locais de conhecimento, afirma que os agricultores não separam os momentos técnicos dos sociais, e a identificação do sistema local de conhecimento é o primeiro passo para uma experimentação dialogada entre agricultores, técnicos e tomadores de decisão.

As populações tradicionais possuem uma maneira muito particular de representar, interpretar e agir sobre o meio natural, fazendo do uso da terra seu modo de vida. Este saber ambiental diz respeito ao conhecimento acumulado sobre, dentre outras coisas, os ciclos naturais, a reprodução e migração da fauna, a influência da lua no corte de madeira e na pesca, o sistema de manejo dos recursos naturais, a inadequação de algumas atividades em determinadas épocas do ano para conservação de espécies. Esse conhecimento tem assegurado um uso adequado e sustentável dos recursos naturais, conservando os ecossistemas e gerando modos de vida equitativos. A relação com a natureza é, muitas vezes, de verdadeira simbiose e o uso dos recursos naturais só pode ser entendido dentro de uma lógica mais ampla de reprodução social e cultural (DIEGUES, 2008)

Gómez-Pompa & Kaus (2000) afirmam que pouco se sabe sobre o conhecimento ambiental dos agricultores, e para que esse entendimento ocorra é preciso um aprendizado dos contextos e também da linguagem que as pessoas usam, compreendendo os conceitos utilizados por eles e as ações que eles consideram apropriadas. Os autores não afirmam com isso que todos os agricultores são sábios ou conservacionistas, mas chamam a atenção para o fato de que, em comunidades rurais, há um conjunto sistematizado de conhecimentos sobre o ambiente em que vivem. E esse conhecimento deve ser levado em consideração quando se discute políticas locais, o que normalmente não acontece, pois os agricultores raramente são incluídos na discussão.

Com relação à dimensão política do saber popular, Brandão (1983) argumenta que as comunidades camponesas até recebem as agências de mediação, às vezes usam, mas não necessariamente participam das propostas dos programas. Não necessariamente assumem os programas como sendo seus, e não necessariamente incorporam em suas vidas, sejam elas do governo ou de alguma organização da sociedade civil. Essa reação, que muitas vezes é vista pelos mediadores como apatia, é, na verdade, uma forma de resistência, de oposição de classe. Esta resistência coletiva, que pode nem ser consciente na memória ou na fala do grupo, vem como resposta às práticas das agências de mediação, que invadem seus territórios de vida, trabalho e símbolos. Assim, o que estas agências conseguem é basicamente uma prestação de serviços limitada, sendo que mudanças previstas não se efetivam, só aparecendo mesmo nos relatórios de técnicos. A idéia de participação é, pois, quase sempre uma mistificação ou, no máximo, uma busca ou desejo. Em suma, as comunidades tradicionais usam os serviços oferecidos em proveito individual, familiar e comunitário (educação, saúde, habitação, e outros), mas resistem ao controle político que estas ofertas impõem.

Sobre isso, Sabourin (2001) afirma que os agricultores reconhecem os estímulos externos como sendo importantes, e apesar de não se interessarem diretamente por propostas vindas de fora, as identificam como oportunidade de diálogos técnicos. Ao abordar as redes sócio técnicas, ele afirma que elas não são constituídas somente por agricultores e não são exclusivamente locais: nestes espaços participam outros atores (comerciantes, professores, políticos locais, religiosos, técnicos, entre outros) e acontece entre eles e as cidades, as escolas, os centros de Pesquisa e Desenvolvimento e a agroindústria.

Assim, as comunidades rurais rejeitam o que é para ser rejeitado, usam o que é para ser usado e integram o que é para ser integrado. Não basta que uma técnica de produção agrícola funcione e aumente e produtividade para que camponeses a adotem e se juntem a uma equipe de agrônomos, acatando as novas idéias. No saber coletivo não existem espaços vazios a serem preenchidos pelos educadores, pode haver uma diferença de grau e lógicas de conhecimento, mas todo tipo de saber já existe ali, há cientistas populares, artistas, profissionais específicos, filósofos, educadores e alunos, mas o olhar que vem de fora muitas vezes não os vê. E mesmo quando aceitam e integram algum conhecimento vindo de fora em seu universo de cultura, ele só é efetivamente incorporado depois de passar por um processo de redefinição, da lógica erudita da agência de mediação para a lógica camponesa. Resiste-se a projetos dominantes de fortalecimento do povo como força de trabalho e de seu enfraquecimento como força de classe (BRANDÃO, 1983).

As populações rurais tradicionais caracterizam-se por uma noção precisa de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e socialmente. Fernandes (2006) se refere ao campo como espaço de vida onde se realizam todas as dimensões da existência humana, a partir das relações entre as pessoas e entre elas e a natureza (relação entre sistemas sociais e ecológicos), modificando a paisagem e construindo o território, em toda sua completude. Assim, o território é onde se produz economicamente, mas também é espaço de valores, cultura, tradições, símbolos e conflitos; ele não se define apenas por limites físicos, mas sim pela maneira como acontece dentro deles a interação social (TENÓRIO, 2008; FERNANDES, 2006; ORTEGA, 2008).

No Alto Jequitinhonha os agricultores possuem uma diversidade de conhecimento sobre os ambientes e a classificação das terras é baseada em sistemas locais de conhecimento. Este sistema baseia-se na identificação do grau de fertilidade da terra através da observação da vegetação, dos tipos de plantas e do conjunto de árvores predominantes; e esta identificação é eficazmente construída pelos próprios agricultores (GALIZONI, 2007a).

Sobre a outra dimensão da roça, que ultrapassa a produção material, Galizoni (2007b:30) afirma que

é um espaço importante para o relacionamento social interno à família e à comunidade. Lavoura é a forma e o lugar onde se consegue o mantimento  para a alimentação da família. Para conseguir dinheiro, os lavradores fazem uma ‘traminha’, negócio. Lavoura, quase sempre, não se transforma em dinheiro; é onde se trabalha para adquirir alimentos e é também um espaço importante de socialização e reciprocidade dos homens e mulheres entre si e deles com a natureza”.

Ribeiro et al (2005) descrevem os costumes rurais que definem o acesso aos recursos naturais em comunidades rurais do Alto Jequitinhonha, analisando como são construídas e praticadas as normas de apropriação e uso de recursos comuns. Os autores mostram uma outra lógica de regulação de recursos, em que os direitos à terra e aos recursos naturais são definidos pela ascendência e pelo trabalho, mas que se dá efetivamente através do conhecimento da natureza, conhecimento este que os agricultores adquirem já desde a infância. É este conhecimento que os tornam eficientes gestores de recursos, capazes de produzir técnicas sustentáveis de produção e normas de gestão do ambiente, em que existem fortes indicadores para plantio, num método inverso e mais eficiente do que a própria ciência dos solos. Assim, o conhecimento do ambiente é a base da regulação.

As normas e os costumes, que não estão escritos em lugar nenhum, transformam-se em história viva e norteiam as práticas, acompanham as famílias do nascimento à morte, são vividas diariamente. A noção de pertencimento constrói os territórios, mas também é no encontro com o outro, que é de fora, que emerge a valorização da cultura, do lugar e das práticas costumeiras, que muitas vezes encontram-se escondidas dentro da comunidade (Ribeiro et al, 2005).

4. Resultados

O processo da construção da barragem de Irapé iniciou-se em 1990 e o seu desenrolar, que se arrastou por vários anos, causou grande desgaste econômico e moral às famílias atingidas. Depois de muita mobilização dos atingidos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi mediado pelo Ministério Público Federal e assinado em julho de 2002. Em dezembro de 2005 o empreendedor obteve a licença de operação e iniciou-se o enchimento do reservatório. As famílias atingidas pelo barramento do rio Jequitinhonha, após longos anos de intensa organização, mobilização e negociação com o empreendedor conquistaram o direito de serem reassentados em novas terras e também o direito de escolher, entre três opções, em quais terras seriam reassentados. A mudança dos atingidos para as áreas dos reassentamentos iniciou no ano de 2005, sendo que para os atingidos da margem direita do rio o módulo fiscal estabelecido foi de 40 hectares por família, e para os atingidos da margem esquerda o módulo fiscal foi de 50 hectares por família. O deslocamento compulsório destas famílias implicou na construção de novas relações nos novos espaços para onde foram reassentados, num esforço para construir suas novas bases materiais e imateriais. Estes novos territórios são muito diversos dos seus antigos espaços de vida e de trabalho, que era associado ao complexo grotas-chapadas, e que era determinante para a definição de suas condições de produção e reprodução social.

Alguns grupos optaram por serem reassentados fora de seus municípios de origem, priorizando a qualidade das terras, e outros grupos optaram por terras que estivessem no município de origem, mesmo que muitas vezes não possuíssem a qualidade desejada, priorizando a manutenção das redes de relação estabelecidas dentro do município. O universo da pesquisa pôde ser dividido entre aqueles que permaneceram e aqueles que saíram dos municípios de origem: dos seis reassentamentos pesquisados, dois estão localizados no mesmo município e quatro deles saíram de seus municípios de origem. Destes quatro que mudaram de município, três foram para regiões com características sócio-ambientais diferentes, e um deles – o reassentamento localizado em Itacambira – está na mesma região de origem.

De uma maneira geral, tanto a mudança de região quanto a permanência implicaram em mudanças nas cadeias de relações pessoais, no conhecimento local e na rede de serviços usada pelos reassentados, muito embora os resultados tenham sido distintos neste processo de reterritorialização. Cada grupo estabeleceu novas redes de relações sócio-técnicas específicas, que passaram a influenciar seus modos de vida e de trabalho, pois ao saírem de suas terras de origem para os locais de reassentamento houve um desencontro entre seus saberes tradicionais, que precisou ser revertido, num esforço para aprenderem sobre o novo local, reconstruírem referências em suas redes sócio-técnicas e atualizarem seus saberes no novo espaço.

Para os reassentamentos que se deslocaram para municípios fora do Vale do Jequitinhonha, com características diversas, as mudanças foram bastante significativas, visto que além da reconstrução de referências para lidar com as novas terras também tiveram que adequar relações de outra natureza, como as de reciprocidade e as comerciais. Os novos padrões foram determinados não somente pelos novos ambientes, tão diversos do ambiente original desses grupos, como também pelas redes de relações que os grupos foram estabelecendo. De uma maneira geral, estes novos sistemas de produção basearam-se no uso de insumos vindos de fora, num sistema comparativamente mais integrado aos mercados do que o sistema de produção tradicional destes grupos: exigiu maquinário, sementes, adubo químico, defensivos, numa combinação que variou em cada um deles, de acordo, principalmente, com as características da região, pois cada uma delas está ligada de maneira específica a este padrão moderno de agricultura.

Além disso, os reassentados também receberam influências no sentido de modernização da agricultura através de agentes técnicos envolvidos no processo do reassentamento, porém, na maioria dos casos, essa assistência técnica limitou-se, principalmente, à elaboração de projetos produtivos para a captação de recursos.

Entre os reassentados de Francisco Dumont não houve uma incorporação de um padrão equivalente ao dos grandes fazendeiros, como em Janaúba e em Água Boa. Ocorreu uma mudança do estatuto produtivo desses reassentados, que qualifica determinados processos (principalmente o uso do trator) e desqualifica outros (roça de toco, cultivo de auto-consumo), mas esta desqualificação não eliminou a validade de seus saberes tradicionais, e isto pôde ser percebido de diversas formas: seja através da busca por terras de cultura dentro de seus lotes, mesmo indo de encontro das áreas delimitadas pelos agentes responsáveis pelo acompanhamento técnico do grupo, seja pelo uso de sementes de paiol, seja pela rejeição ao uso de defensivos e adubos químicos em suas lavouras.

Já nos reassentamentos que permaneceram no mesmo município (Botumirim e Cristália), ou na mesma região (Itacambira), as novas redes sócio técnicas não determinaram mudanças tão incisivas nos novos sistemas produtivos destes grupos. As mudanças que ocorreram foram mais em função das terras recebidas, e foram restritas pela baixa capacidade de sustentação de padrões mais modernos de produção. Estas famílias receberam terras com baixa fertilidade e com pouco capital ecológico disponível: áreas degradadas pelos antigos donos. Como as formas de sustentação de padrões modernos de produção exigem renda em dinheiro para montá-los e mantê-los, e depende diretamente da capacidade da unidade familiar gerar uma renda em dinheiro que o sustente, estes grupos não conseguiram bancar este tipo de sistema produtivo, levada até eles pelos agentes responsáveis pelo reassentamento.

Com isso, a aprendizagem sobre novas formas de lidar com estas terras de qualidade inferior se deu através da vizinhança local, composta por pequenos agricultores. Em Itacambira a vizinhança possui perfil econômico semelhante ao do grupo, e mesmo aqueles que possuem uma melhor condição não são muito destoantes dos reassentados, “a região tem um pessoal remediado, não é de grandes fazendeiros”. O mesmo acontece entre os reassentados de Cristália (Comunidade Piedade) e Botumirim (Reassentamento Bela Vista). O fato de estarem no mesmo município, ou na mesma região, é visto de uma forma positiva entre os reassentados.

Com o encarecimento nas formas de se produzir, os reassentados foram adaptando estes novos padrões às suas próprias condições, já que não possuem renda suficiente para arcar com o padrão difundido pelos agentes externos de desenvolvimento dos reassentamentos. Assim, o modo de plantar passou a ser outro, incorporou-se o que era viável e rejeitou-se o que era incompatível com seus modos de vida. Também houve a tentativa de usar mais adequadamente e de forma mais sustentável os recursos naturais das áreas que passaram a ocupar, numa tentativa de conservar os ambientes para que gerasse modos de vida que fossem possíveis de serem sustentados num espaço de tempo maior.

Assim, as mudanças nos padrões produtivos, no caso de reassentamentos que se mantiveram nos municípios, foram, em grande parte, conseqüências das mudanças na qualidade das terras que passaram a dispor. Tendo em vista que estas terras eram de baixa qualidade, as novas redes de relações estabelecidas contribuíram para compreender a natureza dos novos espaços, no esforço para a reconstrução de referências na lida com a terra. E mesmo que os agentes de desenvolvimento, através da assistência técnica tivessem levado até os grupos desenhos de novos padrões produtivos, eles incorporaram o que poderia se compatível com eles, ao mesmo tempo em que rejeitaram aquilo que era para ser rejeitado.

A mudança de ambiente, principalmente a mudança na qualidade das terras que passaram a dispor, exigiu deles um trabalho de construção e reconstrução de referências, através das novas redes de relações que foram sendo estabelecidas entre eles e os sujeitos do próprio local. E estes sujeitos, embora em condições de vida material mais ou menos semelhantes, já que os reassentados mantiveram-se na mesma região, utilizavam-se de técnicas de produção diferentes, e acabaram por exercer grande influência na construção dos novos sistemas produtivos. Os reassentados passaram a integrar algumas formas produtivas utilizadas pelos agricultores vizinhos - aquelas consideradas importantes diante dos novos tipos de terras - num esforço para redefinir novos padrões a partir do próprio conhecimento sobre a lida com a terra.

Desta forma, terra - em tamanhos maiores e qualidade inferior às terras de origem em que estavam habituados a tocar suas lavouras - e vizinhança - formada por agricultores familiares - foram responsáveis por mudanças nos padrões produtivos entre os reassentados que ficaram no mesmo município ou na mesma região. No caso destes grupos, mais do que uma substituição do antigo padrão produtivo através dos estímulos externos dados pelos agentes responsáveis pelo desenvolvimento dos reassentamentos 4, o que houve foi uma readequação de seus antigos padrões aos novos ambientes que passaram a dispor.

Porém, entre todos os reassentamentos pesquisados, tanto os que permaneceram quanto os que mudaram de região, os novos modos de produção deixaram de se basear nas “roças de toco”, que é um sistema de lavoura que predominava nas terras de origem e que combinava rotação de terra (sistema de pousio) com brotação natural da vegetação para manter a fertilidade da terra e que garantia, assim, a produção de mantimentos e conservação dos recursos naturais. Nos reassentamentos esse sistema deixou de ser utilizado, tendo em vista que são terras diferentes daquelas terras de “cultura” em que conduziam suas antigas lavouras; e diferentes ambientes pressupõem diferentes sistemas de produção, que passam a incorporar princípios e regras que advém de contatos com novos sujeitos, na elaboração de novas redes sócio técnicas.

Em todas as comunidades pesquisadas houve mudança nas formas de produção material e imaterial das famílias, reflexo dos novos ambientes ocupados e das novas redes sócio técnicas que foram sendo construídas; contudo essa mudança ocorreu em diferentes proporções, de acordo com as terras e a região para onde foram realocados. Mesmo os grupos que permaneceram no município ou na mesma região passaram por significativas mudanças em seus sistemas produtivos, reflexo mudança do tipo de ambiente que passaram a dispor, pois embora estivessem na mesma região, os ambientes variaram muito, sendo muito diferentes do complexo grotas-chapadas a que estavam habituados a produzir.

Assim, as diferenças na elaboração dos novos sistemas produtivos entre os grupos reassentados foram o reflexo das diferenças na qualidade das terras e as diferentes características de cada região para onde foram realocados. Com isso as novas redes sócio-técnicas foram construídas pelos reassentados de formas diferentes em cada novo local. Eles vêm incorporando aquilo que dá prá ser incorporado e rejeitando aquilo que não lhes convém, através de uma troca de conhecimentos que acontece entre eles e o local para onde foram realocados. É importante considerar que as mudanças nas formas de se fazer lavoura, utilizando insumos vindos de fora (máquina, adubo, defensivos, sementes) é mais do que uma mudança de técnica, é sim uma mudança na relação com os bens e os recursos.

Mas assim como sofreram influências dos sujeitos locais, os reassentados também exerceram influência sobre eles: foi uma via de mão dupla, onde se aprendeu, se ensinou, influenciou e foi influenciado. A construção das redes sócio-técnicas é um processo constante, que segue todas as direções, principalmente entre sujeitos que possuem semelhantes condições materiais, como nos casos em que os reassentados permaneceram no Alto Jequitinhonha. Um exemplo que deixa isso bastante evidente é em Itacambira, onde a vizinhança não tinha o costume de plantar o andu, e quando viram que os reassentados plantavam e colhiam, passaram também a tocar esse tipo de lavoura, e atualmente “todo mundo tem sua roça de andu na vizinhança”.

Outro exemplo é em Água Boa, onde os reassentados exerceram grande impacto entre os agricultores da região, empregados das fazendas, com pequenas glebas de terras para trabalhar para si, que só lidavam com o café, e não produziam nada para o auto consumo. Quando os reassentados chegaram à região e tomaram conhecimento dessa realidade buscaram entender o que acontecia: “a gente chegou a ficar esmorecido porque a nossa tradição é lavoura branca e o pessoal falava que lavoura branca não saía, que aqui era gado e café”. Dessa forma, os reassentados passaram a tocar suas lavouras independentes do que observavam na região, da vizinhança, e do que era dito sobre a possibilidade da terra. Eles seguiram seus costumes e passaram a fazer suas roças, embora sob novos padrões, guiados pela forma com que começaram a mexer com lavoura de café, e a vizinhança ao ver o grupo recém chegado plantando e colhendo, foram influenciados e atualmente trabalham com lavouras para o consumo interno.

Desta forma, novas redes sócio técnicas foram sendo construídas e tiveram grande importância no que diz respeito às mudanças nos sistemas produtivos dos grupos reassentados, que por sua vez variaram de acordo com o local para onde foram realocados. Mas, se por um lado, os reassentados que optaram por terras de melhor qualidade, mesmo longe de seus locais de origem, conseguiram montar e manter os novos sistemas produtivos, por outro lado sofreram com a perda das relações de reciprocidade diante de uma nova realidade com padrões socioculturais tão diversos, baseada em outra lógica de comportamentos. Já os reassentamentos que se mantiveram na região conseguiram manter parte da antiga cadeia de relações que possuíam, aproveitaram grande parte de seus conhecimentos locais, e continuaram a utilizar uma mesma rede de serviços. O fato de terem permanecido no município de origem lhes garantiu a manutenção, ou a facilidade de adaptação, às novas relações de reciprocidade, técnicas e comerciais.

Para aqueles que foram para regiões diferentes, a cadeia de relações tornou-se bastante restrita, havendo uma resistência dos vizinhos e também dos moradores das sedes dos municípios, que a princípio não compreendiam a história da chegada dos grupos na região. “Nem a gente conhecia eles, nem eles conhecia a gente, e eles ficava com medo de ganhar galope da gente. (...) Confundiam a gente com os sem-terra” (João, Francisco Dumont). Onde o estranhamento não aconteceu por parte da vizinhança, acabou acontecendo por parte dos próprios reassentados: alguns grupos tiveram uma chegada receptiva, mas por desconhecerem a região se isolaram nos primeiros anos, não retribuindo visitas e afastando-se de certa forma dos vizinhos de fora.

Assim, as relações sociais foram estabelecidas entre a vizinhança, que é dividida em todos os reassentamentos pesquisados entre “vizinhança de dentro” e “vizinhança de fora”. Os vizinhos de dentro são aqueles que faziam parte da mesma comunidade de origem, “foi criado tudo junto”, embora exista alguns casos em que o grupo tenha sido formado por famílias de diferentes comunidades de origem, mas que possuíam relações de parentesco ou proximidade. O fato de terem conquistado o direito de manterem, em grande parte, as mesmas relações de vizinhança que tinham na origem, evitando a pulverização das mesmas, foi muito importante para que as relações sociais não fossem completamente destruídas pelo processo de desalojamento a que foram submetidos. Já a vizinhança de fora é aquela formada por moradores que estavam no local antes do grupo chegar: sejam empregados das grandes fazendas, sejam agricultores familiares com características semelhantes a do próprio grupo.

Com relação às novas redes comerciais que os grupos reassentados foram estabelecendo, houve uma diferença significativa entre os grupos pesquisados. Para os grupos que se deslocaram para regiões fora do Jequitinhonha, as relações comerciais também se diferenciaram entre si, mas o que foi comum entre eles, nos primeiros anos de adaptação, foi o fato de estarem com o dinheiro das indenizações em mãos, facilitando as compras. Por outro lado, para venderem seus produtos encontraram grandes dificuldades, principalmente em Janaúba, onde “existe uma relação boa prá comprar do comerciante, mas não existe uma relação boa prá vender prá ele”. Em Francisco Dumont depois dos dois primeiros anos passaram a comercializar através da feira local, que é tão nova quanto o grupo reassentado no município; também passaram a vender para os comerciantes locais, que começaram a reconhecer e a comprar seus produtos. Em Água Boa o grupo reassentado passou a construir suas redes comerciais no município vizinho – Capelinha-, que é maior e possui uma economia mais dinâmica, além de ser um município conhecido entre os reassentados, tendo em vista que é vizinho do município de origem do grupo (Turmalina); com isso não tiveram dificuldades de dinamizar suas redes comerciais, embora não tenham sido no município de destino, e sim vizinho a ele.

Nos reassentamentos que permaneceram no mesmo município ou na mesma região, as relações comerciais tornaram-se mais fáceis, isto porque as vias de acesso que levam as famílias até as estradas tornaram-se mais viáveis. Assim, as relações comerciais são apontadas pelos grupos que permaneceram na região como uma grande vantagem que obtiveram. Consideram que a respeito da possibilidade de comercialização estão bem melhores do que estavam nas terras de origem, já que lá tinham muitas dificuldades de acesso: as grotas onde moravam eram muito fundas e tudo aquilo que compravam ou vendiam fora era carregado por longas distâncias nas costas.

Dessa forma, nos novos espaços de vida e de trabalho destes grupos de agricultores, novas redes de relações foram sendo estabelecidas de acordo com a economia local a que passaram a fazer parte. Se por um lado os tipos de terras, diferentes das originais, exigiram uma aprendizagem sobre a forma de lidar com elas, as novas redes sócio técnicas por sua vez determinaram o tamanho e o sentido da mudança.

5. Considerações finais

O processo de reterritorialização pela qual as famílias reassentadas vivem reforça a idéia de que as comunidades camponesas embora recebam as agências de mediação e às vezes se utilizem dela, não necessariamente participam de suas propostas e as incorporam em suas vidas. O que mais influenciou os modos de ser, viver e fazer dos grupos reassentados foram as redes de relações que eles estabeleceram entre os agentes internos/externos de diferentes tipos, e que determinaram os novos lugares das redes de reciprocidade (compadrio, parentesco, ajuda mútua) e das redes técnicas e comerciais, regidas por regras de intercâmbio e do mercado (onde acontece a troca de informações, onde compra, onde vende, onde troca).

Pode-se afirmar que novos espaços sócio técnicos foram sendo construídos ao longo dos anos e passaram a ser usufruídos pelas famílias reassentadas. As novas redes estabelecidas com os agentes externos influenciaram novas formas de relação com o ambiente e com os recursos naturais disponíveis, exercendo grande influência nas mudanças dos sistemas produtivos dos grupos reassentados, que variaram de acordo com o ambiente para onde foram realocados, mas que, de uma maneira geral, deixaram de se basear nas  “roças de toco”, que era o antigo sistema de lavoura que lhes garantia a produção de mantimentos e a conservação dos recursos naturais. Os novos sistemas produtivos, influenciados tanto pelos novos ambientes como pelas novas redes sócio técnicas, passaram a utilizar insumos vindos de fora (máquina, adubo, defensivos, sementes), num sistema mais aberto e dependente, e pode ser compreendido não somente como uma mudança de técnica, mas também como uma mudança na relação com os bens e os recursos. Assim, apesar de reambientalizados através de um processo de reterriotorialização, esses agricultores continuam dependentes do ambiente.

Quanto mais diferente a região para onde foram, maiores as diferenças nos padrões produtivos, maior a tentativa de modernização da agricultura, e maior a possibilidade de bancar esse sistema, tendo em vista a qualidade das terras adquiridas. Para os que saíram da região de origem, maiores também foram as dificuldades de reconstrução de algumas cadeias de relações. Grande a distância da origem, grande o rompimento dos padrões de vida e trabalho, rompimento de relações. E o que não se transporta para as novas terras fica na memória.

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1 Universidade Federal de Lavras (PPGAD-UFLA), Minas Gerais, Brasil. Contato: vgpereira@yahoo.com.br
2 Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Contato: eduardomr@dae.ufla.br
3 Essa ferramenta metodológica foi aplicada em alguns reassentamentos cuja reunião não atrapalhasse o andamento das atividades e o cotidiano das famílias. A escolha da ferramenta  não foi pré estabelecida, mas decidida em cada momento da pesquisa, de acordo com cada realidade deparada, tendo-se o cuidado para que o método não engessasse a pesquisa, impedindo que se conseguisse um panorama mais amplo do fenômeno.
4 Todos os grupos reassentados receberam assistência técnica durante os quatro primeiros anos pelo empreendedor, através da Emater-MG – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais, garantida através do Termo de Ajustamento de Conduta.


Vol. 33 (10) 2012
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