Espacios. Vol. 33 (7) 2012. Pág. 4 |
Perfil das publicações sobre auditoria no Brasil: Características qualitativas e quantitativas de artigos científicosProfile of publications on auditing in Brazil: Quantitative and qualitative characteristics of papersFlávia Verônica Silva Jacques 1 y Clea Beatriz Macagnan 2 Recibido: 27-11-2011 - Aprobado: 22-04-2011 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoNas últimas décadas o tema auditoria vem passando por um processo de auto-análise por parte da própria classe contábil em que se discute, principalmente, a forma com que esta função vem sendo exercida, refletida na necessidade de clareza, de objetividade e de efetivo cumprimento das suas normatizações (ALMEIDA, 2006). Desde 2002, com a criação da Lei americana Sarbanes-Oxley (SOX), após a crise financeira e de credibilidade vivenciada pelos Estados Unidos, as atenções da área estão voltadas para os reflexos desta lei nos demais países, cujo objetivo principal é promover a transparência na divulgação de informações econômico-financeiras, rigor nos procedimentos de controle interno das empresas e atribuir maior responsabilidade aos executivos. A SOX abrange as empresas brasileiras que negociam em bolsas de valores norte-americanas e, nesse sentido, por se tratar de um assunto relevante não só no exterior, mas também no Brasil, acredita-se que estudos relacionados ao tema contribuam para a disseminação e evolução destas informações. Pesquisas relacionadas à auditoria independente são desenvolvidas ao longo de décadas, principalmente em países Europeus e nos Estados Unidos, onde o tema é discutido há mais tempo. A revisão de artigos internacionais feita nesta pesquisa identificou poucos trabalhos que se utilizam do parecer de auditoria como fonte de estudo, o que se observa, em maior número, são abordagens sobre a auditoria de modo amplo. Nas pesquisas de Firth (1979) e Wallace, Naser e Mora (1994) observa-se a influência das firmas de auditoria no conteúdo evidenciado nos relatórios anuais das companhias, e que, quanto maior e mais conhecida for a empresa de auditoria, maior será essa influência. DeAngelo (1981) afirma que as grandes empresas de auditoria têm incentivos para fornecer um maior nível de qualidade em sua auditoria, por meio de divulgação de informações em seus pareceres. Já Craswell e Taylor (1992) sugerem que a escolha de uma empresa de auditoria é suscetível de ser associado com a decisão de divulgar mais ou menos informação. Inchausti (1997, p. 55) revela, em sua pesquisa, semelhante aos resultados encontrados por DeAngelo (1981), que as empresas de auditoria podem também utilizar uma política de maior divulgação de informações sobre as companhias auditadas para manter sua própria qualidade. No Brasil, observam-se algumas pesquisas que abordam o tema auditoria sob vários enfoques e fontes de estudo, como Batista (2009), que verifica o impacto dos pareceres de auditoria na variação do preço das ações de empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo; E Jacques (2011), em uma pesquisa semelhante, investiga se a extensão da evidenciação de informações nos pareceres de auditoria está relacionada com a variação do valor médio das ações das companhias abertas listadas na BOVESPA. Tendo em vista a relevância do tema em âmbito nacional e internacional e, considerando que as produções científicas desenvolvem e contribuem para a discussão e a construção de novos conhecimentos, o objetivo deste estudo é traçar um perfil sobre os artigos científicos relacionados ao tema auditoria, publicados em periódicos brasileiros, no período de 2000 a 2011. Justifica-se o presente estudo pela importância das contribuições intelectuais trazidas pelos artigos publicados, à auditoria e à ciência contábil, principalmente por tratar-se de um tema de relevância nacional e internacional. Na escolha da amostra, considerou-se a classificação atribuída pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em que abrange os periódicos de maior circulação relacionados á área contábil, considerável abrangência acadêmica e grande relevância científica. Inicia-se o presente estudo apresentando uma síntese do referencial teórico, após apresenta-se a metodologia utilizada no desenvolvimento do artigo e, em seguida, são demonstrados os resultados. Por fim são apresentadas as considerações finais e as referências. A Lei Sarbanes-Oxley (SOX) e seus Reflexos nas Companhias BrasileirasA crise financeira e de credibilidade enfrentada pelo mercado norte-americano em decorrência dos inúmeros casos de fraude corporativa, falha nas auditorias e falta de transparência das organizações, influenciaram fortemente na criação, em 2002 nos Estados Unidos, da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). A SOX, com o intuito de resgatar a confiança dos investidores no mercado de capitais, instituiu procedimentos de controles internos, governança corporativa, elaboração de relatórios financeiros, transparência e divulgação de informações, responsabilidade dos administradores das empresas e avaliação dos riscos da auditoria por parte do Auditor Independente. O reflexo desta crise afetou também o Brasil, já que muitas companhias negociam suas ações em bolsas de valores norte-americanas, o que exigiu, após a SOX, um nível maior de qualidade de informações econômico-financeiras e dos trabalhos de auditoria. As empresas brasileiras que negociam em bolsas de valores norte-americanas, ou seja, que possuem valores mobiliários registrados na SEC (Securities and Exchange Commission) são abrangidas pela Sarbanes-Oxley e estão sujeitas a suas exigências e penalidades. A Sarbanes-Oxley, segundo comenta Salomão (2003, p.5) é a mais profunda e abrangente legislação para o mercado de capitais nos Estados Unidos desde a reforma realizada após a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. De acordo com sua pesquisa, na época, cerca de doze mil e quinhentas empresas americanas, suas subsidiárias nos cinco continentes e mais mil e quatrocentas empresas estrangeiras (entre elas brasileiras) devem seguir a orientações da SOX. Silva e Robles Jr. (2008) revelam que no Brasil, cerca de 38 empresas que possuem American Depositary Receipts (ADRs) negociados nas bolsas de valores dos Estados Unidos e as várias subsidiárias de empresas, cujas matrizes estão registradas na SEC, seguirão a referida Lei. Algumas das regras estipuladas pela Sarbanes-Oxley em suas seções, como por exemplo, a seção 301, que estabelece a criação de Comitê Interno de Auditoria, foram flexibilizadas ás empresas brasileiras, podendo estas aproveitarem seu Conselho Fiscal, fazendo apenas algumas adaptações ao órgão. Entre as atribuições do Comitê de Auditoria, está a avaliação das práticas contábeis utilizadas na elaboração das Demonstrações Contábeis, anterior á divulgação das mesmas, a contratação dos auditores independentes e o constante acompanhamento dos trabalhos de auditoria externa, o monitoramento dos procedimentos de controle interno e a participação na investigação de fraudes e análise de risco. Insere-se, ainda, a criação de mecanismos de segurança e transparências das informações econômico-financeiras, através de rigor nos controles internos e, principalmente, nos procedimentos de auditoria independente. De acordo com Almeida (2008, p. 56) os efeitos da SOX, referentes aos trabalhos de auditoria, respingaram também na conduta dos auditores e suas firmas, onde destacou:
Complementa ainda, que no Brasil, os movimentos dos órgãos reguladores (CVM e BACEN) também impuseram regras similares aos auditores como forma de garantir sua independência. Um exemplo a isso, é a obrigatoriedade do rodízio de firmas de auditoria. Porém, a pesquisa realizada por Oliveira (2005) acerca dos rodízios de firmas de auditoria, em que coletou a opinião de 127 profissionais do mercado financeiro (84 executivos de empresas que trabalham ou influenciam na elaboração das demonstrações contábeis e 43 auditores independentes), teve como resultado que o rodízio de firmas de auditoria, por si só, não tem capacidade de assegurar a independência do auditor no seu trabalho e não diminui os riscos de erros contábeis e de fraudes na elaboração das demonstrações contábeis. A auditoria contábil independente é responsável pela verificação da veracidade e confiabilidade das informações empresariais expressas nas demonstrações contábeis divulgadas no mercado, uma vez que comunica aos usuários destas informações, por meio do parecer de auditoria, sua opinião quanto a adequabilidade na elaboração das mesmas, bem como se estas refletem a verdadeira posição patrimonial da empresa. Planejamento dos Trabalhos de Auditoria e os Fatores de RiscoPara expressar sua opinião, o auditor necessita apoiar-se em evidências que o subsidiem, avaliando e julgando os atos e fatos administrativos, financeiros e econômicos, buscando reduzir os riscos de descontinuidade operacional e de fraudes. De acordo com a Resolução CFC N.° 820/97: os procedimentos de auditoria são o conjunto de técnicas que permitem ao auditor obter evidências para fundamentar sua opinião sobre as Demonstrações Contábeis auditadas [...] devem ser obtidos suficientes e adequados elementos comprobatórios mediante inspeção, observação, indagação e confirmação, proporcionando assim bases razoáveis para a emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis sob exame. O trabalho de auditoria pode tornar-se exaustivo, tendo em vista o porte ou segmento econômico da entidade auditada, aumentando consideravelmente a aplicação de testes e o exame das evidências colhidas. Estes fatos podem proporcionar um grande desafio ao auditor: abranger o maior número possível de provas para consubstanciar sua opinião sobre a confiabilidade, adequabilidade e transparência das demonstrações contábeis. Sendo assim, a auditoria possui papel de grande relevância para o mercado de capitais, pois através do parecer de auditoria, torna-se possível atribuir às informações divulgadas segurança e credibilidade, verificar a adoção de boas práticas de governança corporativa e reduzir as possibilidade de fraudes causadas pela manipulação de elementos econômico-financeiros , traduzidos em peças contábeis enganosas e/ou enviesadas. Segundo Sá (1982, p.15)
Para avaliar os riscos de seu trabalho, o auditor deverá obter entendimento necessário da entidade e do seu ambiente. Segundo a NBC TA 315 (CFC, 2009), o auditor deve obter entendimento sobre os seguintes aspectos relacionados à empresa:
Neste contexto, o auditor planejará a execução de seu trabalho desejando obter uma segurança razoável de que as demonstrações por ele auditadas estejam refletindo de forma correta a materialidade e as variações do patrimônio da empresa. Desta forma, as limitações que ocorrerão já no andamento da auditoria, oriundas da natureza das informações colhidas na empresa, dos procedimentos planejados pelo auditor e o período de tempo aplicado á realização do trabalho, serão considerados no planejamento prévio da auditoria. A avaliação do risco de auditoria será conduzida através de procedimentos para a obtenção de informações necessárias para essa finalidade na fase de execução dos trabalhos, e é considerada uma questão de julgamento profissional, pois não há uma fórmula para sua exata mensuração. Faz-se necessário entender, primeiramente, que o risco de auditoria é um termo técnico relacionado ao processo de auditoria e não se refere aos riscos de negócio do auditor, tais como: perda decorrente de litígio, publicidade adversa ou outros eventos surgidos. Contudo, o risco do negócio pode ter uma consequência imediata para o risco de distorção relevante. Exemplifica a NBC TA 315 (CFC, 2009), que o risco de negócio decorrente de uma base de clientes em retração pode aumentar o risco de distorção relevante associado à avaliação de contas a receber. Pode também, o mesmo risco, ocasionar, em combinação com uma economia em retração, indícios para avaliação da premissa de continuidade dos negócios. O processo de análise de riscos de auditoria, inicia-se na análise de cada um de seus componentes: o primeiro formado pelo risco inerente, formado pela possibilidade de ocorrência de erros, intencionais ou não-intencionais, relacionados a classificação de componentes patrimoniais e a afirmações (informações) fornecidas pela entidade ao Auditor. Realiza-se esta análise antes da verificação se a situação é evitada, detectada ou corrigida pelo Controle Interno da organização. Na sequencia, avaliam-se os riscos de controle, formados pelos erros citados anteriormente, não evitados, detectados ou corrigidos pelo Controle Interno da empresa, observando, consequentemente, se há falhas nos procedimentos e sistemas de detecção dos mesmos. Avalia-se, desta forma, o grau de confiança a ser considerado pelo Auditor na utilização de informações colhidas junto a este setor. Na definição dada pela NBC TA 200 (CFC, 2009), os riscos inerentes e de controle são riscos considerados da entidade, pois existem independentemente da auditoria das demonstrações contábeis, outrossim, são considerados componentes do “Risco de Distorção Relevante”. Conforme preconiza a norma, os riscos de distorção relevante podem existir em dois níveis: no nível geral da demonstração contábil e no nível da afirmação para classes de transações, saldos contábeis e divulgações. O terceiro componente a ser analisado pelo auditor é o risco de detecção, a partir do qual irá verificar quanto de procedimentos técnicos deverá utilizar-se para minimizar os demais riscos, ou seja, o risco de detecção será inversamente proporcional ao risco de distorção relevante. Conforme Resolução CFC N.° 1.037/05 que instituiu a NBC T 11.10 (CFC, 2005) o auditor terá responsabilidade quanto à propriedade do pressuposto de continuidade operacional da entidade auditada, como base para a preparação das Demonstrações Contábeis. Os riscos na continuidade normal das atividades da empresa devem constar no parecer de auditoria, mediante ressalva, evidenciando os efeitos que tal situação pode determinar na continuidade operacional da entidade. O Parecer de auditoria representa o produto final do trabalho executado pelo auditor, sendo ele o meio formal de comunicação com as partes interessadas. Segundo a NBC T 11/05 (CFC, 2005) o parecer de auditoria é o documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as demonstrações contábeis nele indicadas e deve ser direcionado a atender as expectativas de seus usuários. O auditor assume a responsabilidade técnico-profissional sobre seu parecer que, em condições normais, é dirigido aos acionistas, cotistas ou sócios, ao conselho de administração ou à diretoria da empresa, ou a outro órgão equivalente, segundo a natureza deste e, também, em determinada circunstância, ao próprio contratante dos serviços. Segundo a natureza da opinião que contém, o parecer de auditoria classifica-se em: parecer sem ressalva, com ressalva, adverso ou parecer com abstenção de opinião. O parecer emitido pelo auditor independente compõe-se, basicamente, de três parágrafos, a saber: Parágrafo 1: referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das responsabilidades da administração e dos auditores; Parágrafo 2: relativo à extensão dos trabalhos; e Parágrafo 3: que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis. O parecer de auditoria deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos (informando seu número de registro no Conselho Regional de Contabilidade), sendo essa data correspondente ao dia do encerramento dos trabalhos de auditoria na entidade. 2. Procedimentos metodológicosCom relação aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é do tipo documental e quanto a abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se como sendo de natureza quantitativa e qualitativa. Ainda, trata-se de um estudo realizado por meio de uma pesquisa bibliométrica, em que se procura identificar as características (qualitativas e quantitativas) dos artigos pesquisados. De acordo com Chan, Milani e Martins (2007) os estudos bibliométricos contribuem para a formação e construção do conhecimento acerca das principais informações do referencial teórico presente sobre determinada área do conhecimento. A coleta de dados deu-se por meio de arquivos eletrônicos oriundos dos sites dos periódicos. O período das publicações compreende os exercícios de 2000 a 2011. O procedimento de coleta adotado foi o seguinte: com base na amostra de periódicos estabelecida no presente estudo, foram visitados os sites oficiais dos periódicos, em que se pesquisaram os termos “auditoria” e “Parecer de Auditoria”, nos campos: título, palavras-chave e resumo. Fez-se posteriormente a análise de conteúdo. Desta forma, foram consideradas todas as publicações que, de alguma forma, abordaram o tema. A população abrange os artigos publicados em periódicos nacionais classificados no Qualis-CAPES. A classificação Qualis realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) atesta o padrão de qualidade do periódico, e sua importância como fonte divulgadora de pesquisas realizadas por área da ciência. A classificação de periódicos é realizada por áreas de avaliação e é atualizada anualmente. A classificação inicia-se pelo indicativo A1 (mais elevado padrão), após tem-se A2; B1; B2; B3; B4; B5 e C (peso zero- fase inicial de enquadramento). No presente estudo foram verificados apenas os periódicos que possuem algum enquadramento nestas classificações, direcionados á área de contabilidade. A amostra do estudo é composta pelos artigos sobre auditoria divulgados nestes periódicos, conforme mostra-se no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1: Periódicos Nacionais Mostra-se no Quadro 1 os 51 periódicos nacionais analisados no presente estudo, de grande circulação e relevância científica no país, tendo em vista sua classificação no Qualis da CAPES, de A1 a B5, ou seja, em ordem decrescente de relevância científica. Técnica de Análise dos DadosDentre as técnicas existentes para de análise de informações, utilizou-se a análise de conteúdo para identificação de características quantitativas e qualitativas dos artigos sobre auditoria. Com relação ás características quantitativas, buscou-se á identificação do número de artigos publicados sobre o tema, ao passar dos anos, com o intuito de verificar sua evolução. Já as características qualitativas analisadas, referem-se a: 1) Identificação dos principais autores; 2) Identificação das instituições em que os autores estão vinculados; 3) identificação da formação acadêmica dos autores; 4) Identificação do Estado de procedência do artigo; 5) Identificação da metodologia adotada na pesquisa; e 6) identificação das principais referências bibliográficas utilizadas na pesquisa. 3. Apresentação e análise dos resultados da pesquisaApresenta-se, a seguir, o perfil das pesquisas científicas sobre o tema auditoria, considerando suas características quantitativas e qualitativas. Mostra-se na Tabela 1, a quantidade de artigos publicados anualmente sobre o tema auditoria, considerando um período de 12 anos (2000 a 2011). Anos (2000 a 2011) Tabela 1: Quantidade de Artigos Publicados sobre o Tema Auditoria em Periódicos Nacionais
Fonte: Elaborado pelas autoras Nos 20 periódicos que apresentaram alguma abordagem sobre auditoria, verificaram-se 71 artigos científicos sobre o tema, configurando-se a amostra final da pesquisa; Sendo que o maior número de publicações ocorreu no ano de 2008 e 2009, em que aparecem 15 e 11 artigos publicados respectivamente, sobre o tema. Contudo, percebe-se um número ainda pouco expressivo de artigos, se analisadas as demais temáticas atinentes á área contábil, o que promove um campo ainda vasto a ser pesquisado. A Revista Contabilidade e Finanças da USP (B1) foi o periódico que concentrou um maior número de artigos sobre auditoria, totalizando 15 artigos, o que representa 20% do total das pesquisas publicadas. Em seguida, aparecem os periódicos: Contabilidade Vista & Revista (B3) com 12 publicações; Pensar Contábil (B4) com 7 publicações e Revista do Mestrado da UERJ (B4) com 6 publicações sobre o tema. Os demais periódicos apresentam entre 1 e 5 publicações. Salienta-se que em 2011, foram observadas apenas as publicações referentes ao primeiro semestre, tendo em vista o período em que se coletaram estes artigos. A Tabela 2, a seguir, revela a quantidade e frequência das principais abordagens constatadas nesses artigos sobre o tema. Tabela 2: Quantidade/Frequência de Artigos Publicados por Abordagem
Fonte: Elaborado pelas autoras Na análise de conteúdo realizada nos 71 artigos publicados, identificaram-se 15 abordagens sobre o tema, conforme evidencia-se na Tabela 2, dentre as quais destacam-se: os procedimentos de auditoria (13 pesquisas); Riscos/Fraudes (10 pesquisas); Auditoria Pública (07 pesquisas); os Comitês de Auditoria e a Lei americana Sarbanes-Oxley (05 pesquisas cada abordagem). Verifica-se que os estudos cujo foco foram os procedimentos de auditoria, representam 18,31% do total de pesquisas publicadas sobre o tema. Infere-se, desta observação, que um fator de contribuição para estas pesquisas pode estar ligado à importância atribuída ao planejamento dos procedimentos de auditoria para o adequado desenvolvimento dos trabalhos, o que vem de encontro com as orientações instituídas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas de Auditoria (NBC TA). O Gráfico 1 ilustra as abordagens tratadas na Tabela 2. Gráfico 1: Representatividade das Abordagens sobre Auditoria
As abordagens tratadas em menor freqüência são: auditoria ambiental, independente/externa, normas de auditoria e rodízios de firma, com uma representatividade de 5,63% cada, seguidas de auditoria interna/qualidade, operacional e pesquisas em auditoria (4,23% cada) e Big 4, auditoria fiscal/tributária e parecer de auditoria com uma representatividade de 2,82% cada. Observa-se, ainda, que o autor com maior número de publicações sobre auditoria publicou 6 pesquisas, o Dr. Paulo Roberto da Cunha, da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) localizada no Estado de Santa Catarina. Em seguida, aparece a Dra. Ilse Maria Beuren, vinculada á mesma Instituição do primeiro autor, com 5 estudos; Dr. Bruno José Machado de Almeida, da Escola Superior de Gestão de Tomar, em Portugal, com 4 pesquisas, sendo que 2 em língua Espanhola; Os Dr (s).Antônio Lopo Martinez (FUCAPE), Fernando Dal-Ri Murcia e Luiz Nelson Guedes de Carvalho da Universidade de São Paulo (USP), José Alonso Borba e Luiz Alberton da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresentaram 3 publicações cada um. Outros 8 autores, foram responsáveis por 2 pesquisas publicadas, cada um. Observa-se, ainda que, com exceção a 1 autor, os autores com maior número de pesquisas publicadas sobre o tema, possuem doutorado. Identificou-se um total de 128 autores, destes, 67 possuem título de doutor (a) e 2 são doutorandos (53,9%); 36 possuem título de Mestre (a) (28,1%); 13 são Graduados (10,2%); 9 são Especialistas (7%) e 1 é Pós-doutor (0,8%). Em relação ao gênero, 57% dos autores são do sexo masculino e 43% do sexo feminino, o que representa 73 e 55 autores, respectivamente. A maior incidência de autorias por pesquisa é de 2 autores, o que se observou em 33 artigos. Em seguida, identificou-se 14 artigos com 1 autor, 13 artigos com 3 autores e 11 artigos com a autoria de 4 ou 5 autores. Dentre as Instituições de vinculação dos autores, observa-se no Quadro 2, a seguir, o ranking com as 15 Instituições mais representativas, ou seja, as que mais se destacaram com publicações.
Quadro 2: Instituições com maior número de publicações No Quadro 2, observam-se as 15 Instituições (públicas e privadas) com maior número de publicações em periódicos nacionais sobre auditoria. Destaca-se a Universidade de São Paulo (USP), a qual esteve presente em 15 diferentes artigos publicados. Em seguida, encontram-se a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a qual participou em 10 publicações; Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) com 8 publicações; UERJ e UNB com 5 artigos publicados cada uma; PUC-SP, UFC, Escola Superior de gestão de Tomar e UFMG com 4 publicações cada. Por fim, apresentam-se FECAP, FUCAPE, Faculdade de Ciencias Económicas y Empresariales da Universidade Complutense de Madrid, UFB, UFPE e ISCA com 2 publicações cada. Identificou-se um total de 57 Instituições, as quais haviam vinculação com os autores das pesquisas. Destas, verificaram-se que 49% eram Instituições privadas, 35% públicas e 16% estrangeiras. Fez-se, ainda, o levantamento dos Estados de origem destas Instituições, sendo que o Estado de São Paulo foi o que mais se destacou, seguindo do Estado de Santa Catarina. Entendendo ser relevante a forma como as pesquisas foram desenvolvidas, verificou-se os procedimentos metodológicos utilizados, segundo as informações retiradas dos próprios textos. Com relação aos objetivos, 52% das pesquisas afirmam ser exploratórias; 23% descritivas; 20% exploratórias e descritivas e 5% não divulgaram. Quanto á abordagem, 79% não divulgaram; 10% afirmam ser quantitativas; 9% qualitativas e 2% quantitativas e qualitativas. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados no estudo, os que mais se destacaram foram: 35% bibliográficos; 17% documentais e 9% estudo de caso, sendo que 32% não divulgaram. Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados nos artigos foram: questionário 24% e entrevistas 11%. Foram analisadas, por fim, as principais referências utilizadas para o desenvolvimento destas pesquisas, em que se identificou a quantidade de livros, artigos científicos, dissertações, teses e legislação, tanto nacionais como internacionais. Foram consultadas 1.582 referências para o desenvolvimento das 71 pesquisas identificadas neste estudo. Do total, verifica-se que o volume de artigos internacionais utilizados representou 30,28% das referências, seguido de livros nacionais, que representaram 28,13% das consultas. Em seguida, aparecem os artigos nacionais (14,03%) e a Legislação (13,46%) atinente ao assunto, seja ela nacional ou internacional. Percebe-se que a utilização de obras internacionais para o desenvolvimento de pesquisas sobre auditoria representa 38,75% do total de obras, o que mostra a relevância deste tipo de referencial, cada vez mais presente em pesquisas brasileiras. 4. Considerações finaisAs pesquisas científicas quando publicadas em periódicos de ampla divulgação, possibilitam a discussão e enriquecem o conhecimento sobre determinada área das ciências. Além disso, permite analisar o perfil das pesquisas, de seus pesquisadores, bem como das Instituições a que se vinculam, demonstrando também como estão sendo conduzidas no país as pesquisas nas diversas áreas de conhecimento. O objetivo deste estudo foi traçar um perfil sobre os artigos científicos relacionados ao tema auditoria, publicados em periódicos brasileiros, no período de 2000 a 2011, a fim de analisar o desenvolvimento destas pesquisas no Brasil. Os resultados obtidos neste estudo revelaram que apenas 71 artigos sobre auditoria foram publicados em periódicos nacionais, num período de 12 anos. O que se pode considerar um número ainda incipiente, se comparado ás pesquisas realizadas em outras extensões da ciência contábil. A Revista Contabilidade e Finanças da Universidade de São Paulo (B1) foi o periódico que concentrou um maior número de artigos sobre auditoria, totalizando 15 artigos, o que representa 20% do total das pesquisas publicadas. Dentre as abordagens observadas nos artigos, as mais incidentes são: procedimentos de auditoria (18,31%) e Riscos/Fraudes. A maior incidência de autorias é de 2 autores por pesquisa, o que se observou em 33 artigos. Os autores que mais se destacaram, por maior número de publicações, foram: Dr. Paulo Roberto da Cunha, da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) localizada no Estado de Santa Catarina; Dra. Ilse Maria Beuren, vinculada á mesma Instituição do primeiro autor e Dr. Bruno José Machado de Almeida, da Escola Superior de Gestão de Tomar, em Portugal. Quanto á titulação, dentre os 128 autores, verificou-se que 67 possuem título de doutor(a) e 2 são doutorandos (53,9%); 36 possuem título de Mestre(a) (28,1%); 13 são Graduados (10,2%); 9 são Especialistas (7%) e 1 é Pós-doutor (0,8%). E, ainda, que 57% dos autores são do sexo masculino. A Universidade de São Paulo (USP) destacou-se por originar o maior número de pesquisas. De um total de 57 Instituições, as quais havia vinculação com os autores das pesquisas, verificou-se que 49% eram Instituições privadas, 35% públicas e 16% estrangeiras. Com relação aos aspectos metodológicos observados nos artigos, quanto aos objetivos 52% das pesquisas afirmam ser exploratórias; 23% descritivas; 20% exploratórias e descritivas (conjuntamente) e 5% não divulgaram. Quanto á abordagem, 79% não divulgaram; 10% afirmam ser quantitativas; 9% qualitativas e 2% quantitativas e qualitativas. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados no estudo, os que mais se destacaram foram: 35% bibliográficos; 17% documentais e 9% estudo de caso, sendo que 32% não divulgaram. Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados nos artigos foram: questionário 24% e entrevistas 11%. Quanto às obras consultadas nas pesquisas, verificou-se a utilização de 1.582 referências. Destas, o volume de artigos internacionais utilizados representou 30,28% das referências, seguido de livros nacionais, que representaram 28,13% das consultas. Em seguida, aparecem os artigos nacionais (14,03%) e a Legislação (13,46%) atinente ao assunto, seja ela nacional ou internacional. Percebe-se que a utilização de obras internacionais para o desenvolvimento de pesquisas sobre auditoria representa 38,75% do total de obras, o que mostra a relevância deste tipo de referencial, cada vez mais presente em pesquisas brasileiras. Por fim, apesar da relevância atribuída aos trabalhos realizados pela Auditoria, no contexto mundial, esta pesquisa não evidenciou o crescimento efetivo de publicações nesta área em periódicos brasileiros. Este fato sugere que ainda há espaço significativo para o desenvolvimento de estudos sobre o tema, nas suas mais diversas abordagens. 5. ReferenciasALMEIDA, K. N. de. (2006). “Uma análise crítica dos Pareceres dos Auditores Independentes sobre Demonstrações Contábeis de Empresas Brasileiras”. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa Multi-institucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Universidade de Brasília, Federal da Paraíba, Federal de Pernambuco e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, João Pessoa. ALMEIDA, C. A .L. de. (2008). “A Atuação dos Comitês de Auditoria e Conselhos Fiscais nas Empresas Brasileiras sujeitas à Regulamentação da SEC - Securities And Exchange Commission dos Estados Unidos da América”. 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1 Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis. Universidade Federal do Rio Grande (FURG) fvjacques@yahoo.com.br |